Vale a pena trocar a conexão fixa pelo 5G SA / “puro”?

Em meio à enxurrada de notícias sobre o início do fornecimento do sinal de 5G SA ou 5G ”puro” e as suas vantagens, as pessoas têm se perguntado se vale a pena cancelar seus planos de acesso à Internet por conexão fixa e trocar pela nova tecnologia.

Se você é um dos que considerou a possibilidade, mas ainda tem dúvidas, hoje vamos apresentar os fatores que devem ser considerados na decisão.

O 5G em São Paulo e nas demais capitais

Desde o lançamento oficial do 5G “puro” ou SA (StandAlone) em 6 de Julho no Distrito Federal, temos observado outras capitais disponibilizando o sinal.

No último dia 4 (04/08/2022), foi a vez de São Paulo, sendo que Belo Horizonte, João Pessoa e Porto Alegre, além de Brasília, já haviam iniciado as operações.

Das mais de 4500 estações na área urbana de São Paulo – a maior e mais conectada cidade do país – não são todas que emitem o sinal do 5G SA e que em termos médios, representa cerca de 25% de cobertura.

Para que a totalidade das antenas comece a transmitir, é preciso haver um licenciamento junto a Anatel, processo que não é imediato, por envolver aspectos técnicos e burocráticos, sem contar o investimento, já que particularidades da tecnologia requerem mais antenas do que é necessário para o 4G.

O ministro das Comunicações, afirmou que todas as capitais brasileiras deverão ter o 5G funcionando até o dia 29 de agosto e a partir de então, terão 30 dias (até 29 de setembro de 2022) para que as operadoras façam o lançamento comercial, ou seja, efetivamente tornem disponível para os usuários e que esse processo deve ser acompanhado pela Anatel.

Particularmente no caso da maior cidade do país, tanto em termos geográficos, como em termos de usuários, os dados ainda não são precisos. Por ocasião desse post, a Claro afirma ter 52 bairros cobertos, a Vivo tem 54 e a Tim, lidera com 96 bairros da metrópole, que segundo a empresa, é todo o universo da capital paulista.

Ou seja, apesar da informação inicial apontar para 25% de cobertura nessa fase inicial, dependendo da operadora pela qual o usuário é servido, na prática ele pode ter um percentual de cobertura diferente e que no caso da Tim, é teoricamente de 100%.

Essas informações de alguma maneira já ajudam a esclarecer as dúvidas de muitos usuários, ao mesmo tempo que geram outras dúvidas, mas que trataremos logo mais.

É preciso trocar o chip?

Em meio às muitas dúvidas, seja daqueles que apenas querem usufruir do 5G SA, seja dos que pensam em substituir seus serviços de conexão fixa, muitos têm perguntado: “preciso trocar de chip?”.

Não há uma resposta única.

A Claro informa que não é preciso trocar o chip ou contratar um outro plano.

Ao contrário, no caso da Vivo, a operadora informa que é preciso um chip próprio, mas assim como a Claro, afirma não ser necessário trocar de plano e tampouco haverá cobrança adicional para usufruir do sinal de quinta geração.

Já os usuários da TIM, precisam de um novo plano, que será lançado apenas em 18 de agosto de 2022, porém sem a necessidade de troca do chip e sem a cobrança de adicionais.

Vale a pena trocar a conexão fixa pelo 5G SA?

De modo geral e para a maioria, a resposta é: ainda não é o momento.

Em alguns casos bastante específicos, pode até ser vantajoso, mas é preciso atentar-se a tudo o que deve ser levado em consideração antes de tomar uma decisão.

1. Usuários de iPhone

Usuários da Apple não têm o 5G SA ainda. Por aqui no Brasil, o iPhone 13 só funciona para o 5G NSA (Non StandAlone) e segundo o fabricante, usufruir do sinal “puro” só acontecerá após alguns testes e ajustes para que o aparelho tenha o melhor desempenho possível.

A diferença entre a velocidade do sinal SA e NSA, não será sentida na maior parte das vezes, no entanto, a latência do segundo, é maior, fazendo com que a depender do tipo de aplicação, não se obtenha o desempenho que a tecnologia é capaz de proporcionar.

Quando houver disponibilidade, os aparelhos estarão automaticamente aptos a operar com o sinal de quinta geração, por meio de atualização do sistema operacional iOS, mas ainda sem previsão de quando isso acontecerá.

Logo, se você é um usuário que tem esse modelo de aparelho ou pretende trocar o atual para o novo modelo, ainda será preciso aguardar.

2. Operadora usada

Como vimos, as informações são desencontradas entre a fonte oficial (Anatel) e as operadoras e somos levados a acreditar que exite bastante Marketing nas informações divulgadas, pelo menos por parte da Tim, Vivo e Claro.

