O que é Servidor, sua importância e usos comuns?

Apenas responder o que é servidor, pode ser algo simples a depender do porquê se quer saber. Mas quando o que se pretende é entender o quão importante ele é em boa parte dos seus usos mais comuns, certas respostas podem ser insuficientes.

Além disso, em razão das inúmeras funções que ele pode assumir, outras informações relacionadas passam a ser fundamentais.

Portanto, a fim de que você tenha uma visão bem ampla do que é e da sua vital relevância, que preparamos o conteúdo a seguir.

O que é servidor?

Genericamente um servidor é um computador que tem como função, servir serviços a outros computadores, por mais redundante que possa parecer essa resposta.

Quem sabe alguma coisa a respeito, provavelmente entenda o que isso significa e se contente com a resposta, mas para um total leigo ou quem está apenas ingressando no assunto, não.

Ajuda a compreensão, se entendermos uma das palavras-chave dessa resposta.

Os serviços em questão, são os correspondentes digitais aos serviços que nós usufruímos, seja porque há alguém mais capacitado para fazê-lo, seja porque é mais cômodo, seja porque não podemos ou não sabemos como fazer, seja ainda porque não queremos e, portanto, pagamos para que alguém faça por nós.

Quando enviamos uma mensagem de correio eletrônico para alguém, estamos usando o serviço de e-mail e para tanto, há toda uma infraestrutura baseada em hardware e software para prestar esse serviço.

Algo semelhante acontece ao ouvirmos música no smartphone usando um serviço de streaming (Spotify ou Deezer), quando trocamos mensagens via WhatsApp ou Telegram, ou ainda ao fazermos o download de um app da Play Store ou da Microsoft Store.

Existem literalmente milhares e milhares de serviços e que são prestados por servidores ou pela “nuvem” (cloud computing), a qual só existe porque entre outras coisas, é baseada em vários servidores cujo poder computacional coletivo é unificado e gerenciado.

Comparativamente, a nuvem lembra a um grupo de várias formigas carregando uma folha, que individualmente não seriam capazes de carregá-la. Se por alguma razão uma delas não pode realizar a tarefa, rapidamente outra que esteja “ociosa”, assume seu lugar para manter o carregamento. A diferença, é que em vez de formigas, temos servidores.

E quantos serviços utilizamos na nuvem atualmente? A maioria ou boa parte dos serviços da Internet.

Em outras palavras, um servidor é como um garçom que recebe pedidos e os entrega aos clientes. Inclusive, essa estrutura é conhecida como modelo cliente / servidor.

A história dos servidores

Não há exatamente um marco ou uma data específica relativa ao lançamento do primeiro servidor em computação, da mesma forma como os primeiros PCs foram resultados de vários avanços conseguidos por empresas como Apple e IBM e sendo assim, não há consenso quanto ao seu surgimento.

No entanto, não é errado afirmar que os primeiros servidores surgiram com as pesquisas e estudos que deram origem às redes de computadores, ainda no ano de 1965, quando cientistas de centros de pesquisas nos EUA, utilizaram uma linha telefônica discada de baixa velocidade para conectar computadores.

Mas foi em 1969, a partir da Arpanet – o projeto que mais tarde deu origem à Internet – que as redes evoluíram e vários dos protocolos de Internet como o e-mail, o Telnet e o FTP (File Transfer Protocol) foram criados.

Documentos da época contém termos como “server-host” e “user-host” e que caracterizam o modelo cliente / servidor e que serviu para o conceito de dedicar alguns computadores da rede para prestar algum serviço aos user-hosts (usuários).

Paralelamente a isso, o modelo antigo e que era baseado em mainframes – enormes e caríssimos computadores – e terminais, começou a ficar obsoleto e se mostrar menos eficientes que o modelo cliente / servidor, que aos poucos foi ganhando mais e mais importância.

Em 1971 a Intel lançava seu primeiro processador e que viria a substituir os vários circuitos integrados que antes equipavam os computadores na época. Foi seguida por empresas como Motorola e IBM, entre várias outras.

