O que é servidor dedicado, quando usar e quais as suas vantagens?

Foi-se o tempo em que se pensar em servidor dedicado era um privilégio apenas de pouquíssimas empresas, significando pesados investimentos, complexa infraestrutura e muito know-how associado.

Atualmente, não é exagero afirmar que a depender do caso, muitas empresas podem ter acesso a um.

Mas o que é um servidor dedicado? Para quem seu uso é indicado? Quais as suas vantagens?

Foi pensando em romper com muitos paradigmas e velhas crenças relacionadas, que preparamos o presente post, cujo objetivo é esclarecer as dúvidas mais comuns a respeito.

Mas para isso, por mais redundante que pareça, precisamos partir do começo...

O que é servidor?

É presumível que a grande maioria das pessoas saibam o que é. Porém maioria não significa todos. Além do que, uma visão completa do que é um servidor, seja dedicado ou não, será útil para nossa abordagem mais a frente.

Um servidor é um computador especializado e que é uma parte essencial do que se convencionou chamar de arquitetura cliente / servidor, chamada também de arquitetura de aplicação distribuída, cuja estrutura se baseia em uma rede de computadores na qual existem os fornecedores de recursos ou serviços para a rede – os servidores – e existem os computadores que se utilizam dos recursos ou serviços – os clientes.

A ideia por trás desse tipo de estrutura, é que os computadores clientes não tenham todos que ter instalados e configurados serviços / recursos que todos precisam utilizar rotineiramente e/ou aqueles cujo funcionamento precisa ser centralizado, como por exemplo, o serviço de e-mail e um sistema de faturamento da empresa, respectivamente.

Ou seja, mais do que apenas mais um computador na rede, o servidor geralmente precisa ter algumas características especiais para cumprir seu papel:

  • Processamento – dependendo da demanda (número de clientes) e das aplicações / serviços que serão executados, é necessário que seja capaz de entregar muito poder de processamento. É comum que um servidor tenha mais de um processador / CPU, além do fato de que costumam ser CPUs desenvolvidas para esse tipo específico de uso;

  • Memória – pelas mesmas razões acima, é usual que a quantidade de memória RAM e sua capacidade máxima, também seja bem superior aos desktops usados como estações de trabalho;

  • Armazenamento – como frequentemente é necessário ter muitos softwares (relativos aos serviços) instalados e que costumam ocupar mais espaço, bem como muitas vezes há grandes bancos de dados associados a eles e/ou dados dos usuários armazenados, normalmente a capacidade de armazenamento é de muitos terabytes;

  • Segurança – como fornece serviços de uso geral e frequente e atende muitos clientes, é preciso que vários cuidados sejam tomados para garantir a segurança dos serviços, dos dados e dos usuários;

  • Redundância – a disponibilidade dos serviços é outro fator crucial, já que qualquer falha na entrega do serviço, afeta todos os clientes. Essa garantia é obtida por redundância, como SSD’s (Solid State Drive) em RAID 10, nobreaks, geradores, etc.

Enfim, tal como as características acima, todos os aspectos da anatomia de um servidor e da infraestrutura da qual ele faz parte, são pensados para assegurar o seu funcionamento permanente e na importância que ele cumpre dentro da estrutura cliente / servidor.

De fato, um servidor Linux devidamente configurado e bem administrado, pode operar por meses ou até anos sem ser desligado ou ser necessária a sua reinicialização.

Isso aliado à intensa transformação digital pela qual as empresas passaram nas últimas décadas, fez dos servidores de aplicações um alicerce fundamental da própria sobrevivência de todo tipo de negócios.

Mas não foi apenas para as empresas que os servidores foram importantes. O avanço da Internet comercial e sua popularização, no sentido de que mesmo as menores empresas ou até as pessoas físicas pudessem ter e hospedar um site, um blog, ou outro tipo qualquer de site, só foi possível graças a eles e um modelo que conhece como servidor de hospedagem compartilhada.

A ideia é simples e análoga ao que todo mundo que mora em um condomínio, faz uso.

No condomínio, podem haver uma série de serviços disponíveis a todos os moradores, como salão de festas, piscina, academia, elevadores e até os serviços prestados pelos funcionários (portaria, zeladoria, segurança, limpeza, etc), os quais são usados conjuntamente por todos e que rateiam os custos disso tudo, tornando-os mais acessíveis financeiramente.

