Para quem você cria conteúdo? Robôs ou pessoas?

A produção de conteúdo para a Web é frenética. O volume e a diversidade nunca foi tão grande e promete só crescer. Mas a qualidade… Não se pode dizer o mesmo!

Isso porque quando se avalia tudo que é feito, especialmente aqueles que constam nos primeiros resultados das páginas dos sites de busca, o que se vê é quase sempre o mesmo – conteúdo para robôs de Internet!

Você já parou para pensar a respeito? Já respondeu honesta e sinceramente para si mesmo para quem você produz o conteúdo do seu site, do blog ou qualquer outro tipo de site que mantenha?

Vamos conversar mais a respeito?

Conteúdo na Internet do passado

Os mais novos da geração Y ou Millennials e posteriores não têm referência daquilo que aqui chamaremos da “Internet do passado” e que corresponde aos primeiros anos do seu avanço comercial, do grande e rápido crescimento das chamadas empresas ponto com (.com) e que ocorreu mais ou menos na virada do século.

Esses jovens – e se você que nos lê é um, não nos abandone – e que hoje vivem boa parte do seu tempo conectados e que são nativos digitais, eram crianças e alguns nem tinha nascido ainda.

Esse período coincide também com o surgimento e sucesso dos blogs, grandes disseminadores de conteúdo, mas que entre as razões de sucesso, é que falavam com pessoas e eram escritos para pessoas!

Sim, mais do que simples sites produtores de conteúdo, os blogs daqueles primeiros anos, ganharam destaque porque eram escritos tendo como primeira e principal motivação, alcançar alguém.

Primeiro porque o Google não era o Google de hoje. Não reinava soberano e não ditava as regras de como o conteúdo deveria ser para aparecer bem posicionado.

A primeira grande rede social – o Orkut – só nasceria em 2004. Portanto, também não havia a preocupação com curtidas e compartilhamentos.

Ou seja, o dono do blog quando sentava-se a frente do seu desktop – notebooks ainda eram muito caros e smartphones nem existiam – para escrever um novo post, pensava nos comentários que tinham sido feitos nos anteriores, nos e-mails recebidos, nos fóruns em que havia sido citado e até mesmo nas interações sociais e presenciais com outras pessoas com os mesmos interesses no assunto ou tema central do blog.

Era uma época em que conteúdo era essencialmente produzido pensando em pessoas e não em um robô de internet.

E como resultado disso, os textos eram mais leves, mais interessantes, mais descontraídos, faziam uso de uma linguagem mais natural, com mais estórias, menos terminologia, mais bate-papo e como resultado, mais humanos!

O que o Google e os outros sites de busca fizeram com o conteúdo?

Antes de irmos além e respondermos a pergunta acima, é importante fazer um alerta: não se trata de saudosismo, nem tampouco nostalgia!

É fato que em pouco mais de 20 anos, muita coisa – ou tudo – mudou. Como também é fato que a Internet evoluiu, os tempos são outros e até a audiência que mais consome conteúdo, é predominantemente um público que nem mesmo consumia Internet naquela época.

Na virada do século, o Marketing boca a boca, a mídia impressa e outras formas de fazer Marketing e Publicidade por parte dos sites, eram muito fortes. Havia até mesmo revistas impressas especializadas em listar sites interessantes em determinados assuntos e seções em jornais, dedicadas ao mesmo objetivo.

Algo impensável e totalmente inútil nos dias de hoje, que a transformação digital praticamente acabou com o papel, especialmente para quem não viveu nada disso.

Cientes da radical mudança de contexto que forçosamente obrigariam ajustes na produção de conteúdo, ainda assim o que não mudou, é a outra ponta da cadeia produtiva – a pessoa, o ser humano para quem o conteúdo se destina.

À medida em que os sites de busca e gradativamente o Google começaram a ganhar destaque na tarefa de trazer visitantes para consumir o conteúdo produzido para a Internet e esse mesmo conteúdo passou a significar direta ou indiretamente dinheiro para aqueles por trás dos sites, a atenção dedicada ao conteúdo também mudou.

Faça um teste. Pesquise sobre técnicas de escrita, estilo literário, linguagem, comunicação e assuntos afins. Depois pesquise sobre SEO, Marketing de Conteúdo, Inbound Marketing e também assuntos relacionados.

O que você vai perceber, é que parece estarmos tratando de água e óleo. Não se misturam, embora devessem!

São raros os sites que se preocupam em deixar claro que tão importante quanto o SEO, é também a linguagem que você usa, o uso necessário e comedido de estrangeirismos, a preocupação com a abordagem e enfoque, afinal o robô indica seu site, mas quem o degusta, tem cérebro, tem coração, tem necessidades, desejos e expectativas, é um humano.

