Como ficam seus negócios com o fim das redes sociais?

Já não é de hoje que empresas de todos os portes e segmentos têm investido nas redes sociais para promover seus produtos, conhecer melhor e relacionarem-se com seus consumidores e para vender, mas e se elas chegarem ao fim, como fica o seu negócio?

Não, não é preciso desesperar-se e amanhã você não vai acordar com a notícia de que o Facebook ou o Instagram estão encerrando suas operações.

No entanto, existem uma série de indicadores e movimentos no segmento, que apontam que as coisas podem não continuar da mesma forma no futuro e que é preciso já considerar caminhos alternativos.

Será o fim das redes sociais?

Certamente não será o fim das redes sociais e muito provavelmente, tal como o Facebook sucedeu o Orkut, alguma rede fará o mesmo com aquela que já foi – não é mais! – a mais popular do mundo.

Isso sim – a perda da liderança para outras plataformas – é a única certeza que se tem, só não é possível cravar quando e quais os nomes que vão constar nas primeiras posições em um futuro próximo.

No máximo pode-se fazer algumas projeções, imaginar determinadas perspectivas e fazer algumas especulações.

Pode-se imaginar o futuro da Internet, mas há mais perguntas do que respostas concretas e seguras.

Mas entre tudo o que se sabe, é fato que as diferentes plataformas têm um tempo de vida e uma evolução caracterizada por uma rápida ascensão no número de usuários, um ápice e que é sucedido pelo seu inevitável declínio.

Foi assim com o já citado Orkut e com todas aquelas que assim como ele, já não existem mais.

Em fevereiro de 2022, foi amplamente divulgada a notícia da primeira queda no número de usuários mensais – aqueles que acessam ao menos uma vez no mês – na história do Facebook. Fala-se em perda de 500 mil usuários diários e passados alguns meses, embora menos acentuado, os números continuam indicando queda e adesão a outras redes, como o TikTok.

Outro dado que reforça a tendência, foi a primeira queda bilionária no faturamento daquela que foi a primeira rede de Zuckerberg e que somada à baixa no valor das ações na bolsa, fazem acender um alerta.

Provavelmente antevendo esse movimento e tentando reagir, bem como ditar as tendências, a empresa passou por um rebranding, mudou a marca para Meta e anunciou pesquisa e desenvolvimento de uma plataforma de metaverso.

Mas será que ser uma rede social baseada no metaverso será a solução para conter a debandada?

É preciso lembrar que não só o Facebook, mas outras redes sociais tiveram importante crescimento nos anos de 2020 e 2021, coincidindo com os períodos de maior isolamento social decorrente da pandemia e que justamente com o seu arrefecimento, vieram os indicadores negativos.

Ou seja, somos inclinados a crer que diante das restrições impostas, as pessoas tenham recorrido às plataformas tanto para socializarem-se, como também as empresas para fazerem negócios, mas com a volta a normalidade, deixam de serem essenciais, embora ainda tenham muita importância, como já tinham antes da pandemia.

Devemos reiterar que não se pretende criar alarmismos, até porque segundo reconhece a Meta, nas palavras de seu fundador, esse encolhimento na base de usuários diários, deve-se aos jovens, mais especificamente a geração Z (centennials ou centenários) e que aderiram ao “concorrente” chinês, pelo tipo de conteúdo mais atraente para esse público.

Da mesma forma que aconteceu com o Orkut, as gerações mais velhas devem ser as últimas a “abandonar o barco” e apagarem as luzes, o que significa que se sua empresa ainda aposta tudo no Face e no Insta e esse é o seu público, ainda tenha dois ou três anos para tornar-se expert e começar a construir sua presença nas plataformas que as sucederem.

Sim, começar de novo e a partir do zero! Parece exagero?

Suponha que entre os expoentes de um futuro próximo, tenhamos algo como o Clubhouse, uma mídia social baseada em áudio. O que você fará com tudo o que sabe sobre o Instagram em uma rede na qual os fundamentos, não são imagens e vídeo, mas áudio?

Pois é... A nova "queridinha" do público – quando despontar – e suas características, é que vão determinar os rumos que você trilhará!

Que lições tirar do “fim” das redes sociais?

O rápido e vertiginoso crescimento do TikTok e que nem é uma típica rede social, pelo menos em termos das características comuns à maioria, revela questões importantes:

Gerações, persona e público-alvo

As gerações Z (1997 – 2010) e Alfa (2010 – presente) são os abertos a experimentar o novo – os chamados early adopters – e aqueles que têm dado o norte quando se fala em tendências de redes sociais.

Muitas empresas têm dedicado especial atenção a eles, seja porque representam seus consumidores atuais ou o serão em pouco tempo, mas isso acaba em alguma medida incentivando um movimento que não é consciente por parte da maioria.

A persona ou o público-alvo para quem você tem que direcionar os esforços, é parte desses grupos? Ou você apenas segue as tendências e porque os dados apontam que a mídia social chinesa é a que tem o maior crescimento da atualidade, sua empresa começa a atuar nela?

Portanto, aprenda a conhecer quem é o seu cliente e seus comportamentos.

