Controle Parental – monitorando as crianças na Internet!

No passado, especificamente na infância de muitos pais, tudo o que havia para uma criança, era um brinquedo, às vezes com um caráter pedagógico ou uma simples bola ou boneca e seria suficiente para ter sua atenção por um bom tempo.

Mas desde que um celular ganhou a capacidade de varrer o mundo e os computadores pessoais tornaram-se acessíveis a muitas famílias e ambos abrirem as portas da Internet, ver uma criança de 5 anos ou até menos mexer em um desses dispositivos, pode até mesmo constranger alguns pais menos familiarizados com tecnologias modernas.

Sim, elas têm literalmente na ponta dos dedos o mundo ao seu alcance, graças à Internet.

Mas você não deixaria o seu filho totalmente às soltas no mundo real, deixaria? E por que no mundo digital deveria ser diferente?

É disso que vamos tratar, o controle dos pais nos passeios virtuais que seus filhos fazem na Internet!

A Internet e o controle parental!

Aqueles que se tornaram pais na última década – a segunda do século XXI – começaram a ter que conviver com uma realidade diferente daquela que seus pais e eles mesmos viveram.

Parte dessa mudança que tem afetado direta e profundamente os hábitos dos seus filhos e deles próprios, tem um nome – Internet.

A Internet fez surgir o conceito de mundo digital e é nesse mundo que é praticamente uma realidade paralela, que as crianças de hoje cada vez estão mais envolvidas. São os nativos digitais. Aqueles que nasceram em um momento histórico em que a transformação digital é intensa.

Naturalmente a Internet implica em benefícios inquestionáveis, como por exemplo, a democratização do conhecimento e isso ninguém discute. Porém, como quase tudo, há o outro lado da moeda. Esse território sem fronteiras, pode levar a conteúdos não tão apropriados aos nosso filhos e ameaçarem sua segurança.

Basicamente pelas mesmas razões que nossos pais perguntavam “onde você vai?”, “com quem você vai?”, “quem vai estar lá?”, “a que horas e como volta?”, ou “o que você vai fazer lá?”, nós agora temos que saber onde nossos filhos estão navegando, com quem estão falando, por quanto tempo e o que buscam encontrar.

As experiências, as informações, as relações e as influências que a Internet propicia, oferecem por outros meios, os mesmos riscos com os quais nossos pais se preocupavam, na nossa realidade passada. A diferença é que além dos riscos do mundo físico, há o risco cibernético.

Mesmo nós – os adultos – supostamente mais experientes e capazes de discernir a respeito de diferentes situações e nos defender dos riscos que a Internet pode oferecer, não raramente somos vítimas de golpes, fraudes, situações constrangedoras e uma lista razoavelmente extensa de ameaças à nossa segurança, o que dizer da capacidade de ficar imune a tudo isso de uma criança de 5 ou mesmo 10 anos?

E se já não houvesse razões suficientes, há ainda o risco de desenvolvimento da dependência digital ou da nomofobia, o que sob muitas óticas, tem sido considerado um caso de saúde pública.

É isso que é o controle parental. Foi no passado o controle que nossos pais exerciam sobre o que fazíamos. É hoje também, mas utilizando ferramentas criadas para uma realidade em que a Internet ajudou a criar e que coloca em risco a segurança de todos, mas especialmente das crianças.

As ameaças digitais e as crianças

As ameaças digitais, são muitas e dados não faltam para fundamentar essa afirmação.

A questão é complexa e por essa razão não é nossa proposta esgotá-la ou mesmo abordá-la com alguma profundidade, mas apresentar alguns poucos fatos que já são conhecidos de muitos, mas que nunca é demais lembrar para que o seu filho, o meu filho, os nossos filhos não sejam a próxima vítima.

1. Sexting

O termo "sexting" é resultado da junção das palavras das palavras "sex" e “texting”. Em uma possível tradução, significa algo como "sexo por mensagens de texto".

Em termos práticos, é a troca de imagens, vídeos e áudio com conteúdo sexual usando diferentes ferramentas da Internet, como aplicativos de bate-papo, e-mail, redes sociais.

