O que é Internet das coisas (IoT) e exemplos do seu uso
As mais diversas projeções existentes, estimam que em 2025 deveremos ter algo entre 45 (umas mais e outras menos) de dispositivos conectados à Internet, sendo que a população do planeta deve ser pouco superior a 8 bilhões.
Você deve estar se perguntando por qual motivo haverá mais de 5 vezes conexões feitas do que pessoas, certo?
A resposta é: por causa da Internet das Coisas!
Se você não sabe o que é, ou até já ouviu falar mas sabe pouco a respeito, chegou a hora de mudar isso…
O que é a Internet das Coisas?
A Internet das Coisas, também comumente chamada apenas de IoT, que é a abreviação em inglês de Internet of Things, é o conceito de algum nível de conectividade com a Internet, por parte de uma ampla variedade de dispositivos.
É aqui que as coisas “complicam”, mas não porque o conceito seja difícil de ser compreendido, mas por conta de algumas particularidades e fatores envolvidos.
Mas não se preocupe, pois logo tudo ficará claro.
O “comum”, é que pessoas acessem a Internet, ainda que por meio de um dispositivo, que pode ser um desktop, um notebook, um smartphone ou ainda um tablet, certo?
Em outras palavras, para que o acesso ocorra, há uma ação de uma pessoa. Seja abrindo um navegador e acessando um site, seja checando suas mensagens em um cliente de e-mail, seja ouvindo um serviço de streaming de música por meio de um app, seja jogando online, seja qualquer outra situação que você se lembre.
Já no caso da Internet das Coisas, a “coisa” – ou o dispositivo, se preferir – realiza a conexão independente de uma ação deliberada do usuário, o que não significa que não possa haver intervenção humana.
É o caso por exemplo, das câmeras IP, que assim que são ligadas, conectam-se a uma rede Wi-Fi e transmitem continuamente imagens para um aplicativo, ou para um servidor de uma rede de computadores, ou na nuvem, ou todas as três situações, mesmo que ninguém esteja vendo as imagens capturadas.
O segundo aspecto que caracteriza a IoT, é que a variedade de dispositivos com algum nível de acesso, é imensa. Pode ser a câmera IP citada, mas pode ser um veículo, um robô dentro de uma empresa (ou na sua residência também!), uma catraca em uma portaria, uma geladeira ou até um animal!
Sim, até um animal e logo mais você entenderá como isso é possível.
Em todos os casos, as “coisas” podem apenas enviar dados, podem apenas receber dados, ou ambas as situações.
Mas quais dados? Depende do dispositivo em questão, mas que no caso da câmera IP, são imagens capturadas e quem sabe áudio também, a depender do modelo. E podem receber dados a fim de mudar a área de observação ou quem sabe aplicar zoom. Isso tudo depende das características técnicas da “coisa” e qual a sua finalidade.
Nesse ponto, se você acha que já tem uma ideia suficientemente boa do que é a tal Internet das Coisas, saiba que as “coisas” não precisam de uma “conexão tradicional”, como o Wi-Fi do notebook ou do celular.
Pode ser uma troca de dados baseada em RFID (Radio Frequency Identification ou Identificação por Rádio Frequência, em português) e que foi a tecnologia que primeiro esteve associada ao conceito de IoT, ou mesmo, o tão popular Bluetooth.
Ou seja, o dispositivo ou “coisa”, pode se conectar a outros dispositivos Bluetooth que intermedeiam a conectividade. É o caso, por exemplo, de muitos smartwatches usados para atividades físicas, como ciclismo ou corrida, cujos dados são descarregados via Bluetooth para seu celular ou computador e passam integrar seu histórico de atividades no aplicativo correspondente.
Aliás, quando o termo “smart” não é apenas “jogada de Marketing”, geralmente ele também pode ser um indicador de um dispositivo de IoT. É o caso dos smartphones e smartTVs.
Se você já suspeitava, seu smartphone é um representante dessa classe, porque ainda que você o utilize ativamente para acesso à Web, muitos acessos ocorrem independente de qualquer ação sua. Ele está constantemente enviando e recebendo dados diversos e automatizando processos. Vai desde as atualizações do sistema operacional e dos apps, passando pelas inúmeras notificações e pelo modo de funcionamento de vários apps / serviços, ainda que as custas da sua privacidade e segurança.
Para que tudo funcione, existe ainda outro fator normalmente presente, que é a infraestrutura.
Pode envolver sistemas e serviços em Cloud Computing ou Edge Computing, ou “apenas” alguns servidores, talvez CDN, sistemas de geolocalização e uma variedade de outras tecnologias, algumas vezes somente para lhe dar uma informação atualizada na tela, como uma cotação ou um dado meteorológico.
E se tudo isso não fosse bastante, a Inteligência Artificial cada vez mais tem sido parte integrante do algumas vezes sofisticado universo das coisas que acessam a Internet. A indústria e agricultura – em outras áreas também – têm se beneficiado de muitos sistemas que automatizam processos antes controlados por pessoas, tornando-os mais ágeis e com menos desperdícios.
