Controle Parental, a importância de seguir os filhos no mundo digital
Em um passado não muito distante, bastava uma bola, uma boneca ou um brinquedo qualquer para manter uma criança entretida por horas. Hoje, o que mais chama sua atenção, são as telas. Celulares, tablets, computadores e videogames se tornaram parte do cotidiano infantil e com eles, o acesso irrestrito ao mundo digital.
Ver uma criança de cinco ou seis anos navegando com desenvoltura, pode até constranger os pais menos familiarizados com os avanços tecnológicos, não é mesmo?
Mas essa habilidade, essa desenvoltura, não pode ser confundida com maturidade e discernimento plenos quanto ao que estão fazendo. Elas têm o mundo na ponta dos dedos, mas isso ao mesmo tempo pode ser fascinante e perigoso.
Você não deixaria seu filho sozinho em uma cidade desconhecida, não é mesmo? Então por que deixá-lo sem supervisão em um ambiente virtual que é ainda mais vasto, imprevisível e, muitas vezes, tão ameaçador?
É fato que a rede mundial de computadores é uma porta aberta para o conhecimento e para muitas coisas boas, mas também para inúmeros riscos, que vão desde conteúdos impróprios até ameaças reais à segurança física e emocional das crianças.
E por esse tipo de questões, que o controle parental deixou de ser uma opção e se tornou uma necessidade urgente.
Nesse artigo, vamos falar sobre como proteger nossos filhos nesse universo digital, não com medo, mas com consciência, participação e responsabilidade.
As mudanças que a Internet produziu
Aqueles que se tornaram pais na década passada – a segunda do século XXI – começaram a ter que conviver com uma realidade diferente daquela que seus pais e eles próprios experimentaram e tendo que olhar para as mudanças que o mundo moderno trouxe para a vida dos seus filhos.
Parte dessas mudanças, dessa nova realidade, que têm afetado direta e profundamente os hábitos dos seus filhos e dos próprios pais, tem um nome – Internet.
Ela fez surgir o conceito de mundo digital e é nesse mundo que é praticamente uma realidade paralela, uma realidade alternativa, que inclusive deu origem ao metaverso, no qual as crianças de hoje cada vez estão mais envolvidas.
Essa geração de nativos digitais, que nasceu e está crescendo em um momento histórico em que a transformação digital é intensa, está sob forte influência de tudo o que ela produz.
Obviamente que a Web implica benefícios diversos e inquestionáveis, como por exemplo, a democratização do conhecimento e isso ninguém discute. Porém, como quase tudo, há também o outro lado da moeda.
Nesse território sem fronteiras, sem os limites físicos que estávamos acostumados, também pode constituir uma via de acesso rápido e fácil a conteúdos não tão apropriados aos nossos filhos, ameaçando a sua integridade emocional e até física.
Em outras palavras, por razões semelhantes as que os nossos pais perguntavam, “onde você vai?”, “com quem você vai?”, “quem estará lá?”, “a que horas e como você volta?”, ou ainda “o que você vai fazer lá?”, nós agora temos que saber onde nossos filhos estão navegando, com quem estão falando, por quanto tempo e o que buscam encontrar.
As experiências, as informações, as relações e as influências que a Internet propicia, expõe de novas formas os jovens aos riscos com os quais nossos pais se preocupavam, na nossa realidade passada.
A diferença é que além dos riscos do mundo físico, há agora os riscos cibernéticos e inerentes à rede mundial de computadores.
Mesmo nós – os adultos – supostamente mais experientes e capazes de discernir a respeito de diferentes situações e nos defender dos perigos da Web, não raramente somos vítimas de golpes, fraudes, situações constrangedoras e uma lista razoavelmente extensa de ameaças à nossa segurança.
Cabe aos pais entender esse novo território, para orientar e proteger seus filhos com presença e consciência.
Com isso em mente, como esperar que uma criança de 8 ou 10 anos, mantenha-se imune aos riscos do mundo digital?
E se já não houvesse razões suficientes, há ainda o risco de desenvolvimento da dependência digital ou da nomofobia, o que sob muitas óticas, tem sido considerado um caso de saúde pública.