O avanço nessa área, permitiu o surgimento de máquinas menores e mais potentes, que começaram a ser desenvolvidas para as mais diversas finalidades, que apesar do preço ainda elevado, constituía um grande avanço comparado aos mais caros e enormes mainframes.

O modelo cliente / servidor conferiu mais segurança, maior facilidade de manutenção, escalabilidade e até economia, entre outras vantagens comparativamente ao modelo anterior.

Evolução Tecnológica e o servidor

Entre o final da década de 70 e o início dos anos 80, vimos proliferar uma grande quantidade de empresas que desenvolveram processadores destinados a equipar computadores, que vão desde as conhecidas IBM, Intel e AMD, até outras também conhecidas na época, mas que não alcançaram o mesmo sucesso neste propósito, como Zilog, Motorola, NEC, Cyrix, Fujitsu, entre algumas dezenas de outros nomes do setor.

Foi também nessa época, mais precisamente em 1978, que a Intel lançou o processador que até hoje serve de arquitetura básica para a maior parte dos processadores usados em servidores, mas também nos PCs e notebooks domésticos – o Intel 8086.

O primeiro IBM PC foi construído com o 8088, um processador lançado em 1979 e que era uma versão de 8 bits do 8086, o qual era de 16 bits.

A competição entre todas as empresas que entraram nessa corrida tecnológica, fez nascer muitas opções e alternativas de arquiteturas.

Resultado dessa disputa e do horizonte de possibilidades do desenvolvimento da computação, vieram as memórias, diferentes formas de armazenamento, comunicação entre dispositivos, favorecendo com que o uso dos computadores aumentasse e o tamanho dos equipamentos diminuísse e se tornassem cada vez mais acessíveis.

Era o que a indústria da computação precisava para evoluir e com isso, nos anos 80, tornou-se uma realidade e economicamente viável ter um PC (Personal Computer) em algumas residências, nas empresas, bem como os primeiros servidores. Era um caminho sem volta.

Vantagens do uso de um servidor

O papel e importância do servidor, especialmente nas empresas, logo ficou evidente.

No início dos anos 1980, quando o PC começou a se popularizar, a indústria de software apenas dava seus primeiros passos, porque até então, software era algo basicamente feito pelos fabricantes de hardware para que o equipamento pudesse ser usado.

Os sistemas necessários para cada empresa, eram desenvolvidos dentro de cada uma, por uma equipe de programadores, profissão que então ainda era restrita a uns poucos, que eram disputados por altos salários.

E apesar de se tornar mais acessível financeiramente, ter computadores capazes de rodar tudo que era exigido, era para poucos. Assim, em vez disso, ter máquinas mais “modestas” que acessassem o que fosse preciso em um servidor, mostrou-se uma solução mais adequada.

Esse conceito ainda prevalece até hoje e implica uma série de vantagens:

  • Diminuição de custos de licenciamento – gasta-se menos com licenciamento de software, já que para alguns casos, deixa-se de instalar um software – e consequentemente uma licença – no computador de cada usuário;

  • Redução de custos de infraestrutura – com algumas aplicações migrando para o servidor, em vez de serem executadas nos equipamentos dos usuários, pode-se adotar equipamentos com configurações inferiores e consequentemente mais baratos;

  • Otimização da infraestrutura – o fornecimento centralizado de serviços confere maior eficiência de determinados recursos, como servidor de backup, de arquivos e de impressão, por exemplo;

  • Aumento de segurança – os protocolos de segurança são executados no servidor e não nos usuários. Além disso, um servidor na rede pode filtrar o tipo de conteúdo e os acessos que são realizados pelos usuários (política de acessos). Também é mais fácil controlar o conteúdo de um único servidor, em relação a vários usuários;

  • Controle de versões e atualizações – ao atualizar os sistemas e versões no servidor, automaticamente todos os usuários que se conectam ao servidor podem usufruir imediatamente dessas atualizações, sem que seja necessário proceder com atualizações nas máquinas de cada usuário. Se há necessidade, também pode-se ter diferentes versões de um mesmo serviço ou sistema, para necessidades de diferentes grupos de usuários;

