O que é data center? Por que são tão importantes?

É difícil – senão quase impossível – imaginar como seria boa parte do que temos nos dias de hoje, em termos dos muitos serviços e tecnologias, se eles não existissem.

Possivelmente até deveria haver alguma alternativa, mas é indiscutível que se de uma hora para outra parassem de funcionar, a Internet pararia e o mundo também!

Estamos falando dos data centers.

Se você não tem uma noção precisa do que é um e qual sua importância para boa parte dos recursos que temos na vida contemporânea, logo mais saberá que não é exagero nossa afirmação anterior.

O que é data center?

Um data center – ou centro de dados, em português – é resumidamente uma instalação física para abrigar uma ampla e variada infraestrutura necessária para vários sistemas de TI (Tecnologia da Informação).

Mas essa é uma definição muito genérica e que não nos dá a ideia exata do que é, certo?

Se você reservar uma sala na sua empresa e colocar nela exclusivamente os servidores responsáveis pelas aplicações, pelos muitos dados que a empresa produz, pelo backup e pelos mais diversos serviços digitais da empresa utilizados pelos colaboradores e interligar tudo a sua rede de computadores, como também implementar os sistemas necessários para garantir sua segurança, o controle térmico da sala e tudo mais que for necessário, você tem um exemplo de data center dentro da empresa.

Aliás modelo acima foi o que deu origem aos primeiros data centers, uma vez que foram as grandes empresas as primeiras a terem um data center próprio.

Porém a transformação digital que o mundo vem experimentando nas últimas décadas, bem como o avanço da Internet comercial, fizeram surgir outro modelo mais amplo e parecido com o que conhecemos hoje de data center.

Ele é caracterizado por edificações ou prédios especialmente dedicados a abrigar infraestruturas semelhantes a essa que descrevemos, porém em caráter muito mais amplo e especializado.

De fato, quando você visita um data center moderno, tem a clara impressão que é um prédio idealizado e construído especialmente para abrigar milhares de computadores – e que nós conhecemos como servidores – rigidamente organizados.

E a ideia é exatamente essa, ou seja, reunir em um só lugar toda a infraestrutura necessária para que os servidores cumpram suas multiplas funções, que pode ser de servir aplicações e serviços, processar dados, armazenar dados, hospedar sites, e tudo o que um servidor é capaz de fazer.

Tipos de data centers

Da mesma forma que o data center que surgiu dentro das empresas evoluiu para uma forma mais especializada e muito ampliada em termos de tamanho, as necessidades ao longo do tempo fizeram surgir tipos diferentes de data centers.

Vale ressaltar que o que descrevemos a seguir, são em linhas gerais os tipos mais comuns, mas podem haver outros mais específicos ainda, bem como na prática há vários que combinam aspectos de dois ou mais tipos.

1. Data center corporativo local

Esse é o modelo que descrevemos para explicar o que é um data center.

Sua principal característica é o fato de que sua localização costuma ser interna à empresa que o administra e, portanto, sua infraestrutura serve apenas a ela e por essa razão é chamado de corporativo local.

Mas não necessariamente se resume a uma sala com alguns servidores. Na verdade a depender do porte da empresa pode haver uma grande área ou várias salas dedicadas a abrigar toda a infraestrutura.

Há até casos nos quais a demanda fez com que implantassem um em prédio dedicado especialmente a esse fim, ou seja, fora das instalações administrativas.

2. Data center enterprise

Esse é um tipo bastante comum e que representou por vários anos a principal razão de expansão dos data centers.

Isso porque nesse modelo, o data center apareceu como sendo um fornecedor de serviço de infraestrutura para as empresas que precisavam, mas nem sempre dispunham das melhores soluções.

Assim, em vez de implantarem e manterem toda a infraestrutura necessária para o seu funcionamento, usam-na de um fornecedor especialista em oferecer essa infraestrutura, porém em um local especialmente destinado a essa finalidade e com acesso remoto.

Mas isso só foi possível em larga escala, a medida que novas tecnologias de comunicação / transmissão de dados se tornaram acessíveis, já que o envio / recebimento de dados entre empresa e data center, requer um link capaz de trafegar elevado volume de dados, com velocidade e segurança.

Esse tipo surgiu e foi imaginado para atender às necessidades de empresas de médio a grande porte, atendendo exigências tais como alta disponibilidade, segurança e escalabilidade para hospedar aplicativos, sistemas e dados corporativos, das mais diferentes empresas / clientes.

Outro aspecto comum nesse tipo de data center, é que o gerenciamento para garantir que essa infraestrutura funcione 100% do tempo, costuma ser de inteira responsabilidade do data center e que ficou conhecido como IaaS (Infrastructure-as-a-Service ou Infraestrutura como Serviço, em português).

