Metaverso: o que é, exemplos, usos e possibilidades
Há quem diga que a primeira vez que tenha sido usado o termo, foi no livro de ficção científica Snow Crash, escrito por Neal Stephenson no ano de 1992, mas nos últimos anos e particularmente após um anúncio recente de Mark Zuckerberg, ganhou destaque e está na boca de todos – metaverso.
Se você é mais um que tem visto e ouvido o termo em todos os cantos, mas não sabe bem o que é, quer conhecer exemplos, entender como isso vai afetar nossas vidas e qual a sua importância, vamos esclarecer tanto quanto possível essas e outras dúvidas relacionadas ao tema.
O que é metaverso?
Metaverso é um neologismo resultante da junção das palavras meta e universo, sendo que meta é prefixo grego e que significa “além de” ou “depois de” alguma coisa. Logo, entre as possíveis explicações de metaverso, podemos admitir como “algo além do universo”.
Apesar de já ser usado e mesmo tendo sido ensaiado por diversas empresas há alguns anos, o conceito ainda apenas “engatinha”, mas revela um potencial gigantesco e alguns estudiosos afirmam que o metaverso é o futuro da Internet.
Para a maioria ainda não faz muito sentido.
Por enquanto assuma que se trata de toda situação que ocorre em uma versão alternativa e virtual do universo no qual estamos habituados a viver e no qual as coisas acontecem. Em breve ficará mais claro.
No primeiro filme da trilogia Matrix, Morpheus diz a Neo:
“Você já teve um sonho, Neo, que parecia ser verdadeiro?
E se você não conseguisse acordar desse sonho?
Como você saberia a diferença entre o mundo dos sonhos e o mundo real?”
Quem nunca acordou chorando, ou até mesmo gritando de um sonho que parecia tão real? Mesmo só acontecendo nos nossos cérebros e só existindo no mundo dos sonhos, as emoções, as sensações, as imagens e vivências, frequentemente parecem muito reais, por mais que se possa até mesmo voar neles, mas só existem nessa espécie de universo particular.
Visto assim, um sonho é uma forma – a mais antiga – de metaverso, pois é uma realidade alternativa, irreal e, portanto, virtual e em um universo que não é o que estamos acostumados.
E por falar em sonhos e Matrix, o enredo do filme é um exemplo de metaverso, mesmo que em nenhum dos três episódios o termo tenha sido empregado.
Os personagens “desconectados” da Matrix, que é uma simulação de universo alternativo, virtual e diferente do real, entram na Matrix e nela são capazes de interações e ações que não são possíveis no mundo real.
Também tal qual no filme e nos nossos sonhos, não há apenas um metaverso, mas muitos possíveis, como houve diferentes versões da Matrix, como a primeira em que “foi criada para ser o mundo humano perfeito, onde ninguém sofreria e onde todos seriam felizes”.
Assim, metaverso não é um universo virtual, mas muitos possíveis.
Criar um metaverso tão real e complexo como a Matrix, ainda não é possível com as tecnologias hoje disponíveis. Mas o princípio é o mesmo, ou seja, usar um conjunto de tecnologias – hardware e software – de tal forma que se tenha um universo alternativo e virtual, em que hajam interações coletivas e compartilhadas, diferentemente dos sonhos, que são individuais.
Mas mesmo nos restringindo ao campo dos sonhos, Hollywood já explorou esse universo de realidade virtual coletiva e compartilhada entre pessoas, mas sem uso de computadores, no filme A Origem.
Nele, os sonhos podem ser invadidos e assim, duas ou mais pessoas podem interagir nos sonhos tal qual na vida real, mas muitas vezes sem as regras do mundo real, da mesma forma que na Matrix.
Exemplos de metaversos
Para além dos exemplos de Matrix e A Origem, mas também relacionado aos filmes, entre outros, há mais dois exemplos.
O mais antigo e mesmo anterior ao livro Snow Crash, é o filme da Disney Tron: Uma Odisseia Eletrônica (1982), no qual um programador cujo trabalho era criar jogos de computador, é “capturado” pelo sistema de segurança da empresa na qual trabalhava e transportado para dentro de um dos jogos, onde ele passa a disputar os desafios presentes no game.
Mais recente, no filme de 2018, Jogador Nº 1, o protagonista que vive no ano de 2045, conecta-se ao universo de realidade virtual chamado Oasis, no qual experimenta situações diversas e bastante realistas e onde passa a viver uma trama que mistura a vida real e um desafio virtual.
Ao explorarmos situações reais e práticas além da tela do cinema, exemplos também não faltam.
Recentemente o jogo Fortnite juntamente com a cantora pop Ariana Grande, forneceram uma experiência imersiva aos jogadores, os quais ao chegarem a um ponto do jogo, poderiam participar com seus avatares de uma apresentação da cantora e interagirem como se todos estivessem presentes nos cenários dos jogos.
Não é a primeira vez que o jogo faz algo do tipo. Em outras ocasiões, marcas famosas usaram a plataforma para lançarem produtos e até a exibição de filmes e outros shows.
O fundador da empresa Epic Games – Tim Sweeney – que mantém o Fortnite, é um entusiasta do metaverso e recentemente levantou US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos para financiar seu projeto de metaverso.
O grupo musical pop ABBA, que foi sucesso na década de 70, mas que havia terminado e há 40 anos não realizava um show, fará uma apresentação chamada ABBA Voyage, em um espaço para 3000 pessoas, mas eles não estarão fisicamente lá.
