Um novo site de busca e nova proposta – You.com
Nem sempre foi assim. Nos primeiros anos da Internet nós tínhamos algumas dezenas de opções de sites de busca, mas com o passar do tempo os usuários apostaram quase todas as fichas em apenas um jogador.
Você sabe de quem estamos falando, quando o assunto é fazer buscas na Internet.
Mas isso pode mudar, afinal temos mais alguém que se propõe a fazer as coisas de um jeito novo – o You.com!
Quer saber qual a proposta do You? Então acompanhe o que já sabemos desse novo serviço tão essencial para quem usa a Internet. E quem não usa?
O que é o You?
Sim, é um site de busca, mas pelo que se sabe até o momento, não é apenas mais um. Pelo menos em termos de proposta, há alguns pontos interessantes e que podem fazer a diferença.
Lançado em 9 de novembro de 2021, o buscador ainda está em versão beta e algumas coisas nitidamente precisam de ajustes até a versão definitiva.
Logo de cara, acessando-o e fazendo algumas pesquisas variadas e aleatórias, é possível ver as diferenças e que logo mais trataremos com maior detalhamento.
Entre tudo o que se vê inicialmente, é que da mesma forma que outros sites de busca menores, ele baseia-se em outros serviços e sites para entregar boa parte dos resultados da busca, como o Wikipedia, o Reddit, Github, Amazon e o LinkedIn, para citar apenas alguns e os mais conhecidos.
O layout minimalista e verticalizado que caracteriza o Google, também dá lugar a um esquema de rolagem horizontal e ao rolar verticalmente se tem acesso aos grupos de resultados, como imagens, vídeos, notícias.
Ou seja, os resultados da busca orgânica são percorridos para os lados e não para cima e para baixo como no Google ou no Bing. Descer ou subir na página, dá acesso a outros tipos de conteúdo.
Há muito mais coisas para clicar e opções, o que pode ser bom para alguns, mas pode confundir aqueles que já estão acostumados com o paradigma dos sites de busca dominantes.
Quem quiser experimentar o serviço, só pode fazê-lo por um navegador de desktop. Ainda não há versão para smartphones, embora é intenção da empresa criar e disponibilizar uma para Android e iOS.
Qual a proposta do You?
O serviço foi criado por dois ex-funcionários da Salesforce, Richard Socher e Bryan McCann, com um aporte de US$ 20 milhões feito pelo CEO da mesma empresa, Mark Benioff e outras empresas de investimentos em startups, como a Breyer Capital, Sound Ventures e Day One Ventures.
Segundo um dos criadores – Richard Socher – o novo site de busca tem alguns desafios pela frente e que basicamente são derrubar paradigmas e o status quo que o atual líder no mercado de buscas consolidou:
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Ao mesmo tempo em que a economia está cada vez mais dependente da Internet, ela está “se tornando mais centralizada e controlada por algumas corporações de tecnologia poderosas e mal intencionadas”;
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Diariamente há cada vez mais informação e as pessoas não têm tempo para consumir todo esse conteúdo e nem sabem em quem confiar o acesso a todo ele;
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Uma única empresa controla praticamente sozinha toda a pesquisa feita para a Internet e consequentemente também quase toda a publicidade que os usuários veem;
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Os resultados que são exibidos, são baseados em conteúdos elaborados tendo como foco esse quase monopólio. Ou seja, os sites produzem conteúdo pensando no Google, mais até do que nos seus usuários;
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65% dos resultados das pesquisas, não se convertem em um clique para os sites exibidos, porque o usuário se “satisfaz” com o que ele vê na página de resultado do motor de busca (SERP) e que significa que uma boa parte do tráfego permanece dentro do próprio Google;
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O custo para aparecer na primeira página do Google é muito elevado para as empresas;
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A privacidade dos usuários é moeda de troca para o site de busca líder do segmento;
O bastante sugestivo nome You (você em português), segundo seu criador é porque ele é orientado para o que você (you) precisa como usuário de um serviço como esse.
De fato, há algumas personalizações que podem ser feitas pelos usuários de forma a exibir mais ou menos um determinado tipo de conteúdo.
Mesmo sem uma participação ativa do usuário, a ferramenta faz uso de Inteligência Artificial e NLP (Natural Language Processing ou Processamento de Linguagem Natural) para orientar a entrega de resultados tão boa quanto for possível aos usuários, com base em seus comportamentos no uso do serviço.
Richard Socher inclusive havia fundado anteriormente uma startup de IA que levantou mais de US $ 8 milhões em capital de risco antes de ser adquirida pela Salesforce e sua dissertação para Ph.D. em Stanford foi baseada em NLP. Portanto, são dois assuntos que ele tem bom conhecimento.
