O que é Edge Computing e a revolução na computação?

A tecnologia muda tudo cada vez mais rápido. Ela fascina, facilita e multiplica opções além de fornecer soluções. Faz também surgir termos novos, que ganham espaço e, de repente, estão em todo lugar. Alguns passam, outros ficam. E há aqueles que transformam tudo. A Edge Computing é um exemplo de um pouco disso tudo.

Se você ainda não ouviu falar, talvez seja hora de prestar atenção. Se já ouviu, talvez não tenha percebido o quanto isso pode impactar o futuro e o presente.

Quer saber onde ele está presente nas muitas das situações quotidianas? Então vem com a gente descobrir sua importância!

A história do nascimento do Edge Computing

Conhecer um pouco da história e da evolução da computação, é importante para compreender o contexto do surgimento da Edge Computing.

Nos anos 70, a computação era centralizada. Um único mainframe fazia todo o trabalho pesado, enquanto terminais serviam apenas como ponto de acesso. Tudo passava por um único “cérebro eletrônico”.

Cerca de uma década depois, o surgimento e “popularização” do PC (Personal Computer) mudou o jogo e o paradigma de computação foi alterado para um modelo descentralizado. O processamento passou a acontecer localmente, e as empresas começaram a montar redes de computador internas com servidores próprios dentro das suas infraestruturas.

Outra década veio – a de 90 – e com ela o advento da Internet, trouxe consigo novas e profundas mudanças.

Embora os PCs ainda cumprissem papel fundamental, os servidores Web começaram a servir aplicações que iam além do ambiente físico das empresas. Agora era possível interligar todas as filiais de uma grande corporação, ainda que estivessem em diferentes continentes. Era como se fossem uma coisa só.

Acompanhando o avanço comercial da Web, vimos proliferar os data centers, grandes complexos dotados de muita tecnologia, preocupação com a segurança digital e milhares de servidores armazenando universos de dados e entregando serviços dos mais diversos.

Não demorou muito para que se percebesse que todo este poder computacional poderia ser melhor aproveitado. Foi então que nasceu a popular “nuvem” ou o modelo de computação tão conhecido por muitos – o Cloud Computing.

Mas a história não para. A explosão de dispositivos conectados, especialmente com a ascensão dos smartphones e da Internet das Coisas (IoT), trouxe um novo desafio: volume de dados.

A nuvem, por mais poderosa que seja, começou a sentir o peso de trafegar e processar tanta informação.

E é aí que entra a Edge Computing, uma nova abordagem que promete reorganizar tudo mais uma vez.

O que é Edge Computing?

Traduzindo literalmente, Edge Computing significa “computação na extremidade” ou “computação na borda”. A segunda tradução é a mais comum, embora o termo em inglês seja amplamente usado pelos profissionais da área.

Alguns, como a Cisco, preferiram chamar essa abordagem de Fog Computing. A analogia é curiosa: se a nuvem está no topo, o “nevoeiro” estaria logo abaixo, em uma camada intermediária entre os dispositivos e os grandes data centers. Embora o termo até fizesse sentido, Edge Computing é o nome que realmente pegou.

Mas por que essa nova arquitetura surgiu?

Nos anos 90 e início dos anos 2000, o tráfego de dados na Internet era relativamente simples: acessos a sites, envio e recebimento de e-mails, e alguns poucos serviços acessados por desktops e notebooks.

Com a chegada dos smartphones, o surgimento de inúmeros serviços baseados na Web (ex: redes sociais e e-commerce) e, mais recentemente, da Internet das Coisas (IoT), tudo mudou. Hoje, bilhões de dispositivos estão conectados, gerando e solicitando volumes imensos de dados em tempo real.

A computação em nuvem, que surgiu para dar conta dessa demanda crescente, começou a mostrar sinais de sobrecarga.

O volume de dados trafegando pela rede aumentou tanto que a latência – o tempo entre uma solicitação e sua resposta – passou a comprometer o desempenho de muitos serviços e tornar alguns inviáveis.

Curiosamente, voltamos a um modelo semelhante ao da década de 70, em que o mainframe concentrava todo o processamento. Agora, esse papel central era assumido pela nuvem. E como antes, isso começa a gerar gargalos.

A solução? Descentralizar novamente.

A Edge Computing propõe que parte do processamento seja feito mais perto da origem dos dados, seja no próprio dispositivo, seja em servidores intermediários, chamados gateways, localizados fisicamente mais próximos. Esses elementos filtram, processam e enviam à nuvem apenas o que realmente importa.

É esse conceito – de tirar a concentração de dados armazenados e processados na nuvem e levá-los para as extremidades, margens ou borda da rede – que deu origem à nomenclatura Computação na Borda, ou Edge Computing.

A nuvem continua existindo, mas com um papel mais seletivo e estratégico. O resultado: menos tráfego e consumo de banda, menos latência e de quebra, melhor desempenho.

Edge vs. Cloud: qual é a diferença?

Durante anos, o modelo de computação em nuvem parecia uma solução adequada para lidar com grandes volumes de dados. Tudo era enviado para servidores remotos, processado e devolvido como resposta. De fato, esse modelo funcionou bem, até que o volume de dispositivos conectados – e dados gerados – explodiu.

Conforme mencionamos, a Edge Computing surge como uma alternativa complementar. Em vez de depender exclusivamente da nuvem, parte do processamento acontece mais perto da origem dos dados. Isso reduz a latência, economiza banda e melhora a eficiência.