Portanto, resumidamente a IoT envolve alguns ou mesmo todos os fatores a seguir:
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A “coisa” efetua uma conexão independentemente da ação de um usuário;
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Há uma variedade de dispositivos que se conectam sem que saibamos ou tenhamos consciência;
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É comum que o dispositivo envie e/ou receba dados para um sistema qualquer;
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A conectividade pode ser por diversos meios (Wi-Fi, Bluetooth, NFC, RFID, 5G, etc);
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Pode usar infraestruturas diversas, sendo que geralmente depende de uma infraestrutura própria para funcionar;
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Sua função / utilidade depende obrigatoriamente de algum nível de conectividade;
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O processamento e uso dos dados produzidos, pode envolver Inteligência Artificial.
Quando surgiu a Internet das Coisas?
O termo IoT foi usado pela primeira vez em 1999, quando o pesquisador britânico Kevin Ashton do MIT, publicou um novo artigo com o título “As coisas da internet das coisas”.
Nele, Kevin trata sobre a falta de tempo das pessoas no mundo moderno e como isso tem feito com que os dispositivos evoluíssem para atender a essa demanda, ganhando algum nível de automatização, graças à conectividade e assim, dispensando esforço ou intervenção humana para serem utilizáveis.
A ideia original do pesquisador se baseava em dotar uma linha de produção de etiquetas de identificação por rádio frequência (RFID) e sensores de modo que se pudesse rastrear em tempo real todo o processo produtivo.
Na prática, esses dispositivos conseguem nos auxiliar ao longo do dia, gerando informações, cumprindo atividades e nos acompanhando em nossos afazeres. Tudo isso "conversando" dentro de uma mesma rede por meio de diferentes protocolos.
Quais tecnologias tornaram a IoT possível?
Embora os conceitos que originaram a IoT conforme Kevin Ashton a imaginou já fossem suficientes para caracterizá-la, uma série de avanços após sua conceituação inicial, permitiram seu avanço e ampliação.
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Sensores – um elemento normalmente presente em muitas “coisas”, são os sensores. Seu smartphone tem muitos (giroscópio, fotocromático, bússola, etc). O desenvolvimento de sensores menores, melhores, de menor consumo e mais acessíveis, possibilitam uma série de novas funcionalidades;
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Conectividade – novas tecnologias e a evolução das já existentes, como o 5G, por exemplo, facilitou a conexão das “coisas” com outras “coisas”, com diferentes redes e infraestrutura na nuvem;
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Cloud Computing – o crescimento e disponibilidade do Cloud Computing, tornou acessível que as empresas pudessem dispor da infraestrutura necessária para suas soluções baseadas em IoT;
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Inteligência Artificial – o desenvolvimento da IA e em especial os avanços alcançados em Machine Learning, permitiram que os grandes volumes de dados armazenados na nuvem, pudessem produzir mais conhecimento e insights de maneira mais rápida, fácil e aplicável;
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IPv6 – a quantidade de dispositivos / “coisas” conectadas, supera em muito o número de endereços IPs possíveis na versão 4 do protocolo IP, sendo necessário utilizar o IPv6;
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5G – a rede 5G para além de melhorar e flexibilizar a conectividade, também tem características técnicas que favorecem muitas aplicações baseadas em IoT;
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Processamento de Linguagem Natural – outro avanço que tem contribuído intensamente, é o processamento de linguagem natural (NLP ou Natural Language Processing) e que foi responsável pelo desenvolvimento dos Assistentes Virtuais Inteligentes, como Alexa e Siri.
Exemplos de Internet das Coisas presentes no nosso quotidiano
Aqueles que chegaram até aqui conhecendo quase nada sobre o assunto, talvez já suspeitassem de alguns exemplos que demos e, portanto, talvez não tenha sido suficiente para esclarecer o alcance que a IoT pode ter.
Por isso, vamos um pouco além e trazer mais exemplos de onde a Internet das Coisas está presente.
Sistema Financeiro
Um setor que costuma incorporar muitas tecnologias assim que elas surgem, é o financeiro e o exemplo mais conhecido de uma “coisa” que tem uma Internet para chamar de sua, são os caixas automáticos. Você só consegue fazer as operações que o terminal disponibiliza, porque o equipamento se conecta aos sistemas dos bancos.
Mas para além desse caso, os terminais de pagamento também são legítimas “coisas”, que intermedeiam os pagamentos com as instituições financeiras e que foram o principal canal para popularização do NFC.
Dispositivos vestíveis (wearables)
Os wearables, conhecidos como "tecnologias ou dispositivos vestíveis", reúnem os diversos equipamentos eletrônicos com processador próprio e que podem ser usados como acessórios ou diretamente em peças de roupa.
As populares pulseiras inteligentes (smartbands) e os relógios inteligentes (smarwatches) são os principais representantes desse segmento, sendo muito utilizadas para o monitoramento de aspectos relacionados com a saúde (pressão arterial, batimentos cardíacos, nível de O2 no sangue, temperatura corporal, etc) e que podem alimentar um aplicativo ou serem automaticamente atualizados junto ao seu médico.
Além disso e como já vimos, servem como instrumento para pagamentos, recebem dados de diversos serviços (ex: meteorologia), exibem notificações, entre outras possibilidades.