O que é controle parental?
Diante do que abordamos até agora, o controle parental se apresenta como uma medida essencial para os pais que desejam acompanhar, orientar e, acima de tudo, proteger seus filhos.
De forma semelhante ao que foi no passado, com o controle que nossos pais exerciam sobre o que fazíamos, é hoje também um acompanhamento próximo, mas utilizando ferramentas criadas para uma nova realidade, a qual a Internet ajudou a moldar e que coloca em ameaça a segurança de todos, mas particularmente das crianças.
É fundamental ter em mente que não se trata de cercear liberdades, de censurar ou de violar a privacidade dos jovens, mas de se importar com eles e zelar por eles.
De modo objetivo e resumido, o controle parental é recorrer a um conjunto de recursos, práticas, serviços e tecnologias que permitem aos responsáveis:
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Monitorar o que os filhos fazem e que conteúdos eles acessam na Internet;
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Restringir conteúdos impróprios ou inadequados para a sua faixa etária;
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Estabelecer limites de tempo de uso de dispositivos e aplicativos;
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Acompanhar interações em redes sociais, jogos e plataformas de mensagens;
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Receber alertas sobre comportamentos suspeitos ou perigosos.
Mais do que uma ferramenta de vigilância, o controle parental deve ser visto como um instrumento de educação digital, ou seja, uma forma de ensinar responsabilidade, segurança e senso crítico, desde cedo e inclusive preparando nossos filhos para serem cidadãos mais conscientes e críticos no mundo virtual.
Até situações aparentemente inofensivas, podem ter consequências importantes, como é o caso da publicidade dirigida ao público infantil.
Quais são os principais riscos digitais para crianças?
Nunca é demais ressaltar que as crianças ainda estão desenvolvendo o senso crítico, a maturidade emocional e as habilidades de autopreservação e, por essa razão, conhecer os perigos aos quais elas podem ser expostas, é o primeiro passo para preservá-los, para protegê-los.
As ameaças digitais são muitas e dados não faltam para fundamentar essa afirmação.
O tema é amplo e complexo e por essa razão não é nossa proposta esgotá-lo ou mesmo abordá-lo com profundidade, mas apresentar alguns poucos fatos que já são conhecidos de muitos, para que o seu filho, o meu filho, os nossos filhos, não passem a fazer parte das estatísticas e sejam a próxima vítima.
1. Sexting
O termo "sexting" é resultado da junção das palavras das palavras "sex" e “texting”. Em uma possível tradução, significa algo como "sexo por mensagens de texto".
Em termos práticos, é a troca de imagens, vídeos e áudio com conteúdo sexual usando diferentes ferramentas da Internet, como aplicativos de comunicação / bate-papo, mensagens de e-mail, fóruns e redes sociais.
Dependendo do contexto e das características presentes na comunicação estabelecida, é considerada como uma forma de assédio sexual.
Quando isso ocorre envolvendo uma criança ou um adolescente, eles podem ser pressionados ou chantageados para que iniciem a prática do sexting sob ameaças diferentes, como por exemplo, expor segredos que o jovem anteriormente revelou ou dados pessoais que não deveriam ter compartilhado.
2. Sextorsão
Essa ameaça frequentemente surge como consequência do sexting.
O cibercriminoso que faz sextorsão, em geral se aproveita do anonimato que a Internet favorece, tendo como objetivo enganar e conquistar a confiança das vítimas, obtendo dados pessoais, especialmente aqueles mais sigilosos e que podem servir como instrumento de chantagem ou coação de algum tipo, caso sejam revelados.
Outra variante consiste em infectar a vítima com um malware, o qual geralmente tem um objetivo malicioso, como por exemplo, acionar a webcam do notebook, de forma que a vítima acaba fornecendo imagens que o criminoso usa para chantageá-la e para pedir mais fotos comprometedoras.
3. Ciberbullying
O Ciberbullying é a modalidade virtual do bullying, que por sua vez é caracterizado como manifestações envolvendo violências diversas que se repetem por algum período. Geralmente são agressões verbais, físicas e psicológicas que humilham, intimidam e traumatizam a vítima de bullying.