  • Portabilidade – a migração de conteúdo ou de sistemas é mais simples, visto que não se tem que migrar conteúdo de todos usuários, mas apenas aqueles que são executados no servidor;

  • Manutenção – qualquer procedimento de reparação ou suporte nos sistemas, é centralizado no servidor e automaticamente atinge todos os usuários;

  • Outsourcing – também chamada de terceirização de serviços de TI, que é quando um terceiro fornece um serviço que antes era feito com recursos (espaço, pessoas, equipamentos, etc) dentro da empresa.

Desvantagens no uso de um servidor

Mas nem tudo são flores e como outras situações na vida, há casos em que ter um ou mais servidores, pode não ser tão vantajoso ou até ser um problema a mais para ser gerenciado:

  • Em micro e pequenas empresas, adotar um servidor para qualquer finalidade, pode encarecer a infraestrutura e dependendo do caso, nem ser absolutamente necessário. Como exemplo, um pequeno escritório com meia dúzia de usuários e a depender das necessidades, um servidor pode ser um custo dispensável, especialmente porque há hoje uma variedade de serviços em nuvem que podem ser suficientes;

  • Quando se têm dependência de aplicações / sistemas que rodam no servidor e não há uma alternativa que ofereça redundância, se o servidor precisa passar por manutenção, todos os usuários que dependem dele ficam inoperantes até que a manutenção seja concluída;

  • Qualquer vulnerabilidade de segurança que venha ocorrer no servidor, automaticamente afetará todos os usuários;

  • Necessidade de investir em alternativas para prevenção no caso de falhas de hardware, software e segurança, quando a interrupção do servidor implique perdas significativas ou afete muitos usuários;

  • Dependendo da quantidade de usuários e de aplicações de uma empresa, é necessário investir em mais de um servidor, ampliação da rede, do espaço físico e até em mão de obra qualificada para dar suporte a tudo isso.

Os usos de um servidor

O principal papel de um servidor é fornecer serviços de maneira centralizada e global, acabando com a necessidade de se ter um programa ou sistema instalado em cada equipamento de cada um dos usuários de uma empresa e esse, sem dúvida constituiu o principal motivo para a disseminação do modelo cliente / servidor.

Atualmente servidores são adotados para fornecer praticamente tudo que se consiga imaginar e esteja relacionado com computação.

Dessa forma, utiliza-se um servidor não somente, mas principalmente para os propósitos a seguir:

  • Hospedagem de sites e de aplicações que rodam ou são acessadas na Internet, podendo ser servidores compartilhados, VPSs ou dedicados;

  • Armazenamento de arquivos localmente (dentro das empresas), na Internet (armazenamento em nuvem) ou em unidades destinadas a grandes volumes de dados, chamados de servidores NAS ou storages;

  • Fornecer aplicações / sistemas empresariais, como por exemplo ERPs, CRMs, SGVs (Sistema Gerencial de Vendas), Intranet, controles financeiros e fiscais, etc, rodando localmente ou remotamente;

  • Serviços de VPN;

  • Servidores de DNS;

  • Serviço de e-mail;

  • Bureau de serviço de impressão;

  • Aplicações e serviços baseados em bancos de dados;

  • Sistemas de segurança física e patrimonial;

  • Sistemas de pagamento (cartão de crédito, débito, cripto moedas, gateways de pagamento);

  • Aplicações de telefonia e a própria infraestrutura atual de telefonia (fixa e móvel);

  • Download de softwares e apps;

  • Internet das coisas (IoT);

  • A própria Internet como um todo, se pensarmos em sua infraestrutura e como ela é desenhada e organizada.

Como é um servidor?

Você já sabe que um servidor é basicamente um computador. Mas atualmente ele não é qualquer computador e na maior parte das vezes, nem mesmo se assemelha fisicamente aos computadores que temos em nossas casas.

