Startups – O que são? O que é preciso para ser uma?
Acompanhar e, sobretudo entender tudo o que acontece no mundo, está cada vez mais difícil, tanto pela quantidade de informação nova, como pelos muitos termos que as acompanham.
Startups é um entre muitos desses termos, que embora não seja novo, consta frequentemente do noticiário, especialmente quando o assunto é tecnologia.
Você sabe o que é uma startup? O que diferencia uma startup de outras empresas? Por que elas recebem tanto destaque?
Saber responder a essas e outras perguntas relacionadas, não apenas permite que você compreenda melhor as notícias que envolvem em alguma medida as startups, como também pode lhe ajudar a iniciar um novo negócio que envolva o conceito.
O que é uma startup?
O primeiro passo é entender o que torna um novo negócio, algo classificável como sendo uma startup.
Dessa sentença anterior conclui-se que um dos diferentes fatores que permitem classificar uma empresa como startup, é ser uma nova empresa. As que são consolidadas em seus segmentos de atuação e que já estão há algum tempo no mercado, não podem ser chamadas assim.
Mas nem toda empresa nova é uma startup, embora tentar traduzir o termo possa causar esse tipo de confusão, já que a palavra start em inglês, signifique começar em português.
O termo não é novo e quando se lê algum material antigo de administração, é possível encontrar autores que já faziam uso dele no final dos anos 70 e início dos 80.
Mas foi na época em que um grande número de empresas de tecnologia, particularmente as relacionadas com a Internet, surgiu e desenvolveram-se muito rapidamente, culminando com o que se convencionou chamar de “bolha da Internet”, que ele ganhou “fama”.
Quando se observa o cenário da época e as empresas que foram designadas como startups, fica mais fácil compreender o que elas tinham em comum e consequentemente o que explica o que é uma startup.
Modelo de Negócio
Há muitas definições do que é um modelo de negócio. Algumas mais confundem do que esclarecem.
De tudo que existe a respeito, o que mais gostamos, é a que estipula que um modelo de negócio é o conjunto de características que determina como um negócio funciona.
Assim, uma loja física de produtos eletrônicos, tem um modelo de negócios diferente de uma loja virtual no mesmo segmento, porque a forma de comercialização de ambas, é diferente, bem como outras possíveis características e infraestruturas necessárias em ambos os negócios.
Geralmente startups têm modelos de negócios que não apenas são diferentes de outras empresas no mesmo segmento, como também costumam ser inovadores.
Mais do que isso, é comum que o produto ou serviço em si não seja a estrela principal, mas sim o valor que ele entrega.
Um exemplo clássico, que ajuda a compreender essa sutileza, é o Uber.
O serviço de transporte urbano de passageiros sempre existiu, desde que os veículos tornaram-se populares, mas as características de como esse serviço seria prestado a partir do surgimento do Uber, tornaram-no único e agregou valor ao que se tinha até então.
Aliás a empresa é também exemplo de uma startup – ela já não é mais uma – que deu certo.
Inovação
Não apenas a inovação no modelo de negócios, mas do produto e/ou serviço que a empresa pretende comercializar.
Essa é uma característica fundamental que diferencia uma startup de outras empresas que estão iniciando seus negócios.
É um fator que geralmente faz com que as pessoas associem startups como necessariamente empresas de tecnologia na área de eletrônicos e Internet, que são os segmentos em que novas tecnologias surgem com maior frequência e em grande quantidade.
No entanto, é possível encontrar startups em outros setores, como o agronegócio por exemplo.
Outro ponto associado a inovação, são as inovações disruptivas, ou seja, aquelas que iniciam pelos mercados marginais e os não considerados pelas empresas que controlam um segmento e que em um dado momento acabam por também dominar os nichos de atuação principais, afetando de maneira importante os players tradicionais e consolidados.
Mas é importante salientar que a inovação disruptiva não é condição necessária para enquadrar uma empresa como startup, embora o inverso muitas vezes seja verdade, mas também não é condicionante.
Mas se não há inovação – seja ela disruptiva ou não – então não é starttup.
Escalabilidade
Essa é outra característica associada e que tem a ver com o modelo de negócio também.
Startups têm um potencial de crescimento elevado e mais do que isso, sem que esse crescimento em termos de faturamento, produção e gerenciamento / administração do negócio implique em investimentos na mesma proporção.
Isso é ao mesmo tempo uma quebra de paradigma, na medida em que estamos acostumados a ver empresas e negócios que para trazerem mais receitas, exigem muitas vezes investimentos bem superiores ao retorno que podem dar no curto e até mesmo no médio prazos.
Portanto, o rápido e volumoso crescimento (aumento de escala) não exige a mesma proporção de investimentos de capital, de recursos físicos e humanos, ou mesmo outros recursos.
Isso explica em parte porque muitas startups apresentam taxas de crescimento muito acima da média comparativamente a empresas com modelos de negócios tradicionais e verdadeiros impérios serem constituídos em pouquíssimo tempo.
Facebook é talvez um dos exemplos mais célebres disso, o que também não significa que toda startup terá o mesmo êxito!
Repetível ou Repetibilidade
Ao mesmo tempo que é uma característica das startups, é também um conceito.
Como conceito, significa que o modelo de negócio permite ser aplicado para qualquer número de possíveis usuários ou clientes.