Dezenas de câmeras, sensores, softwares de renderização 3D e potentes computadores, se encarregarão de produzir imagens holográficas do quarteto e sob a aparência que eles tinham quando pararam, para os fãs que forem ao show.
Pilotos de equipes de fórmula 1, como a Mercedes e Ferrari, fazem uso de simuladores que colocam os pilotos em situações muito próximas da realidade de qualquer pista de corrida, mas dentro das instalações das equipes.
Nesses dois últimos exemplos, não temos um metaverso típico, mas talvez apenas projetos de realidade virtual bastante sofisticados, uma vez que se diz – não oficialmente – que o simulador da Ferrari tenha custado 8 milhões de euros.
A San Unity Software Inc está desenvolvendo plataformas de serviços que vão permitir que as pessoas criem conteúdo especialmente para o metaverso.
Outras gigantes conhecidas, como a Nvidia, Microsoft, Google e Facebook, estão desenvolvendo tecnologias envolvendo hardware e software e que permitirão criar seus próprios metaversos.
No caso do Facebook, recentemente veio até mesmo o anúncio da mudança de nome da empresa que controla o Facebook, Instagram e WhatsApp e que agora, chama-se Meta e ostenta um logo que simboliza o infinito.
Já acontecem por meio de aplicativos de trabalho remoto, nos quais usuários fazem uso do Oculus Quest 2, reuniões em que os participantes aparecem em uma sala de reunião virtual, mas como avatares deles mesmos.
A quantia de 50 milhões de dólares foi destinada ao desenvolvimento do projeto de metaverso do Facebook e milhares de profissionais foram recrutados para integrarem o projeto.
Zuckerberg não dá muitos detalhes sobre suas ideias ou como ele imagina que serão suas redes sociais sob esse universo alternativo, mas ao pensarmos nas tecnologias que sua empresa vem desenvolvendo, somadas a outras já existentes e conhecidas, os recursos de participação nas suas redes sociais devem ser mais fáceis, mas ao mesmo tempo mais ricos e sofisticados, bem como deve ser uma experiência mais imersiva.
Aplicações, usos e possibilidades do metaverso
Não é apenas nas redes sociais, ou no mundo dos games que o metaverso encontra terreno para se desenvolver. Muitas das nossas situações quotidianas serão possíveis em universos virtuais e alternativos.
Considere um passeio ao shopping center, mas não o que é feito até hoje.
Você pode ter toda a planta do prédio e das respectivas lojas, com seus produtos dentro de um ambiente de realidade virtual e passear virtualmente, ver produtos que desejar em imagens 3D, ser atendido por um funcionário cuja representação é holográfica, ver como fica vestindo uma determinada roupa, por uma simulação e efetivar a compra por um processo de confirmação biométrica, tudo isso sentado a frente do seu notebook.
Esse é um exemplo bastante simples, mas viável com o que já temos hoje, mas representa o que pode se tornar praticável a mais e mais pessoas em breve.
Essas possibilidades foram abertas graças a avanços tecnológicos como a conexão 5G, processadores cada vez mais potentes, o IPv6, inteligência artificial e machine learning, a Internet das Coisas (IoT), a disponibilidade e ampliação do Cloud Computing, a realidade virtual e realidade aumentada.
A conciliação dessas e outras tecnologias, como por exemplo, os implantes neurais, aliadas ao grande poder de investimento das empresas mencionadas, podem fazer com que em um futuro não muito distante, você nem precise mais do smartphone ou notebook.
Os seus pensamentos vão desencadear ações.
Um óculos, alguns sensores, roupas inteligentes e equipamentos táteis, vão permitir que ações corriqueiras do mundo real, correspondam a consequências no mundo virtual. A sua última viagem de férias, vai aparecer na sua rede social preferida, de uma forma bem mais detalhada, bastando um “ok” dado por reconhecimento vocal.
Isso porque os óculos captarão automaticamente todas as imagens, armazenarão na nuvem, data, hora, temperatura, locais visitados, o que comeu no almoço e que passeio mais gostou, serão automaticamente capturados e registrados.
Quem sabe, seus amigos e parentes na mesma rede, vejam tudo isso em tempo real, tal como se estivessem na viagem com você e em vez do “joinha”, você os ouça comentando nos fones acoplados ao óculos e em vez de um emoji, as pessoas sintam sensações produzidas por tecidos inteligentes presentes nas roupas.
Além da ampliação das possibilidades e do que uma nova Internet vai nos viabilizar tendo o novos universos alternativos, muitas áreas podem serem beneficiadas, como a educação e a medicina, para citar apenas duas das mais relevantes.
Apesar das possibilidades verdadeiramente empolgantes e que podem trazer contribuições realmente importantes e não apenas no campo da diversão, também há preocupações e cuidados que precisam ser considerados.
Mais do que nunca a privacidade dos usuários e até mesmo sua segurança estarão sob ameaça.
Os riscos e ameaças da Internet que conhecemos hoje, ainda existirão e novos podem surgir e que vão depender do que está por vir. Se hoje a nomofobia e a dependência digital já são vistos como problemas sanitários importantes, qual não será o nível de envolvimento que as pessoas terão em um ambiente ainda mais imersivo e real.
Conclusão
Metaverso é a conjunção de tecnologias para produzir versões de universos virtuais, proporcionando experiências imersivas, coletivas e compartilhadas.