Por que não usar inteligência artificial para conteúdo do site?

Desde que os mais variados exemplos de inteligência artificial passaram a merecer atenção por parte de todas as publicações de tecnologia, tem se falado onde elas podem ser úteis e o que podem fazer melhor do que as pessoas, como por exemplo, a criação de conteúdo de sites.

Basta uma rápida pesquisa e se tem uma relação sem fim de resultados de posts, artigos e listas de todo tipo, sobre o assunto.

Mas será mesmo que é possível destinar totalmente – e com vantagens – a criação de todo e qualquer conteúdo de qualquer site, às IAs?

Se você é mais um que se faz esse tipo de pergunta e mais do que isso, quer saber quando e os porquês de eventualmente não, acompanhe-nos nesse bate-papo!

Inteligência Artificial é uma realidade

A inteligência artificial como parte cada vez mais integrante das mais diferentes situações do nosso quotidiano, é uma realidade e, portanto, constitui uma inovação inevitável.

É preciso deixar bastante claro que nosso propósito aqui não é levantar nenhum questionamento quanto à sua adoção nos mais variados cenários, o que seria inútil e sem sentido.

Nem tampouco é nossa intenção demonizar o avanço das IAs sobre muitas áreas de trabalho e que se caracteriza como mais um capítulo da História, no qual o desenvolvimento da tecnologia rouba empregos das pessoas. Isso é algo que sempre aconteceu e não será agora que esse tipo de justificativa impedirá ou mesmo freará o seu avanço, por mais pertinente que seja a preocupação a respeito.

Cremos que mesmo diante das possíveis consequências, que são reais e que precisam ser consideradas, tal como acontece com qualquer tema que é envolto em alguma polêmica, simplesmente desconsiderar os possíveis benefícios, não é a solução.

Fosse assim, muita coisa deixaria de ser feita ou de existir.

A IA por si só não é boa e nem ruim. Conforme abordamos no blog post intitulado “Os perigos e ameaças das inteligências artificiais ao nosso futuro”, assim como uma faca, ela é apenas e tão somente um instrumento, que tanto pode ser extremamente útil em uma série de situações, como também pode servir para finalidades ruins.

Em outras palavras, tudo depende de quem a usa, quando usa, como usa e para que fins usa.

É preciso sim considerar as implicações negativas, porém por meio de debate e as consequentes medidas corretivas e preventivas, como por exemplo, regulação, controle e o que mais se julgar necessário.

8 razões para não usar IA na produção de conteúdo

Como deve ter ficado claro anteriormente, nosso papel não é afirmar que a inteligência artificial, por meio das inúmeras ferramentas que a utilizam, não deve servir em nenhuma situação para a produção de conteúdo para a Web.

Pode sim contribuir, porém essa é outra abordagem.

A ideia é considerar as circunstâncias envolvendo o site em questão e a partir das razões apresentadas, tomar a decisão que parecer mais acertada.

1. Ética

Não nos referimos aqui aos limites éticos que devem existir e nos eventuais – e necessários – mecanismos de controle e regulação que precisam ser criados.

Trata-se do compromisso ético com quem consumirá o conteúdo.

Tomemos os blogs como exemplo. Muitos dos mais populares e com maior audiência, alcançaram tal condição porque por trás deles, havia uma pessoa. Aliás, muitos desses blogueiros foram os primeiros influenciadores digitais, justamente porque seus seguidores consideravam suas ideias, suas opiniões, avaliações, as informações que davam, as experiências que acumularam.

Mas e se esse conteúdo em vez de ser elaborado pelo influencer, passa a vir de uma IA generativa? É respeitosa, é correta, é transparente essa atitude?

Ou seja, o leitor fiel acredita que consome conteúdo elaborado por uma pessoa como ela, mas que na verdade, é apenas um robô, ainda que bastante sofisticado.

Essas pessoas que em troca “pagam” pelo conteúdo, sendo influenciadas, dedicando seu tempo e a sua atenção, confiando e acreditando nos conteúdos, engajando-se por meio de curtidas, comentários e compartilhamentos, por causa da autoridade de alguém que estudou, que se formou, ou que adquiriu experiência, ou viveu diferentes situações da vida real e não por um conjunto de tecnologias.

Se quem consome seu conteúdo em alguma medida se assemelha a esse público, retribua com as “velhas” formas de criação de conteúdo.

2. Ranqueamento nos motores de busca

Se o ranqueamento nos motores de busca é uma preocupação importante, entregar conteúdo feito por máquinas, não é das melhores opções.

Note que objetivamente o Google adota uma posição razoavelmente neutra sobre a questão.

Bem antes disso, já que as orientações acima são de 2023, nós aqui no blog já havíamos abordado o assunto no artigo “Para quem você cria conteúdo? Robôs ou pessoas?”.

Bem resumidamente, se alguém considera usar IA para gerar conteúdo, levando em conta apenas o fato de que algumas dessas ferramentas são capazes de ranquear bem, então é bom reconsiderar.

Por outro lado, está tudo bem e vai ao encontro do que pretende o gigante das buscas, se a principal preocupação for a utilidade que o conteúdo tem para as pessoas.

3. Estilo

Nesse porquê, de certa maneira voltamos ao primeiro.

Quando vemos os youtubers mais bem-sucedidos e que muitas vezes foram antes blogueiros, cada um tem seu próprio estilo e que se caracteriza pela forma como se comunica, como coloca as ideias e sentimento em palavras, por sua expressão facial e corporal, pelo ritmo e entonação ao falar, enfim, um conjunto de aspectos únicos e que também são essenciais para a identificação com sua audiência para além da mensagem propriamente dita.

