O que é e a importância da Inteligência emocional no trabalho?
Entre as muitas características desejáveis no ambiente de trabalho, uma vem ganhando cada vez mais importância, sendo frequentemente uma habilidade decisiva para definição de um candidato em processos seletivos – a inteligência emocional.
Não temos a pretensão de esgotar o assunto, mas por meio do presente post é possível ter noções suficientemente boas do que é inteligência emocional, porque é importante nas empresas, entre outras abordagens relacionadas, para que aqueles que mais podem se valer dos seus benefícios, possam dar os primeiros passos no seu desenvolvimento.
O que é inteligência emocional?
Objetivamente, inteligência emocional – às vezes chamada apenas de IE – é o quão boa é a capacidade que cada indivíduo tem de administrar suas próprias emoções e das pessoas com as quais se relaciona, nas mais diversas situações quotidianas.
É sabido que as emoções sempre exercem influência naquilo que é feito, de tal forma que se alguém estiver sob elevado stress, o resultado pode ser duramente comprometido, independente do conhecimento que se tem para realização da respectiva tarefa.
E não é só em termos individuais, mas também no âmbito coletivo, que as emoções impactam os resultados, seja porque os próprios sentimentos de um indivíduo afetam os demais integrantes do grupo, seja porque esse mesmo indivíduo é afetado pelos sentimentos dos demais, além dos seus também.
Quanto maior for a capacidade de reconhecer e ter controle sobre as próprias emoções, bem como de identificar e saber reagir adequadamente aos sentimentos dos outros indivíduos, diz-se que mais inteligente emocionalmente é a pessoa.
Como surgiu o termo inteligência emocional?
Ao longo de todo o século XX, é possível encontrar vários trabalhos e estudos que reconheceram a influência que os fatores emocionais têm no desempenho, como por exemplo, a inteligência social, a qual estava ligada à habilidade nos relacionamentos das pessoas nos diferentes círculos sociais.
Entretanto, foi na Psicologia que o tema começou a receber a devida atenção, a tal ponto que muitos profissionais da área começaram a atuar especialmente nas atividades esportivas, ajudando atletas e equipes a administrarem seu lado psicológico e serem também mais saudáveis mentalmente, para colherem melhores resultados.
Mas foi apenas em 1990, em uma publicação na revista Imagination, Cognition and Personality, de autoria de Peter Salovey e John D. Mayer, que o termo inteligência emocional apareceu.
Mais tarde, em 1995, que Daniel Goleman, autor do best seller Emotional Intelligence, com milhões de cópias vendidas, em mais de 40 idiomas, foi responsável por popularizar o termo.
A obra, focada no comportamento humano, tinha uma abordagem e linguagem mais prática e acessível.
Foi a partir do livro, que também pela primeira vez se falou em Quociente Emocional (QE) e que tal como o Quociente de Inteligência (QI), também tem forte influência no que o indivíduo faz.
Aliás, segundo Goleman, o QE e a capacidade das pessoas em lidar com as emoções, pode ser um aspecto mais decisivo no resultado, do que o QI, ao afirmar que não adianta ter um quociente de inteligência acima da média, mas não saber lidar adequadamente com as próprias emoções.
Nesses casos, o resultado será inevitavelmente inferior.
Por que é importante ter inteligência emocional?
Quando se tem a compreensão do que é, parece desnecessário falarmos sobre a importância da IE, porém é essencial enxergar todas as vantagens que ela proporciona no ambiente quando presente.
Resumidamente, a importância da inteligência emocional no ambiente de trabalho, está relacionada com:
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Saúde mental – o primeiro e mais direto benefício de desenvolver inteligência emocional em todos os colaboradores, é a melhoria da saúde mental e o desempenho profissional resultante;
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Clima organizacional – as relações no ambiente de trabalho são muito dependentes dos sentimentos e comportamentos dos envolvidos e, portanto, quanto mais inteligentes emocionalmente eles forem, melhor tende a ser o clima organizacional;
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Comunicação – o equilíbrio nas relações de trabalho, menos situações tensas e relações interpessoais mais harmônicas, favorecem uma comunicação mais eficiente;
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Motivação – tanto como consequência dos benefícios acima, como por uma capacidade própria de cada indivíduo de administrar os próprios sentimentos, a motivação dos envolvidos tende ser maior;
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Produtividade – quanto mais vantagens acima houver, maior é a produtividade e menor o retrabalho;
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Relacionamentos – os relacionamentos externos, ou seja, com parceiros, fornecedores e clientes, também são beneficiados quando as pessoas que são a linha de frente desse relacionamento, têm um QE mais elevado;
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Turnover – outra métrica que é afetada positivamente como resultados da melhoria dos fatores acima, é o turnover (rotatividade de funcionários) que diminui.
