Ano Novo, “Vida Velha” na empresa?
Mais um ano chega ao fim e com ele, aquele velho roteiro se repete – as reflexões e avaliações a respeito de tudo o que passou, bem como o que foi “planejado”, mas que por uma – ou várias – razões, não foi executado, ou se foi, não se logrou o êxito esperado.
É a hora de estipular novos objetivos e incluir também, os não alcançados.
Se para você que é gestor ou responsável pelos rumos de uma empresa, esse cenário pareceu familiar, sentimos em dizer que há chances disso tudo se repetir daqui a 12 meses.
Mas se você não quer ver esse filme novamente, saiba que o roteiro pode ser diferente…
Por que muda o ano, mas a empresa continua a mesma?
Devemos reconhecer que é difícil entrar nesse tipo de conversa e não enveredar por discussões que parecem filosóficas ou então papo de coaching e aqui devemos ressalvar, que não há demérito algum a nenhuma das duas visões.
Só que o gestor responsável por conduzir um negócio, invariavelmente precisa – e quer – abordagens mais pragmáticas e, portanto, pode até se interessar por esse tipo de discurso, que às vezes parece descolado da realidade, mas ele busca coisas mais práticas e, sobretudo, que produzam resultados no curto ou no máximo, no médio prazo.
Nesse ponto, é preciso decepcioná-lo! Sim, porque essa realidade – essa mesma que você quer viver – poucas vezes produz resultados tão imediatos, especialmente no ambiente de negócios.
Também é preciso admitir que há sim desdobramentos imediatos, mas que eles costumam ser pontuais e pouco consistentes ao longo do tempo.
Se a abordagem dos coaches parece muito emocional, algumas vezes e um tanto exagerada, em outras, dando essa impressão de estar desconectada do quotidiano da empresa, frequentemente ela reflete situações que não se quer enxergar ou reconhecer.
Talvez tivesse outro efeito, se viesse como resultado de algum relatório gerencial, produzido a partir da coleta de dados de um ano inteiro, ou quem sabe como diagnóstico de uma experiente empresa de consultoria, após um mês inteiro de levantamentos, análises e entrevistas.
Ao vermos sob uma analogia baseada na realidade, guarda semelhanças com o comportamento e as reações de um tabagista.
Quando tenta ser dissuadido do seu vício pelos amigos, soa para ele apenas “campanha de gente chata” e incomodada pela fumaça e pelo cheiro que o cigarro produz. Mas só tem o efeito que deveria ter, quando um diagnóstico médico emitido após uma bateria de exames, decreta como está sua saúde e quais as consequências ele sofrerá se ele não parar imediatamente.
Resumindo, se as causas do problema e suas consequências não forem evidentes e reconhecidas, algumas vezes até drásticas, nunca a solução necessária será vista como essencial.
Se você não reconhece a urgente necessidade de mudança, nosso bate-papo se encerra aqui! Mas se sim, então...
Como mudar a empresa no ano novo?
Antes de irmos ao que interessa à maioria, é preciso fazer um alerta: não existe panaceia ou o remédio que cura todos os males.
Significa também dizer, que não temos a pretensão de apresentar uma receita infalível e que possa garantir um produto final específico.
Trataremos de conceitos que precisam ser adaptados de acordo com as diferentes realidades e cujos resultados variam em função dessas mesmas realidades e dos esforços neles empenhados.
Por fim, mas não menos importante, não podemos nos deixar iludir com o imponderável e os fatores externos, que frequentemente se apresentam e podem comprometer nossos planos, como foi por ocasião do lockdown, para citar um exemplo real.
Com isso em mente, vamos ao trabalho...
1. Empresas são feitas por pessoas
Logo de cara, é preciso tratar daquele que se não é o mais decisivo, é certamente um dos principais fatores de influência, afirmação reforçada pela vasta literatura existente a respeito.
E não, não é sobre mudar as pessoas em todos os níveis da empresa, que nós falaremos. Até porque como vimos no caso do fumante, ninguém é capaz de mudá-lo enquanto ele próprio não se convencer de que precisa fazê-lo.
Assim, erram os gestores que acreditam que uma palestra motivacional, um prêmio por objetivos atingidos, ou quem sabe a promessa de uma promoção de cargo, transformará as pessoas. São sim ações que podem produzir algo, mas têm efeito pontual e de curta duração.
Precisamos de ações permanentes e com efeitos com igual comportamento.
