Low code e no code: O que são, diferenças e vantagens

A área de desenvolvimento de software, sistemas, apps e até websites, ganhou nos últimos anos, um impulso importante – Low Code e No Code.

Mas se por um lado o desenvolvimento do que chamaremos daqui em diante genericamente de desenvolvimento de aplicativo, ficou mais fácil, também tem produzido perguntas e dúvidas, polêmicas e embates, críticas e elogios.

Para tentar trazer alguma luz a toda a discussão que tem sido gerada em torno desses dois termos, criamos esse conteúdo.

Vamos ao que interessa, começando pela dúvida mais comum…

O que é Low Code e No Code?

Ambos os termos – Low Code e No Code – são estrangeirismos relacionados com desenvolvimento de aplicativos (aplicações para desktop, apps para smartphones, sistemas diversos, websites, etc), exigindo pouco conhecimento de programação (Low Code) ou mesmo nenhum conhecimento (No Code).

Essa é uma definição bastante superficial e que em alguns casos seja suficiente, mas não para aqueles que gostam de ir a fundo nas questões.

Low Code traduzido para o português, é baixo nível ou pouca quantidade de código (programação). Da mesma forma que No Code, é sem ou nenhum código.

Quem sabe o mínimo a respeito deve estar se perguntando: “como crio softwares ou aplicativos sem ou com pouca programação?”.

É nisso que reside o sucesso de ambas abordagens. Sim, embora muitos tratem como novas tecnologias, há os que defendem que abordagem é uma classificação mais apropriada.

A seguir ficará mais claro...

Como funciona Low e No Code?

A idéia por trás de Low e No Code, não é nova.

Na verdade, é bastante antiga.

Em programação como a maioria está acostumada – também chamada de High Code – para criar um software para fazer qualquer coisa, tudo o que o software realiza, desde as coisas mais simples e banais, precisa de uma determinada quantidade de linhas de programação.

Imagine que você está desenvolvendo um site para sua empresa, mas enquanto ele não fica pronto, resolva criar uma página de site em construção.

Por mais simples que seja, no código correspondente há instruções sobre a cor do plano de fundo, da formatação do texto (fonte usada, tamanho, cor, etc), o texto propriamente dito, eventualmente imagens e de outros elementos que possam existir.

Não é muito código. Algumas poucas dezenas de linhas e está feito.

Mas e a suíte de escritório que você usa no seu notebook para criar planilhas, documentos de texto e apresentações? Nesse caso, milhões de linhas de código são necessárias!

Considere que os três programas (planilhas, textos e apresentações) têm a função de impressão e só ela, já representa muito código, mas que não precisa ser reescrito três vezes. Bastou ser criado uma vez e reutilizado sempre que necessário.

Agora pense em tudo o que estes e vários outros programas têm em comum, como escolha da fonte, formatação, inserção de imagens e por aí afora. Tudo isso e muito mais, representam códigos que não precisam ser escritos novamente toda as vezes em que precisam ser utilizados, constituindo blocos ou elementos prontos e quando necessários, são arrastados e soltos na posição em que estarão disponíveis ao usuário.

Bingo! Esse é o princípio por trás do Low Code e No Code.

É tudo – ou quase tudo – usando o método “drag and drop” ou arraste e solte.

Quem precisa criar um aplicativo qualquer, já tem prontos vários elementos e por meio de um ambiente gráfico são selecionados os elementos necessários, posicionados na interface que também é criada segundo as características determinadas para ela e eventualmente ações correspondentes a um clique, como no nosso primeiro exemplo, imprimir o conteúdo da tela na impressora.

O conceito não é novo. As linguagens de programação orientadas a objeto deram o pontapé inicial, ao estabelecer objetos como trechos de código que produzem algo e que são reutilizáveis e combináveis para produzir um resultado.

A diferença é o nível de abstração maior e simplificado por meio da eliminação da programação para utilização e combinação dos elementos.

No caso do No Code, nenhuma linha de programação é necessária, como no caso do Low Code, também não. Qual a diferença então?

Diferença entre Low Code e No Code

É possível utilizar os elementos disponíveis no Low e No Code para produzir uma aplicação, sem uso linhas de código adicional, no entanto, no caso do Low Code, se for necessário ou desejável, é possível.

Ou seja, se a aplicação criada em Low Code exigir algum nível de personalização, um recurso que os elementos existentes não oferecem, por exemplo, é possível por meio de programação acrescentar ou modificar o resultado final.

Com o No Code, não.