Na verdade, o Google, nem qualquer outro site de busca, “obriga” os produtores de conteúdo para Internet, a escreverem estritamente focados em palavras-chave, em link building, ou qualquer fator que tenha influência no posicionamento orgânico.

Mas a verdadeira e grande obsessão em aparecer na primeira página do Google, fez com que aqueles que estão atrás do teclado, esqueçam para quem estão trabalhando.

Inegavelmente isso afetou os conteúdos que lemos. Estão cada vez mais impessoais, sem estilo, pasteurizados e para falar o português bem claro, muito chatos mesmo!

Ler muita coisa nos sites de conteúdo, nos blogs que aparecem nos primeiros resultados das páginas de busca, é ver muito conteúdo em tamanho, mas que não comunica, não conversa, não explica, não esclarece, não toca, não sensibiliza o leitor.

Há coisas que parecem bula de remédio. Um mundo de informação, um nada de compreensão.

A influência da monetização e dos cliques no conteúdo

E se não bastasse a “ditadura” do Google, ainda há a monetização.

Claro que há muitos sites que são todo o negócio da empresa, ou seja, não são voltados a amparar um produto e/ou serviço e sendo assim, a preocupação com a monetização é grande, sem o que, morrem.

Mas justamente por isso, que precisam melhor do que um site institucional ou blog de empresa, cativarem ainda mais sua audiência com o conteúdo que fornecem. Parece não entenderem que o conteúdo é seu produto e não um meio para remuneração.

Assuntos são escolhidos não com base no interesse, mas em trazer alguém que eventualmente pode clicar.

A exibição do que dá retorno e os cliques, são o objetivo e não consequência. Isso fica característico quando confrontamos o título do conteúdo – o que nos levou ao site – e o conteúdo propriamente dito.

Há aqueles que até disfarçam, mas no fundo mesmo que não fique caracterizado, fazem clickbait. Querem apenas cliques e para isso, não têm pudor em nos oferecer um conteúdo qualquer, que aparentemente só serve de pretexto.

Como criar conteúdo para pessoas (humanizado)?

Bem, uma vez compreendido que não deve ficar apenas no discurso e que humanizar o conteúdo é fundamental e um dos caminhos para fidelizar o leitor, a pergunta que você quer ver respondida, é como?

Então sem mais delongas, vamos ao que interessa...

1. Interesse-se pela persona

Muito se fala de definir e conhecer a persona, este ente que ganhou destaque no mundo digital e que parece ser o foco das atenções.

Não estão errados os que afirmam isso.

Mas o Julio, casado, pai de uma adolescente, com consolidada carreira em TI, morador de uma grande metrópole, remuneração mensal de R$ 12.500,00, ouvinte de Classic Rock, Blues e Jazz, praticante amador de ciclismo, amante da gastronomia, cinema, fotografia e livros, é mais do que um perfil bem definido de leitor.

Não é qualquer linguagem que o atrai. Ele tem disposição em dedicar tempo a um conteúdo bem elaborado, pensado, planejado, que faz uso adequado do vernáculo e de construções gramaticais corretas, que fazem pensar e adota linhas de raciocínio originais.

É um tanto avesso ao uso abusivo de terminologia, neologismos e estrangeirismos, como também é atraído pelos detalhes e curiosidades dos seus assuntos preferidos. Gosta de ir a fundo e saber os porquês dos porquês.

Isso é interessar-se e mergulhar no universo da persona. Conhecer a persona, não é saber tudo para construir uma base de dados completa, mas sem utilidade prática em termos de conteúdo.

Os blogs do passado possivelmente não tinham a quantidade de informações que os atuais têm, mas conseguiam ir fundo na paixão dos seus visitantes, talvez porque mesmo sem as ferramentas e mecanismos para extrair informação que se tem hoje, eram feitos com amor, por mais “fora de moda” que possa soar na Internet das métricas, dos relatórios e dos gráficos.

2. Paixão pelo conteúdo

Terminamos o tópico anterior justamente com outro elemento que tem faltado, mas que tem forte poder de atração – paixão ou amor pelo conteúdo.

Estamos falando de tratar um tema com a dedicação que só quem verdadeiramente gosta do assunto, dispensa.

Há quem saiba muita coisa sobre um determinado assunto, porque esse é o seu trabalho. Porque é sua fonte de renda e sustento. E há aqueles que sabem, porque simplesmente gostam. Gostam mais do que tudo. Para estes, os detalhes, o algo além, a curiosidade e a explicação detalhada, importam.

Junto com o primeiro tópico, são possivelmente os dois fatores mais difíceis, porque significam fazer o que ninguém – ou quase ninguém – faz.

Não fazem porque falta tempo. Quantas vezes quem escreve, divide seu tempo com outros afazeres?

Ou porque é um ghost writer e por mais que domine as técnicas de SEO, tenha conhecimento e escreva com correção gramatical e boa experiência na redação para web, não seja um apaixonado pelo assunto.

