Como o Google ganha dinheiro?

A Alphabet – a empresa dona do Google – registrou um lucro líquido de US$ 23,6 bilhões no 1º trimestre de 2024 e alcançou o valor de mais de 2 trilhões (com “T”!!!) no mesmo período. Com boa parte dos seus serviços “gratuitos”, muita gente se pergunta, de onde vem tanto dinheiro, não é mesmo?

Se você é mais um que tem curiosidade em saber como a gigante das buscas fatura tão alto e se tornou uma das empresas mais valiosas do mundo, esse conteúdo pode lhe interessar.

Os números do Google

Além da receita do ano de 2023 ter sido superior a 307 bilhões de dólares, ser uma das principais Big Techs e frequentemente constar da lista das 10 empresas mais valiosas do mundo, há uma série de outros números assombrosos:

  • O market share do mecanismo de busca em junho / 2024 foi superior a 91%, com mais de 8,5 bilhões de pesquisas diárias;

  • Em 2021, eram mais 84 mil funcionários em tempo integral nos EUA, distribuídos em 26 escritórios e mais de 135 mil funcionários em tempo integral em mais de 50 países;

  • São mais de 240 milhões de usuários únicos do Google nos Estados Unidos e cerca de 4,3 bilhões de usuários em todo o mundo, sendo que se estima que a base mundial de usuários de internet é de 4,8 bilhões;

  • O YouTube – que também é da Alphabet – tem mais de 2 bilhões de usuários ativos mensais e ocupa o segundo lugar nas buscas após o Google, além do fato que a palavra “youtube” é a mais pesquisada no Google;

  • Embora os números não sejam confirmados, comenta-se que o Google Search Index contenha algumas centenas de bilhões de páginas e ocupe mais de 100 milhões de gigabytes de tamanho;

  • Em 2020, a ferramenta de pesquisa, o Google Play, o YouTube e a publicidade do Google, movimentaram juntas US$ 426 bilhões para mais de 2 milhões de empresas, só nos EUA;

  • O Google é responsável por mais de 50% do tráfego de sites em todo o mundo;

  • Calcula-se que existam mais de um milhão de servidores nas dezenas de data centers do Google, espalhados por 3 continentes.

Poderíamos listar várias dezenas de números que só serviriam para confirmar o tamanho e influência dessa gigantesca empresa e que só serve para reforçar a curiosidade de quem quer saber de onde vem o dinheiro do Google?

Quais as fontes de receita do Google?

O Google tem várias fontes de receita, mas a principal vem do sistema de publicidade para a Web que a empresa criou e consolidou ao longo de anos.

A seguir, listamos as principais fontes de receita do Google:

1. Publicidade Online

  • Google Ads – a maior parte da receita do Google vem dos anúncios exibidos nas SERPs ou páginas de resultados de busca e em sites parceiros, sistema conhecido como Google Ads, segundo o qual os anunciantes pagam para que sua publicidade online seja exibida quando os usuários pesquisam pelas palavras-chave que eles escolherem e que tenha relação com seu negócio;

  • YouTube – outra importante fonte de receita publicitária, são os anúncios exibidos em vídeos do YouTube. Os criadores de conteúdo podem monetizar seus vídeos e o Google recebe parte importante da receita gerada por esse mecanismo.

2. Serviços em Nuvem

O Google Cloud, depois da publicidade, é outra fonte de receita importante e que é constituído pelos serviços de computação em nuvem (cloud computing) para empresas, incluindo armazenamento (Google One), análise de dados e aprendizado de máquina (machine learning), entre outros.

São serviços pagos e que contribuem significativamente para a receita, tendo registrado um aumento de 28,4% no primeiro trimestre de 2024, comparado ao mesmo período do ano anterior e somou US$ 9,57 bilhões ao total de receitas da Alphabet.

3. Outros produtos / serviços

O Google Play, conhecida loja de aplicativos do Google, gera receita através da venda de aplicativos, jogos, filmes, músicas e livros. O Google recebe uma comissão sobre cada venda feita pelas empresas que oferecem esses produtos na Google Play.