Por exemplo, no caso da Tim que informa ter 1150 antenas na cidade de São Paulo e que por ocasião do lançamento oficial, 850 delas já estavam ativas e distribuindo o sinal de quinta geração, imagina-se que mesmo dizendo que já oferece cobertura em todos os bairros, em alguns deles a cobertura pode não ser homogênea e/ou completa e quando for o caso, o usuário pode ter apenas o 4G.

Para os usuários de Claro e Vivo, é conveniente consultar quais bairros já são servidos.

Se você está em outra capital, o mesmo tipo de consideração precisa ser observada, porque as operadoras terão planos de implantação semelhantes, ou seja, gradual e com diferentes estágios de cobertura para cada uma.

3. Qual o uso?

Qual o uso que se faz da conexão fixa?

Esse é outro fator essencial que precisa ser considerado e que tem vários desdobramentos, como por exemplo:

  • Consumo de dados mensal ou tráfego de dados;

  • Tipo de acessos feitos;

  • Uso compartilhado ou individual.

Por apenas esses três aspectos já é possível termos uma ideia dos possíveis desafios que a eventual troca pode acarretar.

Os principais serviços de conexão fixa não têm uma limitação explícita de tráfego de dados, o que significa dizer que em um dado mês se necessário, você pode fazer 200 Gb de downloads e tudo bem. Já em todos os planos de dados para telefonia móvel das três operadoras, há limites e que dependendo do perfil de usuário, são facilmente atingíveis.

Se você ainda não atualizou o Windows para a versão 11 e pretender fazê-lo, só a ISO do sistema operacional, representa entre 10% e 20% do tráfego dos planos mais caros, a depender da operadora. Com mais algumas horas de streaming de vídeo em alta qualidade (Netflix, Amazon Prime Video, etc), esgota-se a franquia de dados móveis.

Outra questão fica pelo tipo de acesso feito, ou seja, que tipos de dados são acessados. É de fato necessário fazer a mudança, ou sua conexão fixa já o atende? Acessar sites, enviar e receber e-mails, acessar arquivos armazenados na nuvem e coisas do tipo, não apresentarão uma diferença tão grande, exceto se você tiver que enviar um arquivo gigantesco para seu Google Drive, por exemplo.

Na maior parte das situações, especialmente para aqueles com serviços por fibra ótica, as diferenças não são tão notáveis.

Por fim e também de grande relevância, é responder quantas pessoas vão compartilhar a conexão. Para alguém sozinho, não há muitos problemas, mas basta ter que compartilhar com mais alguém (ex: casal) e os problemas se apresentarão.

Quando o aparelho ao qual o serviço estiver associado, não estiver no local, porque o usuário saiu para o trabalho ou para fazer compras ou apenas passear, como ficam os demais usuários?

E mesmo quando ele estiver presente e não sendo impossível o uso, como compartilhar via o roteador de Wi-Fi a conexão para todos os demais dispositivos que existirem na residência ou escritório?

Sem dúvida, esses tipos de questões inviabilizam fazer a troca, ou ao menos criam problemas com difíceis soluções.

4. Início do serviço

Não se trata de uma particularidade desse, mas de todo serviço e de produtos também. Todos precisam de um tempo de amadurecimento, ao longo do qual ocorrem ajustes, melhorias, solução de problemas e que por mais extensiva que tenha sido a fase de testes, só a prática vai resolver.

Em outras palavras, apesar de todo o longo caminho até termos o sinal de telefonia de quinta geração, é bastante provável que nessa fase inicial apareçam problemas, como cobertura inadequada, instabilidade e gargalos.

Se por exemplo, em um determinado bairro houver uma grande adesão, a infraestrutura presente será capaz de atender a demanda?

A qualidade e estabilidade do serviço só poderá ser comprovada, na prática e aqueles que esperarem até haver um retrospecto de uso, podem evitar alguns aborrecimentos.

5. Investimento

Seja porque exige um aparelho celular 5G homologado, seja pela troca de chip e, sobretudo, conforme o uso – demanda por tráfego de dados – que se faz, para alguns usuários, aderir ao 5G SA em detrimento de uma conexão fixa, exigirá um investimento que não pode ser desconsiderado.

Há ainda que lembrar que dependendo da situação, alguns planos de conexão fixa têm uma cláusula de fidelidade, que significa que cancelar o serviço antes do término do prazo de vigência do contrato, implica em pagar multa ou as mensalidades restantes até o seu encerramento.

Vale lembrar que o 5G não se limitará aos aparelhos móveis. Em algum momento – ainda não definido – teremos o serviço FWA (Fixed Wirelles Access ou acesso sem fio fixo) e que deve resolver a questão de vincular o acesso a um celular e tudo o que seria necessário para conexões residenciais ou mesmo em um escritório.

Resta saber quanto será o custo disso.

Portanto, nesse primeiro momento e enquanto o serviço não se populariza e se estabelece, para a grande maioria dos casos, trocar sua conexão fixa por um 5G SA, não vale a pena.

Conclusão

Fazer a troca de uma conexão fixa residencial ou mesmo de um escritório, passa por considerar uma série de fatores que podem não valer a pena para muitos.

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