Design Thinking: O que é? Com usar na criação de sites?

Design Thinking é desses termos que aqueles que não conhecem, mas que sabem alguma coisa de inglês, podem acabar tendo uma ideia equivocada sobre o que seja. Ou no mínimo incompleta.

Em tempos nos quais a Internet fez surgir diversos neologismos, bem como designações de serviços, conceitos e tanta coisa nova, é natural que se imagine que design thinking seja apenas mais um termo que tenha relação com a aparência das coisas ou dos sites, ainda mais pelo título do artigo.

Mas se você é do grupo que pensou dessa forma, adiantamos que não é bem assim!

Quer entender melhor o que é esse importante conceito e usá-lo na produção de sites melhores aos seus visitantes? Então você não pode perder o que preparamos para você sobre o assunto.

O que é Design Thinking?

Sem enrolação. Direto ao ponto.

É em parte o que a maioria imaginou. Mas não é só pensar no design de algo. E não restringe-se a Internet e apenas a criação de um site.

O termo nem mesmo nasceu a partir do trabalho do pessoal de design e é bem anterior à Internet, mais especificamente a sua popularização.

Os primeiros livros que tratam do conceito, são do fim dos anos 60 e início dos 70, quando a Arpanet apenas engatinhava. Mas foi a partir daí que começou a ganhar alguma popularidade entre engenheiros e arquitetos.

De forma bem resumida, o que se estudou, foram as diferentes maneiras ou métodos que diferentes grupos de pessoas empregavam na busca de soluções para um problema.

E é isso que em linhas gerais o design thinking é – encontrar soluções para problemas, objetivando um resultado previsto.

Portanto, engana-se quem imaginou que o termo está restrito apenas à estética. Indo além, a aparência de algo não deve atender apenas ao senso estético, se é bonito e agradável aos olhos, se é visualmente harmônico, ou qualquer outra característica meramente visual e dependente dos gostos individuais.

Forma e aparência devem ter uma justificativa funcional. Devem ter um porquê quanto à utilidade ou papel. Ou vários porquês!

O papel do Design Thinking

Para aqueles que estão vendo o assunto pela primeira vez, pode parecer um tanto abstrato, sobretudo para quem não tem qualquer experiência anterior com design.

Mas uma vez que adotemos alguns exemplos, as coisas começam a fazer mais sentido.

Você já se perguntou porque apoia-se uma máquina fotográfica ou filmadora em um tripé e não em um “quadripé”? Cadeiras, mesas, armários e boa parte dos objetos que têm “pernas”, usam 4 pernas e não 3!

A razão não é estética. Também não tem a ver com economia, tornando mais barato o utensílio com a remoção de uma perna. Nem provavelmente se deve a outras possíveis justificativas que muitos leigos podem considerar.

A resposta é matemática. Mais que isso, é funcional e tem por objetivo resolver o que pode ser um problema sério para uma foto ou uma filmagem e que é a estabilidade da máquina. Por um postulado conhecido em geometria espacial, sabe-se que por três pontos diferentes no espaço, sempre passam um único plano. Mas por quatro pontos, há mais de um plano.

Encurtando a estória para aqueles que torcem o nariz quando se fala em matemática, se você tem um objeto com 3 pernas, ele NUNCA ficará bambo! O mesmo não se consegue com 4 pernas. Quantas vezes não é necessário colocar-se um calço em objetos de quatro pernas se as pernas não estão alinhadas ou o chão não é perfeitamente plano, ou ambos?

Não acredita? Tente! Você pode fazer um tripé com três dedos de uma mesma mão (polegar, indicador e médio) e observar que sempre conseguirá apoiar os 3 nas mais diversas superfícies, por mais irregulares que elas sejam, mas não conseguirá o mesmo usando 4 dedos!

Quer outro exemplo? Esse é para aqueles que não têm muita simpatia pela matemática!

Quem nunca ouviu falar em cozinhas planejadas? Nos dias de hoje, em que se constroem apartamentos que literalmente podem caber dentro das cozinhas de 50 anos atrás, elas – as cozinhas planejadas – mais do que uma opção, são uma necessidade, para aproveitar o problema de espaço. Na verdade o problema da falta de espaço.

Há 50 anos – ou mais, ou menos – cozinhas estavam entre os maiores cômodos de uma casa. Hoje uma cozinha de um apartamento moderno para 4 pessoas, pode ter uma área menor do que o espaço ocupado pela mesa de jantar da sua avó. Como colocar todos os utensílios de cozinha e os mantimentos da família em um espaço tão restrito?