Naturalmente que se o cenário se inverte, em vez dos fatores acima constarem como vantagens, tornam-se problemas, quanto menor for a inteligência emocional do grupo.
A importância da inteligência emocional na liderança
Mas se é altamente desejável que o capital humano da empresa tenha um bom QE médio, aqueles entre todos, que mais precisam ter essa soft skill, são os que ocupam os cargos de gestão.
Isso porque, os gestores desempenham vários papéis-chave:
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Quanto melhor o gestor souber lidar com suas próprias emoções e da sua equipe, melhor sua capacidade de administrar pessoas e tirar proveito dos talentos, capacidades, habilidades, conhecimentos, experiências e motivações delas para produzir os melhores resultados;
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Do eficaz exercício da liderança, é que vem os resultados das suas equipes;
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A liderança é responsável por promover as mudanças necessárias;
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Cabe a eles a retenção e gestão dos talentos sob sua liderança;
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São corresponsáveis – juntamente com o RH – por determinar o perfil – e, portanto, hard e soft-skills – dos membros da sua equipe;
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São importantes tomadores de decisões, as quais como é de se imaginar, são afetadas pelas emoções;
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Quando as inevitáveis divergências interpessoais e profissionais acontecem, é o gestor o primeiro e imediato responsável pela gestão de conflitos;
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As boas relações interdepartamentais, ou seja, com seus pares, dependem de gestores com elevado QE.
Se por outro lado, as lideranças têm baixa IE, além dos seus papeis serem severamente comprometidos, os gestores podem representar ou serem causadores de problemas às suas equipes, como por exemplo, assédio moral, burnout, depressão, deterioração do clima, etc.
O baixo QE, resulta em líderes sem nenhum equilíbrio no trato com sua equipe, falta de empatia, comunicação ruim, falta de respeito e autoridade, além de outras consequências praticamente irrecuperáveis.
Como desenvolver inteligência emocional?
Um aspecto extremamente relevante sobre a inteligência emocional, é que se trata de uma habilidade que pode ser desenvolvida.
Também é crucial que se tenha em mente, que não existe apenas um caminho para desenvolvê-la e que é um processo que não tem fim, pois é possível instituir melhorias sucessivas, como também é inesgotável a diversidade humana.
Geralmente é recomendável um acompanhamento profissional, como programas de desenvolvimento pessoal, coaching e mentoring (mentoria), no caso dos gestores.
Porém há alguns princípios que podem ser trabalhados pelos próprios indivíduos que buscam aprimorar sua inteligência emocional:
1. Desenvolver o autoconhecimento
O primeiro e mais importante passo na promoção da IE, é desenvolver o autoconhecimento e que por sua vez, consiste identificar as emoções que produzem influência positiva e reconhecer as emoções que afetam negativamente.
As primeiras (ex: bom humor, senso de cooperação, altruísmo, tranquilidade, etc), podem e devem ser usadas como pontos fortes na própria atuação e nas relações interpessoais e de liderança. São úteis e devem ser potencializadas.
Já o segundo grupo (ex: frustração, medo, ansiedade, raiva, etc), são as que precisam ser trabalhadas e controladas.
É essencial identificar as emoções negativas, quando elas vêm à tona, como elas são desencadeadas, de que modo afetam as relações e os resultados, quais os prejuízos em não saber lidar com elas, para então descobrir como controlar cada uma.
Praticar o autoconhecimento é um processo contínuo e, sobretudo, de honestidade e sinceridade consigo mesmo, para reconhecer o que normalmente não gostamos de admitir. O reconhecimento de um problema, é o primeiro passo para resolvê-lo.