A medida que mais e mais empresas e até pessoas enxergaram o potencial da Internet, também se viu que a grande maioria não precisava de um servidor para uso exclusivo e que o serviço de e-mail, de bancos de dados, de servidor Web, de FTP e demais, bem como seu poder computacional (processamento, memória, armazenamento, etc) podiam ser compartilhados, tornando acessível financeiramente para todos que precisassem ou quisessem ingressar na World Wide Web.

O que é servidor dedicado?

Um servidor dedicado é um modelo de hospedagem e que vai na contramão do anteriormente citado servidor compartilhado. Em outras palavras, em vez de terem vários clientes compartilhando os serviços que ele pode suportar, todos seus recursos são disponíveis para apenas um.

Mas aqui quando falamos em cliente, não é aquele da arquitetura cliente / servidor, mas sim aquele que paga por seu uso.

Pode ser destinado a “apenas” hospedar o seu site e nesse caso, haverá vários clientes seus acessando-o. Ou pode ser para hospedar os sistemas da empresa (ERP, CRM, etc) e aí são os clientes internos ou colaboradores que o utilizam. Pode ser ambas as coisas ou até uma terceira utilização em paralelo, como uma intranet, por exemplo.

Entre as diferenças entre o servidor dedicado e o compartilhado, a principal é que nessa segunda opção, a hospedagem do site é dividida entre diversos contratantes, o que pode impactar o desempenho do servidor e limitar o funcionamento dos sistemas ou os acessos aos sites em certos momentos.

Sim, porque no caso de um servidor compartilhado, normalmente o foco é a hospedagem e tudo que normalmente está associado, como e-mail, FTP, instaladores automáticos de CMSs, etc e exatamente como na analogia do condomínio, podem haver moradores que cometem abusos.

Já no dedicado, o cliente tem total liberdade para decidir o que instalar e como usar, como também definir suas políticas e administrar todo o ambiente.

Como funciona o servidor dedicado?

Na prática, um servidor dedicado funciona tal como se o equipamento estivesse dentro da própria empresa. Isso porque a sua configuração é feita atendendo os seus desejos e necessidades.

Como o nome indica, esse tipo de servidor é dedicado à empresa contratante, ou visto de outra forma, o espaço não é dividido com outras empresas, o que garante que ela tenha total autonomia para definir desde o hardware, o sistema operacional e o conjunto de softwares, ou ainda alternativas como a virtualização, gerando diferentes máquinas virtuais e suas respectivas destinações e configurações individuais.

No regime dedicado, há ainda duas opções:

1. Aluguel de Dedicado

Nessa opção, o contratante escolhe o hardware com base em uma variedade de opções, como qual CPU usar e quantidade de CPUs para os modelos que permitem, quantidade de memória RAM, quantidade de armazenamento e a configuração RAID para os discos, bem como outros detalhes e especificações técnicas que possam ser relevantes.

A depender do hosting (empresa de hospedagem ou data center), uma variedade de outros serviços podem ser contratados associados, como:

  • Sistema Operacional – escolha de uma variedade de distribuições Linux ou Windows Server e que a depender da escolha pode ser gratuito ou incidir a respectiva licença;

  • Virtualização – servidores mais robustos suportam virtualização para criação de VPSs e cada qual está sujeito aos mesmos serviços que um dedicado suporta, como a escolha do sistema operacional, dos serviços e de outras aplicações;

  • Serviços – os serviços aqui, referem-se aos mais comuns, como e-mail, banco de dados, servidor Web, sendo que a depender da opção feita, pode ou não haver o pagamento de licenças;

  • Aplicações – as aplicações são os softwares para além dos serviços Web, que a contratante pode desejar e que também estão sujeitas às eventuais e respectivas licenças;

  • Administração – a empresa contratante pode optar pela administração por conta própria ou por parte do hosting. No caso da administração por parte do hosting, podem haver níveis diferentes de administração;

  • Outros – há uma série de outros serviços do hosting que podem ser possíveis, como firewall, range de endereços IP, sistema de backup, VPN, etc.

Assim, o valor pago mensalmente – ou em outra periodicidade acordada – dependerá do conjunto das escolhas acima que forem feitas.