Ou ainda porque quem escreve, primeiro pensa no Googlebot e se sobrar algum tempo, dá um tapa aqui e outro ali nos textos produzidos.

Paixão pelo conteúdo, faz você dar destaque a aquilo que os outros apaixonados como você também valorizam, mas que os outros negligenciam.

3. Originalidade em primeiro lugar

É bastante comum encontrarmos muitas semelhanças em conteúdos sobre um mesmo assunto. Não estamos falando de dados imutáveis e que naturalmente precisam ser iguais, como a data de um acontecimento ou um fato histórico, por exemplo.

Resumidamente originalidade de conteúdo, é conteúdo que é único. Único na abordagem e no enfoque. Nos exemplos e analogias. Nos detalhes que apresenta e nos pontos que valoriza. Original é aquela explicação que só você dá sobre algo e que até a pessoa mais parecida com você, dará diferente se for perguntada.

Seja criativo na produção de conteúdo. Não é simples, mas é possível. Não tente fazer o que o primeiro, o segundo, ou demais ocupantes da primeira página de resultados dos sites de busca fazem. Você pode um dia chegar lá, sem que para isso seja uma cópia deles e do que fazem.

E melhor, fazendo o SEU conteúdo, escrito para pessoas, não esquecendo de naturalmente de SEO, SEM, Marketing de Conteúdo e sabe-se lá mais o que.

4. Desenvolva sua redação

A tecnologia, a transformação digital, os apps de mensagens, o caráter visual da Internet e até as outras pessoas com as quais interagimos, têm feito com que as pessoas cada vez escrevam menos, por paradoxal que pareça.

Tudo pode ser substituído por um emogi, uma figurinha, por palavras abreviadas e neologismos. A verdade é que parece que ao mesmo tempo em que há cada vez mais meios para nos comunicarmos uns com os outros, menos fazemos uso da palavra.

O ser humano tem abdicado do dom que o diferencia dos outros animais, de colocar ideias em palavras. De expressar-se. A beleza da poesia, de um texto bem escrito, parece cada vez ter menor valor e espaço em um mundo dominado pelo digital.

Desenvolver redação, é ir na contramão dessa corrente.

Exige prática constante. Vem com o tempo e pode ser aprimorada indefinidamente, tal como qualquer outra atividade que temos na vida, em que a repetição nos torna melhores.

Com o tempo ao reler os primeiros posts, os primeiros artigos feitos, você mesmo perceberá o que poderia ter sido escrito de uma forma melhor, um dado que faltou, uma outra analogia que surtisse mais efeito, ou uma explicação mais sucinta e ao mesmo tempo mais eloquente.

5. Aprenda técnicas de escrita

Escrever envolve técnica, não apenas uma, mas várias.

Em nosso artigo sobre brainstorming, há um exemplo prático do seu uso. Se você usar o mesmo exemplo, combinado com storytelling, você muito provavelmente vai conseguir produzir um bom resultado.

Esses são dois exemplos, entre muitas técnicas que existem.

Mas se você não é adepto ou não tem tempo para ler alguns dos livros que existem a respeito, fazer um curso ou qualquer outro motivo, leia. Mas leia bons autores, bons escritores.

E enquanto lê, seu cérebro naturalmente será colocado em contato com diferentes formas que cada um tem de expressão por meio da palavra. A leitura – a boa – enriquece o vocabulário, estimula a região do cérebro responsável pela verbalização, expande o raciocínio, amplia o conhecimento, entre outros benefícios, de forma automática.

Inclusive bons oradores, costumam também ser grandes leitores, pelas mesmas razões.

6. Seja humano

Por fim, mas não menos importante, seja humano.

Significa dizer que mesmo no caso de um blog de empresa, por trás das palavras existe um ser humano tal como aquele para quem o conteúdo é feito.

Humor ou sarcasmo, gentileza ou compaixão, tom crítico ou revolta, sinceridade ou empatia, são exemplos de sentimentos e situações que a realidade quotidianamente impõe a todas as pessoas.

Assim, deixar transparecer isso na medida certa, sem exagero, é um meio de buscar identificação, personalização e acima de tudo, mostrar que do outro lado, também há uma pessoa.

A palavra por si só, é fria e desprovida de sentimento. Mas quem faz uso dela e dependendo como a usa, pode emprestar muito calor! Muito significado!

No momento certo, na dose certa, pode surtir um ótimo resultado!

Assim, quando escrever no seu blog de conteúdo automotivo sobre a Ferrari Roma, em vez de dizer que esteticamente os designers acertaram nas linhas da carroceria, que tal falar de algumas das muitas sensações apaixonantes que os carros de Maranello despertam naqueles que os veem?

Conclusão

Escrever conteúdo visando resultados nos sites de busca, não significa conteúdo frio, impessoal, desinteressante, monótono e chato. Pode ser bem diferente!

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