Além do Google Play, a empresa também comercializa hardware, como os smartphones Pixel, alto-falantes inteligentes Google Home e eventualmente outros dispositivos (Chromecast, Chromebook, etc)

4. Assinaturas

  • YouTube Premium – os usuários podem pagar por uma assinatura do YouTube Premium para assistir a vídeos sem anúncios e acessar conteúdo exclusivo;

  • Filmes no YouTube – além da assinatura premium, diversos filmes podem ser assistidos, pagando um valor que varia de acordo com o filme;

  • Google Workspace – prioritariamente destinado às empresas, há uma série de serviços como Gmail, Google Drive e Google Docs, com funcionalidades estendidas e que são parte do Google Workspace.

Os internautas trabalhando de graça para o Google

As fontes de receita que mencionamos anteriormente, constituem sim parte significativa da receita aparente e publicamente conhecida pela maioria, mas há um aspecto que pouquíssima gente comenta e que é vital para a empresa alcançar o patamar que o ocupa – o trabalho gratuito e voluntário que todo mundo faz, sem se dar conta.

A maioria de nós acredita que ao fazer uma pesquisa na página de busca, ao assistir um vídeo no YouTube ou consultar as avaliações do Google para um restaurante ou outro estabelecimento qualquer, está usufruindo de um serviço gratuito.

De fato é, em uma primeira análise, mas o que pouca gente atenta, é que isso tudo só é possível, porque outros usuários fizeram algum trabalho antes.

Não percebeu ainda?

Quem escreve os comentários, faz o upload das fotos, responde a uma série de perguntas e avalia os estabelecimentos comerciais que constam das avaliações do Google? Os usuários.

Quem produz os conteúdos dos milhões de páginas indexadas pelo mecanismo de busca líder no segmento? Os donos dos sites institucionais, dos blogs, dos e-commerces e dos outros tipos de sites.

Aliás, esse mesmo conteúdo, serviu – e continuará servindo – para treinar a sua inteligência artificial, o Google Gemini, o qual deverá ser em breve outra importante fonte de receita.

Cada vez que cada um de nós autoriza, na maior parte das vezes sem outra opção, que o Google colete informações sobre o que nós fazemos ao navegar, usando cookies ou outros mecanismos, serve para que ele tenha acesso à informação de inestimável valor para conhecer o comportamento dos internautas, conhecimento esse que serve para refinar continuamente seus muitos algoritmos e para melhorar seu sistema de publicidade online.

Isso para não falar das violações de privacidade e das ameaças à segurança online que estão relacionadas a tal prática.

Quem cria, produz e publica os trilhões de horas de vídeos existentes no YouTube e que constitui importante fonte de receita da empresa? Os usuários.

Lembrando ainda, que para assisti-los sem publicidade, os usuários também precisam pagar, já que há algum tempo o YouTube declarou guerra contra os bloqueadores de anúncios.

O Android – que é cria do Google – representa uma fatia de mais de 45% dos sistemas operacionais a equipar dispositivos no mundo, o que também dá ao Google, um arsenal imenso de informações sobre o universo de usuários de Internet e das inúmeras aplicações disponíveis para o sistema mobile. Mais conhecimento e o valor que isso tem nos dias de hoje!

Portanto, os diferentes serviços que a Alphabet tem e “oferece gratuitamente” aos usuários, só são possíveis porque esses mesmos usuários trabalham de graça para o Google, ou se preferir, ele lucra – e muito – para “facilitar” que a informação produzida por nós, chegue a nós mesmos.

Quanto custaria todo esse universo de informação, conhecimento e trabalho, se o Google tivesse que pagar por ele?

Agora você já sabe que o Google não é tão bonzinho assim e que não existe almoço de graça, não é mesmo?!

Conclusão

Se você acha que os muitos serviços e facilidades que o Google oferece são de graça, é importante saber um pouco mais de como funciona o gigante das buscas.

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