Treinamentos: Como obter os melhores resultados?

Quantos treinamentos, cursos de capacitação, reciclagem, ou o nome que se quiser dar, são feitos e os resultados simplesmente não acontecem?

São raras as pessoas que podem dizer que participaram de algum evento cujo propósito era aprimoramento profissional e/ou pessoal em alguma matéria e que sentiram que perderam seu tempo e seu dinheiro, pois nada ou muito pouco mudou. Por que isso acontece?

Há um conjunto de aspectos fundamentais que se observados como devem ser, podem mudar radicalmente esse cenário. Vamos refletir juntos?

O que é um treinamento?

Parece desnecessário responder a essa pergunta. As perguntas óbvias, justamente por parecerem tão evidentes, recebem pouca ou nenhuma atenção. E é justamente aí que começa parte do problema.

Treinar, entre os muitos sinônimos, significa praticar e a prática de algo, pressupõe repetição. Como diz o ditado, “a prática leva a perfeição”.

É a repetição de algo, que ajuda no processo de automatização, de melhoria das destrezas, das habilidades necessárias, do aperfeiçoamento daquilo que é repetido à exaustão. A prática é fundamental para fixação do que foi apresentado, para tornar-se conhecimento consolidado.

Quantos treinamentos envolvem isso? Poucos!

Seja na condução do treinamento propriamente dito, seja após a sua conclusão.

Qual o problema dos treinamentos?

O primeiro problema dos treinamentos, é justamente esse – falta de prática, falta de treinar o que foi transmitido.

Por questões diversas, como tempo, custo e até mesmo disposição e envolvimento dos treinandos, eles não praticam, seja durante o próprio treinamento ou no seu dia a dia.

Geralmente um treinamento expõe aos participantes, conceitos, dados, ações, inéditos ou que não fazem parte do quotidiano pessoal e/ou profissional das pessoas. Se fosse algo sabido, conhecido, praticado, exercitado, não haveria o porquê estarem no treinamento.

Mas nada passa a fazer parte do quotidiano, se não tornar-se habitual. Um novo hábito leva tempo para se constituir como tal.

Pense nas coisas que você faz desde que acorda todos os dias. Vai ao banheiro, escova os dentes, toma banho, veste uma roupa, toma café da manhã, entra no seu carro ou vai ao ponto de ônibus. São coisas que são feitas, sem que se tenha que pensar em como fazer. Você as faz automaticamente. São seus hábitos.

Um hábito consolida-se com o tempo. Há estudos que apontam que a consolidação de um novo hábito leva em torno de 20 dias de repetição.

Pense em como foi acostumar-se com o novo caminho que teve que fazer ao mudar de emprego ou residência. E como é agora que já está habituado a fazer todos os dias o mesmo novo caminho.

Tudo isso para que fique claro que simplesmente ouvir sobre um novo conceito, não fará com que você o incorpore em sua vida se alguma atitude consciente e proposital não partir de você. E do facilitador ou instrutor do treinamento também.

Há muitos facilitadores, que simplesmente falam, falam e falam, mas não submetem os treinandos à prática dentro do ambiente de treinamento.

O segundo grande problema – e que em muitos casos chega ser o principal problema – é a obrigatoriedade.

Quantas vezes você participou de um treinamento porque foi “obrigado” por seu gestor imediato? “Vá lá e faça esse treinamento! Vai ser bom para você”. E o colaborador pensa calado: “Por que tenho que fazer isso?”.

É comum nesses casos – embora não devesse – que exista resistência do participante. Ninguém gosta de fazer algo contrariado ou simplesmente porque foi mandado fazer, ou porque não o fez de maneira espontânea.

Quando temos um cenário assim, algumas ou muitas vezes, há uma verdadeira sabotagem por parte do treinando.

Não é difícil identificar “participantes” nessas condições na sala de aula em um curso qualquer. Eles estão o tempo todo em conversas paralelas, olhando o celular, não perguntam, não respondem, estão desatentos, olham o relógio a todo momento e são os primeiros a sair no coffee break ou ao final das aulas.

Se pudessem, estariam em qualquer outro lugar, menos ali.

