Formar gestores ou contratá-los “prontos”? Qual o melhor caminho?

À medida que as empresas crescem, aumenta a dependência em relação aos gestores e a liderança que eles devem exercer na busca dos seus objetivos, pois torna-se cada vez mais difícil que os sócios acompanhem tudo, mesmo nas áreas e atividades essenciais e estratégicas.

E é nesse processo de crescimento que vem a pergunta: É melhor formar os gestores ou contratá-los no mercado?

Os porquês, as vantagens e desvantagens e tudo o que envolve uma escolha ou a outra, são perguntas que pretendemos responder no post de hoje.

Qual a diferença entre gestores e líderes?

É essencial começarmos pela compreensão dos aspectos que a pergunta acima engloba.

Para muitos gestor e líder são a mesma coisa e é compreensível que esse tipo de confusão exista.

Porém nem todo gestor é líder e nem todo líder, precisa necessariamente ser um gestor.

Rigorosamente um gestor é alguém que ocupa um cargo de hierarquia mais alta na área em que atua e pela qual ele é responsável.

Dentre suas muitas atribuições, podemos citar:

  • Garantir que seus colaboradores cumpram seus papéis / funções;

  • Certificar-se que os processos sejam aplicados e políticas sejam cumpridas;

  • Observar que as pessoas cumpram os procedimentos operacionais padrão, bem como deve instituir novos e melhorar os que podem ou precisam produzir melhores resultados;

  • Cumprir prazos;

  • Estipular metas e persegui-las junto e com apoio de sua equipe;

  • Criar e implantar o planejamento do setor;

  • Participar do planejamento estratégico da empresa e cuidar para que sua área execute as atribuições nele contidas;

  • Alocar recursos (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos, etc).

Logo, são incumbências algumas das quais requerem “apenas” conhecimento e capacidade de fiscalização. É em alguns casos, quase que somente uma rotina operacional e pode nem exigir grandes capacidades.

Mas quando pensamos na obtenção dos melhores resultados possíveis, além da gestão ou administração de pessoas, o gestor também precisará dispor de habilidades de liderança.

Sim, a liderança de equipes de trabalho em suas múltiplas facetas, revela que há líderes que nem mesmo ocupam um cargo gerencial ou mesmo de supervisão.

Há pessoas que por sua personalidade e sua maneira de relacionarem-se, exercem liderança naturalmente sobre seus pares. Vê-se isso em times de futebol, nas salas de aula, em grupos de amigos e até no ambiente familiar, em que pessoas exercem organicamente algum nível de influência sobre as demais.

A liderança busca inspirar e motivar as pessoas, promover mudanças, produzir engajamento e comprometimento, desenvolver relacionamentos, influenciar comportamentos e conseguir que o trabalho seja feito em prol de objetivos coletivos.

Em outras palavras, líderes conseguem constituir um time a partir de um grupo heterogêneo de pessoas e com isso, que elas produzam os melhores resultados possíveis, sem que tenham que recorrer à autoridade do cargo.

Além da liderança natural, ela pode ser aprendida ou adquirida, bem como ser formal e que significa que vem da autoridade do cargo.

Dito tudo isso, deve ter ficado claro que mais do que apenas um gestor, é preciso ser também um líder.

Como formar gestores / líderes na empresa?

Formar gestores dentro de uma empresa, é um processo que consiste de desenvolver habilidades e competências nos profissionais que se pretende conduzir ao cargo.

Vale ressaltar aqui que é comum confundir bom desempenho com potencial gerencial, de forma que não raramente empresas considerem apenas ou deem muito peso ao desempenho como critério decisivo para promoção de funcionários.

A prática é mais comum em áreas que o desempenho é mais facilmente observável, como em Vendas. A crença de que o “Campeão de Vendas” comandará uma equipe de outros “campeões”, não é lógica. O que é reforçado pelo contrário, em que muitas vezes perde-se um ótimo vendedor e ganha-se um péssimo gerente!

De fato desempenho é importante, porque pode estar associado a comprometimento, dedicação, bons conhecimentos associados às funções, dentre outros fatores.

Todavia um assumir um cargo de gestão e ser também um líder nato, requer que o pretendente tenha um perfil, tenha capacidade ou exerça liderança, disponha de boa capacidade comunicativa e de relacionamento, passou por um processo minucioso de capacitação.

Na verdade o conjunto de fatores acima, sobrepõem-se ao desempenho.

É portanto, um processo que visa lhe conferir hard skills e potencializar e/ou aprimorar soft skills.

