O que é uma Startup, características, desafios e como iniciar uma?

É praticamente impossível acompanhar as notícias do mundo dos negócios e em particular as que envolvem inovação, sem nos depararmos com o termo startup, não é mesmo?

Mas você sabe o que é startup? Qual a diferença dela para outras empresas? Por que elas recebem tanto destaque?

Se você quer as respostas para essas e outras perguntas comuns sobre o assunto, não pode perder o conteúdo desse post!

O que é uma startup?

O primeiro passo para compreender o conceito de startup é ter em mente que não necessariamente toda nova empresa é classificável como uma.

Apesar de muitas startups serem empresas com uma história de vida curta, essa não é um critério suficiente. É compreensível a confusão, afinal a palavra start, em inglês, significa “começar”, o que pode levar à interpretação de que qualquer empresa em início de atividade se enquadra nesse modelo.

Na prática, o termo startup já era utilizado em textos de administração desde os anos 70 e 80, mas só começou a ganhar espaço nas discussões da área, nos anos 90, quando um grande número de empresas de tecnologia – especialmente as ligadas à Internet – surgiu e cresceu de forma acelerada.

Inclusive, esse fenômeno bastante comum na época, foi o responsável pela chamada “bolha da Internet”, período em que o termo se popularizou e passou a ser associado a negócios inovadores, transformando empresas minúsculas em nomes de destaque em pouquíssimo tempo.

Ao observar o cenário daquela época, fica mais fácil entender o que essas empresas tinham em comum: eram jovens, sim, mas principalmente inovadoras, escaláveis e ágeis.

Essas e outras características – que veremos a seguir – explicam porque receberam a classificação de startups e continuam sendo os elementos que definem esse tipo de negócio até hoje.

Características comuns das startups

Embora cada startup tenha sua própria identidade, existem pontos em comum que ajudam a reconhecer esse tipo de negócio. Porém, vale ressaltar que para ser reconhecida como tal, não necessariamente todas as características devem estar presentes, mas quanto mais delas houver, mais típica será a sua classificação:

  • Inovação – esse é sem dúvida um fator presente em todas e é o que coloca as startups em evidência nos mercados em que surgem, ao apresentarem soluções inovadoras – não obrigatoriamente disruptivas – ou melhorias significativas em relação ao que já existe ou é praticado;

  • Escalabilidade – costumam se basear em modelos de negócio repetíveis e escaláveis, ou seja, que pode entregar o mesmo produto ou serviço repetidamente em escala e sem customizações importantes para cada cliente, além de crescer sem que os custos aumentem proporcionalmente;

  • Crescimento – a taxa de crescimento dessa classe de empresa, costuma ser muito superior quando comparada às demais empresas, mantendo a escalabilidade e sem mudanças importantes no modelo de negócio. Além disso, o crescimento acelerado ocorre por meio de investimento de fundos ou investidores (investidor-anjo, fundos de venture capital ou crowdfunding) que acreditam no projeto e o financiam;

  • Flexibilidade – conseguem se adaptar com facilidade e rapidamente (agilidade) às mudanças do mercado e ao feedback dos clientes, bem como pivotam – mudam de direção rapidamente quando o modelo inicial não funciona – facilmente;

  • Risco elevado – operam em cenários de elevado grau de incerteza, testando hipóteses e ajustando constantemente o modelo de negócio, devido ao caráter inovador, já que não há histórico e não há como prever com segurança como o mercado reagirá;

  • Tecnologia – frequentemente, mas não obrigatoriamente, fazem uso de tecnologias novas e de ponta, seja como base para as suas operações, para alcançar escalabilidade e para o desenvolvimento dos seus produtos / serviços;

  • Foco em impacto – a sua atuação costuma transformar o segmento em que ingressam – também fruto da inovação – ou inauguram novos mercados, indo além de atender apenas uma demanda pontual ou preexistente;

  • Cultura empreendedora – muitas startups se destacam pela cultura interna, baseada em equipes enxutas, foco em experimentação, tolerância ao erro e aprendizado rápido e que se manifesta pelo lema, “fail fast, learn faster”, ou “errar rápido, aprender mais rápido”, em português.

O que diferencia uma startup de uma empresa “comum”?