Veículos
Provavelmente o exemplo mais conhecido e citado, sejam os carros autônomos que estão sendo desenvolvidos em colaboração por algumas empresas. Mas antes que eles se tornem uma realidade, já há uma série de aplicações rodando por aí.
Podemos citar os carros da Tesla, que recebem periodicamente atualizações da fábrica. Mas outras marcas, como a BMW, já contam com elevado nível de integração de sistemas embarcados nos modelos de topo de linha, de tal forma que a sede da empresa dispõe de muitas informações sobre cada veículo e seus proprietários, condições gerais de uso e funcionamento, visando que tudo funcione como planejado e até a segurança do veículo esteja resguardada.
Mas se você pensa que isso é algo restrito a quem pode ter um caríssimo Tesla ou BMW, se você usa ônibus e na sua cidade há o sistema de cartão nas catracas, o validador que verifica se seu cartão tem créditos ou mesmo o carrega automaticamente, tem seu funcionamento baseado em IoT.
Usa o serviço “Sem Parar” ou já passou nas novas praças de pedágio equipadas apenas com câmeras? Se você suspeitou, acertou. Ambos os sistemas também se apoiam no conceito.
Automação residencial
A casa do futuro dos Jetsons, já não é mais um exercício do imaginário.
Sistemas de automação residencial tem se tornado cada vez mais comuns e permitem que eletroeletrônicos “conversem” entre si e com sistemas centrais de automação e controle, possibilitando controle de temperatura ambiente, luminosidade, sistemas de segurança e a automatização de portas, janelas e portões.
A sua casa pode reagir a sua presença adequando-a conforme suas preferências.
Já imaginou chegar do trabalho e sua música de relaxamento favorita começa a tocar ao fundo, no volume ideal, enquanto uma banheira quente já te aguarda? Esse é um dos luxos cada vez mais comuns em residências “inteligentes".
Automação empresarial
A automação empresarial é outra situação na qual a IoT está cada vez mais presente.
Tem se tornado cada vez mais comum que os controles de acesso (catracas, elevadores, portas, etc) sejam dotados de reconhecimento biométrico, o que contribui para a segurança e para tornar o acesso mais ágil e fácil.
E por falar em segurança, os sistemas que se baseiam em Internet das Coisas, estão mais acessíveis e tem nas câmeras inteligentes, só a parte mais aparente de tudo o que há por trás. Detectores de incêndio e sensores de movimento, são exemplos de dispositivos que podem integrar a automação de uma empresa.
Monitoramento da natureza
Você já deve ter visto, em documentários na televisão, diferentes animais raros ou ameaçados de extinção, recebendo microchips para serem monitorados a distância em seu habitat natural.
Pois bem, esse é um exemplo do uso da IoT.
O mesmo princípio pode ser aplicado a diferentes situações para monitoramento de reservas, parques, rios, fauna e flora, através de câmeras que captam imagens do ambiente e as enviam para um centro de processamento e armazenamento, onde os dados colhidos são avaliados.
Mas se você tem um pet e ele é “chipado”, saiba que essa “coisa” que foi introduzida nele, usa conectividade RFID e o torna também outro exemplo prático.
Gerenciamento de cidades
Cidades inteiras podem se beneficiar do uso de sistemas inteligentes e da Internet das Coisas. Sinais de trânsito conectados a um centro de controle podem proporcionar melhor fluidez em horários de pico, graças a sensores ou câmeras que detectam quantos veículos passam por cada trecho, em um determinado intervalo de tempo.
Essas informações são processadas e os intervalos dos semáforos são alterados de forma a que o trânsito flua de modo mais eficiente.
A segurança pública pode ser beneficiada por meio do uso de câmeras de monitoramento conectadas juntamente à tecnologia de visão computacional e reconhecimento facial, podendo combater situações de crise de forma preventiva ou ostensiva.
Quais as desvantagens do uso de IoT
Tal como muitos adventos, a IoT e suas aplicações não são apenas vantagens e benefícios. Apesar da sua disseminação e dos muitos avanços nos últimos anos, há ainda alguns importantes desafios a serem superados.
Por exemplo, há alguns anos um dos maiores ataques DDoS feitos, baseou-se em câmeras de segurança. Isso só foi possível, porque até então ninguém havia imaginado que fosse necessário se preocupar com essa possibilidade.
Confira as principais desvantagens e impactos da IoT:
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Segurança das informações – é preciso lembrar que na maior parte dos casos, há troca de dados que podem ser sensíveis;
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Privacidade – ameaça à privacidade (vazamento de dados) e da segurança associada, lembrando que os dados dos usuários são frequentemente usados e armazenados em algum lugar;
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Dependência – dependência excessiva e/ou exclusiva da tecnologia, que precisa contar com alternativas e/ou redundância ou ainda um plano de contingência;
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E-lixo – o impacto ambiental negativo por causa do lixo eletrônico gerado e que pode ser intensificado pela obsolescência programada.
Conclusão
A Internet das Coisas (IoT) está infiltrada em uma série de situações quotidianas, automatizando processos e conferindo uma série de benefícios às pessoas.