3. Data center colocation

Nessa modalidade, diferentemente da anterior só uma parte da infraestrutura do data center é fornecida como serviço. Aqui os servidores são de propriedade da empresa / cliente.

Chama-se de colocation porque as máquinas de propriedade do cliente, são colocadas por ele dentro da infraestrutura.

As razões disso podem ser as mais variadas, como por exemplo, o cliente já tinha as máquinas em sua infraestrutura interna / local e resolveu migrar para o data center, ou então ele precisa de máquinas mais específicas que aquelas que o data center eventualmente dispõe.

Seja qual for o caso, normalmente a administração dos servidores também ocorre por conta do cliente, porém isso não é obrigatório. É possível sim ter máquinas em regime de colocation e a administração ou qualquer manutenção ou suporte técnico ser feito pelo pessoal do data center.

As principais razões para essa opção são contar com uma infraestrutura robusta, que é constantemente atualizada, bem como uma série de benefícios associados, como por exemplo, a segurança e a disponibilidade que os data centers priorizam.

4. Data center Web

É de se imaginar pelo nome, que esse tipo de data center se popularizou conforme se popularizaram as aplicações web, os web sites e tudo mais que compõem a Internet.

As maiores empresas de hospedagem mantém data centers próprios destinados especificamente a toda a infraestrutura necessária para seus clientes e que inclui desde os servidores compartilhados, os servidores dedicados, o Cloud Computing, storage (servidores NAS), serviço de e-mail, e tudo mais que for necessário para hospedar uma solução Web.

Existem também aqueles que alugam a infraestrutura e servidores em regime enterprise ou colocation, para os hostings que não tem ou optam por não manterem data centers próprios.

5. Data center Hyperscale

Como o nome sugere, o hyperscale – ou hiper escala – é o tipo destinado a operações que demandam elevadíssimo poder computacional, como na geração, armazenamento e manipulação de enormes volumes de dados (Big Data).

É o caso do Google, por exemplo, cujo principal serviço – a busca – implica elevadíssimo volume de acessos simultâneos, bem como imensa quantidade de informação indexada dos sites existentes.

Mas há outros usos, como as nuvens da AWS ou da Microsoft Azure, bem como as principais redes sociais, como o Facebook e Instagram.

6. Data center edge

Os data centers edge são assim chamados, porque seu propósito é apoiar aplicações e serviços baseados em Edge Computing e, por isso, são distribuídos geograficamente, visando que estejam localizados próximos aos usuários finais ou dispositivos que a ele se conectam.

Eles são ideais para aplicações que exigem baixa latência, como Internet das Coisas (IoT), streaming de conteúdo e CDN (Content Delivery Network).

A importância do data center

Dada a importância que os data centers têm nos dias atuais – e que você logo vai entender –, até a escolha da localização onde serão construídos, é relevante. Quando possível, opta-se por um lugar menos suscetível a problemas geológicos, como terremotos, ou climáticos, como furacões.

Há até mesmo os que são subterrâneos ou que utilizam bunkers abandonados da época da Guerra Fria, uma vez que são construções projetadas para resistir até a bombardeios. Sim, para além da segurança, a integridade física do prédio que abriga um data center, é um fator crucial.

Mas a localização, também tem relação com outros fatores, como o acesso a duas ou mais redes de energia independentes, tantas redes de dados ou links quanto estiverem disponíveis, proximidade com grandes centros e/ou metrópoles.

Em termos práticos, a quase totalidade dos serviços que utilizamos na atualidade, dependem direta ou indiretamente deles:

  • Internet – tudo o que você conseguir se lembrar na Internet, dos sites mais simples, passando pelos apps que você tem instalado no smartphone, os serviços de streaming de áudio e vídeo (Spotify, Deezer, Netflix, Amazon Prime Video, etc), ou os jogos online, só são possíveis porque uma parte significativa da infraestrutura dos data centers é usada para seu funcionamento;

  • Comunicação – quando pensamos em comunicação hoje em dia, logo vem à mente plataformas como o WhatsApp, mas até mesmo a telefonia móvel e a fixa, apoiam-se cada vez mais em tecnologias baseadas na Web, como o VoLTE e o VOIP, que são baseadas em Internet e, portanto, dependem do que um centro de dados pode oferecer. Mas mesmo o 5G, o qual tem infraestrutura dedicada, também tem um grau de dependência na Web;

  • Economia – a economia está cada vez mais dependente de ferramentas digitais. Começa nos apps dos bancos, mas passa pelo PIX e pelo DREX, pelo comércio internacional, seja nas compras pessoais em grandes plataformas de e-commerce (ex: Aliexpress), seja nas grandes transações entre empresas (B2B);

  • Empresas – as empresas quase sempre foram as primeiras beneficiadas da transformação digital, a qual frequentemente depende de um data center. A parte mais aparente, são os sites corporativos, mas as contas de e-mail profissionais, os sistemas online, as suítes de escritório, a intranet, a integração entre matriz e filiais e grande parte dos processos com fornecedores e parceiros, só funcionam como funcionam, graças a esses prédios lotados de servidores.