Conteúdo vs redes sociais

Um outro fator e que é mais intimamente associado com o fim das redes sociais, pelo menos nos formatos em que estamos acostumados, é que o destaque obtido pelas novas candidatas a protagonistas, está vinculado ao consumo de conteúdo e não por serem e oferecem recursos típicos de uma rede social.

Note que o diferencial do TikTok, são os vídeos curtos, de consumo rápido e tema ligado ao interesse do usuário, independentemente da pessoa que o criou, que pode ser um total desconhecido e vir do outro lado do mundo.

É uma recomendação feita por inteligência artificial e não com base na sua rede de relacionamento.

Tal característica – vídeos curtos indicados pela IA do algoritmo – foi copiada e vem ganhando mais peso na apresentação de novos conteúdos no Face e no Insta e até a interface vem assumindo aspectos semelhantes, gerando críticas abertas por parte de especialistas, analistas, profissionais que usam a plataforma, influenciadores e usuários, quanto ao “plágio descarado”.

Entretenimento

Mais um fator relevante e que relaciona-se com o anterior (conteúdo), é que o crescimento das mídias sociais e que é reforçado pelo ainda forte posicionamento do YouTube, é a função de entretenimento fácil e rápido, independente de conexões sociais.

São características dos jovens, que não estão dispostos a investir muito tempo em conteúdos, o consumo precisa ser fácil e não é preciso ser de alguém que ele conheça, mas que se for do mesmo grupo ao qual ele pertença, é suficiente, ainda que não seja imprescindível.

Aliás essa forma de consumo de conteúdo, em que o usuário escolhe o que, quando e quanto vê, mesmo sob influência de um algoritmo baseado em inteligência artificial, tem sido o calcanhar de aquiles de meios mais tradicionais, como as emissoras de televisão.

Fidelidade

Mesmo no cenário que essas gerações responsáveis pelo avanço de novas mídias sociais, sejam seus consumidores atuais ou futuros, você tem ciência de que tão rápido como deixaram a anterior e assumiram a nova, não hesitarão em fazer o mesmo ao surgir uma terceira que julguem interessante?

Os valores e aspectos que geralmente estão relacionados com a fidelidade a uma marca, produto ou serviço, estão menos presentes e são menos determinantes para eles.

Sendo assim, empresas que têm nessa fatia de consumidores, seus clientes constituídos e/ou potenciais, precisam estar cientes do elevado dinamismo que precisam ter para acompanhá-los.

Privacidade e segurança

Apesar de ser em menor em grau, outro fator de influência e que pessoas e especialmente governos têm sido mais exigentes, são as questões relacionadas à privacidade e que de novo, tem no Facebook um dos seus principais expoentes, primeiro com o escândalo da Cambridge Analytica e depois um grande vazamento de dados em que 1,5 bilhão de usuários teve seus dados comprometidos.

Mesmo que a empresa tenha alegado ter sido alvo de web scraping e estar processando os autores da “raspagem” na sua base de dados, se os dados estivessem protegidos como se espera, o vazamento não teria ocorrido.

A verdade é que redes sociais semelhantes, têm um modelo de negócios que se apoia na coleta e utilização de dados para lucrar e que fere frontalmente aspectos de privacidade e até questionamentos de ordem ética a respeito de alguns usos.

Como não depender do “fim” das redes sociais?

Ok, mas apesar de tudo, não parece razoável para todos os negócios que apostam e precisam das redes sociais, simplesmente abrir mão delas, certo?

O que fazer então?

Não existe uma resposta única e até a depender do negócio, as alternativas podem variar.

A começar pela persona / público-alvo para o qual sua empresa dirige seus esforços.

Pelo que vimos, se a maioria dos seus clientes é um baby-boomer ou quem sabe um millennial, além deles transitarem menos e em menor velocidade entre uma e outra rede, especialmente no caso do primeiro, mesmo sendo usuário de alguma, ele ainda é um consumidor que dá valor a um atendimento telefônico e atendimentos presenciais, ou seja, a Internet não é tudo.

Inclusive se esses são seus principais clientes, a empresa pode ser dar ao luxo de não se preocupar tanto com os rumos das redes sociais, mas precisa ser especialista em tratar dos nativos analógicos.

Também é preciso lembrar que há vida além da Internet e que nem todo mundo está nas redes sociais. Você sabia, que um em cada quatro brasileiros não tem nenhum tipo de acesso à Internet e três em cada dez, não está presente em NENHUMA rede social?

É claro que alguns deles são por mera questão socioeconômica, mas já existe um movimento que ganha volume de gente que mesmo podendo, prefere usar a rede com parcimônia e quando absolutamente necessário.

Por fim, mas não menos importante e voltando ao entendimento de quem são os seus consumidores, constituir uma ampla presença digital, significa não depender exclusivamente das decisões e movimentos de terceiros, construindo seu próprio patrimônio digital em seus próprios sites, sejam eles um blog, um site institucional, um e-commerce, ou o que for mais conveniente.

Conclusão

Depender exclusivamente e/ou em grau elevado das redes sociais, pode ter consequências severas nos negócios, quando o fim delas chegar.

 

 

 

 

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