O que aconteceria com o mundo se a Internet parasse?

Você alguma vez já parou para pensar SE – somente SE – por acaso a Internet parasse definitivamente, sofresse um total apagão total e permamente, ou se preferir um blecaute completo, o que aconteceria?

Dependendo do seu nível de dependência da rede mundial de computadores e do que você mais dá importância nela, possivelmente entraria em desespero.

Mas mesmo os menos envolvidos e dependentes do mundo online, também seriam afetados e sobre esse cenário pouco provável em termos estatísticos, mas verdadeiramente possível, que trataremos hoje e aqui…

É possível a Internet sofrer um apagão ou parar de funcionar?

Sim, é possível a Internet parar ou sofrer um apagão e estamos falando de um colapso de grandes proporções, embora os ditos especialistas no assunto, afirmem que seja pouco provável.

Todavia, pouco provável, não é sinônimo de impossível!

Dificilmente algum matemático ou estatístico seja capaz de calcular com um nível aceitável de precisão, de quanto seja essa probabilidade, muito em função dos diferentes fatores e variáveis envolvidos.

Isso porque a infraestrutura sobre a qual a web funciona, é composta por um grande número de tecnologias e por meios físicos, como servidores, cabos, antenas e diferentes equipamentos, sendo que cada qual apoia-se sobre vários outros. É um imenso emaranhando de coisas, em que apenas uma simples falha, pode paralisar tudo.

É o caso por exemplo, do sistema de DNS, vital para o funcionamento da Internet e que por sua vez, depende de hardware, de software e de uma complexa infraestrutura. É verdade que tudo isso tem sido construído de modo a ser redundante e pouco suscetível a falhas, mas que também não significa risco zero, ainda que seja extremamente próximo.

O DNS é o responsável por não termos que saber endereços IP para usarmos serviços, acessarmos sites, enviar ou receber e-mails, ou qualquer outra coisa que você conseguir se lembrar. Usamos domínios, que são mais amigáveis e fáceis de lembrar, como google.com, bing.com, facebook.com ou nomedaempresa.com.br.

Assim, bastaria que por qualquer razão o DNS deixasse de funcionar, para que sem exagero, praticamente toda a Internet parasse!

Como você buscaria alguma coisa no Google, no Bing ou qualquer outro site de busca, se tivesse que saber seus respectivos endereços IP? Supondo que saiba e que conseguisse acessar qualquer um deles, clicar em qualquer dos resultados, resultaria em erro, porque os domínios da página de resultados não seriam convertidos para seus endereços IPs.

Em termos práticos, já tivemos um “aperitivo” desse “se a Internet parar…”. Bastou que Facebook, Instagram e WhatsApp ficassem fora do ar, em dezembro de 2020, para que não apenas os usuários dessas redes sociais, mas muitos outros recursos da rede mundial, também fossem afetados.

Em agosto de 2022, bastaram 5 minutos do Google fora do ar, para que o tráfego mundial na web caísse em 40%!

A questão é que há um nível cada vez maior de dependência dos serviços e até mesmo da infraestrutura dessas gigantes da tecnologia, como por exemplo, os cabos submarinos que são instalados e administrados por algumas delas.

E por falar em cabos submarinos, essa é uma parte fundamental da infraestrutura, cujo nível de vulnerabilidade está vinculado a acidentes marítimos, geológicos e até conflitos e terrorismo. Em junho de 2022, um acidente em um deles, deixou vários países do continente africano e do sudeste asiático, sem conectividade com Internet e serviços em que ela é essencial.

Mas até uma tempestade solar de grande magnitude, poderia comprometer severamente alguns elementos que integram a infraestrutura da rede. Ou seja, mesmo fatores incontroláveis e imprevisíveis, representam ameaça.

O que aconteceria ou quais as consequências se a Internet parar?

Independente das chances e dos motivos de não existir mais Internet, já imaginou como seria o mundo hoje sem a rede mundial de computadores?

Ficar sem o Face ou o Insta, deixar de comunicar-se pelo Whats e sabe-se lá qual outra rede social é importante para você, seriam as menores consequências, até mesmo para quem sofre de elevada dependência digital.

Esqueça de qualquer site ou serviço na web. Seria voltar pelo menos ao começo dos anos 90, quando eles não existiam.

Mas essa é apenas a ponta do iceberg...

Economia

A primeira grande preocupação, segundo muitos especialistas, seria o impacto econômico.