  • IoT – a Internet das Coisas (IoT), não é diferente da “Internet do Homens”, o que significa dizer que assim como a “tradicional”, baseia-se em um centro de dados.

A lista acima, embora esteja longe de estar completa, é suficiente para demonstrar que parte significativa de tudo o que nos cerca, só é viabilizado porque pode utilizar um conjunto de tecnologias disponíveis em algum data center.

Há data centers com 10.000, 20.000, 50.000 servidores e até mais que isso, como é o caso deste datacenter do Google, em The Dalles.

São volumes assombrosos de máquinas conectadas por quilômetros de fios que dão várias voltadas na Terra, interligando-se até por cabos submarinos entre os continentes, para garantir que tudo isso que você faz e vê na palma de sua mão ou na ponta dos seus dedos, funcione a um simples clique ou toque.

É preciso dar mais razões para justificar a importância de um datacenter? Entendeu por que se eles acabassem hoje, o mundo como conhecemos, não existiria?

Como é um data center?

Internamente esses prédios são construídos para atender as necessidades de operação muito específicas que um data center requer e que pode variar ligeiramente de acordo com o tipo, mas que em linhas gerais, envolve:

  • Piso elevado – constituído de uma estrutura móvel e modular, capaz de suportar acima dele, elevadas cargas representadas pelos equipamentos (racks, servidores, etc) e abaixo, acomodar dutos de cabeamento de dados e energia elétrica e circulação de ar resfriado para manter a temperatura interna do ambiente, sempre dentro de limites rígidos, pois um servidor gera quantidade significativa de calor e deve operar preferencialmente abaixo de um determinado patamar;

  • Fornecimento de energia – precisa ocorrer de modo ininterrupto, bem como devem haver sistemas que garantam que em caso de falha, um segundo sistema entre imediatamente em operação assumindo o lugar do principal. Sendo assim, é comum estar ligado a duas ou mais redes elétricas, contar com geradores, baterias, nobreaks e todo tipo de tecnologia capaz de garantir que nunca falte energia no prédio;

  • Redes – as redes de dados são essenciais, conectando cada servidor ao mundo através de links, análogo ao que você utiliza para acessar a Internet a partir da sua casa, porém com velocidades muito superiores e capazes de trafegar volumes de informação milhares de vezes superiores e geralmente incluindo também switches, roteadores, firewalls e outros equipamentos de rede;

  • Controle de acesso – o isolamento físico das diversas áreas do data center e em especial das áreas críticas e sensíveis onde os dados são produzidos e/ou armazenados, com controles de acesso extremamente rígidos e que inclui câmeras de vigilância, portas e vidros blindados, gaiolas e grades, verificação biométrica e mais uma série de dispositivos e sistemas destinadas a segurança do ambiente, garantindo que o prédio como um todo está tão seguro quanto é possível estar;

  • Segurança patrimonial – a existências de vários sistemas de segurança, como a adoção de tecnologias de detecção e combate a incêndios, por liberação de gases que extinguem qualquer chama ou mesmo um mínimo foco, de modo imediato ou mesmo adoção de padrões de construção mais rígidos para resistir a eventos climáticos e geológicos;

  • Manutenção – a manutenção / suporte precisa lidar com eventuais panes prontamente, de modo que há uma área responsável por intervir na manutenção e reposição de todo o hardware utilizado, bem como de equipamentos necessários ao suporte da infraestrutura;

  • Segurança cibernética – a segurança cibernética é outro ponto vital, já que a quantidade de ameaças online como ataques DDoS ou invasões, por exemplo, sofisticam-se e se avolumam diariamente, sendo necessário dispor de políticas rígidas de prevenção e de mitigação de ataques, caso as primeiras não consigam deter os criminosos virtuais.

Há muito mais coisas dentro de um data center, mas isso é o mais importante, se é que se pode dizer que alguma coisa não seja.

Tudo dentro de um, começando pela escolha dos fornecedores, dos materiais usados nas instalações, da infinidade de tecnologias envolvidas e como tudo se relaciona e se conecta, tem como objetivo eficiência máxima, já que nada pode parar nunca e porque a informação nele contida, tem valor que muitas vezes é incalculável.

Conclusão

Um data center é ao mesmo tempo, a parte menos visível dos benefícios do mundo digital e a parte mais essencial para o funcionamento do mundo contemporâneo.

Comentários ({{totalComentarios}})