Segurança

Black Friday: comprando bem e fugindo dos golpes online

A Black Friday se consolidou como uma das datas mais aguardadas do varejo, tanto para os lojistas, como para os consumidores.

Mas lamentavelmente também virou sinônimo de dor de cabeça pra muita gente, seja porque a expectativa de uma pechincha se transformou em um verdadeiro mico, seja porque os golpes digitais vêm se sofisticando e causando prejuízos imensos.

Para que você possa aproveitar só o lado positivo dessa temporada de descontos, hoje vamos falar de dois grupos de cuidados essenciais: as boas práticas de compra e a cautela para passar longe das fraudes.

Bora aproveitar?

Como fazer uma boa compra?

Fazer um bom negócio e aproveitar a temporada de descontos para ter aquele celular que não caberia no orçamento em outras épocas do ano, ou trocar o notebook que já não dá conta do trabalho, ou ainda, presentear a patroa com aquele mimo que ela vem namorando há um bom tempo, é o que motiva o consumidor na Black Friday.

Acontece que se ele se deixa levar pelo entusiasmo, o que seria uma boa oportunidade, pode virar uma experiência desagradável, na melhor das hipóteses.

As principais causas de problemas, são:

Produto errado ou inadequado – a pressa e a empolgação podem levar o consumidor a comprar modelos incompatíveis com suas necessidades. Isso é comum em eletrônicos e eletrodomésticos, como celulares com pouca memória ou notebooks com desempenho abaixo do esperado;
Produto ou serviço diferente do anunciado – segundo o Procon, essa é uma das reclamações mais recorrentes. O consumidor recebe algo com especificações diferentes, como cor, tamanho, versão ou até marca diferente daquela que foi anunciada;
Propaganda enganosa – a chamada “Black Fraude” ou “tudo pela metade do dobro”, lamentavelmente ainda é muito comum. Algumas lojas anunciam descontos irreais ou aumentam os preços dias antes, para simular uma promoção, o que é uma prática enganosa;
Produto não recebido – também não são poucos os casos em que o pedido é confirmado, o pagamento é feito, mas o produto nunca chega. Isso pode ocorrer por falhas logísticas, erros na contabilização do estoque, erros de sistema, ou por golpes, como veremos mais adiante;
Problemas com devolução ou troca – mesmo que o Código de Defesa do Consumidor estabeleça o direito de arrependimento, muitos lojistas dificultam o processo de devolução e até a troca da mercadoria, seja por excesso de burocracia, seja por determinar prazos muito longos, seja por não responder às solicitações nos canais de atendimento digital;
Garantia legal – por lei (CDC), produtos duráveis têm 90 dias de garantia legal para vícios ou defeitos, mesmo que a loja não ofereça garantia contratual;
Site lento ou instável – nos dias e horários de pico, muitos sites não suportam a demanda. Isso gera lentidão, erros no checkout (carrinho) e até perda de pedidos. Estima-se que até 80% das compras são abandonadas antes do pagamento por falhas diversas nos sites de e-commerce;
Cobrança duplicada ou erros no pagamento – outro problema comum, refere-se aos chamados gateways de pagamento, sendo comuns instabilidades no sistema ou geração de cobranças indevidas, que costumam exigir tempo, esforço e muita paciência para serem resolvidas;
Informações incompletas ou incorretas – descrições incompletas, ausência de especificações técnicas, dados errados sobre o produto e até imagens genéricas, influenciam negativamente a decisão de compra e aumentam o risco de erro.

Como evitar esses problemas?

Nesse ponto do bate-papo, muitos estão se perguntando qual o melhor caminho e como se ver livre desse tipo de problema, não é mesmo?

A resposta é: com planejamento e atenção aos detalhes.

A seguir, listamos os principais cuidados que você deve tomar antes de clicar em “comprar” e em alguns casos, até mesmo antes de acessar aquele site que promete fazer uma super economia. São medidas simples que fazem toda a diferença para garantir uma compra segura, consciente e econômica.

Planeje antes de comprar – ao fazer um planejamento antecipado – cerca de um mês antes – o consumidor evita algumas “armadilhas”:

Fazer uma lista dos produtos desejados, o que faz com que se tenha prioridades e foco, além de o afastar das “tentações” e das ofertas que não interessam;
Definir antecipadamente um orçamento, mais do que evitar um endividamento superior à capacidade de pagamento, também ajuda a focar nos itens desejados;
Listar os preços dos itens de interesse, é essencial para não se iludir com as promoções “metade do dobro”, mas também para identificar preços irreais e que sugerem um possível golpe.

