O que é Edge Computing?
A tecnologia está presente de modo altamente intrincado em muitas das situações quotidianas. Ela fascina, facilita e multiplica opções e fornece soluções. Mas também pode representar complicação, especialmente se você quer ser mais do que um mero usuário a usufruir dela. Termos e os conceitos que eles representam, surgem a todo momento e rapidamente estão na boca das pessoas. A bola da vez, é a Edge Computing. Você sabe o que é Edge Computing? Então prepare-se para conhecer esta nova onda.
Um pouco de história
A década de 70, foi a época em que prevaleceu o modelo de computação baseado nos mainframes e terminais. Basicamente um mainframe era um computador de grande porte – em tamanho e processamento – que era responsável por praticamente todo o trabalho de processar e armazenar as informações. Os terminais consistiam de um uma unidade, equipada com monitor e teclado, que permitia aos usuários ter acesso aos dados processados e armazenados no mainframe.
Eis que então surge e torna-se acessível o PC (Personal Computer) e com ele a década de 80 viu o paradigma de computação ser alterado para um modelo descentralizado, já que os PCs tinham a capacidade de realizar o processamento e armazenamento das informações necessárias aos usuários e corporações. Eventualmente - nas grandes empresas – estes PCs eram interligados em rede e alguns dados e sistemas, eram localizados em servidores locais.
Outra década vem – a de 90 – e com ela o advento da Internet, trás novamente consigo mudanças. Os PCs ainda cumpriam papel fundamental, mas os servidores Web começaram a servir aplicações que iam além do ambiente físico das empresas. Agora era possível interligar todas as filiais de uma grande corporação, mesmo em diferentes continentes.
A Internet e seu crescimento, fizeram surgir e popularizar-se no mundo todo, o datacenter. Grandes prédios providos de muita tecnologia, segurança extrema e milhares de servidores com dados e serviços dos mais diversos. Todo este poder computacional foi organizado de modo a dar origem à tão popular “nuvem” ou o modelo de computação vigente de maior uso na atualidade – o Cloud Computing.
Nem mesmo uma década transcorreu desde que o Cloud ocupou espaço e importância na forma como os dados são gerenciados em termos computacionais e um novo termo e tecnologia promete mudar novamente como as coisas acontecem e que é o Edge Computing.
Entendendo o Edge Computing
Traduzindo-se literalmente o termo, temos “computação na extremidade” ou “computação na borda”, sendo a segunda tradução a mais comum quando se usa a nomenclatura traduzida, embora no meio em que é popularmente usado, o termo em inglês seja mais ouvido.
Há uma curiosidade em relação a tecnologia, que no caso da Cisco, costuma tratá-la por Fog Computing, em referência ao fog que significa nevoeiro em inglês e que localiza-se logo abaixo das nuvens. Por analogia, seria um meio caminho até as nuvens, mas Edge Computing, é a terminologia mais comumente encontrada.
A explicação mais simples e compreensível, depende do correto e amplo conhecimento do atual cenário e porque é necessária uma nova tecnologia para ocupar o lugar da Cloud Computing.
Se na segunda metade da década de 90 e na primeira década do século XXI, o tráfego de dados na Internet restringiu-se aos sites e alguns serviços, sempre acessados por um desktop ou notebook, o desenvolvimento dos smartphones fez com que o tráfego de dados e o processamento no servidor de aplicações, crescesse de forma assustadora. Em parte, a Cloud Computing veio para solucionar este aumento de demanda de acesso aos dados em todos os lugares, a todo tempo e em grandes volumes.
No entanto, em 2019 a realidade é que a quantidade crescente de dispositivos conectados às nuvens, está produzindo um verdadeiro congestionamento de dados na rede e sobrecarga no processamento dos dados, mesmo com todo o poder do Cloud. Como consequência observa-se uma degradação na qualidade dos serviços, que tendem a se tornar cada vez mais lentos.