2. Colocation

O servidor colocation ou apenas colocation (colocação, em português), é uma modalidade de dedicado na qual o hardware é de propriedade da empresa contratante, sendo que basicamente e em linhas gerais o cliente paga por usar a infraestrutura do hosting, colocando o seu equipamento dentro do data center e daí o nome, como por exemplo:

  • Link – é por meio do link que há a conectividade / acesso ao servidor, sendo definida a largura de banda e o volume de dados trafegados;

  • Segurança – os hostings oferecem uma série de recursos de segurança, como para seus próprios servidores, como firewall, VPN, etc, bem como as políticas de segurança física, como controle de acesso e sistemas de prevenção (ex: incêndio) de desastres;

  • Redundância – outra característica presente por natureza em data centers, é a redundância de tudo o que vital para a operação, como fornecimento de energia e conectividade e os sistemas de segurança, o que pode significar elevado investimento para a empresa se ela optar por manter seus servidores internamente;

  • Outros – tal como no dedicado padrão, no regime de colocation o cliente pode optar por vários dos outros serviços disponíveis, como administração própria ou do hosting, sistema operacional, virtualização, serviços Web, etc.

Além do conjunto de serviços e da infraestrutura que forem utilizados, paga-se pelo espaço que o gabinete do servidor ocupa no rack, sendo que a altura padrão mínima é 1U ou unidades de rack, sendo que 1U equivale a 1,75 polegadas ou aproximadamente 4,45 centímetros.

Os gabinetes podem ter e ocupar 1U, 2U, 3U ou 4U em um rack de servidores.

Quando o servidor dedicado é recomendado para minha empresa?

Há uma variedade de situações nas quais um servidor dedicado passa a ser uma opção a ser considerada. Quanto mais das situações a seguir forem identificadas, mais recomendável é a sua adoção:

  • Alta demanda de aplicações Web – quando a empresa tem aplicações rodando na Web e tem elevada demanda e/ou necessidade de elevado desempenho e poder computacional para rodá-las;

  • Sistemas online – quanto maior for o número de sistemas online, que precisam ser acessados de diferentes localidades (ex: filias e/ou clientes e/ou fornecedores) e quanto maior for o volume de acessos e dados trafegados, mais indicado é dispor de um dedicado;

  • Sites – se houver um ou mais sites com um volume muito acima da média de visitantes e/ou que exijam grande velocidade e desempenho;

  • Infraestrutura – prover aos servidores internos da empresa de tudo o que há na infraestrutura existente em um data center, nem sempre é possível ou pode estar além da possibilidade financeira da empresa;

  • Conhecimento – o conhecimento ou o know-how para implantar certas soluções, como virtualização ou políticas de segurança (ex: mitigação de ataques DDoS), e que já faz parte do quotidiano de todo bom hosting;

  • Administração – adotar um dedicado hospedado em vez de servidores internos, significa transferir todo o conjunto de rotinas e responsabilidades de administração, a qual pode envolver algumas das questões acima (infraestrutura e conhecimento), bem como outras, como manutenção, backup, segurança, etc.

Quais as vantagens do servidor dedicado?

Como já deve ter transparecido em alguns pontos do post, há diversas vantagens em contratar um servidor dedicado. Porém aqui vamos nos dedicar a tratar desses benefícios de modo mais objetivo.

1. Desempenho

Quando uma empresa tem um servidor dedicado aos seus recursos (site, blog, sistemas, etc), ela consegue aproveitar ao máximo o desempenho oferecido com exclusividade, comparativamente aos modelos compartilhados.

Além disso, um servidor compartilhado acaba limitando as possibilidades que a empresa tem para a utilização de suas aplicações, já que mesmo os planos mais robustos e com limites elásticos, em algum momento apresentam limitações, sem esquecer que tal como em um condomínio, deve haver um conjunto de regras para assegurar o “convívio” e compartilhamento de diferentes clientes.

Dessa forma, por mais que atualmente os bons hostings – lamentavelmente não todos – ofereçam servidores compartilhados com vários núcleos de processamento, grande capacidade de memória e mecanismos para o controle de contas no servidor, o desempenho jamais se compara ao que um servidor dedicado pode oferecer.

2. Multiuso

Normalmente quando se pensa em hospedagem ou Internet, o que vem à mente é a ideia de um tipo qualquer de site.

Entretanto, um servidor na Web pode se prestar a uma série de outros usos, como um servidor de arquivos, os sistemas online que a empresa eventualmente tenha ou qualquer tipo de acesso remoto, em tempos da mudança do paradigma do trabalho presencial para o home office.

Ou seja, tudo o que hoje pode estar disponível online e que seja útil ou necessário ao funcionamento da empresa, pode ser hospedado no dedicado, desde que isso seja levado em consideração no momento da sua escolha.

3. Flexibilidade

Muitas vezes, os servidores compartilhados impõem certa limitação no desenvolvimento de aplicações por terem restrições a plugins, módulos ou scripts em páginas de sites, blogs ou em sistemas corporativos, por questões de segurança, desempenho e por se destinarem ao uso compartilhado, precisando atender diferentes realidades.