É esse um dos grandes desafios a ser superado e que vai além da simples questão estética e que também é importante. Mas o funcional vem em primeiro lugar, quando se pensa no assunto, afinal de nada adianta uma linda cozinha que não comporta o que se precisa. A solução do problema (pouco espaço), é a prioridade e o que se busca resolver.

Aliás, quando avaliamos as soluções de decoração de estúdio, que é como se costuma chamar essas mínimas unidades habitacionais, é possível encontrar soluções que vão além do melhor aproveitamento de espaço possível, conferindo múltipla utilidade a boa parte do mobiliário.

Assim, o que no passado era só a mesa de jantar, hoje pode ser parte da sua estação de trabalho para o Home Office e uma prateleira quando nenhuma das duas funções anteriores estão sendo desempenhadas.

O desenvolvimento do Design Thinking

À medida que as pessoas começaram a compreender do que tratava o design thinking, outras destinações começaram a surgir.

Entre tudo o que se viu, o que possivelmente tornou-o tão útil e popular, foi a administração.

Autores, consultores e depois gestores de empresas, começaram a adotar a abordagem do design thinking dentro das organizações na obtenção de soluções para os mais diferentes problemas.

É importante lembrar que ele trata de um conceito. Mais que isso, é uma metodologia para ser fazer algo. Aplicar design thinking na solução de problemas, é adotar uma metodologia bem definida e bem conhecida.

Como toda metodologia, é composta de fases durante as quais os processos ocorrem.

Usualmente fala-se nas etapas do design thinking. Dependendo do autor ou da fonte, há diferenças em algumas nomenclaturas empregadas, mas que essencialmente significam o mesmo.

Etapas do Design Thinking

É importante compreender que como método para solução de problemas, as etapas têm papel fundamental, do contrário não seria uma metodologia, mas sim o que cada um faz ao seu próprio modo, para lidar com as diferentes situações do quotidiano.

Imersão

Há quem chame esta etapa de etapa da empatia! Não é sem razão.

Define-se empatia como a capacidade de alguém colocar-se no lugar do outro e entender suas motivações, as razões pelas quais age ou comporta-se de uma determinada maneira, porque faz o que faz e pensa o que pensa. Isso não significa que compartilha-se dos mesmos porquês, mas apenas os compreende, bem como suas causas.

Ora e o que é mais apropriado na busca pela solução dos problemas dos outros – dos seus clientes por exemplo – do que colocar-se no lugar dele?

Assim, na etapa da imersão – ou da empatia se preferir – a equipe responsável pelo projeto, busca identificar o problema o qual se busca solução sob tantos pontos de vista quantos forem possíveis.

É importante salientar, que é por isso que tal tarefa é dada a uma equipe, pois diferentes pessoas podem ter diferentes visões de um mesmo problema, exatamente como ocorre com o nosso universo de clientes.

A imersão divide-se em duas subetapas – imersão preliminar e imersão em profundidade.

A primeira tem o objetivo de definir as linhas gerais do problema, o que é possível detectar logo de cara e os limites de do projeto. Até onde eu pretendo chegar.

Na segunda subetapa, como o nome sugere, vai-se mais a fundo na investigação do problema e suas causas, por meio de pesquisa, onde os atores envolvidos são entrevistados para se identificar as necessidades, desejos e expectativas que precisam ser atendidos e eventuais oportunidades e que servirão na orientação das etapas que se seguem.

Análise e Síntese

Também chamada de etapa de definição por alguns.

Aqui usam-se dois métodos complementares e que emprestam nome a etapa – análise e síntese.

Quando se faz análise de algo, normalmente se separa ou divide-se o todo em partes menores e elementares para avaliação de cada parte que compõe o todo. É como desmontar um motor de um carro e avaliar cada componente, seu estado, seu funcionamento e a partir daí, procurar identificar porque o motor não funciona corretamente.

Já a síntese, é quando os diferentes elementos não são avaliados individualmente, mas como se comportam como um todo. É o inverso do método anterior, quando o motor é montado e avaliado o seu funcionamento completo.

Isso permite ver como cada componente funciona individualmente e como o todo funciona, bem como a contribuição que cada elemento tem no todo.

Ideação

Ou etapa das ideias. Aqui a equipe lança as propostas para solução dos problemas identificados e as mudanças com base no “funcionamento” das partes isoladas (análise) e do todo (síntese).

É altamente indicado haver grupos diferentes atuando nessa etapa, que assim como na primeira, tem na diversidade inerente a cada membro do grupo, a possibilidade de surgimento de ideias mais criativas, mais ricas e complementares.

A diversidade de experiências de cada membro dos grupos, suas visões e perspectivas próprias e demais individualidades, são fundamentais para a ideação produzir soluções inovadoras e mais próximas do objetivo, que é apresentar uma solução tão adequada e ampla quanto possível.

