Quanto vale o seu tempo? Saiba antes que seja tarde
Difícil imaginar alguém que nunca tenha ouvido a frase “tempo é dinheiro” e mesmo quem não a tenha repetido em uma ou várias situações.
A célebre e conhecida frase “time is money”, atribuída a Benjamin Franklin, alerta para o valor que o tempo tem e a importância de usá-lo com sabedoria.
E esse é o foco de nossa conversa de hoje, ou seja, quanto vale o seu tempo?
Tempo é dinheiro?
Não, tempo não é dinheiro, por mais que a célebre frase faça muita gente acreditar que sim.
E para quem de fato acredita que seja, responda as perguntas: Por mais dinheiro que você tenha, você compra o tempo? Consegue recuperar o tempo perdido, ou seja, fazer o que deixou de ser feito no passado e ter o resultado dessa ação agora, mediante um valor monetário qualquer?
Não. Você pode até pode – em alguns casos – fazer o que deixou de ser feito, no presente ou no futuro. Mas ter agora o resultado do que deveria ter sido feito no passado, isso não.
Pode ser aquela faculdade ou o show da última turnê da banda que você mais gosta. Mas mesmo que ainda haja tempo e condições para colocar em prática algumas coisas, a verdade é que hoje você não tem o diploma exigido para candidatar-se a vaga que poderia mudar sua vida e nem viu ao vivo a banda que encerrou sua carreira.
Em alguns casos as condições hoje já não são as mesmas, ou porque você não tem mais a disponibilidade de tempo que tinha, ou tem outras responsabilidades prioritárias, ou qualquer outro conjunto de fatores que o dinheiro não é capaz de resolver ou comprar.
O sentido de “tempo é dinheiro”, é de que o tempo é valioso. Muito valioso! Mais até do que qualquer dinheiro e por isso, ele não tem preço.
Com isso em mente, voltemos à pergunta que é o nosso título…
Quanto vale o seu tempo?
Você já deve desconfiar que não esperamos ter uma resposta em termos de quantidade de reais ou de qualquer outra moeda ou bem quantificável.
A ideia é refletir sobre as coisas que você na condição de empresário, empreendedor, gestor ou qualquer outra posição, sem demérito a qualquer que ela seja, faz e quanto isso produz de resultado.
Esse sim – o resultado – pode muitas vezes ser quantificável e por essa razão, dar uma dimensão do valor que seu tempo tem para você.
Sob a ótica do empregador, ele imagina que sabe o quanto vale o tempo de cada colaborador. Por alguém que trabalhou em um dado mês 220 horas e recebeu R$ 2.200,00, o seu valor por hora trabalhada é de R$ 10,00, desconsiderados encargos trabalhistas, recursos consumidos pelo colaborador no desempenho de suas funções, seu espaço físico ocupado e outros custos diretos e indiretos.
Mas é mesmo tão simples assim?
Visto por outro lado, quanto o mesmo colaborador produz de receita, de forma direta ou indireta? Não seria esse o seu valor monetário?
E se esse mesmo colaborador abriu um negócio próprio com o que recebeu da sua rescisão? Ao passar da condição de colaborador para empreendedor, o “preço” do seu tempo é outro?
Indo além, imagine a situação em que o mesmo hipotético colaborador seja dispensado e até que um novo seja contratado, por ausência ou impossibilidade de alguém que desempenhe as mesmas funções, você faça o que ele fazia. Seu “preço” é de R$ 10,00 por hora trabalhada?
Muitos dirão que não. E não é apenas por eventualmente produzir um resultado melhor ou porque você é o dono do negócio e não se sujeitaria a entregar seu trabalho por tão pouco.
E sim pelo fato de que espera-se que na sua posição, suas responsabilidades perante o negócio sejam outras e enquanto você se ocupa do que deveria ser tarefa de outro profissional, o que você deveria estar fazendo pela empresa, não está sendo feito.
Pode ser aquela nova parceria que traria novos clientes e abriria novas perspectivas, ou a negociação que reduziria em 10% os custos com um determinado produto, ou ainda a participação em um webinar que o capacitaria para desempenhar como ainda não é capaz e ampliaria ainda mais os seus horizontes.
Não importa a situação, a verdade é que essa é uma condição muito comum em muitas empresas, especialmente naquelas em que os recursos não são tão abundantes assim e as contratações são adiadas, porque as receitas estão baixas e alguém está dando conta daquele trabalho temporariamente.