Dependendo do contexto e das características presentes na comunicação estabelecida, é considerada como uma forma de assédio sexual.

Quando isso ocorre envolvendo uma criança ou um adolescente, eles podem ser pressionados ou chantageados para que iniciem a prática do sexting sob ameaças diferentes, como por exemplo, expor segredos que o jovem anteriormente revelou ou dados pessoais que não deveria ter compartilhado.

2. Sextorsão

Essa ameaça muitas vezes tem íntima relação com a anterior.

O cibercriminoso que faz sextorsão, em geral aproveita-se do anonimato que a Internet favorece, tendo como objetivo para enganar e conseguir a confiança das vítimas, obtendo dados pessoais, especialmente aqueles mais sigilosos e que podem servir como ameaça de algum tipo se revelados.

Outra variante consiste em infectar a vítima com um malware, o qual tem o objetivo por exemplo, de acionar a web cam do notebook, de forma que a vítima acaba fornecendo imagens que o criminoso usa para chantageá-la e para pedir mais fotos comprometedoras.

3. Ciberbullying

O Ciberbullying é a modalidade virtual do bullying, que por sua vez é caracterizado como manifestações envolvendo violências que se repetem por algum período. Geralmente são agressões verbais, físicas e psicológicas que humilham, intimidam e traumatizam a vítima de bullying.

Nessa modalidade de bullying, as tecnologias presentes na Internet, como as redes sociais, servem para produzir, veicular e disseminar conteúdos de insulto, humilhação e violência psicológica contra o jovem.

4. Grooming

Grooming não é um termo dos mais conhecidos, o que não faz dessa uma ameaça menor ou menos grave.

Grooming é um termo originário do inglês, que designa ação de aliciadores de crianças e adolescentes através da Internet, com finalidades relacionadas ao sexo, que podem ser a produção de fotos, vídeos e até mesmo o contato físico presencial e com objetivo sexual.

Geralmente leva algum tempo até que o criminoso consiga seu intento, porque primeiramente o aliciador precisava efetuar o contato, para então iniciar a fase da aproximação por meio da criação de vínculos de amizade e confiança.

O objetivo é entender quem é a vítima, como pensa, seus hábitos e horários, quem são as pessoas com as quais vive, tal qual uma relação de amizade desenvolve-se. O objetivo é conseguir a intimidade que há entre amigos. A partir desse ponto o aliciador começa, aos poucos, a introduzir temas de cunho sexual e nudez.

5. Desafios online ou jogos

Os desafios ou jogos, consistem em uma série de desafios que precisam ser cumpridos pelos jovens.

Geralmente realizados por meio das redes sociais, consistem de uma série de tarefas designadas pelos curadores – também chamados de administradores – cujas primeiras ações podem ser mais simples e parecerem mais inofensivas ou sem graves consequências, mas que visam envolver gradativamente seus participantes, conforme avançam no cumprimento de cada tarefa.

A recusa em executá-las por parte dos desafiantes – comumente chamados jogadores ou participantes – conforme avança-se, costuma corresponder a ameaças por parte dos curadores.

Estes desafios, normalmente cumpridos um por dia, podem levar a consequências graves, como fazer e publicar fotos e vídeos realizando alguma atividade, algumas das quais envolvem automutilação, ou até mesmo algo que ponha em risco a vida das jovens vítimas, como foi o conhecido “jogo” da Baleia Azul, o qual tem associado a ele casos de suicídio.

6. Happy slapping

Pode-se dizer que é uma variação ampliada do Cyberbullying, na medida em que o envolve. “Bofetada divertida”, em tradução livre, é uma nova forma de ciber violência

Dá-se quando um episódio de agressão ou de humilhação entre jovens é gravado e posteriormente colocado online e compartilhado por muitas pessoas.

A vítima pode ser qualquer criança, escolhida na escola ou na vizinhança. Graças às câmeras dos celulares e ao fato de que hoje praticamente todo jovem tem um, não é raro encontrar vários vídeos da mesma agressão em blogs e redes sociais e algumas vezes a popularização do conteúdo se torna viral, impactando de modo ainda mais devastador.