Compare preços reais – há uma variedade de serviços que ajudam com esse trabalho:

Zoom – um dos mais conhecidos comparadores, fornece o histórico de preços (geralmente dos últimos 40 dias ou até 6 meses), alertas de preço, e também conta com cashback e cupons de desconto, além de garantia de entrega para compras realizadas diretamente na plataforma (verificar condições);
Buscapé – um dos pioneiros no Brasil, permite comparar preços em uma ampla gama de categorias, incluindo eletrônicos, eletrodomésticos, moda, livros e muito mais e, naturalmente, fornece o histórico de preços (com período de até 6 meses), alertas de preço, e um programa de cashback em lojas parceiras;
Google Shopping – acessível pela busca do Google, clicando na opção “Compras”, ele oferece uma maneira rápida e prática de comparar preços de produtos de diversas lojas online, além de uma série de filtros que ajudam a focar no que se quer comprar;
JáCotei – embora menos conhecido e menor, conta com um comparador de preços eficaz, que lista ofertas de múltiplas lojas virtuais, com a possibilidade de configurar alertas de preço;
Promobit – esse não é um comparador típico, mas uma comunidade colaborativa de ofertas, na qual os próprios usuários compartilham as promoções e os cupons que encontram, bem como validam a veracidade e o custo-benefício, constituindo uma alternativa interessante para encontrar ofertas “fora do radar” e promoções relâmpago;
Pelando – semelhante ao Promobit, o Pelando também baseado em uma comunidade de “caçadores de ofertas” e seu funcionamento é semelhante a um fórum onde os usuários postam as promoções, avaliam e comentam as lojas, ajudando a identificar os melhores negócios.

Evite compras por impulso – aqui a atenção deve se concentrar em vários aspectos:

Promoções “relâmpago” – juntamente com os contadores regressivos de tempo, são o tipo de promoção que vale a pena avaliar atentamente, porque geralmente tem o intuito de apressar a decisão de compra do consumidor, usando o gatilho mental da urgência;
Poucas unidades – esse é outro artifício muito usado, mas aqui o gatilho para gerar a ação, é baseado na ideia da escassez do produto;
Atenção ao frete – preços “imperdíveis” podem esconder a “armadilha do frete”. Fique atento ao valor do frete, o qual pode alterar bastante o preço final. Simule a compra até o final, incluindo a entrega para sua localização, pois determinadas localidades podem não ser atendidas;
Resista às “tentações” – é papel da loja “tentar” o visitante e é seu, resistir a elas:
- Foque na sua lista, independente do quão boa pareça a oferta;
- Avalie se o produto é realmente necessário e, acima de tudo, se cabe no orçamento que você definiu;
- Cashbacks, cupons, descontos especiais para pagamento via Pix, entre outras “vantagens”, são iscas para atrair compradores;
- Evite parcelamentos longos e atenção aos juros cobrados nesses casos. Compras parceladas podem alterar significativamente o preço final e comprometer o orçamento futuro.

Verifique a reputação da loja – esse cuidado envolve diferentes aspectos:

Consulte sites como Reclame Aqui e veja as principais reclamações dos clientes, bem como a reputação geral da loja;
O Procon também costuma fornecer muitas informações úteis, como por exemplo, listas de sites suspeitos, conteúdos sobre problemas recorrentes e outras informações que podem ajudar na sua decisão;
Analisar os comentários dos usuários nas redes sociais da loja, é essencial para conhecer tanto a experiência de consumo dos clientes, como para enxergar como a empresa lida com as reclamações e os problemas;
Se a empresa tem um site, verifique se o registro do domínio é novo, que é um indicador importante. Sites criados recentemente, podem significar um site que foi criado para “aproveitar a ocasião”;
Outra verificação útil para quem tem lojas físicas, são as Avaliações do Google, que contém as notas e as críticas dos clientes no atendimento presencial.

Resguarde-se – é importante guardar “provas” da oferta:

Saiba que a Nota Fiscal é o principal comprovante legal da compra, essencial para acionar a garantia, fazer troca ou devolução e, em última instância, buscar o Procon ou a justiça e, portanto, guarde-a em local seguro;
Confira o prazo de entrega antes de finalizar a compra e guardar o código de rastreio. Muitos problemas na Black Friday estão relacionados a atrasos;
Tire prints de tela e salve-os, seja das páginas em que elas são publicadas, seja do carrinho;
Recebeu uma oferta pelo WhatsApp, por e-mail ou por outro meio? Guarde tudo até que o negócio esteja concretizado;
Em caso de material impresso, os cuidados são os mesmos, guarde-os, pois podem ser fundamentais caso haja divergência entre o que foi anunciado e o que foi entregue. A publicidade enganosa é crime, segundo o Código de Defesa do Consumidor;
Toda boa loja online envia uma cópia do pedido finalizado para o endereço de e-mail do cadastro. Também é oportuno mantê-lo, especialmente nas compras parceladas, para confrontação em caso de lançamentos incorretos no cartão.