Logo no primeiro plano dos afetados, estariam todas as empresas cujos negócios são a Internet, como o Google, mas também os data centers, as empresas de hospedagem, aquelas todas que vendem produtos e serviços para essas.

Fechariam as portas, não sem antes deixar sem emprego todo o contingente de profissionais que nelas trabalham. Também se veriam nas mesmas condições, os influenciadores digitais, blogueiros e todo mundo que vive de monetização de sites.

E não é só, porque cada vez mais as empresas têm seus modelos de negócios dependentes da Internet, desde as vendas ao consumidor (B2C), passando pelas operações com outras empresas e parceiros comerciais (B2B) e até mesmo suas relações com fornecedores e prestadores de serviços.

Independentemente das operações comerciais, muitas das rotinas internas, seriam também paralisadas, tanto pela intensa transformação digital ao qual foram submetidas e que geralmente está vinculada a World Wide Web, como é o caso do armazenamento em nuvem e sistemas online que compõem a intranet, como pelas comunicações, fazendo uso do e-mail, da telefonia baseada em VoIP, das vídeos conferências e do home office.

Outra área da economia duramente impactada, seria o sistema financeiro, o qual é fortemente apoiado na Internet, o que significa dizer que de bolsas, a bancos, operadores de crédito, câmbio e o que mais dele fizer parte, ficariam praticamente paralisado.

E não é só. As pessoas, os cidadãos comuns, eu e você, mesmo com saldo positivo no banco, não conseguiriam usar seu cartão e nem um dispositivo para pagamento por aproximação. Sacar dinheiro no caixa eletrônico, também não, já que ainda que usem VPNs e redes próprias, têm um nível de dependência da infraestrutura pública.

O pequeno e o micro negócios, também. Porque sem ou com escassa quantidade de dinheiro circulante na forma de papel, o pequeno produtor rural, o artesão, o vendedor ambulante, o profissional liberal, o freelancer e o autônomo, teriam poucos clientes aptos a efetuar pagamento por seus produtos e serviços.

Dinheiro (papel e moeda), seria imensamente valorizado e seu custo aumentaria muito.

Saúde

Os sistemas de saúde, sejam os públicos, sejam os privados, têm elevado grau de dependência de sistemas online, desde o cadastro dos usuários, ao agendamento de consultas, marcação de exames, laudos e diagnósticos, procedimentos, etc. Logo, o atendimento na rede de saúde, seria duramente comprometido.

Com isso, tratamentos em curso seriam afetados e a burocracia da papelada e do seu fluxo, tornaria os atendimentos mais demorados, com evidente prejuízo aos casos mais urgentes.

A própria cadeia de fornecimento de insumos médicos e medicamentos, seria em alguma medida interrompida, uma vez que a indústria do setor também está subordinada à Internet.

Serviços básicos

Para além da saúde, que também é um serviço básico e essencial, há muitos outros que a população utiliza e cujo usufruto depende de um site e/ou de um sistema – ou até vários – online, como o fornecimento de energia elétrica e água.

Grande parte dos serviços públicos atualmente são acessíveis predominantemente por seus respectivos sites e até a segurança pública, que além dos seus sistemas, utiliza um sistema de monitoramento baseado em Internet.

Transportes

O transporte de cargas e de passageiros, é outra área que opera cada vez mais com base em sistemas online, desde a parte logística, até a funcional. Os sistemas logísticos mais sofisticados e que permitem que as cadeias de suprimento globais funcionem, são altamente subordinados à Internet e, sendo assim, ficariam inoperantes.

Em muitas cidades o pagamento da tarifa do transporte público, faz uso de sistemas online e com a escassez de dinheiro circulante, muitas pessoas seriam impedidas de utilizá-lo.

Abastecer o veículo, seja o de passeio ou das empresas de transporte, seria um problema, também por conta do dinheiro e da ausência de formas online de pagamento.

GPS, aplicativos baseados em geolocalização das transportadoras, praças de pedágio, semáforos de algumas cidades, aeroportos e portos, companhias aéreas, motoristas de aplicativo e veículos autônomos, como alguns trens, também deixariam de funcionar.

Comunicações

Seu caro smartphone de última geração, ficaria reduzido a condição de uma calculadora sofisticada, com câmera integrada e MP3, sendo que essa última função, desde que você não use algum serviço de streaming… E quem não usa?

Esqueça Whats, Skype, Telegram ou quaisquer outros apps que sejam usados para se comunicar. Até mesmo quem só tem telefones VoIP, não poderá fazer os quase aposentados telefonemas do passado.

