É verdade que o Marketing Digital é o “Marketing da Mentira”?
Qualquer pessoa que nunca tenha se interessado, mas resolva pesquisar sobre o Marketing Digital, pode ficar com a impressão que por meio dele, será capaz de alcançar fortuna muito rapidamente e com quase nenhum esforço.
Sim, porque lamentavelmente, existem nessa área – como em muitas outras – pessoas oportunistas e com pouco ou nenhum escrúpulo, aproveitando-se da boa fé e do pouco conhecimento que muitos têm sobre esse assunto.
Por isso, a fim de restituir a verdade dos fatos, em nosso bate-papo vamos fazer alertas importantes sobre algumas mentiras que contam quando o assunto é Marketing Digital.
O que é o Marketing Digital?
A melhor forma de começar, é esclarecendo o que é o Marketing Digital, já que existem toneladas de definições, das mais pomposas, passando pelas mais complicadas e terminando nas mais incompreensíveis.
Esqueça-se de qualquer uma que precise de muitas linhas para esclarecer o que é esse braço do “velho” Marketing.
Marketing Digital, é apenas e tão somente o Marketing, porém feito usando as variadas ferramentas do mundo digital e que prioritariamente envolve a Internet.
Você deve estar se perguntando: “É só isso?”
Sendo bastante sinceros, sim, é só isso!
Se você tem 5 minutos e quer entender melhor essa questão, recomendamos ler o post “Marketing Tradicional x MKT Digital”.
Obviamente que quando se fala em ferramentas do mundo digital, alguns – ou muitos – podem se assustar, porque por exemplo, têm pouca familiaridade com a área. Mas não é nenhum bicho de sete cabeças, nem é nada que não se possa conhecer com algum tempo e paciência.
A verdade, é que a “versão” digital do Marketing, é apenas a sua evolução, considerando os avanços que a transformação digital trouxe, bem como as mudanças de comportamento dos consumidores e das novas gerações.
Ou seja, mesmo que não houvesse a Internet, as mudanças ocorreriam, ainda que fossem outras e provavelmente menos impactantes, mas existiriam, como existiram no passado.
O que o Marketing Digital não é
Uma vez que começamos a desmistificar o que é o braço digital do “velho Marketing”, nosso trabalho prossegue desmentindo outras mentiras bastante comuns que contam a seu respeito.
1. É fácil ficar rico com Marketing Digital
A promessa da riqueza fácil, é um argumento extremamente sedutor, afinal a possibilidade de enriquecimento é sempre bastante atraente para qualquer um, não é mesmo?
Porém a realidade mostra que, como em qualquer outra área, os lucros exigem:
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Trabalho – tanto como em qualquer área de atuação, o Marketing Digital requer um trabalho consistente, árduo e permanente;
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Conhecimento – o conhecimento necessário é ainda maior do que no passado, pois as inovações surgem a todo momento. Não se forma nenhum profissional com apenas um livro ou e-book;
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Experiência – também como em outras áreas, só o conhecimento teórico, não basta. A experiência que resulta da prática, é essencial;
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Profissionalismo – as posturas e os comportamentos que refletem as competências e as habilidades, são cruciais para os resultados.
2. Requer pouco trabalho
No mundo moderno, é verdade que a transformação digital, a inteligência artificial e até mesmo o surgimento de algumas atividades, possibilitaram maneiras mais flexíveis de se trabalhar, como por exemplo, o teletrabalho / home office, o que não significa trabalhar pouco.
Essa mudança de paradigma, não pode ser confundida com trabalhar pouco para se obter sucesso.
Ao contrário, é bastante comum que muitos empreendedores tenham que se dedicar muito mais, até começarem a colher resultados consistentes.
3. Qualquer um pode chegar lá
Esse tipo de falácia, é propagada geralmente com o intuito de vender receitas ou métodos “milagrosos” para alcançar a fortuna de modo infalível e muito rapidamente.
