O que é educação corporativa, importância e benefícios
Ganhando cada vez mais espaço nas empresas, ela ainda tem um longo caminho para se difundir como deveria, muito em razão da falta de informações sobre sua importância, dos benefícios que o negócio pode obter, como colocar em prática e até por conta de alguns mitos. Estamos falando da educação corporativa.
Se alguma das razões acima mencionadas ou mesmo por outras, é o que está impedindo sua empresa de aderir, nosso trabalho é trazer luz sobre o assunto e ajudá-lo a tornar uma realidade também a seu alcance.
O que é educação corporativa?
Apesar de muita gente achar que sabe, não é raro haver alguma confusão ou mesmo uma visão limitada a respeito.
Educação corporativa pode ser definida como o conjunto de políticas e práticas adotadas por uma empresa, que visa proporcionar as condições e os meios para que seus colaboradores se desenvolvam profissionalmente de modo contínuo.
Essa definição genérica dentre muitas possíveis, precisa ser amplamente refletida.
Tal como a educação que recebemos desde crianças, deve abranger uma série de disciplinas e assuntos que nos preparam para a vida, com a diferença que no caso em discussão, é a vida dentro da empresa com a qual colaboramos.
Mais ainda. Que esse preparo seja para produzir o melhor desempenho que for possível.
Por sua vez, desempenho eficaz, pressupõe que seja de acordo com os objetivos da empresa, do mercado em que ela atua (concorrentes e clientes), da cultura organizacional e perante o coletivo de colaboradores do qual se faz parte.
Já a continuidade e que é outro aspecto essencial da educação corporativa, significa que é um processo que não tem fim. Ao contrário, é permanente, ou se preferir, visa instituir aperfeiçoamento constante.
A essência desse aspecto – continuidade – é um dos pontos responsáveis por alguns equívocos quando se trata desse tema…
Qual a diferença entre educação corporativa e treinamento?
Muitas empresas e os gestores responsáveis por determinar a aplicação de treinamentos aos colaboradores, acreditam que estão fazendo educação corporativa. Todavia, não são a mesma coisa.
Para começar, o aspecto que já mencionamos, ou seja, a continuidade e que caracteriza uma política de educação corporativa.
Além disso, treinamentos têm objetivos de curto prazo e são mais direcionados a um objetivo único, como por exemplo, orientar uma equipe sobre o funcionamento e uso de um sistema que foi adquirido, ou de familiarizar novos colaboradores com os procedimentos operacionais padrão (POPs) da área em que vão trabalhar ou ainda, dotar de novos conhecimentos desejáveis para o desempenho de uma função.
Nas três situações hipotéticas, o processo tem fim com a conclusão do treinamento.
É análogo a supor que dar um ano de ensino da língua portuguesa, até que a criança aprenda o básico para ler e escrever, é o mesmo que educar. Obviamente, não é.
Dito de outra forma, treinamentos são uma entre muitas ferramentas de educação corporativa e devem e/ou podem ocorrer sucessivamente, abordando uma variedade de temas, que complementam-se – ou não – e que tal como em outros processos educativos, preparam o treinando para novos passos, etapas e conhecimentos que vêm na sequência.
É como em qualquer grade curricular, em que cada matéria prepara o aluno para as próximas e proporciona evolução e aprofundamento nos assuntos que são abordados.
Por essa razão inclusive, que nas empresas em que isso esta fortemente instituído, existe o que o se conhece por universidade corporativa e que visa formar profissionais experts nos temas que são intimamente relacionados ao quotidiano e necessidades da empresa e do cargo nela ocupado.
Ao tratar disso – a universidade corporativa – esbarramos em um aspecto que constitui um outro mito comum, ou seja, a ideia equivocada de que a educação corporativa restringe-se a grandes empresas, que os custos são elevados e, portanto, sua implantação não é possível nas micro e pequenas empresas.
Mas há outros equívocos associados, como por exemplo, que não produz resultados no curto e médio prazos ou que existe apenas um caminho para sua implantação. Mais a frente, ficará claro que não são verdades.
Quais as vantagens / benefícios da educação corporativa para as empresas?
Bem, entre as crenças que muitos têm sobre educação corporativa, existem as dúvidas quanto aos benefícios ou vantagens que instituir a educação corporativa pode proporcionar.
É preciso ter em mente que o retorno é variável em função de uma série de fatores, como por exemplo, o nível de eficiência das ações.
Assim, empresas em que o processo já ocorre há algum tempo, há experiência adquirida com os erros e os acertos, tendem a produzir melhores resultados que aqueles que apenas estão dando os primeiros passos.
1. Qualificação no mercado de trabalho
Já não é de hoje que inúmeros estudos e pesquisas indicam a dificuldade que muitas empresas têm em preencher determinadas vagas, dada a baixa qualificação da mão de obra disponível no mercado de trabalho e aqui não entraremos nos méritos ou dos porquês disso acontecer.