Agora não podemos contratar, é um motivo bastante comum de se ouvir, especialmente quando o segmento em que se atua não está aquecido.
No entanto, você já parou para pensar no quanto de receita você é capaz de produzir destinando o seu tempo àquilo que ninguém mais é capaz de fazer pela empresa, senão você mesmo?
Será que esse adicional não seria suficiente para contratar alguém e liberá-lo para fazer o que mais importa?
Em outras palavras, o seu tempo vale de acordo com a destinação que você dá a ele.
Por que as pessoas usam mal seu tempo?
Há uma série de razões pelas quais as pessoas fazem mal uso do seu tempo, mas muitas são contornáveis desde que se tenha em mente o real valor do tempo.
No ambiente empresarial, independente da consciência a respeito, os motivos mais comuns são:
1. Falta de confiança em delegar
É comum gestores que simplesmente não delegam certas atividades, porque acreditam que as pessoas não fariam da mesma forma que eles fazem, com a mesma qualidade. Em outros casos, ocorreram resultados ruins ou experiências desastrosas.
Mas os que pensam assim, se extrapolassem o mesmo raciocínio para toda a empresa, seriam uma empresa de uma pessoa só – o dono. O único capaz de fazer com o zelo, o carinho, a dedicação necessários para produzir um excelente resultado.
Mesmo que a desconfiança se confirme na prática ou existam ocorrências passadas que a respaldem, é preciso considerar se deixar de fazer o que deve ser feito tem menor custo do que delegar e ocupar seu tempo com aquilo em que você é mais caro para a empresa.
2. Não se sabe administrar pessoas
Há muitas lições de administração de pessoas que precisam ser aprendidas para se tirar o melhor de cada uma.
Esse é um aprendizado essencial a qualquer gestor por diversas razões, mas entre aquelas que mais influenciam o uso racional do tempo, temos:
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Desenvolve o conhecimento para contratar as pessoas certas para cada posição na empresa;
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Identifica e promove os talentos dos colaboradores para papeis-chave;
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Prioriza as coisas importantes;
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Simplifica processos e os otimiza em prol de resultados;
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Promove a comunicação eficaz;
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Confia em delegar tarefas, tanto porque há a pessoa certa, bem como ela tem talentos, o que realmente importa é conhecido, os processos para chegar aos resultados são ótimos e tudo isso acontece sob uma comunicação eficaz.
3. Priorizar entre o urgente e o importante
O gestor que se ocupa do que não é delegado a terceiros, acaba por deixar de fazer o que é importante e que um dia se torna urgente, como por exemplo, a perda de clientes e consequentemente, queda no faturamento.
Tudo que é importante, mas não é urgente, um dia pode se tornar urgente. E mais do que isso, pode ser tarde demais para resolver. É quando o dinheiro não pode comprar o tempo passado, ou as coisas que deveriam ter sido feitas, mas não foram.
O urgente invariavelmente é caracterizado pelos “incêndios” que precisam ser apagados nas empresas.
Algumas vezes o importante também é deixado de lado, por procrastinação – que é o ato de deixar para depois – e que se não tratado a tempo, um dia também será urgente.
Portanto, identificar e se concentrar no que é importante, é valorizar o que importa, por mais redundante que pareça.
4. Falta de recursos para contratar
“Nesse momento não podemos contratar” é das justificativas mais comuns em empresas com pouco fôlego financeiro, nas de pequeno porte e nas que são abaladas por crises financeiras.
No entanto, essa é uma das principais armadilhas responsáveis desperdiçar o tempo dos gestores e até mesmo dos donos de muitos negócios, já que eles se veem ocupados nas tarefas do colaborador que não pôde ser contratado.
O que muitos não enxergam, é que se dedicarem seu tempo no que é importante, nas atividades que são imprescindíveis para a empresa, nas coisas que mais produzem novas oportunidades e no que têm mais talento e que geralmente são as questões associadas ao crescimento, à competitividade, à produtividade, estarão direta ou indiretamente contribuindo para o faturamento e assim, gerando condições para contratar.
5. Administração do tempo
Administração do tempo não é fazer mais coisas no mesmo tempo, ou comprimir atividades para que “caibam” em uma unidade finita e imutável, que é o tempo.
Para aqueles que nunca se interessaram por administração do tempo, saber delegar, administrar de modo eficaz os recursos humanos, priorizar o importante, são alguns dos princípios de gestão do tempo.