Esses cuidados ajudam a evitar frustrações e prejuízos nas compras. Mas nem todo risco está visível nas vitrines onlines, sendo que muitos deles escondem outros tipos armadilhas ainda mais perigosas e nocivas, que se multiplicam durante a Black Friday. É sobre outros tipos de cuidados, que falaremos a seguir.

Cuidados com a segurança digital

Se os problemas com algumas lojas legítimas já não causassem dor de cabeça suficiente, há ainda os golpes ou fraudes digitais para se preocupar, pois podem gerar prejuízos muito mais graves, de ordem financeira, legal e até emocional.

Com o avanço da tecnologia, os criminosos digitais têm usado ferramentas cada vez mais sofisticadas, incluindo inteligência artificial, para criar armadilhas quase perfeitas.

Segundo levantamento da Serasa Experian, mais de 32 mil tentativas de fraude foram registradas durante a Black Friday de 2024, com potencial de prejuízo superior a R$ 51 milhões. O pico de ataques ocorre de madrugada, quando há menos vigilância e mais vulnerabilidade.

Conheça os principais golpes e como se proteger:

1. Phishing

Se você não sabe – mas deveria saber – o que é phishing, é altamente recomendável ler o post “O que é phishing, prevenção e medidas corretivas” no qual abordamos o tema. Isso porque mais do que um tipo específico de golpe digital, é um conceito e que pode se manifestar de diferentes formas, seja por meio de uma página falsa, seja por uma mensagem de e-mail.

O phishing é cada vez mais frequente e a depender das suas características, pode ser muito danoso.

Entre as possibilidades, o mais comum é que os criminosos criem sites falsos / fraudulentos que imitam grandes varejistas, com layout idêntico, logotipo, imagens e até certificados de segurança, tudo falso!

Ao efetuar a suposta compra, o consumidor na verdade está fornecendo seus dados pessoais e bancários e com essas informações em mãos, o prejuízo costuma ser grande.

Como se proteger:

Verifique o endereço do site (URL) com atenção. Sites falsos costumam ter domínios estranhos ou com erros sutis;
Prefira digitar o endereço diretamente no navegador, em vez de clicar em links de e-mail ou das redes sociais;
Há navegadores e extensões / AddOns de navegador que ajudam a identificar sites suspeitos;
Alguns programas antivírus também têm recursos que ajudam a identificar sites falsos / fraudulentos;
Vale a dica de desconfiar de promoções “boas demais” ou com que abusem do sentido de urgência. Condições excepcionais, são um chamariz para atrair vítimas;
É comum que um dos instrumentos para viabilizar o phishing, seja o e-mail spoofing. Saber reconhecer uma mensagem forjada, evita que você chegue a acessar o site falso.

2. Anúncios falsos em redes sociais

Perfis falsos nas redes sociais, com o objetivo de divulgar ofertas irresistíveis e que levam a sites clonados, porque nem sempre conseguem identificar e barrar criminosos com a velocidade necessária e desejada.

Outro agravante que tem tornado as fraudes ainda mais nocivas, é o uso de inteligência artificial para simular pessoas famosas – o chamado Deep Fake – com intuito de dar credibilidade aos golpes.

Como se proteger:

Verifique se o perfil é oficial (selo de verificação);
Desconfie de vídeos promocionais que não estão nos canais oficiais dos influenciadores. Em caso de dúvida, acesse o canal oficial e verifique se há comentários relativos a alguma campanha;
Pesquise o nome da loja fora da rede social. Lembre-se que as maiores e melhores, têm um site oficial, valendo aqui a dica de realizar o acesso digitando o endereço diretamente no navegador. Lojas sem uma presença digital consistente, deve servir para “ligar o sinal de alerta”;
Nunca compre diretamente por links recebidos em comentários ou mensagens privadas.

3. Mensagens fraudulentas

O envio de SMS, e-mails ou mensagens no WhatsApp com supostas confirmações de compra, códigos de rastreio ou alertas de entrega, por parte dos golpistas, tem sido cada vez mais comum. Ao clicar, o consumidor é levado a páginas falsas que pedem dados ou instalam malwares.