Mas mesmo os sistemas tradicionais de telefonia podem não funcionar adequadamente, seja porque sejam baseados em sistemas online, seja porque ficariam sobrecarregados.

Lazer / entretenimento

Além das redes sociais, que mais do que cumprir o papel de socialização, funcionam também como entretenimento, games online, serviços de streaming de áudio e vídeo (Netflix, Prime Video, Spotify, Deezer, etc), sites diversos que cumprem papel de entreter sua audiência, empresas de turismo, ramo hoteleiro, etc.

Outras consequências

A essa altura deve estar claro perceber que boa parte do que conhecemos hoje, é dependente da Internet.

A partir de poucos dias de um blecaute na internet, deve haver um movimento das pessoas atrás de alimentos e água, medicamentos, combustíveis, fontes de energia alternativa (baterias, geradores, placas voltaicas, etc), bicicletas, gerando uma crise de desabastecimento, visto que o comércio e indústria não seruiam capazes de atender a explosão de demanda.

Não se trata apenas de voltar aos anos 90.

Na época, a indústria, as empresas, os métodos, eram todos baseados em uma realidade na qual não a Internet não existia e, portanto, as coisas e os métodos levavam em consideração outras premissas e paradigmas.

Pensemos em um aparelho que hoje é peça de museu – o fax.

No entanto, nos anos 90, toda empresa, por menor que fosse, tinha pelo menos um. Hoje, ressuscitá-lo não seria simples. Os fabricantes da época não conseguiriam implantar hoje uma linha de produção para voltar a fabricá-los em dias ou mesmo semanas. Haveria uma demanda difícil de ser suprida e enquanto isso não acontecesse, tudo o que dele dependesse, ficaria parado.

O mesmo exemplo pode ser extrapolado para uma série de outras situações que significassem voltar no tempo.

É provável que veríamos vários movimentos de desordem e tumultos, pânico, crimes e aumento da violência.

Enquanto as empresas não fossem capazes de retornar ao passado e instituírem os métodos e processos anteriores à Internet, muitos setores poderiam colapsar.

Por mais caótico e apocalíptico que possa parecer esse hipotético cenário, se de fato a Internet parasse por completo e por muito tempo, seria factível que tudo isso e muito mais, realmente acontecesse.

A Internet vai parar?

Depois de tudo, a maioria deve querer saber se esse é apenas um exercício de imaginação ou se essa possibilidade realmente existe. Algum dia a Internet deixará de existir? Teremos que aprender a viver sem ela?

Como mencionamos anteriormente, é difícil – talvez impossível – saber o quão provável seja que a Internet pare.

No entanto, mesmo que não se possa cravar um percentual de chance para que ocorra, tem-se a certeza de que ninguém aposta ou garante 100% de que não aconteça.

Há quem diga que existem hackers – na verdade crackers – que têm conhecimento e capacidade de realizar ações que “desligariam” a Internet.

Por que não o fazem então? Porque até certo ponto, também precisam dela para o seu “trabalho”.

Não apenas um cracker, mas guerras, catástrofes naturais, ataques terroristas, entre outras situações, podem afetar em diferentes graus alguns dos pilares mais sensíveis sobre os quais se apoia a rede mundial de computadores.

Mas mais do que saber a chance real de um apagão digital, é imperativo e urgente discutir o futuro da Internet, tanto pelo elevado grau de importância que ela assumiu no funcionamento do mundo moderno, quanto em outros possíveis desdobramentos, como os oligopólios que tem se formado, as questões da privacidade e da segurança ou o impacto ao meio ambiente e climáticos.

Já há algum tempo, ela é bem mais do que a rede social em que se passa o tempo ou socializar-se ou a comodidade em fazer compras sem sair de casa.

Se ela nasceu com o propósito de ser uma rede descentralizada e sem ameaças possíveis ao seu funcionamento e que no momento do seu avanço comercial, desenvolveu-se sob o conceito de não ter donos ou quem a controlasse, dado o papel que assumiu no mundo como o conhecemos hoje, os seus rumos e a garantia da sua continuidade, deve ser assunto de interesse e extrema atenção de todos.

Nesse ponto, talvez a pergunta não seja se a Internet vai parar, mas quando e por quanto tempo, bem como o que é possível fazer quando esse dia chegar...

Conclusão

Não é exagero dizer que o mundo para, se a Internet parar. Compreender as consequências e as chances disso acontecer, é essencial para nosso futuro.

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