Bard vem aí... A resposta do Google ao ChatGPT!
A guerra foi declarada!
Não, não as que constam dos livros de história, mas a guerra entre as Big Techs, mais especificamente as envolvidas no primeiro e segundo lugares dos sites de busca, ou se preferir: Google e Bing, respectivamente!
Na última segunda (06/02), Sundar Pichai, CEO do Google da Alphabet, anunciou no blog da empresa, o seu novo produto na área de Inteligência Artificial e que promete desafiar aquele que até então tinha os holofotes voltados a ele – o ChatGPT.
O nome do seu oponente, é Bard!
O que é Bard?
Bard é como o Google vem chamando o serviço experimental de conversação baseado em Inteligência Artificial, cujo anúncio foi feito no blog da empresa e que inicialmente estará acessível apenas para “testadores confiáveis”, antes de torná-lo disponível ao público em geral.
Para aqueles que já ouviram falar ou mesmo já se familiarizaram com o ChatGPT, promete ser seu “concorrente” direto.
Para aqueles que não, é um sistema que se baseia em tecnologias e estudos, que envolvem deep learning, LaMDA (Language Model for Dialogue Applications) e que significa Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo, desenvolvida no Google e outras que internamente são chamadas de PaLM, Imagen e MusicLM.
A despeito desse monte de siglas e em termos concretos, o Bard pode aparecer sob uma aplicação que submetida a perguntas mais complexas e elaboradas em linguagem igual a que utilizamos no quotidiano, é capaz de compreendê-la e dar uma resposta prática, útil e compreensível, também em linguagem natural.
Ainda não há informação precisa e detalhada do seu funcionamento, mas imagina-se que assim como a ferramenta com a qual pretende rivalizar, seja uma Inteligência Artificial Generativa.
O que inteligência artificial generativa?
Tal como a inteligência humana, é a inteligência que é criativa, ou seja, que gera resultados autênticos, não apenas copiando ou transcrevendo trechos de informações e dos dados coletados dos treinamentos aos quais foi submetida, mas respostas inteiramente produzidas por ela. Se preferir, conteúdo original.
As pesquisas citadas e que estão incluídas no projeto (PaLM, Imagen e MusicLM), permitem que essa IA envolva mais do que texto ou palavras, mas também imagens, vídeos e áudio.
Portanto, mesmo que ainda não tenhamos detalhes, supõe-se que o Bard seja mais “talentoso” que o ChatGPT, o qual até o momento só produz conteúdo na forma de texto.
Por que Bard?
A tradução de Bard para o português, significa bardo, que era o nome dado ao contador de histórias, fábulas, mitos, lendas, algumas vezes de forma cantada e por vezes tinha também a habilidade de compor de versos e recitar poemas, ou ainda que conhecesse literatura e tivesse o dom da leitura, isso na Europa antiga (século XV) e, portanto, em uma época que ler era algo reservado a pouquíssimos.
William Shakespeare, que foi dramaturgo, poeta e ator, era considerado um bardo.
Ou seja, o bardo era alguém que tinha a função de entreter a nobreza, mas também tinha papel educativo e de difundir conhecimento e prover cultura.
ChatGPT vs Bard
Não é oficial, entretanto, a repercussão e o potencial demonstrado do ChatGPT e as muitas associações, em especial com a Microsoft que já investiu pesado e promete investir mais 10 bilhões de dólares e deve inclui-lo no Microsoft Bing, fez o Google antecipar o anúncio.
Já se sabe que a empresa de Mountain View vinha dedicando-se desde 2018, a diferentes estudos tendo como foco IA, além de investimentos em empresas do setor, como a startup de especializada em IA criada por alguns ex-líderes da OpenAI (criadora do ChatGPT), a Anthropic.
Todavia, apesar da grande dedicação que vinha sendo dada ao assunto e gradativamente tendo incorporado alguns dos resultados desse trabalho, como no caso da atualização Bert e posteriormente, a MUM, como Pichai escreveu, a ideia era que o serviço entregasse “alto nível de qualidade, segurança e fundamentação em informações do mundo real”.
Isso é reforçado ao dizer que o aprimoramento do serviço será resultado da combinação de feedback externo – os tais testadores confiáveis – com os testes internos da empresa.
Resumindo, diferentemente de outros produtos, que tradicionalmente são lançados apenas quando se alcança elevados níveis de confiabilidade e maturidade, parece que o Bard ainda precisará de alguns ajustes até atingir o patamar desejado e habitual.
Outro ponto que mostra o embate, é a informação de que inicialmente o modelo que será disponibilizado, é muito menor, exigindo pouca demanda computacional e com isso, permitindo acesso por mais usuários e produzindo mais feedback.
