O que é um paradigma?

Uma das coisas mais estudadas pelo homem e a respeito do homem, mas que paradoxalmente menos se conhece, é o cérebro.

No entanto, há algumas outras, principalmente em termos de comportamento e que são associados a modelos mentais, crenças, culturas e hábitos, que se sabe muito bem, seja como resultado de estudos, seja por mera observação de como as pessoas reagem a determinadas situações.

Um desses fenômenos, são os paradigmas.

Você sabe o que são os paradigmas? Eles são bons? Há problemas em agir baseado nos paradigmas? Vamos conversar a respeito?

O que é um paradigma?

Não é das palavras mais usadas, pelo menos não na maior parte dos círculos sociais. Mas no ambiente organizacional, particularmente no vocabulário dos gestores e nos últimos anos em áreas de desenvolvimento tecnológico, os paradigmas são comuns e vêm ganhando destaque e importância estratégica.

Há definições mais ou menos acadêmicas, mas a que mais gostamos e que é das mais simples, diz que um paradigma é um modelo constituído e esperado de como as coisas devem acontecer nas mais diferentes esferas.

Em outras palavras, o paradigma é aquele hábito consolidado, mas também o método de fazer algo de modo único, ou ainda o que esperar como resultado de um processo ou ação e que normalmente é sempre o mesmo.

Você segue paradigmas desde que acorda e segue uma série de rotinas ao longo do dia, porque acredita que são as melhores formas de fazer tudo o que faz.

Assim, as pessoas seguem procedimentos repetitivos, dia após dia, em cada situação que lhes é apresentada. É automático e uma vez que o comportamento relativo àquilo está consolidado, não se tem que pensar mais para fazer, seja lá o que for.

Mas não se engane, pois um paradigma não é apenas um sinônimo para hábito. Os paradigmas vão além, na medida em que consistem daquelo único modo de se fazer algo ou do único resultado esperado para uma determinada ação.

É a melhor alternativa ou a pior, quando é a única forma possível de que algo possa ser feito ou o único resultado possível. Aqui a palavra única, assume a diferenciação determinante comparativamente ao hábito.

Você tem um método – que é uma sequência de ações – cada vez que precisa entrar em contato com os seus clientes.

Tem também um método, para fazer compras no supermercado mensalmente, escolhendo cada produto que vai para o carrinho, bem como por onde começa e termina as compras, ao percorrer os corredores.

Tem um terceiro método, para fazer a arrumação ou faxina da casa. Tem também um para passear com o cachorro, para se arrumar para sair com os amigos, para navegar na Internet e até para as coisas menos frequentes, mas que de tempos em tempos se repetem.

Na medida em que você não vê melhores meios de fazer cada uma das ações acima ou acredita que há uma maneira única de agir diante de algo, você está agindo sob influência de um paradigma.

Ou seja, os paradigmas evitam que você tenha que pensar sobre qual a melhor forma de fazer algo, toda vez que tem que fazê-la novamente. Você já fez daquele modo outras 5 ou 10 ou 200 vezes e quando novamente a mesma situação se apresenta, seu cérebro liga o “piloto automático” e você faz o que precisa, sem nem mesmo pensar no que está fazendo.

Mais que isso, a maior parte das pessoas não questiona porque fazem. Apenas fazem, porque creem que é o melhor ou o único meio e apenas vivem repetições praticamente infinitas do mesmo.

As alternativas não são vistas. Não se para nem mesmo para pensar se elas existem!

E se tudo isso não fosse o bastante, os paradigmas criam uma verdadeira camisa de força mental, que impede de ver modos diferentes de se fazer as coisas e quando um resultado inesperado acontece, costuma-se atribuir a um mero "acidente" e não se considera uma alternativa viável ao que se conhece e se espera.

Qual o benefício dos paradigmas?

De certa forma já respondemos a essa pergunta a alguns. Mas para que não haja qualquer dúvida, vamos refletir a respeito.

Você consegue se lembrar como foi difícil quando aprendeu a andar de bicicleta? Não? E quando aprendeu a dirigir? Quanta atenção e concentração foram necessárias por ocasião das primeiras arrancadas com o carro? E as primeiras trocas de marcha? E quando teve que virar a direita ou a esquerda? E aprender a nova rotina de trabalho, logo que você foi admitido? E o novo caminho para casa, assim que se mudou?

Toda vez que o cérebro humano enfrenta novas situações, somos exigidos a observar, escolher, avaliar, decidir, enfim pensar.

O novo nos traz certo desconforto e exige nossa concentração e esforço. Todos os elementos associados à novidade, atrapalham. Imagine atender ao celular enquanto você estava na primeira aula da autoescola.

Hoje você dirige e ao mesmo tempo é capaz de fazer muitas coisas, embora não devesse!

Assim, os paradigmas evitam que a cada vez que uma situação se repita, você tenha novamente que aprender e desenvolver um novo conjunto de ações ou reações ou comportamentos, para lidar com a situação.

Há quem diga até que a prática leva a perfeição. De fato a repetição de determinadas ações, conduz ao aperfeiçoamento e é capaz de produzir pessoas com destreza extrema em certas ações.