Não é raro que para alguns cargos / ocupações, contratar a pessoa certa ou que tenha o perfil desejado, é tarefa difícil e demorada.
Porém, quando o que falta não seja relacionado com o conjunto de atribuições essenciais ao cargo, mas sim e apenas competências e/ou habilidades desejáveis e que podem ser treinadas ou aprendidas e ao longo do desempenho de suas funções, a educação corporativa pode ser a solução.
Inclusive, vem sendo cada vez mais comum que empresas diante da dificuldade de encontrar determinados profissionais disponíveis no mercado, optem for formá-los internamente por meio da educação corporativa.
2. Produtividade
Essa é uma vantagem imediata e que produz incrementos permanentes.
À medida que os colaboradores desenvolvam um conjunto de habilidades necessárias e desejáveis ao desempenho de suas funções, bem como adquiram conhecimentos que contribuem ao exercício profissional, que a sua produtividade melhore.
Também relacionado com maior produtividade, a capacitação permanente influencia na diminuição do retrabalho.
Mas a produtividade também vem de outros fatores que acabam sendo promovidos, como o seguinte.
3. Motivação
Diz-se que a motivação é ter motivos para agir e sendo assim, alguém que conhece mais e melhor do que é capaz de fazer, automaticamente tende a estar mais motivado.
A motivação vem também do fato da empresa investir e acreditar em seu potencial e valorização profissional e que costuma ser visto como um benefício, tanto quanto outros que ela lhe concede, como uma bolsa de estudos.
4. Liderança
Quando a educação corporativa é aplicada aos gestores, eles desenvolvem mais aptidões para a liderança de suas equipes.
A médio e longo prazos, a organização prepara melhor aqueles que ainda não são, para serem futuros e novos gestores.
5. Gestão de talentos
Bons e profundos programas de educação corporativa, partem de um levantamento acurado tando das necessidades e carências do universo de colaboradores, quanto dos seus potenciais, desenvolvendo-os e lapidando-os.
E o que é esse último aspecto, senão parte de programa de gestão de talentos. Ou seja, investir na formação dirigida dentro da organização de determinadas pessoas, é gerenciar o potencial que eles podem desenvolver.
Feito com planejamento e método, há amplificação do conjunto de hard skills e soft skills, ou habilidades e conhecimentos, bem como atitudes e comportamentos, respectivamente.
6. Inovação
Ao incentivar o aprendizado e o desenvolvimento contínuo, a ampliação do conhecimento e aplicação de novas técnicas, traz de carona uma visão orientada à inovação.
Quanto mais uma pessoa conhece a técnica (o jeito de fazer algo), mais propensa e apta ela estará a inovar.
Mas não é só. Em um mundo em que a mudança é a única certeza, é preciso contar com pessoal que esteja atualizado e preparado para responder rapidamente às novas exigências, tanto em termos da concorrência, quando dos clientes.
De preferência, que seja a própria empresa a liderar as mudanças.
7. Redução de gastos
Por mais simples que seja o processo de implementação e tentando utilizar recursos disponíveis, educação corporativa sempre representará a necessidade de alocação de recursos ou custos na visão alguns.
No entanto, por algumas das vantagens que já vimos (ex: maior produtividade e menor retrabalho) e outras a seguir (ex: menor turnover), ao longo do tempo a empresa consegue redução dos custos operacionais e, portanto, passa a ser um investimento.
8. Diminuição do turnover
Há um razoável conjunto de razões para o turnover ou a rotatividade de funcionários nas empresas e dentre eles, alguns estão relacionados com a qualificação – ou a falta dela – da mão de obra.
Ao promover um ambiente de trabalho mais favorável, acolhedor e de crescimento profissional, por consequência também cria-se uma condição menos favorável ao recente aumento do quiet firing e quiet quitting.
O nivelamento e ampliação do conhecimento, indiretamente também influencia a diminuição do turnover, na medida em que ao mesmo tempo prepara para a promoção eficaz de funcionários, como também prepara os sucessores e que muitas vezes é a causa que “empurra” para o mercado de trabalho aqueles que não enxergam oportunidades de crescimento aonde trabalham.
9. Qualidade de vida de trabalho
A qualidade de vida no trabalho não é só resultante do ambiente físico, da infraestrutura, dos benefícios concedidos, mas também do clima percebido e que tem na valorização e investimento profissional, um importante componente.
Quando diante das métodos de qualificação, é o momento em que muitas das situações quotidianas ganham oportunidade de serem discutidas visando sua melhoria. Novas propostas de como se fazer o que é feito e indagações e sugestões.
Ao aprimorar o que é feito em termos profissionais, reduz-se o stress, os ruídos na comunicação, algumas barreiras interpessoais, além de que resultados melhores globais, contribuem para um clima melhor.