Como se proteger:

Esse tipo de mensagem só é enviada imediatamente após concluir uma compra. Se não foi esse o caso, nem abra a mensagem. Nenhuma loja boa e grande costuma enviar mensagens além dessa e todo o status do pedido deve ser acompanhado diretamente na área do cliente ou no respectivo aplicativo;
Nunca clique em links de remetentes desconhecidos ou que você não tenha se certificado da sua procedência;
Lembre-se que também não é prática comum solicitar quaisquer dados após a efetivação da compra. Lembre-se que tudo que é obrigatório, é fornecido antes da compra e caso não tenha sido, você não consegue concluí-la;
Use os apps oficiais das lojas para acompanhar os seus pedidos, os quais são razoavelmente mais seguros do que o acesso por um site.

4. Troca de QR Code ou chave Pix

Outra modalidade de golpe que tem crescido, é quando os criminosos conseguem alterar o QR Code ou a chave Pix, na etapa de pagamento, desviando os valores para contas de terceiros.

Esse golpe é difícil de detectar e pode ocorrer até mesmo em marketplaces legítimos, quando há uma falha na plataforma ou uma conta de lojista foi invadida.

Como se proteger:

Verifique atentamente os dados do recebedor e o valor, antes de confirmar o pagamento;
Evite pagamentos por Pix em sites desconhecidos;
Dê preferência aos métodos que contém mecanismos de proteção ao consumidor, como cartão de crédito.

5. Perfis falsos em marketplaces

Não são raros os perfis falsos em plataformas como Mercado Livre, OLX ou Shopee, os quais oferecem produtos com preços extremamente atrativos. Após o pagamento, é comum que o perfil desapareça.

Como se proteger:

Antes de realizar a compra, verifique a reputação e histórico do vendedor. As boas plataformas fornecem dados que possibilitam checar o número de vendas feitas, a antiguidade da loja e até dão selos para as melhores;
Veja os comentários e avaliações. A ausência, um número baixo ou apenas comentários muito recentes, ou com linguagem genérica e repetitiva, são razões para suspeitar;
Use somente o sistema de pagamento da plataforma e dê preferência aquelas que oferecem mecanismos de proteção, como efetivação do pagamento somente após a confirmação do recebimento.

6. Golpe do falso funcionário

Este tipo de golpe pode ocorrer em qualquer época do ano, mas é ainda mais comum na Black Friday. O criminoso liga ou manda mensagem (após uma compra falsa ou real), passando-se por um funcionário do banco ou da loja, usando artifícios de engenharia social para dar mais veracidade e pode solicitar dados diversos a título de confirmação ou que a pessoa faça uma transação sob alguma falsa alegação.

Como se proteger:

Nenhuma das boas lojas e muito menos as instituições financeiras, realiza procedimentos dessa natureza. Ao receber uma ligação como essa, desligue e bloqueie o número;
Nunca forneça nenhum tipo de dado pessoal ou de operações de compra;
Em caso de dúvidas, faça contato pelos canais de atendimento oficiais da loja.

Dicas bônus para manter sua segurança digital o ano todo

Além dos cuidados específicos para a Black Friday, existem boas práticas que devem fazer parte da rotina para melhorar a segurança no ambiente digital, afinal as ameaças não escolhem data, hora ou lugar:

1. Ative a autenticação multifator

Sempre que disponível, habilite a autenticação multifator (MFA) ou de duplo fator (2FA). Com isso, você adiciona uma camada extra de segurança, exigindo um segundo código para acessar suas contas.

2. Evite senhas fracas ou previsíveis

Nunca use nomes, datas de aniversário ou sequências simples como “123456”. Sempre crie senhas longas (12 ou mais caracteres), com letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos.

3. Não repita senhas

Nunca use a mesma senha em diferentes serviços. Se uma conta for invadida, todas as outras que usam a mesma senha ficam vulneráveis. Use senhas únicas e considere um gerenciador de senhas confiável.

4. Mantenha o antivírus sempre atualizado

Um bom antivírus ajuda a bloquear sites maliciosos, detectar arquivos suspeitos e proteger a sua navegação. Ative a atualização automática, para garantir que ele reconheça as novas ameaças.

5. Evite redes Wi-Fi públicas

Redes públicas de Wi-Fi, constituem um risco potencial não somente para compras online, mas para quaisquer tipos de acesso. Elas costumam ser frágeis em termos de segurança e podem ser monitoradas por terceiros. Prefira conexões seguras e privadas, especialmente ao inserir dados bancários.

6. Atualização de aplicativos e sistema operacional

Muitos ataques exploram falhas conhecidas em programas (ex: navegador) e em sistemas operacionais. Mantenha tudo atualizado para reduzir as vulnerabilidades exploráveis.