2. Estabeleça prioridades
O estabelecimento de prioridades, consiste de eleger as emoções que devem ser tratadas com mais urgência.
Caso haja alguma que exerça uma influência negativa muito intensa e ou se manifeste com frequência, trate-a individualmente, já que muitas vezes não dá para mudar vários aspectos de uma só vez.
Lembre-se que muitas vezes é algo que faz parte de você por toda uma vida e sendo assim, não é algo fácil e rápido.
3. Defina um plano
É preciso se dedicar com paciência e perseverança, buscando eliminar quais são os fatores que desencadeiam as emoções que se quer controlar.
Ao conhecê-los e eliminá-los, não há mais razão para que aquela emoção surja ou quando ocorrer, seu controle é mais fácil.
Em alguns casos, cercar-se de pessoas que têm emoções opostas, também é um bom caminho, porque dá mais confiança e se é influenciado.
4. Não tenha receio
Teste-se em situações que normalmente o sentimento negativo apareceria.
Não tenha receio de errar. Aprender com os erros e tentar enfrentar os imprevistos, é uma habilidade importante para se desenvolver, superar a emoção negativa e crescer como pessoa.
Além disso, enfrentar situações de desafios e superá-las, fortalece a resiliência e aumenta a confiança em si mesmo.
5. Exercite a empatia
Reconhecer as emoções dos outros e encará-las de modo impessoal, da mesma forma que você fez consigo mesmo, é o exercício da empatia.
Essa competência permite que você se coloque no lugar dos outros, entenda suas motivações e seus pontos de vista, sem que tenha que abrir mão dos seus próprios ou se tenha que concordar com eles.
É por isso, que também consiste de um exercício de convivência, um exercício de tolerância com quem é diferente de você.
6. Saiba escutar e interpretar
Escutar é diferente de ouvir. Saber escutar, é estar atento a todos os elementos do processo comunicativo, incluindo as emoções do seu interlocutor.
É preciso dedicar plena atenção às pessoas, para compreender a fundo os seus sentimentos, especialmente aqueles que não estão evidentes, mas ocultos em comportamentos, na linguagem corporal, no tom de voz e na expressão facial.
Esse é um passo fundamental para identificar as emoções das pessoas.
7. Dê e peça feedback
Quando se fala em feedback como instrumento para promoção da IE, é que ele precisa existir entre pares e entre gestores e colaboradores, em ambos os sentidos.
Mais ainda, deve-se dar retorno e estar receptivo a recebê-lo de modo empático.
Ao promover um clima propício e impessoal para escutar os clientes internos, muitas barreiras comunicativas e que são geradoras de emoções ruins, são derrubadas.
Portanto, dê voz às pessoas e faça com que saibam que o que pensam é importante.
8. Negocie
Negociar é em parte ser diplomático. É desenvolver a habilidade de conciliação e de persuasão.
Quanto mais você for capaz de identificar os sentimentos envolvidos nas relações, mais chances terá de conduzi-las a um desfecho no qual todos saiam satisfeitos.
Conciliar, é buscar uma solução satisfatória e equilibrada para todos.
O exercício da persuasão, consiste em saber quais argumentos usar para satisfazer diferentes interesses e diferentes pessoas, levando em conta suas necessidades emocionais e buscando um acordo amigável aos envolvidos.
Considerações finais
Promover e desenvolver a inteligência emocional no ambiente de trabalho, já não é mais questão apenas de considerar um conceito interessante, mas sem efeitos práticos apreciáveis. É fato que a presença dessa habilidade – especialmente em nível gerencial – no material humano da empresa, é ainda mais importante que o conhecimento técnico, para os resultados da empresa.
Mas para que a IE passe a fazer parte do conjunto de competências das pessoas da organização, é essencial buscar o suporte de profissionais preparados na condução do longo caminho do autoconhecimento, como por exemplo, um mentor.
Esse processo de transformação interior, é o primeiro passo essencial no desenvolvimento da IE, cujos benefícios podem mudar a vida profissional – mas também pessoal – dos envolvidos e por consequência da própria empresa.
Conclusão
Ter e desenvolver inteligência emocional no ambiente de trabalho, consiste de uma habilidade mais importante que o saber, para os resultados da empresa.