Em termos práticos e objetivos, veja como os dois modelos se comparam:

Característica

Cloud Computing

Edge Computing

Local de processamento

Servidores remotos (data centers) e alta demanda de processamento

Dispositivos locais ou servidores mais próximos de onde os dados são gerados e processamento distribuído

Latência

Maior latência, devido à maior distância física entre origem dos dados e processamento / armazenamento

Menor latência, com respostas bem mais rápidas, devido ao processamento ocorrer mais próximo da origem dos dados

Consumo de banda

Alto, com envio constante de dados

Reduzido, com filtragem e pré-processamento

Escalabilidade

Alta, mas com recursos centralizados

Alta, mas com recursos distribuídos

Consumo de banda

Centralizada, com controle robusto

Exige atenção extra em múltiplos pontos e, portanto, mais suscetível a vulnerabilidades

Custo

Pode ser elevado com tráfego intenso, devido a infraestrutura mais robusta

Potencial de economia com uso inteligente

Quais são os benefícios da Edge Computing?

A principal vantagem da computação de borda é o processamento mais rápido dos dados.

Imagine um dispositivo solicitando uma informação a um serviço na nuvem. Os dados percorrem a rede, são processados em um servidor que pode estar em outro continente e, só então, a resposta é enviada de volta. Esse tempo de ida e volta é chamado de latência e é inerente ao funcionamento da Internet.

No modelo Edge Computing, esse tempo pode ser drasticamente reduzido. Parte do processamento ocorre mais perto da origem dos dados – no próprio dispositivo ou em servidores intermediários – o que torna a resposta muito mais rápida.

Um exemplo prático vem do universo dos videogames. Desenvolvedores buscam constantemente reduzir os atrasos entre uma ação e respectiva resposta no jogo, especialmente em partidas online. Adotar a computação de borda nesses casos significa uma experiência em tempo real, com menor dependência da nuvem e, consequentemente, menor custo.

Outro exemplo: sistemas de segurança com câmeras inteligentes. No modelo tradicional, todas as imagens são enviadas para a nuvem, consumindo espaço e banda. Com Edge Computing, somada à Inteligência Artificial, é possível filtrar as imagens localmente e enviar apenas o que realmente importa – como uma movimentação suspeita. Isso representa uma economia significativa de recursos.

De maneira geral a computação de borda é um novo processo de descentralização (saindo da nuvem), em direção às bordas, da mesma forma que ocorreu com o surgimento dos PCs e, que tem por objetivo sanar os problemas de grande consumo de banda para tráfego de dados e processamento na nuvem, com ganhos em termos de desempenho e economia.

Quais são os desafios da Edge Computing?

Se você chegou até aqui, saiba que nem tudo são flores! Embora a computação de borda traga ganhos importantes em desempenho e eficiência, em diversos cenários, ela também introduz novos desafios que precisam ser considerados:

  • Segurança – o primeiro deles é a segurança cibernética. Ao incluir novos componentes entre os dispositivos e a nuvem, como gateways, servidores locais e sensores inteligentes, temos um aumento de nós de vulnerabilidades, ou seja, cada elemento adicional representa uma potencial via de ataques, exigindo uma política de segurança mais ampla e robusta (ex: criptografia de ponta a ponta);

  • Infraestrutura – outro desafio é o gerenciamento da infraestrutura distribuída. Diferente da nuvem, que concentra recursos em data centers bem controlados, a computação na borda é baseada em dispositivos espalhados por diferentes locais. Manter todos atualizados, seguros e funcionando corretamente pode ser complexo, especialmente conforme cresce a escala;

  • Padronização – há ainda a questão da padronização, já que diferentes fabricantes costumam adotar soluções proprietárias, fazendo com que nem sempre exista compatibilidade entre sistemas e dificultando a integração e a escalabilidade;

  • Custo – por fim, mas não menos importante, o custo inicial pode ser um entrave. Embora esse modelo ofereça uma perspectiva de economia no longo prazo, a implementação inicial exige investimento em hardware, software e capacitação técnica.

Casos de uso reais da Edge Computing

A Edge Computing já está sendo aplicada em diversos setores, muitas vezes sem que se perceba que ela é parte fundamental da operação.

Eis alguns casos de uso:

  • Jogos online – em jogos multiplayer, especialmente os de tiro ou ação rápida, cada milissegundo conta. A Edge Computing permite que parte do processamento ocorra mais perto do jogador, reduzindo atrasos e tornando a experiência mais fluida;

  • Semáforos inteligentes – em cidades com tráfego intenso, semáforos equipados com sensores e sistemas de Edge Computing conseguem analisar o fluxo de veículos em tempo real. Com isso, ajustam dinamicamente os tempos de sinal, melhorando o fluxo, reduzindo congestionamentos e diminuindo o tempo de trânsito dos motoristas;

  • Indústria 4.0 – máquinas em fábricas podem detectar falhas ou padrões de desgaste em tempo real, sem depender da nuvem. Isso permite manutenção preditiva e evita paradas inesperadas na produção;

  • Veículos autônomos – carros que tomam decisões em frações de segundo não podem depender de servidores distantes. A Edge Computing garante que sensores e sistemas embarcados processem dados localmente, com máxima agilidade;

  • Saúde conectada – dispositivos médicos, como monitores cardíacos ou sensores de glicose, podem analisar dados no próprio aparelho e alertar o paciente ou médico imediatamente, sem esperar por processamento remoto.

Esses são apenas alguns exemplos. A tendência é que, com o avanço da conectividade, como o 5G, e da inteligência embarcada, a borda se torne cada vez mais presente e, embora mais discreta que a nuvem, tão essencial quanto.

E você, acha que a Edge Computing vai mudar a forma como interage com a tecnologia? Deixe nos comentários!

Conclusão

Edge Computing descentraliza o processamento, reduz latência e melhora a eficiência. Entenda como essa tecnologia já impacta o nosso dia a dia.

 
 

 

 

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