Em outras palavras, com um hipotético crescimento em escala global, não são necessárias alterações ou adaptações significativas para atender um enorme crescimento da demanda.
Ou seja, o modelo permite atender uma clientela local ou global da mesma maneira ou com ajustes pouco relevantes ou mesmo sem que nenhum tenha que ser feito.
É importante não confundir com não ter que investir ou mesmo trabalhar mais para atender um aumento na demanda, mas não ter que mudar o modelo de negócio para adaptar-se a uma realidade mais ampla.
Perspectiva futura ou cenário
Embora essa não seja uma condição necessária para classificar uma empresa como startup, pelo fato de geralmente contarmos com modelos de negócios inéditos, inovações – algumas vezes disruptivas – e por isso sem histórico, sem prognósticos baseados no passado ou na experiência alheia, não há como afirmar se a ideia ou projeto de empresa terá sucesso.
A perspectiva da empresa em termos futuros e o cenário são incertos.
Por conta disso, muitas vezes encontrar um investidor disposto a apoiar o projeto, é algo difícil.
Sem capital de risco que viabilize o modelo de negócios até que a startup comece a produzir receitas que signifiquem seu sustento, muitas naufragam. Algumas mal conseguem engatinhar.
Como alternativa, é comum ver muitas recorrem a crowdfunding ou financiamento coletivo e que é resumidamente a obtenção de financiamento por parte de vários financiadores – geralmente pessoas físicas – que com valores individuais e de baixo montante, produzem o total mínimo necessário para viabilizar o negócio.
Há também ideias que de tão promissoras, que a despeito das incertezas, conseguem arrecadar mais do que o que se propunha inicialmente.
Geralmente para lidar com esse cenário de incertezas, as startups criam o que conhecido como MVP (Minimum Viable Product) ou Produto Mínimo Viável e que basicamente representa a versão mais simples de um produto que mantém as características que o diferenciam como tal e que pode ser produzido a partir dos menores esforços de produção.
Como começar uma Startup?
Muita gente faz essa pergunta, principalmente após ver exemplos de empresas bem sucedidas que começaram como uma!
Se você leu atentamente tudo até aqui, já deve saber que não é fácil.
Isso não deve ser motivo para desanimar ou tampouco para abrir mão do projeto que você idealizou.
Ao contrário, um dos pontos em comum na maior parte das estórias de sucesso de gigantes de hoje que trilharam esse caminho, foi a perseverança e a resiliência dos empreendedores por detrás desses projetos.
Outros aspectos que aproximam muitos dos casos mais conhecidos, são:
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Solução – seu produto ou serviço, precisa solucionar problemas conhecidos e que os players constituídos não são capazes ou não se interessam em resolver;
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Valor – a solução que você pretende fornecer, precisa ter valor. Note que valor é um conceito subjetivo. O que pode ter valor para uns, pode não ter nenhum para outros. Seu público deve enxergar o valor da solução proposta e estar disposto a pagar pela solução;
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Inovação – já falamos sobre essa característica, mas dada a sua importância, é preciso ir além. Quem estaria disposto a investir em algo que alguém já faz? Isso precisa estar claro, tanto do ponto de vista do investidor propriamente dito, como do cliente em potencial, do contrário você será apenas mais um. oferecendo coisas que outros players constituídos já oferecem;
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Planejamento – startup não é sonho! O trabalho todo requer planejamento e método para se fazer as coisas. Sem planejamento – tão minucioso quanto possível – as chances de fracasso crescem na medida inversa, ou seja, quanto menos há planejamento, maior o risco;
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Objetivos – inclusive esse aspecto é intimamente relacionado ao planejamento. Não há como planejar uma viagem, se não se sabe para onde se vai. Mais do que isso, é importante determinar metas de curto, médio e longo prazos, bem como os mais diversos possíveis, como por exemplo, que segmentos pretende atuar, mercados em que pensa atuar, quando e quanto vender, para quem, etc;
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Viabilidade – apesar das incertezas e de não se poder estipular perspectivas futuras seguras, o projeto precisa se apoiar em aspectos que demonstrem que ele é viável, do contrário até mesmo o crowdfunding pode não ser obtido. Você próprio pode desanimar diante das menores dificuldades em avançar, se não há um mínimo de viabilidade no horizonte;
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Empreendedorismo – nem todo empreendedor inicia uma startup, mas toda startup requer um – ou muitos – empreendedor conduzindo-a. Se você não tem o espírito de empreendedor e não consegue reunir e liderar uma equipe que tem essa característica, será muito difícil progredir ou até mesmo começar;
Sejam lá quais as condições que você reúne para ser uma startup ou mais uma empresa iniciando um negócio, é preciso ter em mente que, ambos os caminhos exigem trabalho e profissionalismo. Ser ou não uma startup, não é garantia nem de sucesso, nem de fracasso.
Há exemplos dos dois lados que não chegaram lá. Mas há também muitos conhecidos, como Nubank, Quinto Andar e iFood, para citar apenas três de alguns dos casos de sucesso de startups brazucas mais famosas.
Conclusão
Uma startup é entre outras coisas, uma empresa que inicia em um segmento, conduzida por pessoas empreendedoras, com uma proposta de produto ou serviço inovador, apoiados em um modelo de negócios também inovador, com grande potencial de crescimento rápido e amplo, repetível e com um certo grau de incertezas, mas apostando em valor de suas soluções.