Nessa modalidade de bullying, as próprias ferramentas e serviços da Web, como as redes sociais, servem para produzir, veicular e disseminar conteúdos de insulto, humilhação e violência psicológica contra o jovem.
4. Grooming
Grooming não é um termo dos mais conhecidos, o que não faz dela uma ameaça menor ou menos grave.
Grooming é um termo originário do inglês, que designa ação de aliciadores de crianças e adolescentes por meio da Web, com finalidades relacionadas ao sexo, que podem ser a produção de fotos, de vídeos e até mesmo o contato físico presencial e com finalidade sexual.
Geralmente leva algum tempo até que o criminoso consiga seu intento, porque primeiramente o aliciador precisava efetuar o contato, para então iniciar a fase da aproximação por meio da criação de vínculos de amizade e de confiança.
A atuação do aliciador consiste em entender quem é a vítima, como ela pensa e se comporta, quais os seus hábitos e horários, quem são as pessoas com as quais vive, tal qual uma relação de amizade se desenvolve. O objetivo é conseguir desenvolver a intimidade que há entre amigos.
Quando consegue essa aproximação, o aliciador começa, aos poucos, a introduzir temas de cunho sexual e nudez para testar a receptividade do jovem e gradativamente evoluir. É importante notar, que a medida que o criminoso alcança seu objetivo, para manter a vítima sob seu controle, ele pode fazer sextorsão.
5. Desafios online ou jogos
Os desafios ou jogos, consistem em uma série de desafios que precisam ser cumpridos pelos jovens participantes.
Geralmente realizados por meio das redes sociais, consistem de uma série de tarefas designadas pelos curadores – também chamados de administradores – cujas primeiras ações podem ser mais simples e parecerem mais inofensivas ou sem graves consequências, mas que visam envolver gradativamente seus participantes, conforme avançam no cumprimento de cada tarefa.
A recusa em executá-las por parte dos desafiantes – comumente chamados jogadores ou participantes – conforme há progressão no desafio, costuma gerar ameaças por parte dos curadores.
Esses desafios, normalmente cumpridos diariamente, podem levar a consequências graves, como fazer e publicar fotos e vídeos realizando alguma atividade, algumas das quais envolvem automutilação, ou até mesmo algo que ponha em risco a vida das jovens vítimas, como foi o conhecido “jogo” da Baleia Azul, o qual tem associado a ele casos de suicídio.
6. Happy slapping
Pode-se dizer que é uma variação ampliada do Cyberbullying, uma vez que compartilha de características semelhantes, mas ainda mais graves. A “bofetada divertida”, em tradução livre, é uma nova forma de violência cibernética praticada contra as crianças.
Dá-se quando um episódio de agressão ou de humilhação entre jovens é gravado e posteriormente colocado online e compartilhado por muitos outros jovens.
A vítima pode ser qualquer criança, escolhida na escola ou na vizinhança.
Graças às câmeras dos celulares e ao fato de que hoje praticamente todo jovem tem um, não é raro encontrar vários vídeos da mesma agressão em blogs e redes sociais e algumas vezes a popularização do conteúdo se torna viral, produzindo consequências ainda mais devastadoras nas vítimas do happy slapping.
7. Publicação e uso de informações privadas
É comum que crianças e adolescentes com perfil em redes sociais, postem diversos aspectos de sua rotina diária, como fotos do seu quotidiano (na escola, em casa, etc), selfies, informações pessoais, bem como dos amigos e das pessoas do seu convívio.
No Brasil, cerca de 83% de crianças e adolescentes que têm acesso à Internet, também têm perfis em plataformas como WhatsApp, Instagram, TikTok ou YouTube, revelou a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024.
Outro dado importante de acordo com a mesma pesquisa, é que 60% da população de 9 a 10 tem conta em ao menos uma rede social e 30% dos jovens entre 9 e 17 anos, já tiveram contato pela Internet com alguém que não conheciam pessoalmente.