Na maior parte dos casos, devido às extremas exigências computacionais e ao fato de que atualmente podemos ter dezenas de milhares de servidores acomodados em prédios especializados em abrigá-los, os chamados data centers, até fisicamente a anatomia dos servidores assumiu características próprias.

Atualmente os gabinetes mais comuns destinados aos servidores e seu interior, são projetados e tem padrões visando os seguintes aspectos:

  • Rack – um rack é uma espécie de armário que comporta vários servidores (geralmente até o limite de 42!), cujos espaços ou gavetas mínimas para sua acomodação equivalem a uma unidade padrão (equivale a 1,75 polegadas ou aproximadamente 4,45 centímetros) de altura. Por essa razão, a altura dos gabinetes costuma ser de 1U, 2Us ou 4Us;

  • Alimentação – o fornecimento de energia / fonte de alimentação, são projetados e dimensionados para atender a uma demanda que pode ser bastante superior a um computador doméstico;

  • Conectividade – geralmente servidores são conectados a redes físicas (por cabo) e dada as exigências, operam sob elevados tráfego, transferência e largura de banda;

  • Resfriamento – os servidores mais robustos são multiprocessados e usam CPUs que produzem muito calor, razão pela qual precisam de sistemas de resfriamento / troca de calor, mais eficientes;

  • Manutenção – quando necessária, a manutenção deve ser mais rápida e fácil, motivo que faz com que a acessibilidade de determinados componentes de hardware seja otimizada;

  • Mais componentes – o gabinete deve ser capaz de abrigar muito mais componentes do que um computador doméstico, já que é comum o servidor pode ter vários processadores, pentes de memória, unidades de armazenamento (HDs ou SSDs), muitos coolers e uma placa-mãe consideravelmente maior, além do fato de que tudo isso precisa ser interligado.

Mas se por um lado é comum encontrarmos máquinas com poder computacional várias vezes superior até mesmo os melhores PCs, para ser chamado ou receber a designação de servidor, não necessariamente precisa ser um equipamento sofisticado e ultra-potente.

Lembremos que é servidor se fornece ao menos um serviço.

Assim, uma máquina mais modesta e hardware razoavelmente antigo, pode desempenhar essa função, como no caso de um servidor de arquivos, cujo processamento só precisa ser suficiente para acesso à unidade de armazenamento, ou ainda quem sabe, hospedar um sistema comercial em um pequeno estabelecimento de varejo.

Na prática, é comum encontrarmos servidores destinados a determinados serviços, baseados no modesto e super barato Raspberry PI e rodando distribuições Linux mais leves.

O servidor e a Internet

Se as redes empresariais evoluíram e favoreceram a popularização do servidor, podemos afirmar que a interligação das redes locais, regionais e globais, também conhecida como Internet, só foi possível graças aos servidores.

De fato, Tim Berners-Lee, o “pai da Internet”, em 25 de dezembro de 1990, implementou a primeira comunicação bem-sucedida entre um cliente HTTP (o primeiro “embrião” de navegador web) e um servidor, no que seria o primeiro acesso da Internet.

É impossível imaginar Web se não houvessem servidores, que são os responsáveis por servir tudo que utilizamos.

Quando você acessa ou utiliza praticamente qualquer coisa na rede mundial de computadores, está dependente de um ou de muitos servidores. Todo e qualquer site, está hospedado em algum servidor e se está em um serviço Cloud ou CDN, está em vários servidores.

Quando faz transações financeiras via aplicativo ou site do banco, acessa suas redes sociais, joga online, usa um app de mapa para chegar a um destino, faz uma videoconferência ou uma chamada usando telefonia VOIP, vê imagens de um sistema de segurança, faz uma simples pesquisa no Google ou no Bing ou até para ter acesso à Internet, saiba que tudo isso – e o que mais você se lembrar – só é possível, graças aos muitos servidores servindo milhares de serviços do outro lado.

Conclusão

O servidor mais que um computador potente e especializado, é uma das peças vitais da infraestrutura e do funcionamento da maioria dos serviços modernos.

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