Assim, os paradigmas algumas vezes nos ajudam a poupar tempo, trabalho a mais, a ter que aprender constantemente, garantem determinados resultados, trazem conforto e segurança pessoais e até mesmo evitam perdas financeiras, que podem ser decorrentes dos erros, tão comuns quando nos deparamos com o novo e o desconhecido.

Mas por que e quando os paradigmas não são bons?

O problema dos paradigmas

Há sempre os dois lados de uma mesma moeda e com os paradigmas não é diferente.

Os paradigmas globais ou coletivos e que são aqueles resultantes do que é tido pela maioria como o certo e no pior dos cenários, a única maneira de se fazer algo, são altamente limitantes.

Eles restringem ou mesmo impedem o questionamento e a visão de novas possibilidades para como as coisas devem ser ou como os resultados devem acontecer.

Pessoas cujos cérebros são altamente presos a paradigmas, tendem a ser acomodadas em relação a tudo o que fazem, porque creem realmente que as coisas só podem ser feitas de umaa forma ou que mesmo havendo outras, aquela é a melhor.

É fácil identificar uma, pois geralmente quando algo novo lhe é apresentado, ela busca imitar alguém que já sabe o que fazer, ao invés de buscar o seu próprio método, o seu próprio caminho, adotam os paradigmas de terceiros.

Além disso, pessoas que têm muitos paradigmas ditando seu comportamento e suas ações, tendem a ser críticas e resistentes às mudanças.

Por que romper paradigmas?

Felizmente, as empresas já perceberam o quão restritivo um paradigma pode ser em termos de evolução, especialmente aquelas ligadas a tecnologia.

Se não fosse assim, poderíamos ainda usar os mesmos aparelhos celulares que eram fabricados há 10 ou 20 anos atrás, simplesmente por acreditar que já se tinha o melhor ou a única alternativa possível de celular.

Se você volta ao passado e compara com o presente, pouco ou nada do que era verdade absoluta, ainda é.

Os sites de Internet, mudaram muito. Imagine se ao criar um site, todos apenas fizessem o mesmo que todas as empresas estão acostumadas a fazer, apenas porque não acreditassem que houvesse outra forma de fazê-lo. Teríamos listas intermináveis de sites idênticos ou muito parecidos.

O desenvolvimento da tecnologia por si só, é um enfrentamento aos paradigmas.

Os pesquisadores, engenheiros, programadores, web designers e profissionais de diversas áreas, têm como uma de suas características, o não acomodamento decorrente dos paradigmas. Eles estão em uma busca contante por novos e melhores métodos.

O paradigma é uma barreira a inovação, particularmente à toda inovação disruptiva, mas não apenas. O Linux é um exemplo de enfrentamento ao paradigma estabelecido pelo Windows como sistema operacional.

E não para por aí. A lista é grande!

A loja virtual, é um enfrentamento do paradigma do comércio de rua, que existe e pouco mudou por muitos séculos. Ou quem sabe o marketplace, em relação ao shopping center.

Quando há 20 anos alguém poderia imaginar que para comprar um simples sapato, não seria mais necessário gastar sola de sapato atrás do modelo desejado e ao invés disso, sentado na sala de casa ou no ônibus retornando do trabalho, pudesse comprá-lo a partir do mesmo aparelho em que se “conversa” com os amigos nas redes sociais, publica-se conteúdo no seu blog pessoal e armazena na nuvem seus documentos e fotos?

Vencer os paradigmas, fez surgir o outsourcing que entre outras coisas, tirou o servidor de dentro das empresas e o colocou dentro de um datacenter.

Fez ainda com que fosse possível por meio da conciliação da Inteligência Artificial, do Machine Learning, da Internet das Coisas (IoT) e de redes de alta velocidade, como o 5G, criar-se um carro autônomo ou sem motorista!

Um carro sem motorista?! Que loucura, diria a maioria e em particular aqueles que só enxergam o paradigma do carro com alguém ao volante!

Aliás a Internet é uma grande sucessão de quebras de paradigmas.

Hoje qualquer pessoa é capaz de estar conectado ao mundo todo e ter sua empresa representada em todos os continentes, através de um site, cuja infraestrutura necessária está financeiramente ao alcance de todos, graças ao modelo de hospedagem compartilhada, que é uma quebra de paradigma aos servidores como algo acessível apenas a uns poucos abastados.

Nessa dicotomia que os paradigmas caracterizam, saber quando é o momento de quebrá-los, é o que permitiu que o homem saísse da Idade da Pedra e chegasse ao século XXI, acumulando uma quantidade incalculável de conhecimento e com ele, evolução!

Distinguir quando um paradigma lhe trás vantagens e quando abandoná-lo por novos modelos, para colher melhores resultados, aprender e evoluir, é um sinal de sabedoria!

Conclusão

Paradigmas são modelos mentais que estabelecem o comportamento das pessoas diante de várias situações, trazendo conforto, segurança e facilidades. Por outro lado, constituem também barreiras especialmente às inovações, de modo que saber superar paradigmas, permite dar um passo em direção ao futuro.

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