10 dicas de como proteger sua privacidade online

Algumas pessoas não veem motivos para esconder nada de ninguém, mas essa não é a regra geral. Até pessoas razoavelmente permissivas quanto aos muitos aspectos de sua vida particular, podem querer que algumas questões não sejam públicas ou mais do que isso, sejam mantidas sob sigilo.

Se você tem algum nível de preocupação com sua privacidade na Internet, o conteúdo de hoje será bastante útil, porque trazemos tudo o que é necessário e possível de ser feito para que dados sensíveis e dados sobre você sejam tão restritos tanto quanto possível ou limitados ao máximo.

Por que devo me preocupar com a minha privacidade online?

A privacidade na Internet é uma questão bastante complexa, ampla e que gera controvérsias.

De um lado temos aqueles que a defendem e que na maioria das vezes são os que sabem como as informações são obtidas, como e para que fins são usadas e quais as consequências associadas.

Do outro, basicamente há o grupo dos que lucram com a sua violação ou apenas que ela não seja protegida e que reúne desde algumas empresas que têm determinados envolvimentos com o Marketing Digital, os clientes de algumas destas empresas e também aquelas cujo negócio é obter, armazenar, manipular e usar informações das pessoas para obtenção de lucro, grupo do qual algumas das maiores big techs fazem parte.

Muitos argumentam que é legítimo diante de uma Internet que predominantemente é gratuita e que é isso que a sustenta da forma que é. Outros, que é útil e ajuda você a encontrar o que quer. E tem ainda quem justifique que certas coisas só funcionam se for assim.

No fundo e sendo bem direto, quem é contrário à garantia da privacidade online, ganha dinheiro – muito às vezes – em cima das mais diversas informações a seu respeito.

Não se iluda e nem se deixe enganar. Não há bonzinhos e idealistas lutando pelos seus direitos e seu bem-estar na outra ponta.

Objetivamente, se você não zela por sua privacidade online, você pode ter como consequências:

1. Ameaças à segurança

A principal razão pela qual você deve preocupar-se com sua privacidade na Internet, é a segurança.

Quando falamos em segurança, estamos falando em diversos âmbitos. Do ponto de vista físico e do mundo digital.

Sim, sua integridade física pode estar sob ameaça a depender de quais informações a seu respeito forem acessíveis por parte de terceiros e quem são eles.

Não estamos falando aqui das empresas que coletam seus dados, mas de criminosos que podem ter acesso a eles, seja porque falhas de segurança possibilitaram que isso acontecesse, ou porque você sem atentar-se ao risco que está associado, voluntariamente os forneceu nas redes sociais, por exemplo.

Mas há outros aspectos de segurança, como a financeira, se seus dados são usados nas muitas formas de golpes e crimes virtuais que acontecem.

2. Vida privada

Privacidade online é poder decidir sobre que informações são públicas e quais não são. Ter o controle sobre quem sabe e o que sabe sobre você. É poder ter segredos, sigilos e direito sobre manter sua intimidade resguardada.

Quanto você ganha e como usa o dinheiro ganho. Onde, quando e com quem vai aos lugares. Com quem e de que forma se relaciona. Suas preferências relativas aos produtos e serviços que consome. Suas inclinações políticas e religiosas. Tudo o mais a seu respeito, você tem pleno direito de manter privado e quem são aqueles que eventualmente podem saber.

Mas na Internet atual, dependendo das circunstâncias, nada disso acaba sendo privado e pior, uma vez que tornado público, dificilmente será reversível, ou quando for, muitas vezes as custas de muito trabalho.

3. Seu futuro

Sim, a definição ou mesmo a influência sobre o seu futuro, também depende do nível de privacidade.

É cada vez mais comum empresas pesquisarem informações sobre candidatos a vagas de emprego na Internet e o que encontram sobre eles, pode ser crucial na decisão sobre contratar ou não. O que você revelou em uma rede social, amanhã poderá ser critério para avaliar se será ou não admitido.

Mas não é só isso. A exposição desmedida, descontrolada, tem acarretado danos morais, à imagem, o bullying e o linchamento virtual, os quais podem trazer prejuízos difíceis de mensurar, mas cujas vítimas sentem as diferentes consequências de modo nada virtual.