Mas é também administrar o trabalho (as atividades), saber tomar decisões, identificar os problemas e aplicar as soluções, conhecer e instituir os conceitos de eficiência e eficácia e até mesmo investir na qualidade de vida no trabalho e pessoal do seu time.
6. Falta de treinamentos
As pessoas não erram porque querem, mas porque não foram devidamente capacitadas para atuarem de forma correta, eficaz.
Mas ao não saber como fazer, as pessoas não só erram, mas também levam mais tempo, não produzem os melhores resultados, ou até mesmo não fazem o que deveria ser feito, porque absolutamente não sabem.
Entre as muitas consequências da falta de treinamentos adequados, estão o retrabalho, baixa produtividade, problemas da não qualidade de produtos e serviços, insatisfação e má qualidade no atendimento, para citar somente os resultados mais imediatos e comuns.
O tempo gasto por pessoas que não são devidamente capacitadas, é mal gasto. Pior quando há problemas oriundos da insuficiência de capacitação e que por sua vez consomem tempo para serem resolvidos.
7. Ausência de planejamento
É extremamente comum vermos empresas nas quais há absoluta falta de planejamento. Nem o básico ou o mínimo, muito menos um planejamento estratégico e um plano de contingência.
A consequência disso, é que apenas reagem conforme as coisas acontecem.
Empresas e consequentemente profissionais que atuam reativamente, invariavelmente se veem diante de situações para as quais não estão preparados. São literalmente pegos de surpresa.
E sempre que isso acontece, precisam alocar tempo para resolver a ausência de recursos de todos os tipos (materiais, humanos, tecnológicos, financeiros, etc), porque a situação não era prevista, não foi planejada. Eis um novo incêndio para ser apagado!
Por outro lado, quando se planeja tudo o que vai ser feito, sabe-se antecipadamente o que deve ser feito, por quem deve ser feito, quando deve ser feito, como deve ser feito e quais resultados esperar. Há metas e há meios de torná-las alcançáveis.
E quando se tem um plano de contingência, os prováveis – ou seja, que podem acontecer – problemas que podem aparecer no meio do caminho, também já se tem ações previstas para tratá-los e os respectivos recursos.
É a tão falada e importante proatividade.
8. Princípio de Pareto (regra 20/80)
Resumidamente o Princípio de Pareto – ou regra 20/80 como também é conhecido – determina que 20% das causas são responsáveis por 80% dos resultados.
Ele é constatável em uma série de situações tanto nas nossas vidas pessoais, como nas empresas.
Na prática significa dizer que 80% dos resultados que você produz é resultante de 20% das suas ações. O lado preocupante dessa constatação, é que os outros 80% de ações, produzem apenas 20% dos resultados.
Ou seja, boa parte das pessoas são pouquíssimo produtivas em 80% do seu tempo.
Desperdiçam ou fazem mal uso do tempo, por uma ou várias das razões que vimos acima, ou ainda porque não têm motivação, ou não estão comprometidas, ou até porque não têm consciência de que na maior parte do tempo o trabalho que fazem, produz resultados tão pequenos.
Usar de modo eficaz o Princípio de Pareto, implica identificar o conjunto de coisas que produz os 80% de resultados e repeti-las. Mas é também ver tudo o que se faz e só resulta em 20% e reavaliar, melhorar e se for o caso, deixar de fazer.
9. Qualidade de vida
Quando falta qualidade de vida no trabalho, estamos diante de um sintoma e também de uma causa para mal uso do tempo.
Pode faltar qualidade de vida no trabalho – ou simplesmente QVT – porque muitas coisas não vão bem ou como deveriam e nesse caso é sintoma.
Por paradoxal que possa parecer, se você não tem tempo, vive correndo, apagando incêndios, resolvendo problemas, estourando prazos, comprometendo resultados, não atingindo as metas pessoais e as profissionais, levando mais tempo do que deveria para fazer as coisas, não há como desfrutar da eventual qualidade de vida que a empresa se empenha em proporcionar.
Mas muitas vezes porque falta QVT, isso acaba por comprometer os resultados e nesse caso, é causa.
É quando quem deveria se preocupar em prover um ambiente adequado para produzir, relega a segundo plano, ou até não acredita que seja importante.
Seja em um, seja no outro caso, produz-se um círculo vicioso que faz com que, por exemplo, 80% do seu tempo empenhado no trabalho, responda por apenas 20% dos resultados.
Conclusão
Tempo não é dinheiro. Ele tem o valor que se dá a ele e mesmo quando é mal empregado e produz baixos resultados, muitas vezes nem o dinheiro pode comprar.