Exemplos de plataformas Low Code e No Code

O número de ferramentas disponíveis cresce sem parar e assim, há opções de todos os tipos e para os mais diversos fins.

Sim, uma das características das plataformas, é que elas são orientadas a obtenção de determinados tipos de resultados. Se por exemplo, o objetivo é um site, é um determinado grupo ao qual você tem que recorrer. Se quer um app para smartphone, é outro.

A seguir, listamos a título de exemplo, algumas que não são necessariamente as melhores naquilo a que se propõem ou as mais usadas, mas as mais conhecidas e possivelmente você já até tenha ouvido falar de algumas.

  • Automate.io;

  • UserGuiding;

  • Google App Maker;

  • Zoho Creator;

  • GeneXus;

  • Zapier;

  • Salesforce Lightning;

  • AWS Honeycode;

  • Coda;

  • OutSystems;

  • Bublle.io;

  • Microsoft Power Apps;

  • Mendix;

  • Monday.com;

  • Oracle Apex;

  • Totvs Fluig.

Mas para além dos exemplos acima, os próprios CMSs que há um bom tempo tem sido usado para criar os mais diferentes tipos de sites, são exemplos de plataformas Low Code, sendo que o mais popular deles, é o WordPress.

Sim, o WordPress é um bom e popular exemplo de plataforma Low Code, na medida em que um usuário não precisa saber nada sobre programação e ainda assim, criar um site completo, funcional e repleto de recursos. Mas se além disso, souber programação PHP, pode personalizar várias coisas e até criar seus próprios temas e plugins, ou ainda alterar os de terceiros.

Low Code e No Code vai roubar os empregos dos desenvolvedores / programadores?

Não, não vai.

Ao mesmo tempo que as big techs como Google, Microsoft e AWS investem em suas próprias soluções, ainda continuam também investindo no desenvolvimento de linguagens como C# ou ASP.NET, para citar dois exemplos.

Mas não é só por essa razão que as linguagens de programação e consequentemente o trabalho dos desenvolvedores estará garantido no futuro.

Por mais que tenhamos um WordPress, que é bastante flexível e possibilita criar diferentes tipos de sites, ainda o resultado serão tão e somente um site. Não dá para criar uma planilha ou um editor de texto com ele.

E mesmo sites muito especializados ou com demandas muito particulares, podem exigir muita programação adicional (personalização / customização) e o resultado final não ser o mesmo em termos de desempenho, consumo de recursos e entrega de resultados, daquele que foi concebido desde o zero para aquele fim que se propõe.

Será ainda uma adaptação muito boa em vários casos, mas ainda assim, uma adaptação.

Antes do aumento de opções e popularização dos CMSs, os sites exigiam desenvolvedores com conhecimento em PHP, HTML, ASP, SQL, Javascript e eventualmente mais alguns conhecimentos.

Mesmo que muitos dos sites de hoje baseiem-se em CMSs, estes desenvolvedores ainda têm mercado, seja para trabalhar nos próprios CMSs, nas suas atualizações e no segmento de plugins, bem como para personalizá-los e ainda para sites que não usam nenhum, mas programação própria.

Ou seja, as plataformas que baseiam-se em Low Code e especialmente No Code, por melhores que sejam, são limitadas.

Ao contrário do que alguns erroneamente afirmam, No Code vai trazer oportunidades para desenvolvedores, na medida em que muitas startups e vários pequenos negócios serão viabilizados graças às características de acessibilidade que a plataforma oferece, mas o crescimento desses negócios necessariamente passará pelo crescimento das ferramentas antes originadas em No Code.

Coisas que nunca sairiam do papel se usassem o modelo tradicional de concepção de um software ou aplicação a partir do zero, pelo tempo e investimento necessários, com a plataforma, tornar-se-ão viáveis.

Os desenvolvedores também serão requisitados para desenvolverem plugins, módulos e complementos para estender as funcionalidades e recursos das plataformas Low e No Code.