Algumas ações que a empresa pode conduzir para preparar seus futuros líderes são:

  • Oferecer treinamentos, capacitações, cursos, workshops, webinars e palestras específicas voltadas ao desempenho de suas funções como gestor (educação corporativa);

  • Aprimoramento por educação continuada, bem como mentoring e coaching;

  • Incentivar a autogestão e a tomada de decisões dos colaboradores;

  • Envolver os candidatos em projetos e rotinas supervisionadas que demandem participação especial e aprendizado;

  • Reconhecer e recompensar os esforços e resultados da equipe;

  • Dar feedbacks construtivos e orientar o crescimento profissional;

  • Ter uma política de gestão de talentos, como também uma política de cargos e salários e planos de carreira, tudo sob coordenação da área de Recursos Humanos.

Exemplos de empresas que formam gestores / líderes internamente

Há empresas que a formação de gestores é praticamente parte do seu modelo de negócios, por razões que ficarão claras logo mais.

Exemplos não faltam, mas vamos citar apenas três que valorizam os talentos internos e os preparam para assumir cargos de gestão – Natura, Ambev e Magazine Luiza:

  • Natura – o programa de formação de lideranças da Natura, visa desenvolver competências e comportamentos esperados nos líderes, tais como visão sistêmica, inovação, colaboração e sustentabilidade, sendo composto por quatro módulos: autoconhecimento, gestão de pessoas, gestão do negócio e liderança transformadora;

  • Ambev – por meio do “Trainee Industrial”, os jovens recém-formados em engenharia, química, farmácia ou biologia são selecionados e recebem treinamento para se tornarem futuros líderes nas áreas industriais da companhia. Com duração de 10 meses, compreende treinamentos técnicos e comportamentais, bem como envolvimento em projetos reais em curso nas fábricas;

  • Magazine Luiza – na “Academia de Líderes Luiza”, é onde nascem os gestores das lojas físicas e online da rede. Baseado em três pilares, o programa contempla conhecimento do negócio, desenvolvimento pessoal e gestão de pessoas, por meio de treinamentos presenciais e remotos, mentoring, feedbacks e avaliações.

É melhor formar gestores ou contratá-los “prontos”?

Da mesma forma que há exemplos de empresas que priorizam formar seus futuros líderes, há também casos notórios daquelas que os contratam já prontos no mercado de trabalho.

A verdade é que não há uma resposta única e que atenda a todas as realidades.

Nem sempre será possível esperar, por exemplo, pois a depender do cargo, o processo pode ser longo.

Mas também há outros fatores, como o perfil da empresa, a disponibilidade – se preferir, a falta deles – de talentos internos, especificidade das competências e habilidades exigidas pelo cargo, ou até mesmo diante do conhecimento dos desafios do processo de formação, muitos são inclinados a optarem pelo “caminho mais fácil e mais curto”.

Há sim vantagens em recorrer ao mercado de trabalho em busca de profissionais prontos:

  • O conhecimento e a experiência da atuação no mercado, a vivência em concorrentes e até empresas de outros setores, é algo que mesmo um processo bem conduzido e extensivo de formação, não consegue igualar;

  • Quanto maior a experiência, menores as possibilidades de erros e incertezas que naturalmente podem acontecer com os promovidos;

  • Um programa de formação de gestores / líderes, é um processo longo e que pode ser custoso e que só dará resultado no médio e longo prazos e nesse sentido, o retorno de contratar, é mais imediato;

  • Contornam-se questões como “ciúmes” e tudo que tem relação com o relacionamento de alguém que até então era um par, mas que com a promoção passa a ter um nível hierárquico superior;

  • Não dá tempo de esperar, por isso a empresa precisa se antecipar e ter isso – a formação de lideranças – como uma pauta permanente.

Por outro lado e como a maioria conseguiu vislumbrar, uma política de formação de gestores, também traz vantagens:

  • Redução de custos com processos seletivos, que a depender do cargo e do perfil pretendido, podem ser elevados;

  • Profissionais experientes e prontos, podem ser caros, especialmente porque os melhores não estão desempregados ou quando estão, não permanecem por muito tempo nessa condição;

  • Maior conhecimento da empresa e da sua cultura, das suas peculiaridades e maiores chances de alinhamento com os seus valores;

  • Maior motivação o engajamento dos colaboradores, na medida que sabem que seu comprometimento pode ser valorizado com uma promoção;

  • Um gestor formado a partir dos quadros internos, não carrega “vícios” de outras empresas e de anos de atuação;

  • Preparar o gestor para lidar melhor com as diferentes gerações no mercado de trabalho;

  • Melhor conhecimento das habilidades e do potencial dos talentos internos;

Quando se opta por criar seus futuros supervisores e gerentes, é preciso ter um planejamento estratégico que defina os objetivos e prioridades do negócio e a participação dos gestores nele, de tal modo que o processo de formação considere os papéis que eles terão.

Portanto, agora que você tem uma noção bastante boa de ambos os cenários e com base no conhecimento que tem da sua empresa, poderá decidir qual alternativa é mais adequada à sua realidade.

Conclusão

Decidir entre formar ou contratar um gestor “pronto”, passa por considerar as vantagens de cada opção, bem como variáveis e a realidade do seu negócio.

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