Como identificar e remover vírus do celular?

Hoje em dia, não é exagero dizer que o celular virou praticamente uma extensão da nossa vida, não é mesmo?

Nele guardamos fotos, conversas, inúmeras senhas, dados bancários e até uma variedade de documentos importantes. Por isso, não é surpresa que os criminosos digitais estejam cada vez mais interessados em invadir e ter acesso ao universo no qual esses aparelhos são a porta de entrada.

Mas como saber se o seu celular foi infectado por um vírus ou outro tipo de malware? E o que fazer para se proteger?

Se você tem esse tipo de preocupação – e deveria ter – nesse post, vamos explicar tudo de forma simples e direta, mesmo que você não entenda nada de tecnologia.

Por que o celular é tão visado?

Até poucos anos atrás, os principais alvos de infecções por malwares eram os desktops, os notebooks e servidores. Isso acontecia por vários motivos: a enorme base de dispositivos com Windows (muitas vítimas em potencial), o amplo conhecimento dos criminosos sobre esse sistema operacional e suas vulnerabilidades, e o fato de que, embora muita gente já tivesse um celular, nem todo mundo fazia tudo por ele.

Mas esse cenário mudou. Hoje, o uso intenso dos smartphones é comum entre praticamente todas as pessoas — independentemente de idade, profissão ou nível de conhecimento técnico.

E os motivos são muitos. Afinal, esses dispositivos oferecem:

  • Poder de processamento – muitos celulares já têm desempenho comparável ao de notebooks e desktops. Alguns modelos, inclusive, usam processadores ARM – que antes eram exclusivos dos smartphones – em computadores;

  • Conectividade constante – com redes móveis cada vez mais rápidas, como o 5G, os celulares estão sempre conectados e, portanto, sempre expostos / visíveis aos criminosos;

  • Variedade de aplicativos – Os apps são uma porta de entrada para diferentes tipos de ataque:

    • Apps bancários – permitem acesso direto às contas e uma variedade de operações financeiras;

    • Métodos de pagamento – apps como WhatsApp, que agora também realizam transferências, podem ser usados para aplicar golpes;

    • Redes sociais – o acesso aos perfis nas redes sociais pode servir para extorsão, golpes usando engenharia social ou roubo de identidade;

    • Apps de e-commerce – compras e dados de cartão podem ser explorados;

    • Serviços de streaming – podem ser usados para aplicar golpes de assinatura ou roubo de credenciais;

    • Contas diversas – serviços como armazenamento em nuvem, e-mail e autenticação podem ser comprometidos, abrindo caminho para invasões em outros sistemas;

  • Uso constante – o celular está sempre ligado e com acesso à Internet, o que facilita ataques em tempo real ou até mesmo constitui um ótimo instrumento para ataques DDoS;

  • Autenticação multifator – muitos serviços usam o celular como segunda etapa de verificação (via SMS, apps como Google Authenticator ou e-mail). Se o aparelho for invadido, o criminoso pode acessar contas que pareciam protegidas;

  • Falta de conhecimento técnico – a maioria dos usuários não sabe identificar ameaças ou se proteger adequadamente, tornando o celular um alvo fácil;

  • Clonagem de aparelho e contas – os criminosos podem clonar o número do celular e obter acesso a contas vinculadas, como WhatsApp, redes sociais e até serviços bancários. Isso permite aplicar golpes diretamente nos contatos da vítima, muitas vezes sem que ela se dê conta;

  • Wi-Fi público – O uso de redes Wi-Fi públicas e o compartilhamento de arquivos por Bluetooth ou por aplicativos desconhecidos, podem expor o celular a riscos invisíveis. Em ambientes públicos ou regiões com muitas redes disponíveis, é comum que criminosos criem conexões falsas para capturar dados ou infectar dispositivos que se conectam a elas;

  • Integração digital – com a popularização dos wearables e dos dispositivos conectados – como relógios inteligentes, TVs e até automóveis – o celular se tornou um elo fundamental nesse ecossistema digital. Se qualquer um desses aparelhos for invadido, ele pode servir como porta de entrada para ataques ao smartphone.

Ou seja, temos um cenário perfeito para os crackers – os “hackers do mal” – que encontram nos celulares um universo de possibilidades para obter vantagens financeiras, roubar dados ou aplicar golpes online.

iOS vs Android: qual sistema operacional é mais vulnerável?

Apesar de cada fabricante “defender” seu produto e enaltecer as suas qualidades, para o usuário final sempre fica a dúvida: qual sistema operacional é mais seguro ou mais vulnerável?