Quando fazemos um paralelo da realidade das empresas “comuns” em relação às características normalmente presentes nas startups, fica fácil enxergar porque são tão diferentes.

Característica

Startup

Outras empresas

Inovação

O aspecto da inovação na oferta de soluções ou de introdução de melhorias significativas, está sempre presente.

Tendem a seguir práticas já consolidadas, com pouca ênfase em inovação, a qual até pode estar presente, mas de forma menos enfática.

Escalabilidade

O modelo de negócio é repetível e escalável, buscando crescer rápido sem que os custos aumentem na mesma proporção.

Crescem de forma proporcional ao aumento de recursos e despesas, sem escalabilidade significativa.

Velocidade de crescimento

Tem como objetivo crescer rapidamente, geralmente com apoio de investidores.

Cresce de forma gradual e sustentável, sem grandes saltos e mais lentamente.

Flexibilidade e agilidade

Adapta-se rapidamente às mudanças e pode mudar de direção rapidamente quando o modelo inicial não funciona.

Segue processos mais rígidos e estruturados, com menor capacidade de adaptação rápida ou mudanças significativas no modelo.

Risco

Geralmente é um modelo de negócio inédito e por isso sem histórico, sem prognósticos baseados no passado ou na experiência alheia, operando em cenários incertos e imprevisíveis.

Atua em mercados existentes e mais previsíveis, com menor exposição aos riscos e incertezas.

Tecnologia

Embora não seja condição essencial, é frequente se apoiar em tecnologias novas e avançadas, nas suas operações ou para desenvolver seus produtos e serviços.

Pode e faz uso da tecnologia, mas como ferramenta de suporte, não como base importante do negócio.

Impacto no mercado

Busca transformar ou impactar significativamente o segmento de atuação ou até mesmo criar novos nichos de atuação.

Concentra-se em atender demandas já existentes de forma eficiente, buscando espaço em um mercado já consolidado.

Cultura empreendedora

Costuma romper paradigmas, com equipes enxutas, experimentação contínua, tolerância ao erro e aprendizado rápido.

Estrutura hierárquica tradicional, processos bem definidos e foco em estabilidade e previsibilidade.

Como nasce uma startup?

Tal como acontece com muitos negócios, uma startup também começa com uma ideia, mas conforme vimos, nesse caso se trata de uma abstração inovadora para resolver um problema ou uma maneira diferenciada de suprir uma necessidade que ainda não foi bem resolvida pelas demais empresas.

Mas transformar essa ideia em negócio exige mais do que disposição. O nascimento de uma startup costuma seguir alguns passos comuns:

  • Identificação do problema – toda startup nasce para resolver uma dor ou necessidade concreta dos consumidores. Quanto mais relevante for o problema, maior o potencial da solução;

  • Validação da ideia – antes de investir tempo e dinheiro, é essencial testar se a solução é viável e atende as necessidades do seu público. Pesquisas, entrevistas e protótipos são feitos para confirmar a validade da ideia e se há demanda;

  • Criação do MVP (Produto Mínimo Viável) – a etapa seguinte consiste em criar o MVP, que é uma versão simplificada do produto ou serviço, desenvolvida para testar hipóteses com clientes reais e coletar feedback rápido;

  • Primeiros clientes e ajustes – com o MVP finalizado, buscam-se os primeiros usuários. O feedback recebido orienta melhorias e pode até levar a mudanças de rumo, anteriormente mencionado pivot;

  • Definição do modelo de negócio – diante da viabilidade da ideia, a startup precisa encontrar uma forma de gerar receita de maneira escalável e sustentável. Essa etapa é crítica para atrair investidores e garantir o crescimento.

Vale mencionar, que diferentemente das empresas tradicionais, que geralmente já nascem com um modelo de negócio definido e voltado para estabilidade, a startup nasce em modo de experimentação, promovendo constantemente os ajustes que se fizerem necessários, até encontrar um caminho promissor para o crescimento desejado.

Riscos e desafios das startups

Especialmente para aqueles que têm espírito empreendedor, criar uma startup pode ser um trabalho empolgante, mas também envolve superar obstáculos importantes e que podem ser determinantes para o sucesso ou o fracasso do negócio.

