Qual será o futuro do SEO na era da Inteligência Artificial?

O noticiário sobre TI em 2023 tem sido dominado de modo intenso com a temática da Inteligência Artificial e em especial sobre o “novo Bing”. Falam de quase tudo relacionado e principalmente do quão surpreendente é, dos acertos e também sobre os erros, das possibilidades para o futuro e de quantas e quais gigantes do setor também querem investir para terem suas próprias soluções baseadas em IA.

Mas o que pouca gente tem se atrevido a falar, é sobre qual será o futuro do SEO na era da Inteligência Artificial.

É compreensível que seja assim, afinal ainda é prematuro fazer projeções nesse sentido, uma vez que estamos apenas vivendo o alvorecer de novos tempos.

Todavia já é possível imaginar possíveis desdobramentos e é essa a abordagem de hoje.

Por que o SEO deve mudar na era da Inteligência Artificial?

Para aqueles que já têm boa experiência com SEO, é certo que mudanças importantes devem acontecer a medida que a Inteligência Artificial seja cada vez mais integrada aos sites de busca.

Mas quem tem um blog ou qualquer tipo de site e apenas conhece os principais fundamentos para aplicar na sua administração e na produção do respectivo conteúdo, pode não vislumbrar a extensão do impacto ou influência que as novidades terão.

Indo direto ao ponto, todos os indícios de que o anúncio do Bard por parte do Google, foi antecipado e feito às pressas, contrariando a filosofia da empresa de só lançar novos produtos quando estão “maduros” o suficiente, revela seu temor por uma reviravolta no segmento que é seu carro-chefe e que foi responsável por alçar a empresa à sua condição.

Do outro lado, a promessa de mais investimentos maciços (10 bilhões de dólares!) por parte da Microsoft no ChatGPT e em integrá-lo cada vez mais ao “novo Bing”, reforça que não veem apenas pequenas melhorias, mas apostam pesado em uma mudança radical.

Ações e iniciativas semelhantes têm sido vistas e confirmados pela Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), pela gigante chinesa Baidu e também por várias outras empresas, até de fora da Internet.

Toda essa movimentação não será para que as coisas continuem como vem sendo desde que o Google dominou o segmento de sites de busca.

Mas não é só isso. Como comentamos no post sobre o ChatGPT, mais especificamente no trecho no qual indagamos sobre o futuro do segmento, os paradigmas associados a como nos acostumamos a fazer uma busca na Web, podem e devem ser superados.

Para algumas – ou muitas – pesquisas que normalmente fazemos, não será mais preciso clicar nos links que uma página de resultados tradicionalmente apresenta.

Mas calma! Ainda não é momento para se desesperar.

As buscas “tradicionais” ainda estão a todo vapor, mesmo que a taxa de downloads do Bing tenha aumentado mais de 10 vezes desde o anúncio da incorporação do ChatGPT ao mecanismo de busca e a adesão ao navegador web da mesma empresa, o Edge, tenha decolado de uma forma nunca antes vista.

Segundo a Microsoft divulgou em seu blog, a sua ferramenta de busca alcançou os 100 milhões de usuários ativos diários e a taxa de usuários do seu aplicativo mobile, cresceu 6 vezes. Estão ainda bem longe dos números do rival e líder, mas desde 2009 quando foi lançado, nunca havia chegado perto disso apesar das mais diversas estratégias.

Aliás, essa ameaça – por enquanto – foi o que fez acender o alerta no Googleplex em Mountain View, afinal é preciso lembrar que uma parcela nada desprezível das receitas deles, vem da publicidade online destes sites que, sem cliques, também não produzem cliques nos anúncios neles exibidos. Somada a mera possibilidade de ver diminuída a hegemonia das buscas, é o mesmo que ver o seu faturamento descer a ladeira.

Bem, nesse ponto já deve estar claro que é altamente provável que o que era feito até então em termos de SEO, precisará ser feito sob novas abordagens.

O que mudará em SEO com a inteligência artificial?

Não seremos enfáticos nas afirmações do que mudará, como alguns poucos têm feito e outros tantos tentam, mas são vagos e rasos. É preciso salientar que nesse momento, qualquer projeção é mero exercício de imaginação e suposições, por mais que busquemos nos basear em indicadores confiáveis e tendências consistentes, mas que são pouquíssimos por enquanto.