Se você encontrar algo do tipo “segredo revelado para o sucesso em 10 passos” ou “como alcancei meu primeiro milhão em um mês”, fuja!
É verdade sim, que no Marketing dito “tradicional”, a maioria das ações exigiria um investimento imenso, mas que na Web, um celular ou notebook e uma conexão com a Internet, permitem um alcance imenso. Mas não confunda alcance com fazer bem, nem tampouco, fazer certo.
Além disso, o que não te dizem, é que é possível, mas não é garantido.
Em outras palavras, todo mundo quer viralizar e, portanto, ter um alcance assombroso, mas só uns pouquíssimos conseguem, afinal, como já mencionamos, é preciso trabalhar, é preciso dispor de conhecimento e prática, além de ser necessário um bom período de tempo para os dois primeiros requisitos e para colher os resultados.
4. Exige pouco investimento
De fato o investimento monetário necessário, pode ser significativamente inferior a um negócio físico, seja porque não exige um ponto comercial, seja porque requer menos funcionários, seja por dispensar investimentos em outros elementos de infraestrutura.
Mesmo que tudo o que você precisa investir, seja apenas a sua dedicação, você já se perguntou quanto vale o seu tempo?
Mais do que isso, as pessoas passam anos em uma faculdade de Marketing, investindo o seu tempo e o seu dinheiro. Ao pensar nisso, você realmente acredita que é capaz de se tornar um especialista no assunto, comprando um e-book e com um celular em mãos?
5. Basta um site que traga visitantes
Sites são sim muito importantes e visitantes, mais ainda.
Mas não adianta trazer muitos visitantes se eles não forem qualificados e se o site não entregar valor aos visitantes que recebe, você só terá custo para mantê-lo, nem que seja “apenas” o custo de produzir o conteúdo.
É comum vender a ilusão de que os mecanismos de monetização existentes, são verdadeiras máquinas de fazer dinheiro, sendo que isso só é parcialmente verdade e em raríssimos casos.
Somente uns poucos se tornarão influenciadores conhecidos e bem-sucedidos e ainda assim, no longo prazo e por meio de um conteúdo útil, relevante e autêntico.
6. Todo mundo está nas redes sociais
Os números das redes sociais de fato são gigantescos, o que torna essa uma afirmação mais crível e mais facilment utilizável por aqueles que querem tirar proveito próprio.
Embora em termos globais, 2 em cada 3 pessoas utilizem-nas todos os dias, nem todo mundo está nas redes sociais.
Além de um terço não estar em rede alguma, é preciso compreender as motivações dos que estão. Alguns dos números a seguir, ajudam a enxergar melhor o cenário:
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Mais de 70% dos usuários de redes sociais, entre 16 e 64 anos ( cerca de 68% da população brasileira), não segue perfis de empresas / marcas que elas compram;
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A audiência de publicidade no Instagram no Brasil, é de pouco mais de 100 milhões de pessoas, portanto, inferior à metade da população;
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25% dos usuários de quaisquer redes sociais, não se interessam por quaisquer produtos divulgados nas redes sociais;
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As principais motivações nas redes sociais, são:
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Contato com amigos e familiares (48,6%);
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Preencher o tempo livre (36,3%);
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Razões comerciais, são apenas a 6ª justificativa no ranking.
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Cerca de 87% dos brasileiros não se veem representados nas publicidades que lhes são apresentadas;
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35% usam alguma ferramenta de bloqueio de publicidade.
Não fossem números suficientes para comprovar que o cenário não é tão positivo quanto se imagina, os algoritmos priorizam os conteúdos pagos e, portanto, é necessário investir em publicidade online (Meta Ads, Google Ads) para conseguir maior visibilidade.
Ou seja, mirar apenas nas redes sociais objetivando fazer negócios, não é tão efetivo quanto se supõe.
7. Fórmulas de sucesso comprovadas
Utilizar “fórmulas consagradas ou comprovadas” ou seguir os passos de outros, como se isso fosse suficiente para garantir o sucesso, é outra enganação bastante comum.