O grau de transformação vem como resultado de um conjunto de fatores e que refletem a cultura da empresa e se manifestam por suas políticas:
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Qualidade de vida no trabalho – principalmente nos grandes centros urbanos, onde as pessoas perdem muito tempo em deslocamentos, é na empresa que as pessoas passam a maior parte das suas vidas, razão que já seria suficiente para prover uma boa qualidade de vida no trabalho;
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Clima organizacional – pela mesma razão do motivo anterior, mas também porque as relações interpessoais têm interferência direta nos resultados, que zelar por um bom clima organizacional, é crucial e começa desde momento da contratação e da integração dos novos colaboradores;
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Valorização do capital humano – a valorização do capital humano pode se manifestar sob várias formas, como por exemplo, a promoção eficaz de colaboradores, definição de metas realistas e premiações adequadas, a instituição do Marketing de Incentivo, bem como o próximo tópico;
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Gestão de talentos – só tem sentido falarmos em “capital humano”, quando as pessoas dentro da organização são vistas pelo potencial que oferecem, seja pelo conjunto de hard e soft skills e como seus talentos são geridos por seus responsáveis e como a empresa os maximiza por meio de treinamentos, reciclagens, programas de capacitação e educação corporativa;
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Integrando as gerações – nunca como hoje em dia, tivemos tantas gerações convivendo no mercado de trabalho, bem como os conflitos decorrentes das suas muitas diferenças. Saber administrar isso, é fundamental para usufruir do melhor que cada uma pode dar;
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Liderança – se o resultado vem de pessoas, ele também passa por aquelas que independente da nomenclatura do cargo que ocupam, devem exercer liderança em sua significação mais ampla. Formar os gestores e fazer deles instrumentos de mudança, é requisito essencial;
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Endomarketing – o primeiro e mais importante cliente da empresa, é o cliente interno. Diz-se que não é possível vender algo que não se compra. Assim, investir no Endomarketing é um passo importante nessa direção.
2. Falta de planejamento
É comum ouvirmos de quem defende que planejamento não é tão importante como dizem, afinal “nunca fizemos e ainda estamos aqui”.
De fato, em uma grande quantidade de casos, não é fator determinante para a sobrevivência do negócio. Por outro lado, há também uma série de dados estatísticos que demonstram as consequências da falta de planejamento nas micro e pequenas empresas.
“Se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve”, parece aquelas frases meio filosóficas, meio motivacionais, mas é a mais pura verdade. Algum resultado você terá, ou se preferir, em algum lugar você chegará.
Mas não dá para “sonhar” em ser o melhor no seu segmento, apostando só que os ventos serão favoráveis. Aliás, sonhar é até possível e quem sabe você tenha alguma sorte.
3. Novos resultados fazendo sempre igual?
Na verdade é possível sim obter novos resultados fazendo sempre o mesmo, mas assim como o tópico anterior, apenas por resultado do acaso ou de influência de fatores externos diferentes.
O lado bom, se é que há um, é que já se sabe o que não funciona ou que funciona até um certo grau e qual resultado entrega.
Quando se olha a história, fazer sempre o mesmo, ou desconsiderar a inovação, é ignorar o futuro. A Blockbuster é um caso icônico disso. O serviço de locação de filmes em fitas VHS, fracassou e perdeu a liderança que teve um dia, para os serviços de streaming e aluguel de filmes on demand, sendo que o nome mais conhecido, foi a Netflix.
Exemplos não faltam e alguns nem são tão evidentes assim, mas é fato que a tecnologia tem se apresentado como concorrente nas mais diferentes áreas e frequentemente ignorado. A ameça da vez para muitos, é a inteligência artificial.
4. A jornada de mil de quilômetros começa com o primeiro passo
Mais uma frase de efeito?!
Pode até ser que pareça isso, mas ela carrega um significado que não pode ser negligenciado.
Não adianta querer ser o número 1 quando se é o 100º. Poder, pode, mas para se tornar concreto, não basta querer.
Em primeira análise, significa que mesmo que o parece difícil, é alcançável desde que se comece. Mas também, é a lembrança que nem tudo acontece de imediato e que às vezes é preciso percorrer um longo caminho.
Tente passos menores. Planeje o primeiro dia primeiro (first things first) e que envolve completar a primeira etapa da jornada. Não dá para queimar etapas.
O conjunto de transformações necessárias, em alguns casos e provavelmente, não consiga ser levado a cabo nem durante um ano inteiro, mas é preciso em algum momento ser iniciada, do contrário jamais será concretizada.
5. Conheça suas limitações / defeitos e virtudes
Nesse ponto, ao contrário do que possa parecer, não tem nada de filosófico ou questão de encontrar sentido na vida. É apenas e tão somente, autocrítica e reflexão.
É bem prático na verdade e algo que todo mundo que busca implementar administração estratégica, conhece. Estamos falando de Matriz ou Análise SWOT, cuja explicação completa você encontra no respectivo link.
A análise SWOT se baseia em quatro aspectos observáveis em todas as empresas, independente do porte e do segmento em que atuam, a saber: forças (Strengths), fraquezas (Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats).
Serve como ponto de partida, ao dar uma visão mais abrangente do cenário que o gestor e sua equipe vão encontrar durante sua atuação, dando mais segurança na tomada de decisões, conhecimento da sua situação em relação à concorrência, capacidade de antever acontecimentos relevantes e influências, bem como produzir alternativas de ações, na medida em que se conhece suas próprias forças e fraquezas, e as eventuais oportunidades e ameaças.
Conclusão
Ano novo nas empresas pode ser fazer tudo igual novamente, ou explorar novas perspectivas e oportunidades, bastando se guiar por 5 importantes mudanças.