De fato, ao observarmos muitas dessas empresas, é comum constatar:

  • Alta taxa de mortalidade – muitos negócios não conseguem passar dos primeiros anos de vida. A falta de validação da ideia, problemas de gestão, falta de interesse por parte de investidores ou ausência de mercado, são causas do encerramento precoce das startups;

  • Incerteza constante – consequência direta da inovação, é que não há histórico que sirva de referência, falta experiência ou aprendizado com os erros alheios, o que torna difícil prever resultados e aumenta o grau de risco;

  • Necessidade de adaptação rápida – os mercados mudam cada vez mais e rapidamente, exigindo que as startups sejam capazes de ajustar seu modelo de negócio na mesma velocidade e algumas vezes, com muitas mudanças. Essa capacidade é essencial, mas nem sempre fácil;

  • Concorrência intensa – a depender do mercado, as startups competem com empresas tradicionais já estabelecidas ou com outras startups que surgem ao mesmo tempo. Diferenciar-se e ser competitivo em um cenário assim, é um grande desafio;

  • Dependência de investimento – o crescimento acelerado normalmente depende de capital externo. Sem acesso a investidores ou fontes de financiamento, muitos negócios não conseguem decolar;

  • Gestão de pessoas e cultura – sem investimentos iniciais, o capital humano é reduzido e precisa lidar com alta pressão, prazos apertados, múltiplas funções e um ambiente de constante mudança. Exercer uma liderança orientada aos resultados e manter a motivação e o comprometimento, são desafios reais e importantes.

Formas de financiamento de uma startup

O crescimento acelerado que caracteriza as startups, geralmente exige recursos financeiros maiores do que normalmente os seus idealizadores são capazes de prover, razão pela qual é comum recorrerem a diferentes alternativas para levantar o capital necessário:

  • Bootstrapping (recursos próprios) – é o caso quando os empreendedores começam investindo o próprio dinheiro, recorrendo às reservas e aos seus bens ou contando com apoio de familiares e amigos. É uma forma de manter controle total, mas que pode atrasar o crescimento;

  • Investidores-anjo – esse é o termo atribuído às pessoas físicas que investem em startups nas fases iniciais, oferecendo não apenas capital, mas também experiência e conexões de mercado (networking);

  • Venture Capital (fundos de capital de risco) – os fundos especializados em startups cresceram após diversos casos de grande êxito, investindo em negócios com alto potencial de expansão. Geralmente entram em estágios mais avançados, em troca de participação acionária;

  • Crowdfunding – o crowdfunding é outro modelo frequente e que consiste de uma plataforma de financiamento coletivo, pelo qual os recursos são obtidos de várias pessoas ao mesmo tempo, seja em troca de participação societária (equity crowdfunding) ou recompensas ligadas ao produto (reward crowdfunding);

  • Aceleradoras e incubadoras – existem programas que oferecem investimento inicial, mentoria e infraestrutura em troca de participação ou apoio estratégico;

  • Editais e programas de inovação – menos frequente, mas também importante, há iniciativas governamentais e de algumas instituições privadas (ex: fundações) que por meio de editais, oferecem linhas de crédito, subsídio ou suporte estratégico em áreas específicas.

Tendências atuais em startups

Se você mostrou interesse no assunto, é porque sabe que o termo está cada vez mais presente no nosso quotidiano. Novas tecnologias, constantes mudanças sociais e muitas novas demandas de mercado, têm criado um ambiente repleto de oportunidades para modelos de negócio inovadores.

Entre as principais tendências que vêm ganhando força estão:

  • Inteligência Artificial (IA) – não é novidade para ninguém a quantidade de empresas que estão envolvidas com a inteligência artificial na automatização de processos, personalização de experiências, na criação de soluções mais eficientes e análise preditiva em áreas como saúde, educação, finanças, vendas e marketing;

  • Sustentabilidade e responsabilidade social – por conta da importância cada vez maior da pauta ESG, é crescente o número de negócios (impact startups) concentradas em buscar soluções mais sustentáveis, como energia limpa, economia circular, descarte de e-lixo e redução de desperdícios. Além disso, a responsabilidade social ampla, também ganha atenção, resolvendo problemas coletivos, como inclusão e acessibilidade, por exemplo;