Vantagens do Low Code e No Code

O crescimento, o nível de adoção e popularização das plataformas, deve-se à inegáveis vantagens que oferecem, sendo que algumas já devem ter ficado claras, mas mesmo assim, listaremos aqui:

  • Tempo de desenvolvimento – por não ter que escrever código do zero e no caso do No Code, código nenhum, o tempo necessário para produzir uma aplicação, é muito menor;

  • Custo de desenvolvimento – em termos gerais e dependendo da solução que se queira produzir, o custo das plataformas costuma ser menor do que manter pelo tempo necessário para desenvolvimento, um ou vários programadores;

  • Acessibilidade e facilidade de uso – por não exigir conhecimento específico, exceto o aprendizado da ferramenta e que costuma ser semelhante ao de aplicações que muitos de nós já usam, como um MS PowerPoint ou o próprio WordPress, é prático e acessível para muitos, desenvolver aplicações;

  • Viabilidade e acessibilidade – torna viável a criação e o acesso de sistemas e aplicações para muitos negócios que não seriam capazes de investir e esperar o tempo de desenvolvimento segundo os métodos convencionais;

  • Abrangência – há uma variedade de opções para diferentes objetivos, bem como patamares de valores, sendo que muitos são acessíveis para muitos tamanhos de negócios e alguns até gratuitos, como é o caso mais popular do WordPress;

  • Flexibilidade – muitas das plataformas mais populares, tornarem-se conhecidas e usadas em função da sua flexibilidade na oferta de soluções as mais variadas e novamente o WordPress é um exemplo bastante bom, ao permitir criar tanto um blog ou simples site institucional, ou um completo site de e-commerce.

Desvantagens do Low Code e No Code

Mas nem tudo são flores!

Por melhor que sejam e que tenhamos contínuos e crescentes investimentos na área, inclusive por parte das maiores empresas do setor, como é o caso do Google e Microsoft, as plataformas ou ferramentas de Low e No Code, são disponibilizadas para determinadas classes de soluções, ainda que algumas prometam uma ampla gama de possibilidades, elas têm limitações e não se prestam a tudo o que os processos de desenvolvimento constituídos são capazes.

Limitações de nicho

Plataformas são para alguns nichos específicos do mercado e não todo o mercado. Assim, se por exemplo, você utiliza para um CMS para CRM, você só tem o CRM, mas não tem a integração com outros sistemas da empresa.

Sendo eventualmente Low Code, pode ser possível por meio de programação realizar a integração, mas às vezes o trabalho, o tempo e o custo envolvidos não sejam viáveis.

Imagine ainda um construtor de sites, como é o caso do que fornecemos na HostMídia. É uma solução No Code e que atende a uma gama de clientes que não querem e não precisam de sites que tenham mais do que uma boa aparência e algumas poucas informações.

Mas aqueles que precisam de sites mais elaborados, com mais recursos, inclusão frequente de conteúdo, devem optar por outro tipo de solução.

Gargalos de crescimento

O crescimento do negócio geralmente requer ampliação dos sistemas utilizados e que algumas vezes as plataformas não são capazes de acompanhar, especialmente nos casos de No Code, exigindo o abandono da aplicação e o investimento no desenvolvimento de uma nova que seja escalável e, portanto, acompanhe o crescimento.

Limitações de desenvolvimento

O desenvolvedor que se especializa em uma plataforma, fica limitado a ela e o que ela é capaz de solucionar.

A não ser que tenha conhecimento e prática em outras, ou mesmo em linguagens de programação, ela não compete com aqueles que têm o conhecimento e experiência para desenvolvimento do zero e que são capazes de atender uma gama muito maior de necessidades.

No caso específico do No Code, as limitações de desenvolvimento são ainda maiores, porque não se pode customizar ou ampliar para além dos elementos disponíveis.

Manutenção e atualizações

A manutenção da aplicação é um gargalo ou desvantagem, na medida em que uma alteração, uma inclusão ou melhoria ou até uma correção, não pode ser feita sem a empresa fornecedora da ferramenta, ficando dependente do que ela lhe permite.

Aqui o WordPress também serve de exemplo, uma vez que na eventualidade da ocorrência de problemas no núcleo do CMS ou em temas e plugins, a solução só se torna disponível quando a comunidade ou a empresa responsável, cria e disponibiliza uma atualização.

Porém o problema pode se agravar quando um plugin é descontinuado e cessam as atualizações disponíveis.

Não substitui a programação

Low Code e No Code não é alternativa para a programação. Não são para os mesmos públicos e não têm os mesmos objetivos.

É para aqueles que querem ou precisam de alguma solução rápida e barata.

Especificamente no caso daqueles que optarem pelo Low Code, em função das suas características de personalização, ainda precisarão de programação e, portanto, de programadores e com a ressalva de que em alguns casos ainda as limitações de nicho, de desenvolvimento, de manutenção e de crescimento.

Conclusão

Low Code e Code são abordagens acessíveis, rápidas e baratas para o desenvolvimento de aplicações, com pouco ou nenhum conhecimento de programação.

Comentários ({{totalComentarios}})