Mas até mesmo os veículos jornalísticos, para citar um exemplo bem diferente, têm também suas marcas próprias e que alguns chamam de linha editorial.

Em ambos – e em outros casos também – há um estilo de escrita próprio e possível de distinguir. Alguns até chamam de identidade.

Inclusive, os melhores profissionais de Marketing – seja o tradicional ou o Digital – a serviço das empresas, frequentemente trabalham para definir e imprimir um estilo de comunicação entre marca e clientes, em tudo o que fazem, dada a importância que isso tem.

Ainda que nas melhores ferramentas de IA generativa, seja possível escolher um estilo de escrita, o que fazem é apenas tentar “emprestar” um de alguém. Ou se preferir, é apenas uma cópia de padrões humanos, o que nem sempre fazem bem.

4. Pasteurização de conteúdo

Você já teve a sensação de ler sempre as mesmas coisas, mesmo tendo clicado em vários resultados das páginas de resultados dos sites de busca, as chamadas SERPs?

E não é porque as definições ou as respostas eventualmente presentes, necessariamente precisam ser muito parecidas.

A grande verdade é que mesmo antes da popularização do ChatGPT e das demais que prometem criar conteúdos os mais diversos, a prática do CTRL+C e CTRL+V, já estava bem disseminada.

Trocam alguns adjetivos, fazem algumas inversões de frases, usam sinônimos e mais alguns artifícios, mas no final ainda se parecem muito uns com os outros. Conteúdos sem originalidade, sem inovação nas abordagens e nos enfoques, sem tratar daquilo que ninguém se preocupou, ou que nem sabem explorar exemplos e analogias para tornar a compreensão mais simples.

Pois saiba que se você resolver entregar a produção de conteúdo do seu site a uma IA, é isso o que terá! Ou você acha que para cada concorrente que também usá-la, a ferramenta produzirá um conteúdo 100% inédito e personalizado?

E por falar em personalização, a IA conhece e se preocupa com a persona que frequenta seu site? Não há problema se seu conteúdo soar impessoal e desconectado dos seus clientes?

5. Plágio de conteúdos

Se alguém não sabe, o plágio de conteúdos não se configura apenas quando se copia ipsis litteris, em parte ou totalmente o texto de alguém.

Vários processos têm sido abertos no mundo todo, contra IAs por infração aos direitos autorais. Isso porque o processo de machine learning e deep learning faz uso de conteúdo da Web para treinar essas ferramentas e geralmente são usados trechos inteiros de conteúdos de terceiros, nas respostas que esses serviços que se propõem a ser generativos, entregam.

Se já não fosse um problema ser acusado de plágio, imagina que seu site e dos seus concorrentes tivessem conteúdos para um tema, quase idênticos. Como isso pareceria a um possível cliente que percebeu a “coincidência”?

6. Imprecisão, desinformação e fake news

Não é porque está na Internet, que é preciso, que é correto, que é verdadeiro. Nem mesmo em alguns sites teoricamente confiáveis, a informação contida tem a garantia de autenticidade.

Como acabamos de mencionar, o processo de treinamento / aprendizado das IAs, é baseado na Web, incluindo os sites cuja exatidão da informação não pode ser garantida e, portanto, os conteúdos gerados também estão sujeitos a erros e que a depender da natureza, podem ter consequências sérias.

Desinformação e disseminação de fake news, tem sido um grave problema e se seu site de alguma maneira fizer parte disso, pode afetar a marca, a sua reputação digital e tal como no item anterior, até mesmo sofrer ações legais.

7. “Economizar” ou fazer bem-feito?

Um dos argumentos daqueles que defendem o uso de inteligência artificial generativa em substituição às pessoas, como por exemplo, um ghost writer, é a economia que se faz e o ganho de produtividade que se tem e que também retorna na forma de mais economia.

Agora responda à pergunta: Quanto a Microsoft investiu na OpenAI e ChatGPT e quais os diferentes recursos e tecnologias foram necessários para viabilizá-lo?

Se você não sabe, oficialmente fala em 11 BILHÕES de dólares!

O que se pretende com a pergunta, é fazê-lo pensar em quantas empresas que estão oferecendo soluções supostamente fantásticas, por apenas uma pequena fração dos seus custos anteriores com conteúdo.

A verdade é que muitas são bem inferiores em termos de resultados, ao Bard ou ao Bing Chat. Outras, é preciso ainda maior cuidado, pois nem são típicas inteligências artificiais, mas apenas Marketing.

No final das contas, pensa-se estar fazendo uma “grande economia” para a empresa e o que se tem, é um resultado bem inferior ao que nem mesmo as IAs das maiores big techs ainda são capazes de entregar.

8. Facilitam, mas não substituem

É provável que em algum momento tenhamos geradores de conteúdo que façam tudo o que um redator web pode ser capaz e que não raras vezes, vai bem além de criar um texto a partir de um tema, palavras-chave e técnicas de SEO.

No momento, ainda é preciso passar todos os parâmetros para o sistema, verificar se o resultado final foi condizente com as expectativas, criar eventuais infográficos, imagens ilustrativas e outras possivelmente necessárias, fazer a revisão do conteúdo, incluir no sistema de publicação, responder aos comentários e fazer necessárias atualizações de conteúdo evergreen.

Ou seja, de fato uma solução de IA generativa pode facilitar o trabalho, mas não substitui 100% quem o faz atualmente.

Enquanto essa não for a realidade, alguém terá que fazer o trabalho que esses geradores de conteúdo ainda não são capazes. Mas quanto vale o tempo de quem fará isso?

Conclusão

Entre inúmeras possibilidades, a inteligência artificial promete revolucionar a criação de conteúdo para Web, mas há situações em que ainda não é possível.

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

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