O que é XML e por que ele ainda é tão usado?

Se por acaso você já se perguntou como os sistemas conseguem conversar entre si, mesmo quando tenham sido criados por empresas diferentes, em linguagens diferentes, com propósitos completamente distintos, a resposta pode ser: graças ao XML!

Sim, essa sigla de três letras é o que permite essa comunicação de forma organizada, segura e compreensível e está presente em mais situações quotidianas do que você imagina. Quem sabe, você já tenha feito uso dele sem perceber, seja ao usar um arquivo de configuração, seja ao exportar dados para um sistema, seja ao ler um e-book.

Nesse post, vamos explorar esse recurso discreto e valioso do mundo digital. Você não precisa ser programador, nem expert em informática, mas só querer saber como as coisas funcionam nos bastidores.

Pronto para descobrir o que é XML e por que ele é tão importante?

Afinal, o que é XML?

Imagine que você precisa organizar informações de forma que qualquer pessoa – ou na situação mais comum, um sistema – consiga entender, mesmo que não se “fale a mesma língua”, como você faria?

É aí que o XML mostra seu poder, já que resumidamente, ele é uma linguagem de marcação criada para estruturar dados de maneira simples, lógica e universal. XML é a sigla para eXtensible Markup Language, ou “Linguagem de Marcação Extensível”.

Não, o XML não é uma linguagem de programação, mas de marcação. Ou seja, ele não serve para “fazer coisas acontecerem”, como calcular, executar comandos ou criar interatividade.

Em vez disso, a sua estrutura serve para organizar e estruturar as informações de modo que elas possam se usadas por parte de pessoas ou de sistemas, ao marcar os dados com etiquetas (tags, em inglês), como se estivesse colocando post-its explicativos em cada parte da informação.

Na prática, ele especifica bem claramente que “isso é um nome”, “isso é um endereço”, “isso é um produto”.

O conceito por trás do XML é bem simples e consiste de organizar os mais variados conjuntos de informações, de forma que qualquer sistema consiga entender e utilizá-las, usando um sistema de “etiquetagem” descritivo, simples e funcional dos dados contidos no arquivo XML resultante.

Basta você olhar para o exemplo de um, que fica clara a sua simplicidade e utilidade.

Exemplo de XML

Como funciona o XML?

Imagine que você está organizando informações sobre livros, para que outros sistemas ou pessoas possam entender exatamente quais são elas, sem ambiguidade. O XML faz isso usando tags que funcionam como “etiquetas” para cada dado relativo aos livros catalogados.

Cada par de tags – de abertura e fechamento – determina um elemento, o qual pode conter dados textuais ou outros elementos (tags) aninhados e, portanto, funcionando como uma “etiqueta” que identifica o tipo de dado contido.

Com base no exemplo de XML anterior, temos:

  • A tag <livro> corresponde ao elemento principal. Ela envolve todos os dados relacionados ao livro, como se fosse uma “caixa” que contém tudo, no caso, outros elementos e suas respectivas tags;

  • O conteúdo entre as tags <título> e </título>, é o nome do livro, ou o dado textual, que no nosso exemplo, é “XML para Iniciantes”;

  • O “autor” é representado por um elemento – e as respectivas tags – com outros dois elementos aninhados – <nome> e <nacionalidade>, os quais descrevem quem escreveu o livro e de onde ele é, respectivamente;

  • A tag <editora> agrupa todas as informações relativas à editora. Cada dado tem sua própria tag, o que facilita a leitura e evita confusão;

  • O número ISBN é o identificador único do livro. O atributo ‘tipo="ISBN-13"’ informa o formato do código. Isso mostra que tags podem ter atributos, que funcionam como “qualificadores” extras;

  • A seguir, temos uma lista de categorias agrupadas pelo elemento <categorias>. Cada <categoria> representa um tema relacionado ao livro, uma vez que o XML permite repetir elementos para representar múltiplos valores que um dado pode assumir;

  • A mesma lógica de repetição de elementos aparece nos formatos disponíveis. O elemento <disponibilidade> agrupa dois pares de tags <formato>, indicando que o livro está disponível tanto no formato impresso, quanto no digital.

Por que o XML é útil, poderoso e ainda amplamente utilizado?

Apesar de não ser a tecnologia “da moda” ou a mais falada, o XML continua sendo relevante e um recurso bastante útil e eficiente em diversos contextos, pelos motivos a seguir:

  • Clareza e organização – o XML permite que os dados sejam organizados de forma clara, lógica e hierárquica. Cada informação tem uma “etiqueta” própria, o que facilita tanto a leitura humana, quanto o processamento por diferentes máquinas / sistemas;

  • Compatibilidade – uma das grandes vantagens do XML, é não depender de plataforma ou linguagem. Ele pode ser lido por sistemas escritos em Java, Python, C#, PHP, etc, assim como funciona em sistemas Windows, Linux, macOS, seja em servidores, desktops ou dispositivos móveis. Essa flexibilidade faz com que o XML não conheça limites ou fronteiras de adoção;