Além disso, a única certeza é que as coisas podem mudar muito rapidamente nesse setor e aquele que um dia foi líder, pode cair no esquecimento em questão de meses.

Também é preciso considerar que nem mesmo os protagonistas dessa história devem ter 100% de certezas, mas apenas convicções e expectativas razoavelmente fundamentadas sobre as possibilidades.

Em outras palavras, quem saiu na frente – a Microsoft – deve estar analisando montanhas de dados, para decidir os próximos passos, as melhorias, as novas implementações e que já estão a caminho assim que o ChatGPT na sua versão 4, estiver pronto.

Ok, mas vamos ao que interessa, começando pelo conteúdo.

1. Conteúdo

Conteúdo não vai acabar, apesar de imaginarmos que alguns sites sim.

Na verdade conteúdo ganha ainda mais destaque, mas com ainda maior ênfase em aspectos que sempre temos defendido aqui nos posts que publicamos:

  • Originalidade de conteúdo – no artigo que abordamos a questão, destacamos não apenas a importância de produzir conteúdo 100% original, mas que não pareça mais do mesmo ou pasteurizado, sem identidade e identificação com o leitor. É de se supor que as IAs generativas – que geram conteúdo – priorizem conteúdos originais em detrimento das que se assemelham, no processo de aprendizado (machine learning) e consequentemente, no ranqueamento para buscas orgânicas;

  • Escassez de conteúdo – é da natureza humana fazer o que todo mundo faz, mas em termos de conteúdo, seguir caminhos alternativos quando o assunto é conteúdo, pode trazer visitantes que não são atendidos pela maioria. Por razões semelhantes aos sites que contém conteúdo original, as IAs tendem a dar mais um ponto para quem contempla conteúdo escasso. O próprio Google já revelou que 15% das consultas, são inéditas, o que reforça a importância do presente fator, como do anterior também;

  • Conteúdo para leigos – leigos possivelmente serão uma parcela importante dos que usarão o recurso de conversação das inteligências artificiais, razão pela qual o aprendizado baseado em conteúdo destinado a esse tipo de audiência, que é mais detalhado e explicativo, também deve produzir pontuação positiva;

  • Conteúdo para pessoas – quantos dos sites clicados nas páginas de resultados (SERPs) apresentam textos chatos, monótonos, impessoais e até que confundem mais do que esclarecem? São em sua maioria textos escritos para os robôs dos sites de busca e não para pessoas! Mas entre tudo que caracteriza essas novas IAs, está a linguagem natural e sendo assim, os conteúdos com estilo, com identidade, com linguagem apropriada, que se comunicam com eficácia com seu público, tendem a ser “reconhecidos” e valorizados pelos algoritmos agora sob influência de um “robô mais inteligente”;

  • Fake news e desinformação – a necessidade de que o Bing Chat e demais apresentem respostas precisas e confiáveis, automaticamente deve fazer com que conteúdo fake e que desinforma, sejam ainda mais penalizados.

Há outros aspectos relativos a conteúdo e que ganham relevância na medida em que sua produção é feita com preocupação efetiva e antes de mais nada, focada no internauta.

2. Pesquisa por voz

Otimizar seu site para pesquisa por voz, mesmo antes da implementação das IAs, já vinha sendo uma medida necessária, mas ganha reforço pelo uso ainda mais comum da linguagem natural.

Dados recentes apontam que ela represente cerca de 50% de todas as pesquisas em dispositivos móveis e vem aumentando. Soma-se a esse fato, outro. Segundo o Google, 40% dos usuários pesquisam diariamente em seus smartphones. Portanto, sites mobile são essenciais, os quais precisam atentar para o excesso de publicidade.

É algo que os assistentes virtuais inteligentes como a Siri, Google Now, Alexa e Cortana já fazem há um bom tempo. Inclusive há planos da Microsoft ou substituir a Cortana ou “turbiná-la” com o ChatGPT, tornando a busca padrão do Windows mais poderosa e que seria mais um duro golpe ao Google, afinal se os usuários acostumarem-se, estamos falando do sistema operacional para desktop mais usado no mundo.