Prototipagem

Ou prototipação, é quando começa a ganhar forma a solução proposta.

É quando se verifica se as ideias produzidas na etapa anterior podem atender o que se pretende.

Os protótipos podem ser de baixa, de média ou de alta fidelidade, o que significa que podem ser apenas um esboço do produto ou um modelo praticamente idêntico ao produto final que se pretende produzir.

Embora em termos práticos esteja-se muito próximo do final do projeto, especialmente quando se tem um protótipo de alta fidelidade e que permite efetuar testes bastante próximos da realidade, é possível voltar nas etapas quando se identifica que há aspectos que não foram cobertos anteriormente, ou por exemplo, quando a ideação não previu melhorias ou implementações possíveis e/ou necessárias.

Implementação

Uma vez que a prototipação permitiu testes suficientes para atestar a eficiência da solução, os ajustes eventualmente necessários para adequação à realidade, como por exemplo, a mudança de um material ou uma mudança de escala de tamanho são adotados juntamente com as soluções mais adequadas para realizar a implementação.

Nada mais é do que colocar em prática – ou em produção no caso de um produto – o resultado de todo o trabalho conduzido pelas etapas anteriores.

Design Thinking na criação de sites

Percorremos um longo caminho até chegar aqui, porque apesar de parecer simples, a compreensão plena e ampla do conceito e da metodologia associada, é fundamental para nossas pretensões.

Na verdade, aplicar design thinking, representa uma mudança de paradigma.

Como você tem decidido o que é um bom site ou um bom blog ou qualquer tipo de site para sua empresa?

Que fatores você leva em consideração para aprovar um site? Aparência geral, cores, formas, proporções, fontes, imagens?

Quanta pesquisa ou alguma pesquisa é feita para determinar o site devem conter? Ou é você quem determina? Existe um grupo tão diverso quanto é o universo de seus possíveis visitantes fazendo imersão, análise e síntese e ideação?

O quanto a estética influencia suas escolhas? Quais as justificativas para elas? Você dá respostas ou afirmações como: “eu prefiro essa fonte a aquela”, ou “esse plugin é bem melhor que o outro”, ou ainda “esse menu é mais bacana do que o primeiro”?

Existe metodologia na criação de algum site que você já fez ou é tudo feito com base no que você acha melhor ou mais lhe agrada?

Utilizar design thinking significa usar uma metodologia bem específica desde a concepção até a publicação do site.

É utilizar da empatia para definir desde os recursos que os visitantes do site precisam, querem ou esperam encontrar, até o conteúdo, passando pelas fontes, o seu tamanho e sua cor. Acha exagerado? Como você acha que é a leitura do texto que você tem no site, em um dispositivo móvel sendo usado ao meio dia na rua, enquanto o internauta vai da empresa para o restaurante onde costuma almoçar?

A fonte usada, o seu tamanho e a cor, podem tornar o conteúdo ilegível nessas condições. Ou o inverso e agredir demais seus olhos, quando ele retorna para casa no final do dia, dentro do ônibus!

E aquele menu, cujas opções ele não consegue selecionar corretamente, porque são demasiadas pequenas para o seu dedo ou porque um popup tomou conta de boa parte da tela. Quantos protótipos e em que condições foram testados?

Para quem foi pensado o seu site? Os possíveis visitantes, as personas para as quais você está produzindo conteúdo, opinaram? Ou você simplesmente entregou algo pronto e espera que elas gostem?

São muitas perguntas possíveis, mas o que todas elas revelam, é que pouca gente pensa na solução que um site deve representar para as pessoas para as quais ele é feito.

Pense em você mesmo como internauta que acessa diferentes tipos de sites todos os dias e que muitas vezes se pegou pensando “esse recurso é horrível”, “é um problema ler com essa fonte”, “muito complicado encontrar o que eu quero” e tantos outros problemas, em vez de soluções.

Um exemplo real disso que estamos falando, são a maioria dos sites de e-commerce. Em muitos, encontrar toda a informação que deveria ser necessária para decidir pela compra, é quase um exercício de persistência, tal a quantidade de conteúdo desnecessário e que mais atrapalha do que ajuda.

A partir do momento em que você estiver aberto a uma nova abordagem, mais profissional e fundamentada, conciliar essa metodologia, com UX Design e estratégias bem planejadas de Marketing de Conteúdo, com certeza vai lhe proporcionar sites fantásticos! Ou melhor, sites fantásticos aos seus visitantes.

Conclusão

Design Thinking é uma metodologia, a qual não é nova e não restringe-se à Internet. Nem mesmo nasceu para ela ou por causa dela, mas que pode muito bem ser aplicada na criação de sites usando uma abordagem prática, eficiente e com ótimos resultados.

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