  • Extensibilidade – como o próprio nome sugere, o XML é extensível. Isso significa que você pode criar suas próprias tags conforme a necessidade do seu projeto, sem depender de um conjunto fixo ou predeterminado de elementos. Quer adicionar uma nova informação ao seu arquivo? Basta criar uma nova tag e pronto, sem com isso, quebrar ou ter que alterar a estrutura existente;

  • Segurança – por se tratar de um formato estruturado e validável, o XML permite que os dados sejam verificados antes de serem processados, o que reduz a ocorrência de erros, aumenta a confiabilidade e é especialmente importante em áreas como finanças, saúde e governança;

  • Espaço ocupado – os arquivos XML costumam ser pequenos em relação à quantidade de dados que representam, graças à sua estrutura textual e compressibilidade (via algoritmos de compressão como ZIP ou GZIP). Por serem leves, são ideais para transmissão via quaisquer redes, integração entre sistemas e armazenamento em dispositivos com recursos limitados de armazenamento;

  • Adoção – mesmo quando não aparece diretamente, o XML está por trás de muitas tecnologias que usamos todos os dias, sendo a base de muitos padrões amplamente utilizados, como:

    • SOAP – o Simple Object Access Protocol ou apenas SOAP, é um protocolo usado para que sistemas diferentes possam se comunicar na Web. Por exemplo, quando um app de banco faz a consulta do seu saldo em outro sistema, o XML é usado para transportar esses dados com segurança e de modo estruturado / organizado;

    • SVG – o Scalable Vector Graphics (SVG) é um formato de imagem baseado em XML, o qual permite criar gráficos e desenhos que podem ser redimensionados sem perder qualidade e que vem sendo muito usado em logos, ícones e gráficos interativos na Web;

    • XHTML – pode-se dizer que o Extensible Hypertext Markup Language (XHTML) é uma versão mais “organizada” do HTML, já que segue regras mais rígidas de estrutura. Isso porque ele usa o XML para garantir que as páginas de um site estejam bem formadas e compatíveis com diferentes navegadores e dispositivos;

    • RSS – se você recebe um RSS (Really Simple Syndication) de atualizações de conteúdo, como notícias ou posts de blogs, na prática está recebendo um arquivo XML com os títulos, links e resumos das novidades.

    • EPUB – os formatos de livros digitais (Electronic Publication ou EPUB) se baseiam no XML para organizar capítulos, texto, imagens e metadados. É o que permite que e-books sejam lidos em diferentes dispositivos, como tablets, celulares e leitores digitais.

Onde o XML está presente no seu dia a dia?

Ainda que você nunca tenha ouvido falar em XML, certamente você já se beneficiou das suas características, sendo parte integrante e importante de muitos serviços e aplicativos que usamos todos os dias.

Aqui vão alguns exemplos reais e fáceis de entender:

  • Mensagens e contatos – muitos apps armazenam dados como mensagens, contatos e configurações em arquivos XML. É uma forma organizada, prática e rápida de guardar informações que o app pode ler e atualizar sempre que necessário, além de facilitar a portabilidade dessa informação entre dispositivos;

  • Jogos online – diversos jogos mobile costumam usar XML para salvar o progresso no game, as configurações, as preferências de exibição, idioma, etc;

  • Sites – plataformas de desenvolvimento de sites, como o WordPress, usam XML para exportar e importar conteúdo. Se você já fez backup de um blog, entre os muitos arquivos, provavelmente gerou um arquivo XML;

  • Suítes Office – desde 2007, os arquivos gerados pelo Microsoft Office (Word, Excel, PowerPoint) passaram a usar o formato Open XML como base para seus arquivos. Isso significa que, por trás de um arquivo docx, por exemplo, existe uma estrutura baseada em vários arquivos XML;

  • Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) – no Brasil, as notas fiscais eletrônicas são geradas e transmitidas em formato XML. É graças às características dessa linguagem de marcação, que sistemas diferentes (empresa, governo, contabilidade) troquem dados de modo confiável, rápido e fácil;

  • Saúde – há uma variedade de sistemas hospitalares que fazem uso do XML para trocar informações entre clínicas, laboratórios e planos de saúde. Isso inclui dados de pacientes, exames, prescrições e históricos médicos;

  • Sistemas financeiros – bancos e empresas usam XML para trocar informações de forma rápida, segura e padronizada, por exemplo, ao enviar dados de pagamento ou extratos entre sistemas diferentes;

  • Marketplaces – plataformas de marketplace como Mercado Livre e Amazon, bem como diferentes plataformas de e-commerce, usam XML para cadastrar produtos em massa, atualizar estoques e sincronizar pedidos entre sistemas;

  • Streaming – os arquivos de legendas, roteiros e metadados de vídeos (como em plataformas de streaming) podem ser estruturados em XML.

Conclusão

Nos mais diversos apps, nos sistemas de empresas e governamentais, ou até no lazer, o XML está presente e viabiliza discretamente que tudo funcione bem.



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