Cada empresa, cada modelo de negócio, por mais que tenha semelhanças com outros e por mais simples que seja, tem suas particularidades, tem seu público e seus objetivos, bem como comete seus próprios erros e tem seus aprendizados.
Já era assim no MKT “tradicional” e continua sendo no digital.
Por isso, cada qual deve desenvolver sua estratégia individual, personalizada.
Tenha em mente que assim como 10 cozinheiras diferentes, podem produzir 10 bolos diferentes, seguindo uma mesma receita, cada negócio precisa compreender bastante bem sua realidade, as variáveis envolvidas, para utilizar os recursos dos quais dispõe.
Cuidado com as armadilhas dos falsos gurus
Além das mentiras vistas anteriormente e que podem aparecer sob algumas variações, muitos dos que se intitulam gurus conhecedores de todos os segredos, também costumam recorrer a algumas armadilhas com intuito de dar mais credibilidade aos seus discursos, como por exemplo:
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Ostentação – é comum enfatizarem a todo momento, de forma exagerada mesmo, que são muito bem-sucedidos, aparecendo nas redes sociais em carros esportivos exclusivos, frequentando hotéis e restaurantes caríssimos, utilizando roupas e utensílios de luxo, como “prova” da validade do que oferecem;
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Prova social – outro expediente comum, é o uso intensivo de provas sociais falsas ou inventadas, geralmente apresentando depoimentos e avaliações fictícias de clientes seus que se beneficiaram. Não é raro que seja uma rede de ilusão com vários “personagens” fabricados com esse propósito;
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Autoproclamação – também é frequente vermos nos materiais digitais dos responsáveis, atribuição de autoridade, título, posição ou status, sem que haja reconhecimento oficial. Coisas como “maior especialista em MKT Digital do Brasil”, ou “nossos clientes têm resultados 1000% maiores”, são alguns exemplos de atribuições que se fazem;
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Panaceia – como foi no passado, quando a panaceia era buscada por alquimistas e médicos antigos, como uma substância milagrosa capaz de curar qualquer enfermidade, muitos “gurus” do MKT Digital vendem uma solução, como se funcionasse para qualquer negócio, ignorando:
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Contexto da empresa (segmento de atuação, público-alvo ou persona, jornada de compra, concorrência, cultura organizacional, etc);
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Estágio do negócio e modelo de negócio;
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Recursos disponíveis;
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Objetivos reais (vender mais, posicionamento, retenção, branding ou rebranding, etc).
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Marketing não é mentira
Conforme vimos, há um conjunto de inverdades contadas e relacionadas ao Marketing Digital, que muitas vezes nos fazem pensar que deveria ser o Marketing da Mentira, não é mesmo?
Mas não é só no Digital que isso acontece.
Lamentavelmente, alguns “profissionais” no mercado, submetem-se às exigências cada vez mais insanas para entregar resultados, em um mundo no qual só tem valor, aquele que vence sistematicamente seus concorrentes, sem compromisso algum com a honestidade, com os princípios e valores humanos, enfim, sem preocupação ética alguma.
Vender falsas ilusões, não é Marketing. Cobrar bem mais do que vale, não é Marketing.
O seu papel, não é enganar, nem o cliente final, nem o intermediário e tampouco o cliente interno, quando se faz Endomarketing.
Qualquer coisa que não tenha por objetivo de conhecer e atender ao maior número de necessidades, desejos e expectativas de um consumidor, não pode ser chamado de Digital, de Conteúdo, de Atração (Inbound Marketing), ou qualquer outro sob o guarda-chuva do Marketing.
Portanto, se você vir alguma prática que você questionaria no papel de consumidor, muito possivelmente é apenas “Marketing da Mentira”!
Conclusão
Crescem sem parar os métodos, fórmulas e guias de “Marketing Digital” que colocam em dúvida a ética, a eficácia e seriedade do trabalho nessa área.