Nesse cenário, não surpreende que existam crianças que publiquem informações sigilosas sem o conhecimento dos pais, muitas vezes sem se darem conta do risco que isso pode acarretar, as quais podem ser compartilhadas ou usadas com diferentes propósitos ilícitos e que podem colocar em risco a família e particularmente o próprio jovem.
Ensinar os filhos a proteger sua privacidade, é tão importante quanto ensinar a trancar a porta de casa.
8. Morphing
Menos popular por ser uma ameaça mais recente, é um termo inglês que significa mudar a forma e que consiste de copiar fotos disponíveis na Internet, em serviços diversos e redes sociais e realizar uma edição para produção de uma imagem pornográfica, sugerindo que a vítima é participante da cena alterada.
Com o avanço e popularização dos modelos de inteligência artificial, essa prática vem se tornando cada vez mais comum.
Apesar disso, essa forma de crime virtual é menos comentada, mas não menos praticada, porque na maior parte dos casos não circulam na superfície da Internet, mas sim na chamada Deep Web ou Web profunda, logo não são encontradas com uma simples pesquisa no Google.
O resultado pode ser devastador para a reputação e para saúde mental da vítima, mesmo que ela nunca tenha participado de qualquer conteúdo impróprio.
9. Check-ins
A prática de fazer "check-in" nas redes sociais, permite tanto conhecer os locais que a criança ou adolescente frequenta, como revelar os seus hábitos, horários e até mesmo o seu padrão de vida.
Isso a torna vulnerável e exposta a diferentes tipos de ameaças que vão além do mundo digital, como um “simples” assalto, e até mesmo aos crimes que representem uma ameaça a sua integridade física e a própria vida, como o sequestro.
10. Exposição a conteúdos impróprios
Mesmo com filtros, crianças podem acessar vídeos, imagens ou textos com violência, pornografia, discurso de ódio ou fake news.
Plataformas como TikTok e Instagram, por exemplo, podem sugerir conteúdos extremos por meio de algoritmos que priorizam engajamento em vez da segurança ou o que é pior, ignorando a faixa etária do internauta.
Esse tipo de exposição pode gerar confusão emocional, medo, normalização da violência ou até comportamentos inadequados. É essencial que os pais estejam atentos ao que os filhos consomem e conversem abertamente sobre o que eles veem no ambiente online.
11. Manipulação e desinformação
Crianças são especialmente vulneráveis à influência de conteúdos falsos ou distorcidos.
Influenciadores digitais podem promover padrões irreais de beleza, de consumo ou de comportamento. A capacidade de persuasão desses influencers, facilita ainda que esses jovens assumam como sendo verdadeiras, teorias conspiratórias e fake news e ainda as disseminem em seus círculos de contato.
Sem orientação, os jovens podem internalizar ideias prejudiciais, desenvolver baixa autoestima ou repetir discursos perigosos.
A educação digital deve incluir o desenvolvimento do senso crítico e da capacidade de verificar fontes.
12. Contato com desconhecidos
Jogos online, redes sociais e aplicativos de mensagens permitem que crianças interajam com pessoas fora do seu círculo familiar e social (escola, vizinhança, etc). Isso abre espaço para abordagens mal-intencionadas, como o aliciamento sexual (grooming), que pode começar com conversas aparentemente inocentes, entre outros tipos de manipulação.
É fundamental que os pais orientem os filhos sobre os riscos de conversar com estranhos e que utilizem ferramentas de controle parental para limitar e, principalmente, barrar interações dessa natureza.
13. Cyberdependência e uso excessivo
O uso prolongado de telas pode afetar o sono, o rendimento escolar, o humor e as relações familiares.
O vício em jogos, em redes sociais ou vídeos curtos, pode gerar ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentração, segundo muitos estudos e pesquisas, além das já mencionadas nomofobia e dependência digital, que é quando há o medo inconsciente de ser ver privado do aparelho celular e quando ocorrem prejuízos a sua vida pessoal, social ou profissional, pela necessidade – incontrolável na maioria das vezes – de utilizar os meios digitais.
Estabelecer limites de tempo e promover atividades offline, são alguns exemplos de medidas importantes para garantir equilíbrio e bem-estar.
Por que fazer Controle Parental?