Parte do problema está associado à Internet das Coisas (IoT), na medida em que cada vez mais deveremos ter mais e mais dispositivos conectando-se, trafegando dados e requerendo processamento. Se observarmos - guardadas as devidas proporções - caminha-se para um modelo semelhante ao da década de 70, em que o mainframe tinha papel central, que agora é assumido pela nuvem, ou seja, um modelo centralizado, baseado no Cloud Computing.
A solução é tirar esta concentração de dados armazenados e processados na nuvem e levar para as extremidades, margens ou borda da rede e daí que surgiu a nomenclatura Computação na Borda ou Edge Computing.
A ideia é que alguns dos dispositivos que hoje conectam-se na nuvem e alguns dos que virão no futuro, têm ou terão grande poder de processamento e assim parte do trabalho que hoje é delegado aos servidores da nuvem, serão responsabilidade destes dispositivos.
Em outras situações haverão servidores intermediários ou gateways, mais próximos fisicamente dos dispositivos e que farão o papel de processar previamente os dados e enviar apenas os dados relevantes para a nuvem, tanto para armazenamento, como para processamento. Ou seja, a nuvem ainda existirá, mas a seletividade de quais dados são trocados com a nuvem, será maior.
Vendo o modelo assim estruturado, onde a nuvem posiciona-se acima de tudo, havendo logo abaixo uma outra camada de infraestrutura responsável por selecionar que dados são enviados / recebidos da nuvem e abaixo de tudo os usuários e dispositivos, a nomenclatura “Fog Computing” até faz mais sentido que “Edge Computing”.
Qual é o benefício da Edge Computing?
Entre outras situações, a computação de borda garante processamento mais rápido de dados. Um dispositivo hipotético solicita a um serviço na nuvem uma determinada informação. Os dados são enviados pela rede e processados em um servidor que pode estar em outro continente, em seguida, uma resposta é enviada de volta. O tempo que esse processo leva é chamado de latência. No modelo Edge Computing, a latência poderá ser muito menor em vários casos.
Um exemplo prático, são os desenvolvedores de videogames, que têm tentado por muito tempo reduzir tanto quanto possível os atrasos reais e percebidos entre as ações no jogo, por exemplo, na detecção de ocorrências em jogos de tiro. Adotar um modelo de computação de borda em jogo multplayer online, significará uma ação muito mais fluida e ao mesmo tempo menor demanda da nuvem, que por sua vez representa menor custo.
Em outra possível situação, imagine um conjunto de câmeras de segurança. No atual cenário, as imagens são apenas enviadas para nuvem, porém com um grande consumo de espaço de armazenamento. Mas a adoção da Edge Computing, somada à Inteligência Artificial e Machine Learning, ocorreria uma filtragem e apenas as imagens relevantes seriam armazenadas, representando uma enorme economia de banda e armazenamento.
De maneira geral a computação de borda é um novo processo de descentralização (saindo da nuvem), em direção às bordas, da mesma forma que ocorreu com o surgimento dos PCs e, que tem por objetivo sanar os problemas de grande consumo de banda para tráfego de dados e processamento na nuvem, com ganhos em termos de desempenho e economia.
Mas nem tudo são flores e se por um lado parece que o novo modelo traz vantagens importantes, ele introduz mais uma preocupação relevante, que é o aspecto da segurança. Na medida em que se incluem novos componentes no meio do caminho entre dispositivos e nuvem, tem-se mais um elemento passível de vulnerabilidades.
Conclusão
A Edge Computing ou Computação de Borda ou ainda mais restritivamente, Fog Computing, é um modelo de computação que surgiu para dar cabo de volumosas e crescentes demandas por tráfego e processamento de dados em relação ao modelo de Cloud Computing, incluindo elementos nas bordas da rede que realizam a seleção de quais dados devem ser trocados e respondendo pelo processamento com demanda mais urgente.