Essa preocupação é mais do que válida. Afinal, entender os riscos de cada sistema, é essencial para se proteger melhor, não é mesmo?

Com isso em mente, vamos a algumas considerações relacionadas ao assunto.

Android: mais liberdade, mais riscos

O Android é conhecido por ser um sistema mais aberto. Isso significa que você pode instalar aplicativos de fora da loja oficial (Play Store), o que é chamado de sideload. Essa liberdade agrada muita gente, mas também abre espaço para mais riscos e ameaças.

Com base nesse princípio, criminosos aproveitam essa brecha para espalhar apps falsos que parecem legítimos, mas que escondem vírus ou contêm bugs e falhas intencionais, exploráveis por quem entende do assunto.

Um exemplo recente e notório foi o malware BRats, que conseguia desviar dinheiro de transações via Pix sem que o usuário percebesse.

Além disso, como o Android é usado por várias marcas (Samsung, Motorola, Xiaomi, etc.), que costumam personalizar o sistema, nem todos os aparelhos recebem atualizações de segurança ao mesmo tempo, o que pode deixar alguns modelos mais vulneráveis enquanto não é disponibilizada a correção.

iPhone (iOS): mais fechado, mas não invulnerável

O iOS, sistema dos iPhones, é mais fechado. A Apple controla rigorosamente os aplicativos disponíveis na App Store e limita a instalação de apps externos. Isso reduz bastante o risco de infecção, mas não garante um sistema imune ou 100% seguro.

Mesmo com esse controle, já houve casos de apps maliciosos aprovados pela loja.

Um exemplo foi identificado pela Kaspersky: um “app oficial” que conseguia acessar capturas de tela do iPhone para roubar dados de criptomoedas.

Além disso, o iPhone também pode ser alvo de ataques via links maliciosos, redes Wi-Fi inseguras ou permissões indevidas concedidas a apps legítimos.

Qual é mais seguro?

Ambos os sistemas têm pontos fortes e fracos. O Android oferece mais liberdade, mas exige mais cuidado. O iPhone tem mais barreiras de proteção, mas não é à prova de falhas. Inclusive, essa sensação de segurança – muitas vezes ilusória – pode tornar mais displicentes com os cuidados básicos, os usuários do segundo sistema.

No fim das contas, o fator mais importante é o comportamento do usuário. Um celular bem protegido depende de boas práticas:

  • Manter-se informado;

  • Instalar apps apenas das lojas oficiais;

  • Manter o sistema sempre atualizado;

  • Revisar permissões dos aplicativos;

  • Evitar clicar em links suspeitos ou que não se saiba origem e destino;

  • Usar autenticação multi-fator (MFA) sempre que possível.

Como identificar sinais de celular infectado por vírus?

Nem todo problema no celular significa que ele foi invadido. Por exemplo, lentidão pode ser causada simplesmente pela falta de memória RAM disponível. Mas existem alguns sinais que merecem atenção e podem indicar que há um malware agindo em segundo plano.

Se você notar qualquer um dos comportamentos abaixo, vale investigar com calma. Estar atento é o primeiro passo para se proteger.

1. Anúncios pop-up

Se o seu celular começou a exibir anúncios em janelas pop-up do nada – mesmo quando você não está usando nenhum app ou navegador – pode ser sinal de adware. Esse tipo de malware mostra propagandas para tentar fazer você clicar em links maliciosos e então, instalar outros vírus ou levá-lo a páginas fraudulentas.

Importante salientar que os anúncios em si, não necessariamente causam dano direto, mas os links associados a eles podem levar a sites falsos / fraudulentos, objetivando o roubo de dados ou a instalação de vírus mais nocivos.

O que fazer?

Não clique em nada. Feche os pop-ups e verifique se há algum app estranho instalado. Se mesmo após o fechamento dos pop-ups, seu surgimento for insistente, é bastante provável que seja um adware.

2. Aparecimento repentino de apps

Encontrou um app no seu celular que você não lembra de ter baixado / instalado?

Se não houve atualização do sistema operacional, é bastante provável que se trate de um malware disfarçado.

Alguns vírus se instalam junto com outros aplicativos ou aproveitam brechas no sistema para “aparecer” sem autorização ou mediante uma ação deliberada do usuário.

O que fazer?

Resista à “tentação” ou a curiosidade e não abra o app em hipótese alguma. Exclua-o imediatamente e, se possível, faça uma varredura com um antivírus confiável.