Como vimos, os perigos vão muito além do conteúdo impróprio para menores, mas também envolvem manipulação, exposição indevida, chantagens e até riscos físicos reais. Por isso, o controle parental não deve ser visto como vigilância, mas como cuidado pró-ativo.
Diante dessa realidade que a Internet ajudou a criar, bem como das ameaças que as crianças e adolescentes e algumas vezes, a família inteira da qual ela faz parte, estão sujeitas, é fundamental realizar um controle parental consciente e efetivo.
A conscientização e a informação, são os primeiros passos para diminuir as chances de problemas decorrentes do uso sem limites da Internet.
Os efeitos da exposição a essas ameaças, podem ser percebidos pelos pais por meio de mudanças no comportamento dos seus filhos, na alteração do rendimento escolar, em mudanças injustificáveis no seu humor e na sua capacidade socialização, ou até no surgimento de quadros depressivos.
Uma alternativa menos invasiva e que não fira tanto a relação de confiança entre pais e filhos, é deixar o computador em lugar de uso comum da família, como a sala ou outra área comum da residência.
Mas apenas controlar o que seu filho faz no mundo digital, nem sempre é suficiente, diante da complexidade e diversidade das ameaças existentes.
Os filhos se comportam com base no que veem seus pais fazendo. Pais que passam muito tempo na Internet, tendem a ter filhos com igual comportamento. Só se consegue estabelecer um limite diário de uso do computador para o jovem, sem que isso implique contestar o que os pais fazem, se eles próprios puderem ser um modelo.
Mas nem sempre o diálogo, a compreensão e uma boa relação entre pais e filhos é suficiente e por isso, o controle parental deve existir como medida adicional e preventiva.
Como controlar o que seu filho acessa?
Se por um lado a Internet e a tecnologia podem parecer os grandes vilões dessa estória toda, também são a fonte de soluções que permitem aos pais realizar o controle parental efetivo e consequentemente diminuir a oferta de ameaças às quais uma criança pode ser exposta.
As opções são muitas e geralmente é importante adotar um conjunto delas, porque nenhuma isoladamente representará uma solução completa para todos os possíveis riscos e problemas.
Sistemas Operacionais
Os principais sistemas operacionais (Windows, Linux e MacOS), têm alternativas de controle parental, sendo que no caso do Windows e MacOs, os recursos são nativos para suas versões mais recentes.
No caso do Linux, varia de acordo com a distribuição Linux usada e por exemplo, o Ubuntu – que é uma das distribuições mais populares – não conta com um recurso nativo para limitar o acesso ao computador, mas instalar um programa com essa funcionalidade, é algo razoavelmente simples.
Já no Windows (Microsoft Family Safety) e MacOs (Tempo de Uso / Screen Time), o controle parental permite entre outras coisas:
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Especificar quais aplicativos as crianças podem acessar;
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Monitorar a atividade dos seus filhos na Internet e seus históricos de navegação;
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Bloquear o acesso a determinados sites;
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Mudar privilégios para acessar o sistema operacional;
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Limitar o tempo que a criança permanece no computador;
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Restringir funcionalidades como uso da câmera ou gravação de mídias;
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Estipular limites de compra e gastos nas Windows Store e App Store.
Assim como nos computadores, os sistemas operacionais móveis também oferecem recursos robustos de controle parental. Tanto o Android quanto o iOS contam com ferramentas nativas que permitem aos pais monitorar e limitar o uso dos dispositivos por seus filhos.
No Android, o principal recurso é o Google Family Link, que pode ser instalado gratuitamente e oferece funcionalidades como:
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Definir limites de tempo de uso para aplicativos e para o dispositivo como um todo;
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Bloquear ou permitir o acesso a sites específicos;
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Acompanhar relatórios de atividade e uso de apps;
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Gerenciar permissões de compras na Google Play Store;
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Criar contas infantis com restrições apropriadas à idade.
Já no iOS, o recurso nativo é o Tempo de Uso (Screen Time), disponível nas configurações do sistema. Ele permite:
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Estabelecer limites de tempo para apps e categorias de aplicativos;
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Restringir conteúdo impróprio com base na faixa etária;
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Controlar a localização do dispositivo da criança;
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Bloquear alterações nas configurações e instalação de novos apps;
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Definir limites para compras e downloads na App Store.