4. Criação de poderosos oligopólios

Como já afirmamos, algumas poucas empresas têm se beneficiado de modo mais destacado do comércio que tem como matéria-prima, os nossos dados pessoais.

Consolidaram um verdadeiro império, mas que além de tornarem-se muito ricas e por isso poderosas, concentram também poder por deterem controle sobre o bem mais valioso do século XXI, que é a informação.

Historicamente a concentração de poder nas mãos de tão poucos, nunca aconteceu. Desnecessário dizer o que o poder em mãos erradas pode acarretar!

10 dicas de como controlar a privacidade

Uma vez que tenhamos salientado os principais motivos pelos quais é importante ter tanto controle quanto possível sobre nossa privacidade online, vamos tratar do que está ao nosso alcance fazer.

Antes porém, é preciso ressaltar que alguns pontos isoladamente não resolvem.

Para além do entendimento do quão grave pode ser a questão, é preciso que as pessoas rompam com os paradigmas que foram criados com o avanço da Internet e desenvolvam novos comportamentos.

Sim, garantir privacidade passa por uma questão comportamental e que por sua vez depende de conhecer como funciona a rede mundial de computadores e o conjunto de tecnologias que permitem que nossa intimidade seja exposta.

1. Não existe privacidade sem segurança

A primeira dica fundamental, relaciona-se com a afirmação de que não existe privacidade sem segurança. E vice-versa!

Em outras palavras, para termos assegurado o sigilo de nossas informações pessoais, antes de quaisquer outras preocupações, devemos cuidar da nossa segurança no mundo digital.

Saber tanto o que é seguro em termos dos acessos feitos, como das ações que tomamos. E refere-se desde as coisas mais triviais, às mais complexas.

Por exemplo, você sabe qual o risco de acessar um site que não faz uso do HTTPS?

Se é um mero e simples site institucional, no qual você não fornece nenhum tipo de informação, pode ser tranquilo. Mas se o acesso envolve dados sensíveis, exija troca de informações, como usuário e senha, um cracker – um “hacker do mal” – que eventualmente intercepte a comunicação, conseguirá visualizar todos os dados trafegados.

Com o HTTPS, tudo o que você recebe do site, bem tudo o que envia para ele, passa por um processo de criptografia e assim, na eventualidade dos dados serem obtidos, o criminoso digital não consegue lê-los.

Garantir a segurança consiste tanto em assegurar-se que o site e/ou serviço que está usando é tão seguro quanto é possível, como que você está fazendo sua parte e que envolve uma série de cuidados:

  • Ao usar sua própria rede sem fio, adotar certos cuidados relativos à segurança do roteador Wi-Fi;

  • Cuidar da segurança do celular, do notebook ou de outro dispositivo usado para os mais diversos acessos na Internet, como ter uma ferramenta para remoção de vírus, por exemplo;

  • Entender o que o endereço IP pode revelar sobre você;

  • Usar senhas seguras e não compartilhar a mesma senha em diferentes sites / serviços. Havendo necessidade de ter / usar muitas senhas, recomenda-se recorrer a um gerenciador de senhas;

  • Manter-se informado sobre os mais variados tipos de ameaças, como o ransomware (um tipo de malware), por exemplo. Além disso, temos dois artigos sobre phishing e spoofing, os quais aconselhamos a leitura, para que você seja capaz de reconhecê-los e evitá-los.

2. O navegador web

O navegador web ou browser, é o principal elemento para acesso aos sites e por essa razão deve-se dar especial atenção a ele.

A maior parte das pessoas negligencia esse fator e simplesmente adotam um com base no que a maioria faz ou pior ainda, escolhe o primeiro e que mais facilmente esteja à disposição, como o que vem por padrão no sistema operacional usado.

As principais consequências desse tipo de comportamento, são a concentração em um só produto, enfraquecendo a concorrência e deixando em segundo plano características de segurança e privacidade.