Faz muito sentido esse tipo de notícia, também pelo fato de que o Bing Chat é também “conversacional”.

3. Palavras-chave de cauda longa (long tail keywords)

A maior especificidade conferida pelas palavras-chave de cauda longa (long tail keywords), é algo que deve ganhar maior peso e que significa que conteúdos precisam ser menos generalistas e mais especialistas.

Nesse sentido, sobressaem-se os sites especializados, os quais conseguem mais profundidade nos assuntos que abordam, do que aqueles que pretendem uma cobertura de temas mais ampla, mas ao mesmo tempo mais superficial.

Costuma ser assim em quase todas as áreas do conhecimento, ou seja, saber um pouco sobre muita coisa ou saber tudo sobre uma ou poucas coisas.

Outros que ganham com isso, são os sites que investem em uma estrutura de conteúdo baseada em post pilar e posts satelites.

Em outras palavras, em vez de ter um grande conteúdo que tenta abraçar tudo a respeito, desdobrar entre vários post menores, porém mais específicos (os satélites) e que orbitam em torno de um tema central e macro (o pilar), vai ao encontro do conceito.

Somado a aos aspectos acima, títulos e subtítulos dos seus conteúdos precisam ser ainda mais alinhados para responder as perguntas que os usuários fazem, privilegiando mais também a linguagem natural.

4. Foco no público-alvo X persona

Público-alvo e persona não são a mesma coisa. Porém a depender das suas pretensões, um ou outro podem servir.

Seja qual for a sua escolha, é preciso foco e não querer atirar para todos os lados. Mas o que isso tem a ver com SEO na era da Inteligência Artificial?

Tem muito a ver!

Mais particularmente com as diferenças entre as gerações e a forma como elas lidam com a Internet e como consomem conteúdo.

As novas gerações estão muito mais propensas a aderirem rapidamente ao novo modelo proposto. Elas querem respostas rápidas, práticas e que vão direto ao ponto. Diferentemente de um Baby Boomer ou mesmo de um X, a maioria dos gen Zs e Alfas não têm interesse e muito menos paciência de ler um artigo inteiro como o presente.

Para eles se for necessário, basta a inteligência artificial listar em tópicos e o que mudará. Se puder ser consumido em 10 segundos, melhor ainda! Se tiver um infográfico resumindo tudo, perfeito!

Quer dizer por outro lado, que se você tem um blog que conta tudo sobre Rock “Setentista”, por exemplo, as chances de sobreviver a essa mudança de paradigma e continuar a receber cliques em vez de ter seu conteúdo reelaborado por um robô e entregue resumido, sem estilo e romantismo, são boas!

Conhecer tão bem quanto possível sua audiência e suas motivações, mais do que nunca pode fazer toda a diferença.

5. Dinamismo

Quem escolhe ou é obrigado a conhecer e praticar os princípios de SEO, também é obrigado a saber que essa é uma área muito dinâmica e que significa que novidades acontecem a todo momento.

Tem sido assim há um bom tempo e diz-se que o algoritmo do Google muda com frequência diária ou de modo mais significativo em implementações como o Bert, MUM e RankBrain.

Mas agora o ritmo promete ser ainda mais frenético. Tanto pela corrida alucinada de várias Big Techs para lançar suas próprias IAs e que devem produzir mudanças importantes, quanto porque a medida que os resultados forem sendo observados, mais novidades e mudanças devem acontecer.

A palavra de ordem é: atualização!

Como se dizia no passado, por ultrapassado e incongruente que soe diante do presente tema, se você não quer “perder o bonde”, mantenha-se atualizado tanto quanto for possível. Material a respeito não falta.

Mas cuidado, porque há muita gente surfando nessa onda e aproveitando o interesse que o assunto tem produzido, apenas em busca de cliques.

Como mencionamos, ainda é cedo para cravar qualquer coisa, logo tenha cautela em tudo o que faz, principalmente quando é proposto por aqueles que se autoproclamam “gurus” na coisa, afinal até o próprio Google está batendo cabeça nessa nova empreitada!

Conclusão

O futuro do SEO na era das inteligências artificiais, promete mudar muita coisa e em meio a muitas incertezas, já é possível imaginar algumas mudanças.

 

 

 

 

 

 

 

 

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