  • Fintechs – as fintechs, empresas que inovam no setor financeiro, continuam em alta, oferecendo serviços digitais como bancos 100% online, meios alternativos de pagamento e soluções de crédito mais acessíveis;

  • Healthtechs – vem crescendo de modo consistente o número de empresas na área da saúde, que estão transformando o setor com telemedicina, dispositivos vestíveis (wearables) e plataformas de gestão de dados médicos;

  • Edtechs – a educação também é uma área vasta e promissora para inovação, com startups que oferecem plataformas de ensino online, realidade aumentada para aprendizado e soluções de educação corporativa;

  • Economia de dados – na era da informação, não surpreende o volume de negócios dedicados à coleta, análise e monetização de dados, ajudando empresas a tomar decisões mais estratégicas com base em big data e analytics;

  • Blockchain – apesar das oscilações e da timidez de algumas iniciativas, há startups explorando blockchain, criptomoedas e soluções descentralizadas, especialmente em áreas como contratos inteligentes (smart contracts) e tokenização de ativos.

Como começar uma Startup?

Muita gente faz essa pergunta, principalmente após ver exemplos de empresas bem-sucedidas que começaram como uma!

Se você leu atentamente tudo até aqui, já deve saber que não é fácil.

Isso não deve ser motivo para desanimar ou tampouco para abrir mão do projeto que você idealizou. Ao contrário, um dos pontos em comum na maior parte das histórias de sucesso de gigantes de hoje que trilharam esse caminho, foi a perseverança e a resiliência dos empreendedores por detrás desses projetos.

Entre os aspectos mais importantes para começar estão:

  • Solução – seu produto ou serviço, precisa solucionar problemas conhecidos de forma inovadora e escalável e que os players constituídos não são capazes ou não se interessam em resolver;

  • Valor – a solução que você pretende fornecer, precisa ter valor. Note que valor é um conceito subjetivo. O que pode ter valor para uns, pode não ter nenhum para outros. Seu o público precisa perceber valor e estar disposto a pagar por isso;

  • Inovação – já falamos sobre essa característica, mas dada a sua importância, é preciso ir além. Quem estaria disposto a investir em algo que alguém já faz? Isso precisa estar claro, tanto do ponto de vista do investidor propriamente dito, como do cliente em potencial, do contrário você será apenas mais um;

  • Planejamento – startup não é sonho! O trabalho todo requer planejamento e método para se fazer as coisas. Sem planejamento – tão minucioso quanto possível – as chances de fracasso crescem na medida inversa, ou seja, quanto menos há planejamento, maior é o risco;

  • Objetivos – inclusive esse aspecto é intimamente relacionado ao planejamento. Não há como planejar uma viagem, se não se sabe para onde se vai. Mais do que isso, é importante determinar objetivos de curto, médio e longo prazos;

  • Viabilidade – apesar das incertezas e de não se poder estipular perspectivas futuras seguras, é essencial validar hipóteses com MVPs e demonstrar que o projeto pode ser sustentável, do contrário até mesmo o crowdfunding pode falhar;

  • Empreendedorismo – nem todo empreendedor inicia uma startup, mas toda startup requer um – ou muitos – empreendedor conduzindo-a. Se você não tem o espírito de empreendedor e não consegue reunir uma equipe que tem essa característica, será muito difícil progredir ou até mesmo começar.

Sejam lá quais as condições que você reúne para ser uma startup ou mais uma empresa iniciando um negócio, é preciso ter em mente que, ambos os caminhos exigem trabalho e profissionalismo. Ser ou não uma startup, não é garantia nem de sucesso, nem de fracasso.

Há exemplos dos dois lados que não chegaram lá. Mas há também muitos conhecidos, como Nubank, Quinto Andar e iFood, para citar apenas três de alguns dos casos de sucesso de startups brasileiras mais famosos.

Conclusão

Uma startup é entre outras coisas, uma empresa que inicia em um segmento, conduzida por pessoas empreendedoras, com uma proposta de produto ou serviço inovador, apoiados em um modelo de negócios também próprio, com grande potencial de crescimento rápido e amplo, repetível e com um certo grau de incertezas, mas apostando em valor de suas soluções.

 
 

 

 

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