10. Fortalecimento da cultura organizacional
Na medida em que há melhor alinhamento dos fundamentos, valores, políticas da empresa, princípios éticos e práticas (cultura organizacional) e o seu capital humano, a primeira costuma sair fortalecida.
Quando todos estão aprendendo, evita-se um cenário em que uns se sintam mais ou menos importantes para a empresa do que os outros. Além do que, na sala de aula, é mais fácil que as pessoas reconheçam as suas limitações, especialmente diante de um facilitador habilidoso e experiente.
Também durante o treinamento, é um momento oportuno para discussão mais profunda de como o atingimento dos objetivos da empresa dependem das ações dos seus colaboradores.
Como implantar a educação corporativa?
Não há um só caminho ou uma só forma de instituir educação corporativa em uma empresa.
Primeiro porque as realidades e necessidades são as mais diferentes. Empresas grandes e com muita capacidade de investimento de um lado e pequenas e com quase nenhuma do outro. Com e sem experiência. Enfim, um universo de possibilidades.
Independente de qual seja a realidade do seu negócio, há princípios que devem ser comuns a qualquer caso.
A começar pela atuação dos recursos humanos, mesmo nos casos em que ele seja apenas um prestador de serviços responsável por algumas rotinas da empresa, ou quem sabe um dos sócios que se divide entre outras ocupações, dado o tamanho do negócio.
O papel do RH aqui é conhecer tão bem quanto possível o perfil dos colaboradores, suas carências, seus potenciais e a partir daí planejar os conteúdos por importância que precisam ser contemplados e que se alinham com as pretensões da empresa.
O passo seguinte, é buscar as formas de aplicar a base de conhecimento, lembrando que a tecnologia e a disponibilidade de serviços permite ir muito além dos tradicionais treinamentos em que se coloca um grupo em uma sala e são ministradas aulas.
Entre as muitas possibilidades nesse sentido, podemos citar:
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Gamificação – a gamificação é uma estratégia com amplo uso e aceitação e que consiste de adaptar processos à dinâmica de jogos, de forma que por meio de competição e recompensas por atingimento de marcos, consegue-se envolvimento dos participantes, que aprendem e desenvolvem-se usando de recursos lúdicos em vez de métodos ultrapassados e monótonos;
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e-learning – é o nome dado ao uso de várias tecnologias que integram o aprendizado eletrônico e, portanto, com uso de recursos de Internet, como o uso de plataformas de EaD (Ensino a Distância), realidade aumentada e virtual, podcasts, videocasts, webinars, videoconferência, etc;
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Microlearning – mais do que um recurso, o microlearning é o conceito de criar pequenas porções de conteúdo de consumo e aprendizado mais rápido e fácil. É muito adequado para quando se pretende retorno rápido e para aqueles que têm pouca disponibilidade de tempo, podendo ser encaixado entre compromissos e tarefas
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Mentoring e coaching – com assessoria / consultoria de bons profissionais na área de mentoring e coaching, especialmente no nível de gestão, mas algumas vezes também na formação de sucessores, consegue-se bons resultados;
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Workshops e palestras – a oferta e a variedade de temas na forma de workshops e palestras, alguns até gratuitos ou com custos bem acessíveis para a maioria, é uma oportunidade de dotar seu pessoal de conhecimentos de assuntos em alta ou que são tendências;
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Intranet – a intranet da empresa pode – e deve – ser um instrumento para difusão de conhecimento, seja hospedando uma plataforma de LMS (Learning Management System ou Sistema de Gestão de Aprendizagem), como o Moodle, por exemplo, bem como apostilas, áudios e vídeos, e-books, etc;
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Trilhas de aprendizagem – é uma metodologia que vem ganhando espaço e resumidamente consiste de distribuir uma sequência atividades de capacitação – como quem percorre uma trilha – que um funcionário precisa realizar para conquistar determinado conhecimento. Cada etapa pode compreender recursos didáticos diferentes, tornando o processo mais atraente;
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Treinamentos – apesar de tudo o que foi dito, os tradicionais treinamentos ainda têm espaço e em várias circunstância cumprem um papel importante, desde que não sejam apenas um momento em que conhecimentos são jogados, mas trabalhados para produzirem resultados.
Os exemplos acima, não esgotam as possibilidades, afinal a tecnologia, a difusão do conhecimento e as necessidades do homem moderno, têm contribuído para que a gama de formatos seja ampla.
Há hoje empresas e consultorias especializadas na tema e que podem apresentar uma série de alternativas de acordo com as necessidades e a realidade de cada negócio, a partir de um diagnóstico e da apresentação de uma proposta de ações, bem como da transferência de metodologia ao fim do projeto, de modo a não tornar a empresa permanentemente dependente da sua prestação de serviços.
Conclusão
A educação corporativa vem se tornando uma realidade e uma necessidade em empresas diversas, como forma de potencializar seus recursos humanos.