Essas ferramentas são intuitivas e eficazes, mas é importante que os pais conversem com os filhos sobre o motivo dessas restrições. O diálogo é tão essencial quanto a tecnologia na construção de uma relação saudável com o mundo digital.
Mecanismos de busca
Ferramentas como Google e YouTube oferecem recursos nativos para tornar a navegação mais segura para crianças e adolescentes. No Google, o recurso é chamado de SafeSearch, enquanto no YouTube, trata-se do Modo Restrito.
Essas funcionalidades permitem:
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Filtrar conteúdo adulto – imagens, vídeos e páginas com linguagem imprópria ou conteúdo sexual explícito são ocultados dos resultados de busca;
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Marcar conteúdo ofensivo – usuários podem sinalizar vídeos ou páginas que escaparam dos filtros, contribuindo para a melhoria contínua da plataforma;
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Exposição a fake news / teorias conspiratórias – apesar de não ser o foco principal, os filtros ajudam a evitar que crianças acessem conteúdos sensacionalistas, fake news ou conteúdos potencialmente perigosos;
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Evitar sugestões inadequadas – no YouTube, o “Modo Restrito” também afeta os vídeos recomendados, reduzindo a chance de que a criança entre em uma “espiral de conteúdo” impróprio por parte do algoritmo.
É importante lembrar que esses mecanismos não são infalíveis. Eles funcionam como uma primeira camada de proteção, mas não substituem o acompanhamento ativo dos pais.
Além disso, o SafeSearch pode ser forçado via configurações de rede, o que impede que a criança desative o recurso caso saiba como fazê-lo.
Para famílias que desejam um controle mais abrangente, vale considerar o uso de navegadores infantis ou extensões de filtragem de conteúdo, que oferecem níveis adicionais de segurança e personalização, bem como uma das medidas que indicaremos logo mais, os filtros de DNS.
Além de filtrar conteúdo adulto, ambos recursos possibilitam marcar conteúdo ofensivo para remoção
Modens e roteadores
Os procedimentos, bem como a disponibilidade de recursos dos modens e roteadores Wi-Fi, varia de acordo com a marca do equipamento e modelo, sendo necessário acessar a interface de administração do dispositivo para configurá-lo.
Porém, alguns são bem básicos e, portanto, podem não dispor dos recursos que mencionaremos a seguir:
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Lista de URLs – muitos modens e roteadores modernos, oferecem a possibilidade de efetuar a filtragem de acessos, podendo-se por exemplo, criar uma lista de URLs (endereços de sites) que não podem ser acessados. Em alguns casos, dependendo do modelo / fabricante, todos os dispositivos que se conectam à Internet por seu intermédio, ficam sujeitos a mesma filtragem;
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Mac Address / endereço IP – há roteadores oferecem a possibilidade de estipular diferentes níveis de filtragem para cada dispositivo conectado, com base no endereço Mac Address de cada dispositivo ou no endereço IP atribuído a cada um, no caso desse recurso ser fixo;
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Horário de acesso – já há uma boa variedade de modelos que roteadores permitem configurar períodos específicos em que determinados dispositivos (por IP ou Mac Address) podem se conectar à Internet. Isso é útil para limitar o uso noturno ou durante horários de estudo, por exemplo;
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Bloqueio de palavras-chave ou categorias – alguns modelos mais avançados permitem bloquear categorias de conteúdo (como jogos, redes sociais, pornografia) e palavras-chave específicas;
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Protocolos de Internet – também é razoavelmente comum equipamentos capazes de bloquear por protocolos de Internet (HTTPS, FTP, P2P, SMTP, entre outros). Isso é feito por meio de configurações avançadas de firewall e pode ser extremamente útil para o controle parental, especialmente em cenários mais técnicos ou com adolescentes que já têm maior domínio da tecnologia. Por exemplo, alguns jogos usam protocolos específicos (como UDP em determinadas portas), e bloqueá-los pode impedir o uso sem precisar especificar um site;
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Controle via aplicativos – muitos fabricantes já oferecem apps móveis que facilitam a configuração do roteador, tornando o processo mais acessível para quem não quer lidar com interfaces web complexas.