Por outro lado, com a opção do servidor dedicado, esse tipo de situação não ocorre, pois existe grande flexibilidade de configuração no servidor, a fim de que ele atenda a todas as demandas específicas da empresa contratante e do que as aplicações hospedadas exigirem.

Isso possibilita a realização de todos os ajustes necessários para que os sistemas ou sites hospedados se adéquem ao público a que se destinam e à sua finalidade, em vez de terem uma redução das possibilidades de desenvolvimento por qualquer restrição de hospedagem.

4. Segurança

No dedicado, a empresa tem acesso a um equipamento exclusivo para a utilização das suas aplicações.

E é justamente essa exclusividade que garante uma segurança muito maior, tanto em relação aos dados e às informações (da empresa e de seus clientes) nos acessos realizados. Em contraposição ao compartilhado, no qual o ambiente pode ser afetado por conta de sites / conteúdos de outros usuários que possuem vulnerabilidades.

Sendo assim, a segurança é unicamente dependente de fatores próprios e não de terceiros.

Outro ponto é que os data centers têm protocolos e políticas que garantem a segurança das informações, como operação em redundância, geradores de energia, salas refrigeradas, entre outras medidas que garantem maior disponibilidade.

5. Melhoria em SEO (Search Engine Optimization)

O servidor dedicado oferece IP's exclusivos para quem hospeda um site ou sistema. Isso garante que o seu endereço IP não será dividido com outras páginas que possam distribuir SPAM ou malware, sendo incluídos em blacklists, ou outros problemas que poderiam afetar os resultados do seu site nos resultados de busca.

Com IPs únicos, esse problema não existe e, quando alinhamos esse ponto a outros que são considerados pelos buscadores, como velocidade de carregamento da página, há um importante ganho em ranqueamento nos buscadores.

Ou seja, há influência positiva no trabalho de SEO (Search Engine Optimization).

6. Custos

A depender do tamanho da infraestrutura que migra de outras soluções para os servidores dedicados, a redução de custos pode ser significativa.

Boa parte dos custos são simplesmente eliminados ou reduzem drasticamente, como por exemplo, a necessidade de ter algum colaborador responsável pela administração, ou muitos dos custos de infraestrutura, que são significativamente inferiores, por uma questão de escala e porque são compartilhados por outros clientes do hosting, como é o caso dos links, rede e instalações físicas.

7. Administração

Relacionado ao benefício anterior, há a questão da administração ou gerenciamento de servidores e que envolve muitos aspectos:

  • Segurança – o conjunto de rotinas para garantir a segurança do ambiente, que na solução hospedada fica sob responsabilidade do hosting;

  • Manutenção física – qualquer componente de hardware que precise ser trocado, é responsabilidade do hosting (componente e mão de obra) no caso de aluguel de dedicado. No colocation, é da alçada da empresa;

  • Manutenção de sistemas – sistemas diversos e serviços Web, são sujeitos a manutenção periódica a qual pode incluir atualizações, configurações, instalação e configuração de novas versões, etc;

  • Monitoramento – a administração envolve também uma série de checagens / verificações periódicas e monitoramento, tanto para a segurança do ambiente contra possíveis ameaças, como também para garantir seu funcionamento / disponibilidade;

  • Recuperação – na eventualidade de ataques cibernéticos ou qualquer tipo de ação que afete a disponibilidade dos serviços (segurança cibernética), é preciso contar com uma equipe e procedimentos de recuperação plena e rápida da acessibilidade, bem como assegurar que os dados sejam preservados.

Em outras palavras, apesar do servidor não ser compartilhado, o conjunto de soluções do hosting é compartilhado e que como benefício torna a implantação da administração mais eficiente e acessível financeiramente.

8. Upgrades

Particularmente no caso de aluguel de dedicado, quando é necessário efetuar o upgrade para uma máquina com maior poder computacional, diferentemente dos casos em que a máquina é do cliente, o processo é bem mais fácil.

Isso porque geralmente todo o processo de inclusão da nova máquina na infraestrutura, instalação e configurações, bem como a migração pode ocorrer pelo hosting nos casos de administração terceirizada. Sem contar também, que o investimento necessário é consideravelmente inferior.

Conclusão

Se antes era exclusivo e restrito, atualmente um servidor dedicado pode ser uma escolha inteligente e acessível para inúmeras soluções para muitas empresas.

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