7. Publicação e uso de informações privadas

É normal a própria criança ou adolescente com um perfil próprio em uma rede social, postar muitas coisas da sua rotina diária, como fotos do seu quotidiano, selfies, informações próprias, dos amigos e parentes.

A pesquisa TIC Kids Online Brasil, revela que 89% da população de 9 a 17 anos é usuária de Internet no Brasil, o que equivale a 24,3 milhões de crianças e adolescentes conectados e que destes, 78% possuem perfis nas redes sociais.

Outro dado importante de acordo com a pesquisa, 40% da população de 15 a 17 anos conversou por chamada de vídeo – já para crianças de 9 a 10 anos essa proporção é de 25%.

Nesse cenário, não surpreende que existam crianças que publiquem informações sigilosas sem o conhecimento dos pais, muitas vezes sem se darem conta do risco que isso pode acarretar, as quais podem ser compartilhadas ou usadas com diferentes propósitos ilícitos que podem colocar em risco a família e o jovem.

8. Morphing

Menos popular por ser uma ameaça mais recente, é um termo inglês que significa mudar a forma e que consiste copiar fotos disponíveis na Internet, em sites, blogs e redes sociais e realizar uma edição com uma foto pornográfica, sugerindo que a vítima é participante da cena alterada.

É menos comentada essa forma de crime virtual, porque na maior parte dos casos não circulam na superfície da Internet, mas sim na chamada Deep Web ou Web profunda, logo não são encontradas com uma simples pesquisa no Google.

9. Check-in's

A prática de fazer "check-in" nas redes sociais, permite tanto conhecer os locais que a criança ou adolescente frequenta, como revelar seus hábitos e até mesmo seu padrão de vida.

Isso a torna vulnerável e exposta a diferentes tipos de ameaças que vão além do mundo digital, como um “simples” assalto, e até mesmo crimes que representem uma ameaça a sua integridade física e a própria vida, como o sequestro.

Por que fazer Controle Parental?

Diante dessa realidade que a Internet ajudou a criar, bem como das ameaças que crianças e adolescentes e por vezes toda a família da qual faz parte, estão sujeitas, é fundamental realizar um controle parental.

A conscientização e a informação, é o primeiro passo para diminuir as chances de problemas decorrentes do uso sem limites da Internet.

Os efeitos da exposição do jovem a alguma das muitas ameaças, muitas vezes podem ser detectados pelos pais, em alterações no seu comportamento, baixo rendimento escolar, mudanças no humor e na sua capacidade socialização e até a depressão.

Uma alternativa menos invasiva e que não fira tanto a relação de confiança entre pais e filhos, é deixar o computador em lugar de uso comum da família, como a sala ou outra área comum da residência.

Mas apenas controlar o que seu filho faz no mundo digital, muitas vezes não é suficiente.

Os filhos comportam-se com base no que veem seus pais fazendo. Pais que passam muito tempo na Internet, tendem a ter filhos com igual comportamento. Só se consegue estabelecer um limite diário de uso do computador para o jovem, sem que isso implique em contestar o que os pais fazem, se eles próprios puderem ser um modelo.

Mas nem sempre o diálogo, a compreensão e uma boa relação entre pais e filhos é suficiente e por isso, o controle parental deve existir como medida adicional e preventiva.

Como controlar o que seu filho acessa?

Se por um lado a Internet e a tecnologia podem parecer os grandes vilões dessa estória toda, também são a fonte de soluções que permitem aos pais realizar o controle parental e consequentemente diminuir a oferta de ameaças às quais uma criança pode estar exposta.

As opções são muitas e geralmente é importante adotar um conjunto delas, porque nenhuma isoladamente representará uma solução completa para todos os possíveis riscos e problemas.

Sistemas Operacionais

Os principais sistemas operacionais (Windows, Linux e MacOS), têm alternativas de controle parental, sendo que no caso do Windows e MacOs, são nativos para suas versões mais recentes.

No caso do Linux, varia de acordo com a distribuição Linux usada e por exemplo, o Ubuntu – que é uma das distribuições mais populares – não conta com um recurso nativo para limitar o acesso ao computador, mas instalar um programa com essa funcionalidade não é algo trabalhoso.