3. Aquecimento e desempenho anormal

Se o aparelho está esquentando mais do que o normal, mesmo com pouco uso, ou se começou a apresentar degradação do desempenho com frequência, pode ser sinal de que algo está rodando em segundo plano, resultado de um malware coletando informações ou acessando recursos do sistema.

Se você perceber superaquecimento e queda no desempenho do seu smartphone, o causador desses sintomas, pode ser um malware.

O software malicioso costuma atuar intensamente na coleta de informações sensíveis, geralmente consumindo muitos recursos internos do aparelho, principalmente da CPU e memória, provocando a sobrecarga observada, travamentos e até desligamentos inesperados.

O que fazer?

Feche todos os apps, reinicie o celular e observe se o problema persiste. Se sim, vá em “Configurações » Apps”, revise os aplicativos instalados e considere rodar um antivírus.

4. Aumento no consumo de dados móveis

Seu plano de dados está acabando rápido demais? Esse costuma ser outro indicador de um vírus esteja coletando e enviando dados sensíveis, sem que você perceba.

O que fazer?

Confirmar essa suspeita, é razoavelmente simples, bastando ir até as configurações do celular e buscar por “uso de dados”, para descobrir quais apps estão consumindo mais dados. Se algum estiver usando muito sem motivo aparente, em particular se for desconhecido ou pouco usado, desinstale.

5. Bateria descarrega mais rápido do que o normal

É normal que a bateria perca desempenho com o tempo, ou seja, a durabilidade de cada carga vai diminuindo. Mas se o celular não tiver anos de uso ou estiver com pouca atividade e mesmo assim a carga vai embora rápido, pode ser sinal de infecção.

Malwares podem usar recursos como câmera, microfone ou GPS, além de processamento, leitura e transmissão de dados, sem que você perceba e isso consome muita energia.

O que fazer?

Tal como o uso excessivo de dados móveis, é possível identificar o que está demandando mais energia, procurando na opção de bateria (Configurações), quais apps são mais exigentes, pois muitos softwares maliciosos têm altas demandas de energia ao executar tarefas ocultas em segundo plano. Se identificar algum anormal, desinstale e execute o antivírus.

6. Redirecionamentos e acessos suspeitos

Você tenta abrir um site e é levado para outro? Ou clica em um link confiável e acaba em uma página suspeita?

Isso pode indicar que o navegador foi alterado por um software malicioso.

O que fazer?

Não clique em nenhum link e encerre o navegador. Adicionalmente, faça uma varredura completa usando o antivírus.

7. Mensagens enviadas sem você saber

Se amigos e contatos comentarem que receberam mensagens suas – por WhatsApp, SMS, e-mail ou redes sociais – e em especial fazendo solicitações estranhas, é altamente provável que seu celular esteja sendo usado para disseminar um vírus ou até usando táticas de engenharia social para produzir novas vítimas.

O que fazer?

Da mesma forma que em alguns casos anteriores, rode o antivírus. Após isso e quando possível, ative – se ainda não estiver ativa – a autenticação de dois fatores para o serviço em questão e altere a senha de acesso, pois há a possibilidade dela estar comprometida.

8. Travamentos inexplicáveis

Se o celular começou a travar em momentos aleatórios, reiniciar sozinho ou apresentar falhas que não existiam antes, pode ser sinal de que algo está interferindo no funcionamento normal.

O que fazer?

Observe se há padrão nos travamentos e revise os apps instalados. Se o problema persistir, considere restaurar o aparelho ou buscar ajuda técnica especializada.

Como remover malware do telefone?

Se você identificou um ou mais dos comportamentos descritos anteriormente e, portanto, suspeita que a segurança do seu celular está sob ameaça de um vírus ou outro tipo de malware, não precisa entrar em pânico, mas precisa agir com rapidez e cuidado.

A boa notícia é que, na maioria dos casos, é possível resolver o problema sem precisar de ajuda técnica especializada.

A seguir descrevemos os passos recomendados.

1. Reinicie o celular em modo seguro

O modo seguro é uma forma de iniciar o celular sem carregar aplicativos de terceiros. Isso ajuda a identificar se algum app instalado está causando o problema.

  • No Android – pressione e segure o botão de desligar até aparecer a opção “Modo Seguro”. Ao entrar nesse modo, apenas os apps nativos do sistema serão carregados na reinicialização do sistema operacional;

  • No iPhone (iOS) – embora não tenha um modo seguro como o do Android, o recurso “Modo Bloqueio” pode limitar o funcionamento de apps suspeitos e proteger seus dados temporariamente.