Como obter os melhores resultados de um treinamento?

Conscientização, motivação, objetivos individuais e coletivos são algumas palavras-chaves para solucionar os problemas dos treinamentos. Mas não é só.

Conscientização

O primeiro passo e talvez mais importante, é trabalhar a “obrigatoriedade” na participação dos treinamentos e que no fundo é um processo de conscientização.

É preciso mudar a chave. As pessoas não devem encarar como algo que têm que fazer, mas uma oportunidade que elas têm.

Por que um treinamento? Naturalmente pela capacitação.

Quem ganha com o treinamento? Em um primeiro momento, naturalmente é o gestor, o departamento, a empresa. Mas conhecimento não ocupa espaço. Conhecimento é patrimônio que acompanha o profissional onde ele for e para toda a vida. Isso habilita-o a candidatar-se a melhores ocupações e melhores salários.

Motivação

Uma das consequências imediatas do processo de conscientização, é a motivação.

Quando o treinando compreende que é o maior beneficiado de participar de treinamentos, é natural produzir graus crescentes de motivação, tanto porque ele se torna um profissional mais completo, como porque pode desempenhar melhor suas funções, ter ganhos maiores, aspirar melhores cargos, aumentar a produtividade, incrementar sua qualidade de vida, entre outros benefícios.

Envolvimento

O envolvimento da empresa deve ser maior do que simplesmente dar as condições para realização e participação dos colaboradores, seja pelo custeio do evento, seja pela dispensa das funções no período de participação.

Envolvimento significa decidir conjuntamente quais os temas de interesse, buscar as opções melhores e mais completas e até mesmo em alguns casos, a participação do gestor. Como um gestor pode “cobrar” e dar as condições para aplicação dos conceitos aprendidos, se ele pouco sabe sobre eles?

Ao participar mais ativamente do processo, o senso de equipe e o compartilhamento dos conhecimentos, são naturalmente favorecidos. Além disso, o gestor pode definir melhor a aplicabilidade do que foi aprendido no quotidiano da empresa.

Condições de trabalho

A empresa deve propiciar as condições para aplicação dos conceitos e matérias dos treinamentos, seja pela criação de novos procedimentos operacionais padrão que fazem uso do que foi aprendido, seja pela adaptação dos existentes.

Isso significa muitas vezes também infraestrutura e não apenas os processos. Podem ser novas ferramentas de trabalho, software, e equipamentos diversos, por exemplo.

Não é raro que um treinamento não frutifique, porque o profissional não encontra um ambiente de trabalho favorável à aplicação do que aprendeu.

Metodologia

Deve-se buscar não apenas pelo conteúdo programático, mas acima de tudo, a metodologia usada nos treinamentos.

Como mencionamos anteriormente, é fundamental a prática para incorporação de novos conceitos, tornando habitual o seu uso e facilitando os resultados obtidos.

Cursos e treinamentos são fundamentados em teoria, mas a prática é fundamental.

Objetivos

Estabelecer que objetivos individuais (do profissional) e coletivos (do departamento e da empresa) são perseguidos, é importante para dar sentido e ajuda no processo tanto de conscientização, como de motivação.

Para tanto, deve estar contido no planejamento estratégico da empresa, de forma que todas as peças chaves do planejamento saibam os porquês, quem, quando e como fazer.

Não é apenas escolher um tema que pareça interessante. Deve haver uma justificativa bem amparada para a escolha, como por exemplo, no quanto pode favorecer o atingimento das metas da empresa.

É deixar o que intuitivamente parece bom e passar fazer escolhas conscientes, planejadas.

Comportamento

As barreiras comportamentais são como vimos, importantes aspectos na incorporação dos conceitos aprendidos.

Nos casos mais sensíveis, podem ser necessárias abordagens menos convencionais e buscar metodologias mais específicas e orientadas a obtenção de resultados, como por exemplo, assistência por coaching.

Conclusão

É comum que treinamentos não atinjam os resultados que se esperam deles. Fatores ambientais, comportamentais e profissionais, se devidamente trabalhados, podem potencializar os resultados de qualquer treinamento, com ganhos para a empresa e para os treinandos.

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