Tanto para dispositivos fixos (desktop e notebook), quanto para móveis (smartphones e tablets), há boas opções de navegadores, como o tradicional Mozila Firefox, o qual nas últimas versões já vem com o bloqueio de cookies de terceiros habilitado por padrão.

Para os que buscam alternativas ao Firefox, mas que sejam confiáveis, existem o Vivaldi e o Brave.

Também é importante observar e rever as permissões para extensões de navegadores. Algumas podem coletar informações que eventualmente você não deseja ou não deva fornecer, como por exemplo, a sua localização.

3. Navegação anônima ou privada

Relacionada com a dica anterior, a navegação anônima ou privada, é um recurso presente em praticamente todos os navegadores modernos e que basicamente consiste em não salvar históricos e não armazenar nenhum tipo de cookie.

Tal funcionalidade implica que ao encerrar o navegador todo o conteúdo armazenado no cache é removido, incluindo os cookies e que são um pequeno arquivo de texto que armazena informações referentes aos acessos feitos em cada site visitado, incluindo a possibilidade de rastreamento, quando são cookies de terceiros.

Navegadores como o Brave ou Tor Browser já funcionam nativamente assim, sendo que nos casos em que for necessário, o usuário pode permitir salvar / armazenar o que for de seu interesse.

No caso do Brave, ele também bloqueia todo e qualquer elemento que não for essencial para o acesso e navegação, prometendo com isso melhor desempenho e segurança.

Já o Tor Browser é o navegador usado para a Deep Web, que tem o modo privado como padrão, além de usando recursos de uma rede de servidores para tentar ocultar a sua localização. O Brave tem o modo Tor, que faz a mesma coisa.

4. Sites de busca alternativos

Quando possível, evitar o primeiro (Google) e o segundo (Bing) buscadores mais populares e em vez disso buscar alternativas aos sites de busca, também é uma forma de melhorar a sua privacidade.

Nem todas as outras opções oferecem privacidade, mas ao utilizar outros meios, você deixa de suprir os principais coletores de informações suas e consequentemente de alimentar todos os seus clientes.

Mas há sim outros sites que respeitam a sua privacidade, como o DuckDuckGo, o Brave Search (ainda em versão beta), o Neeva e o Startpage.

5. Fornecimento de informações em sites

Cuidado com sites que pedem muitas informações!

É extremamente comum que sites ofereçam coisas de graça, como e-books, download de arquivos, programas, serviços, em troca de cadastros extensos, nos quais você acaba por fornecer uma série de dados pessoais.

Considere até que ponto as informações fornecidas valem a contrapartida oferecida.

Quando o site e o serviço não é conhecido e mesmo no caso de alguns conhecidos, avalie se o dado solicitado é relevante e/ou indispensável para acesso ao conteúdo oferecido.

Em formulários de cadastro, mesmo em sites confiáveis, não preencha os campos que não são obrigatórios.

Atenção redobrada em sites de compras online, sendo que deve-se proceder com uma completa avaliação antes de prosseguir naqueles que não são conhecidos, pesquisando na Internet sobre a empresa e os comentários a seu respeito.

Na dúvida e diante da inexistência de informações complementares, não prossiga com a compra.

6. Atenção às fake news e desinformação.

Não acredite em tudo o que chega até você pela Internet. Não é porque consta algo em um site, necessariamente é verdadeiro.

A desinformação e as fake news não são apenas resultado da intenção de quem administra um site. É menos raro do que se imagina encontrar informações que não correspondem à realidade, porque o autor do conteúdo não efetuou uma verificação profunda da informação publicada ou mesmo porque baseou-se em fontes não confiáveis.

Até sites como Wikipedia, eventualmente contém dados imprecisos, lembrando que no caso o seu conteúdo é de caráter colaborativo, ou seja, qualquer pessoa pode editar ou incluir conteúdo.