Quais os diferenciais do You?
Ainda na versão beta e, portanto, com recursos e características que podem mudar, alguns até podem ser extintos e novos surgirem, constata-se que de fato não tem pretensão de copiar o que é conhecido e estabelecido.
Até porque qualquer um que quiser abocanhar uma fatia do quase monopólio do setor de buscas na web, precisa inovar. Copiar ou fazer o mesmo que a empresa que detém em torno de 90% do segmento, não vai resolver. Muitos já tentaram sem sucesso.
Entre os aspectos mais aparentes que diferenciam o You dos sites de busca mais populares, temos:
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Prometem criar apps que possibilitem que os usuários possam fazer tudo sem sair do site, integrando os conteúdos obtidos com as aplicações. Não há ainda nenhum app funcionando por ocasião da publicação desse post, para sabermos como funcionariam e nem como é feita a integração com os resultados das buscas. Na verdade há muito conteúdo, mas nem tudo é clicável e funcional;
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Tem a proposta de resumir e entregar os melhores conteúdos da Internet com base na personalização, nas preferências e hábitos do usuário e sem publicidade. Todavia, não há compromisso explícito de que permaneça assim no futuro;
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Há uma área de login, pela qual alguns aspectos de customização são possíveis. Não há ainda confirmação do uso de cookies ou outro método para colher dados com finalidade de personalização, como por exemplo, de quais fontes os conteúdos são determinados como preferidos;
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Para quem quiser ainda mais privacidade, é possível usar o serviço e ter acesso ao seu conteúdo mesmo no modo de navegação anônima / privada;
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A ordem em que os resultados são exibidos pode ser alterada em função da personalização e da relevância dos resultados;
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Na versão beta só está disponível o idioma inglês e opções que fazem uso de região para os EUA, embora a empresa revele que novos idiomas serão oferecidos e outras regiões. Isso não impede de visualizar resultados da busca em outros idiomas, mas compromete, ou pelo menos dificulta, o uso pleno do serviço para aqueles que não têm conhecimento da língua inglesa;
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Não há informações sobre controle parental, mas é usado o serviço SafeSearch por padrão em modo moderado, de tal forma que conteúdo adulto ou não adequado para propostas de trabalho, não é exibido. Pode ser alterado o modo padrão para filtragem ainda mais rigorosa ou nenhuma filtragem;
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Há um canal do You no Slack, no qual é possível participar e interagir com o time de desenvolvimento do You, dando sugestões, fazendo solicitações, reportando bugs e recebendo notícias sobre o desenvolvimento, o que mostra a preocupação da empresa em orientar o desenvolvimento com participação do usuário;
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A interface tem como objetivo não ser necessária a abertura de várias abas / guias no navegador, propondo-se a entregar tudo o que o usuário precisa em apenas uma página;
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Dizem ser uma companhia neutra quanto à emissão de carbono.
Considerações gerais sobre o You
Se um dos princípios do You é inovar e ser diferente do hoje líder do segmento, isso ele aparentemente conseguiu já a partir da versaão beta, mesmo se comparado a tudo o que já existiu no passado, quando ainda tínhamos dezenas de opções de buscadores.
Mas inovar e ser diferente, não são sinônimos de ser bom.
Realmente se o You entregar um dos principais aspectos que ele se propõe, ele tem alguma chance ao basear-se naquele que talvez seja o ponto fraco do Google e que é a crescente preocupação em torno da privacidade.
O DuckDuckGo que existe há mais de uma década e é uma das alternativas de sites de busca, só recentemente começou a ganhar espaço na medida em que as pessoas começaram a perceber que a suposta gratuidade da Internet tem um custo – abrir mão da sua privacidade.
Para além disso, há ainda fatores como a navegação e o aspecto visual. É preciso lembrar que somado à qualidade do que é entregue nos resultados, a empresa de Mountain View destacou-se por uma interface limpa e simples e que com a popularização dos smartphones e suas telas muito menores, essa é uma característica essencial.
Como será adaptar esse layout ao mobile? E o paradigma de rolar apenas verticalmente?
Tudo isso e outras questões que o You pretende mudar, só o tempo e os usuários vão dizer. Acesse você mesmo. Use, teste e experimente. Não custa nada!
Mas seja qual o resultado, nós estamos torcendo para que consigam se estabelecer, afinal se tiverem sucesso em seus propósitos, como consumidores estaremos mais longe de sermos reféns de tão poucas opções como hoje!
Conclusão
O You é uma opção diferente e inovadora de site de busca, orientada ao usuário, sua privacidade e uma alternativa ao controle das grandes empresas do setor.