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Logs (registros) de atividade – alguns roteadores mantêm logs de acesso, permitindo que os pais vejam quais sites foram visitados e quando, embora isso dependa bastante do modelo.
Filtros de DNS
A filtragem por DNS é uma alternativa eficaz para controlar o acesso à Internet, funcionando como uma camada adicional de proteção contra conteúdos indesejados.
Tal como o controle feito por modens e roteadores, a filtragem por DNS pode abranger todos os usuários conectados à rede de computadores doméstica, mas com a vantagem de ser mais flexível e adaptável.
Essa flexibilidade permite duas abordagens principais:
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Configurar o filtro diretamente no modem / roteador e nesse caso todos os dispositivos conectados ao aparelho, passarão pela filtragem;
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Configurar o filtro no smartphone e/ou no computador usado pela criança ou adolescente.
A segunda opção é especialmente útil para manter o controle parental ativo quando o jovem estiver usando o celular em ambientes externos, como na escola ou na casa de amigos.
O que um filtro de DNS basicamente faz, é manter listas de endereços IPs cujo conteúdo inclua malwares, sites falsos destinados a crimes virtuais ou de phishing, pornografia, redes torrent, e até mesmo conteúdo que não ofereça risco imediato, mas que por alguma razão, podem ser considerados inadequados por critérios familiares ou educacionais.
Além disso, muitos serviços modernos oferecem DNS seguro, com protocolos como DNS sobre HTTPS (DoH) ou DNS sobre TLS (DoT), que criptografam as consultas e dificultam a interceptação por terceiros, aumentando a privacidade e a segurança da navegação.
Alguns desses serviços, também oferecem aplicativos próprios para Android, iOS ou extensões de navegador, facilitando a configuração em dispositivos móveis. Outros permitem criar perfis personalizados, com estatísticas de uso, horários de bloqueio e categorias específicas de conteúdo.
A seguir, apresentamos algumas alternativas conhecidas. A ordem é aleatória e não representa preferência ou qualidade superior:
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Comodo (Free Secure DNS);
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OpenDNS (OpenDNS Family Shield);
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CleanBrowsing (Free DNS Filtering);
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TitanHQ (WebTitan DNS Filtering and DNS Security);
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NextDNS (The new firewall for the modern Internet);
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Cloudflare (1.1.1.1 for Families)
Antes de escolher um serviço, é recomendável pesquisar avaliações de usuários, verificar os recursos oferecidos e testar a compatibilidade com seus dispositivos.
10 Apps para controle parental
Há um mundo além das quatro paredes das nossas casas. O que fazer quando a criança está na escola, na casa do amigo, do primo, ou em qualquer outra atividade externa e não é possível saber o que ela acessa?
Nessas situações, existem diversos aplicativos para celulares Android e iPhone (iOS).
Da mesma forma que os filtros de DNS, existem diferenças e propósitos que variam de acordo com o app escolhido, bem como a necessidade de controle que se necessite.
Por isso, não vamos indicar os melhores, cuja classificação pode ser subjetiva e variar de acordo com o que se pretenda.
Ao invés disso, apresentaremos algumas alternativas a partir das quais um pai interessado em exercer um controle parental, pode saber que tipo de informação ele é capaz de obter:
Esses aplicativos não substituem o diálogo e a confiança entre pais e filhos, mas podem ser aliados valiosos para garantir segurança e equilíbrio no uso da tecnologia. A escolha do app ideal depende do estilo de cada família e do nível de supervisão desejado
Conclusão
A Internet é sem dúvida um terreno fértil para muitas das facilidades do mundo moderno, mas também de algumas ameaças importantes, as quais podem trazer consequências graves a nós mesmos e principalmente aos nossos filhos. Por essa razão, é importante conhecer as ameaças às quais nossos filhos podem estar expostos e como realizar um controle parental visando diminuir a exposição a qual podem estar sujeitos.