Já no Windows e MacOs, o controle parental permite entre outras coisas, especificar quais aplicativos as crianças podem acessar, monitorar a atividade dos seus filhos na Internet e seus históricos de navegação, bloquear o acesso a determinados sites, mudar privilégios para acessar o sistema operacional, limitar o tempo que a criança permanece no computador, bloquear o uso da câmera, gravar CDs ou DVDs, limites de compra e gastos nas Windows Store e App Store, por exemplo.

Mecanismos de busca

Tanto o Google quanto o YouTube oferecem a opção de ativar uma busca mais segura, por meio da ativação do SafeSearch e Modo Restrito, respectivamente.

Além de filtrar conteúdo adulto, ambos recursos possibilitam marcar conteúdo ofensivo para remoção

Modens e Roteadores

A maior parte dos modens e roteadores a possibilidade de efetuar a filtragem de acessos, podendo-se por exemplo, criar uma lista de URLs (endereços de sites) que não podem ser acessados.

Em alguns casos, dependendo do modelo e do fabricante do equipamento, todos os dispositivos que se conectam à Internet por seu intermédio, ficam sujeitos a mesma filtragem. Outros oferecem a possibilidade de estipular diferentes níveis de filtragem para cada dispositivo conectado.

Os procedimentos, bem como a disponibilidade de recursos, varia de acordo com o equipamento e modelo, sendo necessário acessar a interface de administração do dispositivo para configurá-lo.

Filtros de DNS

Assim como a filtragem e controle por meio de modens e roteadores, o filtro de DNS é uma solução que pode abranger todos os usuários sob uma rede que utilize o recurso.

No entanto, essa é uma solução mais flexível na medida em que pode ser adotada para a rede toda, ou por cada dispositivo individualmente.

Um filtro de DNS é usado em substituição ao serviço de DNS padrão do seu provedor de acesso à Internet. Portanto, há duas possibilidades de uso:

  • Configurar o filtro diretamente no modem / roteador e nesse caso todos os dispositivos conectados ao aparelho, passarão pela filtragem;

  • Configurar o filtro no smartphone e/ou no computador usado pela criança ou adolescente.

A vantagem da segunda opção, é que o jovem estará com o conteúdo sob filtragem, mesmo quando estiver usando o celular longe de casa e mesmo em uma rede de terceiros.

O que um filtro de DNS basicamente faz, é manter listas de endereços IPs cujo conteúdo inclua malwares, sites falsos destinados a crimes virtuais ou de phishing, pornografia, redes torrent, e até mesmo conteúdo que não ofereça risco imediato, mas que por alguma razão, queira-se limitar o acesso.

Há diferentes serviços, gratuitos e pagos, com diferentes níveis e propostas de filtragem. É importante pesquisar e colher depoimentos de usuários antes de escolher um. A seguir apresentamos algumas alternativas populares, cuja ordem em que aparecem é aleatória e não indica necessariamente um melhor do que o outro:

10 Apps para controle parental

Há um mundo além das quatro paredes das nossas casas. O que fazer quando a criança está na escola, na casa do amigo, do primo, ou em qualquer outra atividade externa e não é possível saber o que ela acessa?

Nessas situações, existem diversos aplicativos para celulares Android e iPhone (iOS).

Da mesma forma que os filtros de DNS, existem diferenças e propósitos que variam de acordo com o App escolhido, bem como a necessidade de controle que se necessite.

Por isso, não vamos indicar os melhores, cuja classificação pode ser subjetiva e variar de acordo com o que se pretenda.

Ao invés disso, apresentaremos algumas alternativas a partir das quais um pai interessado em exercer um controle parental pode saber que tipo de informação ele é capaz de obter:

Conclusão

A Internet é sem dúvida um terreno fértil para muitas das facilidades do mundo moderno, mas também de algumas ameaças importantes, as quais podem trazer consequências graves a nós mesmos e principalmente aos nossos filhos. Por essa razão, é importante conhecer as ameaças às quais nossos filhos podem estar expostos e como realizar um controle parental visando diminuir a exposição a qual podem estar sujeitos.

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