O que é ChatGPT, as polêmicas e o futuro da Internet?

Primeiro por conta das “Três Leis da Robótica”, ainda no longínquo ano de 1942 e mais tarde eternizado pelo computador HAL 9000, no clássico de ficção científica, 2001: Uma Odisseia no Espaço, produzido e dirigido por Stanley Kubrick e lançado em 1968, robôs e computadores capazes de aprender, pensar e decidir, não são conceitos exatamente novos.

Porém desde as ideias apenas restritas às obras de ficção, foi só nos últimos anos que de fato começamos a ver tais conceitos aplicados em nosso quotidiano e o mais recente exemplo – o ChatGPT – tem se destacado, tanto pelo estarrecimento causado pelo que já demonstrou ser capaz, como pelos possíveis desdobramentos da sua atuação, quanto por várias polêmicas surgidas dessa mesma atuação.

Por isso, a conversa de hoje pretende esclarecer o que é, como funciona e as possibilidades de futuro dessa ferramenta.

O que é o ChatGPT?

O ChatGPT é uma especialização do GPT-3 (Generative Pre-Training Transformer 3), criado pela startup de pesquisa de inteligência artificial com sede em San Francisco, a OpenAI.

Ele é muito mais do que uma simples combinação de chat de atendimento com um robô de internet (um chatbot), na medida em que baseia-se nos avanços mais sensíveis vistos até o momento quando o assunto é inteligência artificial.

Segundo Sam Altman – fundador da OpenAI – o processo de treinamento do deep learning no qual baseia-se a plataforma, foi supervisionado (Reinforcement Learning from Human Feedback (RLHF) ou Aprendizagem por Reforço com Feedback Humano) e teve como fontes para esse aprendizado profundo, conteúdos de toda a web, incluindo Wikipedia, sites de conteúdo, livros, blogs e até mesmo redes sociais, como o Twitter.

A diferença para o GPT-3, é a interface de comunicação baseada em chat, que é o meio pelo qual é feita a comunicação entre quem pesquisa e o ChatGPT.

O resultado impressiona.

Lançado em 30 de novembro de 2022, em apenas uma semana, mais de um milhão de usuários já haviam experimentado do que ele é capaz.

De simples definições para algumas perguntas mais simples ou resolver problemas matemáticos, passando por discussões mais complexas, evoluindo para redações e textos extensos e até criação de trechos de programas de algumas linguagens de programação como Python, algumas das respostas dão a impressão de haver um humano do outro lado, dada a fluidez e naturalidade da linguagem usada nas respostas.

As polêmicas em torno do ChatGPT

Ainda em fase de testes e apesar das ressalvas e alertas que existem no próprio site da OpenAI a respeito, ao mesmo tempo que a tecnologia tem dividido usuários entre o espanto e a admiração do que essa aplicação baseada em aprendizado profundo de máquina e inteligência artificial, também tem suscitado algumas polêmicas e questionamentos.

A primeira relaciona-se com os empregos que a tecnologia roubará, como é comum acontecer toda vez que algo semelhante é desenvolvido.

Mas essa é apenas a ponta do iceberg.

Em universidades americanas, professores já têm indícios de que alunos têm usado o ChatGPT para produzir seus trabalhos acadêmicos.

Outro ponto, é a garantia da exatidão das respostas, lembrando que o processo de treinamento e aprendizado, tem como base conteúdos da Web e que estes podem ser imprecisos, desinformar e até serem fake news.

Soma-se a essa questão, outro aspecto que já se observou em experimentos do tipo, como o Tay, o robô experimental de IA da Microsoft, que em determinado momento dos testes, começou a produzir respostas com teor racista e sexista. Ou seja, a depender dos conteúdos usados no aprendizado, as respostas podem ser enviesadas e preconceituosas.

A empresa ressalta que está trabalhando em implantar filtros para esse tipo de questão, bem como para uma série de outros temas sensíveis e conteúdos potencialmente inseguros.

Ou seja, o próximo ponto da evolução dessa e de outras ferramentas do tipo, envolve questões éticas e existenciais importantes, mas que já estavam presentes nas preocupações de Isaac Asimov ou na obra de Arthur C. Clarke, que deu origem ao filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.

Mas entre todas as ressalvas ao quão positivo e os ganhos que usuários e até mesmo empresas podem ter com esse tipo de tecnologia, há outra pergunta que tem como alvo um dos gigantes da Internet e até mesmo sua continuidade da forma que estamos acostumados...

O ChatGPT é ameaça ao Google e ao futuro da Internet?

Especialistas têm colocado em xeque o modelo de negócio do Google e até certo ponto o futuro da própria Internet nos moldes atuais a se confirmar a consolidação do ChatGPT e possíveis similares.

Isso porque para muitas das pesquisas que fazemos, um aprimoramento do ChatGPT poderia literalmente tornar as pesquisas ao site de buscas mais popular da rede mundial, totalmente dispensável.

Sim, porque em vez de sair clicando nos vários links das páginas de resultados – as SERPs – e procurando e avaliando os conteúdos acessados, com essa ferramenta teremos a resposta de forma mais direta. Economia de tempo e de trabalho e que certamente para a maioria dos usuários em muitos casos, seria muito mais prático.

É preciso lembrar que apesar do Google já ter diferentes fontes de receita, boa parte ainda apoia-se no mecanismo de busca.

Mas não seria apenas o Google que perderia na eventualidade disso ocorrer.

Há anos que muitos sites aprenderam e criaram mecanismos para garantir audiência e, portanto, sua razão de ser, a partir de SEO e SEM. Como trazer visitantes sem Google, Microsoft Bing ou quaisquer outros sites de busca, se eles não são mais necessários?

Mais do que isso, por qual razão um blog ou qualquer tipo de site de conteúdo seria acessado, se a informação que os possíveis interessados torna-se disponível de forma mais direta e rápida?

Sem visitação, tornam-se sem efeito estratégias para produzir engajamento, conversão, monetização e o que mais conseguir se lembrar.

Em função disso, há até quem cogite que essa é a principal razão pela qual o Google ainda não tenha lançado a sua própria ferramenta, o Switch Transformers e que tem como parâmetros de treinamento um arsenal muito superior de dados.

Afinal, seguindo o mesmo raciocínio, para muitos usuários tornar-se-ia inútil visitar a maioria dos sites e eles perderiam sua função. Sem site, de onde haveria a coleta e o aprendizado da informação?

Seria como acabar com sua própria essência!

Conclusão

O ChatGPT é o novo avanço tecnológico que pode ao mesmo tempo revolucionar o consumo de conteúdo na Web e determinar a sua extinção.

 
 

 

 

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