Observação: o procedimento para ingressar no “modo seguro” pode variar de acordo com a versão do sistema operacional, mas também do grau de customização do fabricante do aparelho. Sendo assim, é recomendável verificar antes de realizá-lo.

O que fazer?

Com o celular em modo seguro, vá até as configurações e revise os aplicativos instalados. Se encontrar algo estranho ou que você não reconhece, desinstale.

2. Use um antivírus confiável

Se você ainda não tem um antivírus instalado, esse é o momento.

Mas atenção nessa etapa! Evite baixar qualquer programa, pois há muitos antivírus falsos e que na verdade são malwares disfarçados!

É recomendável a opção por nomes consagrados e reconhecidos, como Norton, Avast, Kaspersky, Bitdefender, McAfee, entre outros. Baixe sempre pela loja oficial do seu sistema operacional (Play Store ou App Store).

O que fazer?

Instale o antivírus, faça uma varredura completa e siga as instruções para remover qualquer ameaça detectada.

3. Verifique permissões e configurações

Alguns malwares se escondem em apps legítimos, usando permissões indevidas para acessar câmera, microfone, localização ou dados pessoais. Tanto no Android quanto no iPhone, é possível gerenciar as permissões concedidas aos aplicativos instalados.

O que fazer?

Vá até “Configurações » Apps » Permissões” e revise o que cada aplicativo pode acessar. Se algo parecer estranho – como por exemplo, um navegador web com acesso à câmera – revogue a permissão, limpe os dados e o cache, e desinstale o app.

4. Restaure o aparelho para as configurações de fábrica

Se nada funcionar, a solução mais radical (e eficaz) é restaurar o celular para o estado original de fábrica.

Note que esse procedimento apaga todos os dados e, na maioria dos casos, também elimina o malware. No entanto, se o vírus estiver em uma partição protegida ou vinculado a backups contaminados, pode ser necessário suporte técnico especializado.

O que fazer?

Antes de prosseguir com a restauração do aparelho, faça backup dos seus arquivos importantes (fotos, contatos, documentos).

Depois, vá em “Configurações » Sistema » Redefinir” e siga os passos para restaurar.

5. Troque senhas e ative autenticação em dois fatores

Se o celular foi invadido ou comprometido com algum malware mais agressivo, é possível que suas senhas tenham sido reveladas e possam ser usadas para diversos fins.

O que fazer?

Troque imediatamente as senhas dos serviços mais importantes (e-mail, redes sociais, bancos) e ative a autenticação em dois fatores sempre que possível, especialmente em serviços que oferecem verificação biométrica ou envio de códigos por SMS ou e-mail. Isso adiciona uma camada extra de proteção.

Considerações adicionais

Além das medidas já descritas, vale reforçar alguns pontos que podem fazer toda a diferença na hora de proteger seu celular e especialmente os seus dados.

Cuidado com os backups

Ao restaurar o aparelho para as configurações de fábrica, muitos usuários recuperam seus dados por meio de backups.

No entanto, a depender da natureza da infecção, o backup pode estar “contaminado” e, sendo assim, o malware também voltará ao sistema ao concluir a restauração.

Portanto, evite usar backups antigos sem antes verificar se estão livres de malwares.

Mantenha-se informado

A segurança cibernética não depende apenas de ferramentas. Ela envolve também o conhecimento. Golpes e ameaças evoluem constantemente, e o usuário precisa estar sempre atualizado.

Busque fontes confiáveis sobre segurança digital, acompanhe notícias sobre novas ameaças e compartilhe boas práticas com amigos e familiares. A educação digital é uma das melhores formas de prevenção.

Revise permissões de apps populares

Mesmo os aplicativos legítimos e de uso regular, podem abusar das permissões concedidas. Muitos usuários não percebem que apps de redes sociais, jogos ou edição de fotos pedem acesso à câmera, microfone, contatos e localização, sendo que nem sempre todas essas permissões são necessárias.

Revise regularmente as permissões dos aplicativos instalados. Pergunte-se: “Esse acesso faz sentido para a função do app?” Se não fizer, revogue a permissão ou desinstale o aplicativo, especialmente se não for de uso regular e essencial.

Conclusão

Descubra como identificar sinais de vírus no celular, remover malwares com segurança e adotar práticas eficazes para proteger seus dados pessoais.

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