Parece até uma cutucada no rival, já que tem sido constantes os relatos que o ChatGPT é totalmente inacessível em vários momentos do dia, devido à elevada demanda de usuários, mas com a MS por trás, quem sabe logo ele não passe a rodar na nuvem da empresa de Bill Gates.
O mesmo acontece no lado do Google, que tem gigantesca infraestrutura de Cloud Computing, que uma vez usada, pode tornar o Bard um concorrente incômodo.
O que muda nas pesquisas com o Bard?
Um anúncio com mais detalhes está previsto para quarta – mesmo dia da publicação desse post – e sendo assim, ainda não temos como saber muito a respeito.
Porém, é certo que em algum momento o Bard será integrado às buscas.
Pelo que é possível concluir e pelo que já há, para algumas pesquisas, tanto a forma de fazê-la, quanto o resultado mudam bastante e podem indicar uma mudança de paradigma para usuários e para produtores de conteúdo para web, assunto que inclusive abordamos no artigo “Qual o futuro da Inteligência Artificial?”.
Em termos práticos, imagine que você tenha a pretensão de fazer o caminho de Santiago de Compostela de bicicleta no mês de Agosto de 2023 e saindo de São Paulo, no Brasil.
Descobrir o que é preciso planejar em termos de logística, equipamentos, traslados, hospedagem, enfim tudo o que envolve uma viagem do tipo, exigiria possivelmente mais de uma centena de diferentes pesquisas no “Google tradicional”, bem como o acesso a vários dos sites que aparecem nas SERPs.
Com uma ferramenta como o Bard, ou o Microsoft Bing com GPT-4, uma possível pesquisa, seria:
“Diga-me tudo o que preciso para planejar uma viagem saindo de São Paulo, Brasil, indo de avião, em Agosto de 2023, para fazer o caminho de Santiago de Compostela de bicicleta (cicloturismo), incluindo hospedagens, infraestrutura de manutenção para a bike, pontos de alimentação, mapas, itens que preciso levar, custos e vistos”.
Teoricamente, tanto um quanto o outro, serão capazes de responder questões com esse nível de detalhamento e que no modelo atual, como dissemos, só é possível realizando inúmeras pesquisas individuais.
Inclusive, uma hipotética busca como a sugerida, pode ser ainda mais refinada e a IA refaz também a resposta até que seja considerada satisfatória.
Os inúmeros testes que são possíveis de encontrar com situações do gênero usando o ChatGPT, mostram que ainda há vários aspectos a serem aprimorados, mas muitos dos resultados impressionam.
Sabe-se que o serviço do Google, baseou-se em um número bastante superior de parâmetros para treinamento e está mais atualizado, já que o “concorrente” foi treinado com dados “apenas” até 2021, de forma que nada do que aconteceu em 2022, ele é capaz de responder.,
Seja em um caso, seja no outro, o que veremos proximamente, será apenas o começo, mas que deve ser bastante promissor, sobretudo, dando aos usuários respostas amplas, práticas e rápidas.
A principal e mais antiga ferramenta da empresa, representada pelo buscador, já vinha aos poucos mudando nesse sentido e para muitas pesquisas, em vez de apenas listar um monte de links, exibe respostas diretas para determinadas perguntas, como na cotação de moedas, na conversão de unidades métricas, no tradutor, ou mesmo nos featured snippets e rich snippets.
Com o Bard, imagina-se que esse tipo de entrega de resultados, seja ainda mais destacado.
O Bard para desenvolvedores
O próprio CEO do Google já deu informações que devem surgir outros serviços com base em IA.
No mesmo comunicado, Sundar Pichai mencionou que eles têm intenção de lançar um conjunto de ferramentas e APIs para a indústria, para criação de ferramentas baseadas em inteligência artificial.
Significa que a empresa está de olho em desdobramentos da tecnologia, de forma que as empresas tenham respostas e soluções diversas, com base em dados que elas mesmas produzem, mas a partir dos modelos de IA da gigante das buscas.
Dessa forma, uma nova era de aplicações com base em dados, produzirá avaliações muito mais estratégicas e preditivas. O nível de automação de processos e procedimentos, assim como de melhorias contínuas, também deve ser significativamente impulsionado.
Os assistentes virtuais inteligentes, que hoje são amplamente utilizados, poderão evoluir para um patamar bem superior. Siri, Cortana e Alexa, podem e devem ficar muito mais capazes.
Vislumbrar todas as áreas e benefícios diante desse novo modelo, é até difícil diante do leque de possibilidades.
No entanto, como já também discutimos, é preciso olhar para a outra ponta e estabelecer limites éticos da inteligência artificial, bem como usos “não tão nobres” ou com interesses conflitantes.
Conclusão
Por meio do Bard, o Google ingressa de vez no uso da inteligência artificial para fornecer informação e transformá-la em conhecimento útil e eficiente.