7. Cautela nas redes sociais

As redes sociais são atualmente um dos principais acervos de dados pessoais dos usuários. Se você não consegue manter-se fora delas, ou não quer, é preciso cercar-se de alguns cuidados:

  • Não adicione qualquer pessoa, apenas porque recebeu uma curtida ou comentário, ou ainda porque é amigo de amigo. Há pessoas que deliberadamente socializam-se com várias pessoas que são mais permissivas das redes de alguém com quem querem aproximar-se;

  • Reveja as permissões e configurações de privacidade. Convém mantê-las tão restritivas quanto for possível, como por exemplo, permitir que apenas amigos vejam e interajam com suas publicações. Nem mesmo permitir que os amigos compartilhem, afinal não se tem garantia que os amigos são tão cuidadosos como nós somos;

  • Não as utilize como meio de autenticação para outros serviços / sites na Internet. Há alguns perigos reais em usar o Facebook com meio para acesso a jogos, aplicativos e sites. Tanto o Facebook passa a ter mais informações a seu respeito, como os jogdos, aplicativos e sites que usam-no como meio de acesso;

  • Acima de tudo e mesmo diante de configurações bastante restritivas, reflita antes de postar fotos, informações, localização e até mesmo comentários, especialmente nas contas de amigos que tenham perfis pouco restritos.

8. Computadores e Wi-Fi públicos

Evite ao máximo o uso de computadores públicos (ex: lanhouse) e Wi-Fi público.

No caso dos computadores, não há nenhuma garantia quanto aos acessos previamente feitos por meio do equipamento, nem quanto estar livre de malwares ou ainda se todas os cuidados relativos à segurança são tomados por seu responsável. Lembre-se que até mesmo o computador de um amigo pode estar exposto, afinal não são apenas pessoas desconhecidas que são vítimas de ameaças digitais.

Quando for absolutamente necessário acessar qualquer coisa por intermédio de um dispositivo estranho, ao concluir o acesso, faça logout e limpe o cache.

Quanto ao Wi-Fi público, mesmo que se tenha certeza de que o dispositivo que você usa é seguro e você tem comportamentos adequados, uma rede sem fio pública pode ter muitos problemas de segurança.

9. Vazamento de dados

O crescimento das ocorrências de vazamento de dados, só aumentam.

Mesmo algumas das empresas mais conhecidas e que investem em segurança, já foram vítimas desse tipo de problema. Isso porque o fator humano é uma das possíveis causas.

Não há nada que algum de nós possa fazer para evitá-los, mas há o que fazer para tentar amenizar as consequências quando e se acontecer:

  • É preciso estar atento às notícias sobre. Quando acontece, os sites especializados rapidamente divulgam. Além disso, as boas empresas quando são alvo, também costumam comunicar seus clientes;

  • Convém ter contas de e-mail gratuitas para diferentes tipos de sites / serviços em que se é cadastrado. Isso facilita quando um vazamento acontece, porque uma conta gratuita pode ser facilmente abandonada e uma nova criada;

  • Nunca use a mesma senha da sua conta de e-mail, para o cadastro em um site;

  • Entre em contato com a empresa e procure saber que dados foram comprometidos, se os dados são armazenados com criptografia e qual a causa do problema;

  • Altere a senha do serviço / site em que ocorreu o vazamento;

  • Quando disponível, use autenticação de dois fatores (2FA) ou multi-fator (MFA) tanto para o e-mail, quanto para o serviço / site no qual o vazamento.

10. Política de privacidade

Todo site que se adequou à LGPD, precisa ter e informar uma política de privacidade.

Quando você informa seus dados em um formulário, ou apenas navega por algumas páginas, dados são colhidos e tanto o que a empresa pode fazer com eles, quanto os direitos que você pode conceder a ela ou não, são regidos pela LGPD.

É por conta disso inclusive que há algum tempo no acesso a praticamente qualquer site apareça uma mensagem informando sobre cookies. O correto, é que o site além de informar que grava cookies, dê-lhe a opção de aceitar, decidir sobre que tipo aceitar ou negar todos. Poucos fazem o correto.

Outro ponto, é que ninguém lê políticas de privacidade ou termos de prestação de serviços. Isso precisa mudar, porque é nesses textos longos e chatos que a empresa é obrigada a dizer que dados ela colhe, armazena, o que faz com eles e por quais razões faz.

Conclusão

Privacidade na Internet está relacionado a segurança e a direitos fundamentais. Saber garanti-la e impedir sua violação, depende de algumas dicas práticas.

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