Ruby, criando aplicações poderosas para a Web

Ao longo do caminho para se tornar um desenvolvedor Web, a etapa da escolha das ferramentas e linguagens usadas, costuma deixar muitos indecisos, seja pela variedade de opções, seja porque há muitos defensores de cada uma dessas alternativas.

Se você está nesse momento e quer conhecer uma que não é das mais populares, mas que tem encantado desenvolvedores no mundo todo, devido a sua simplicidade, elegância e poder, então se prepare para ser apresentado ao Ruby!

Ao fim desse post, você terá conhecido porque o Ruby pode ser uma excelente escolha para iniciantes no desenvolvimento web, como o framework Ruby on Rails pode acelerar sua produtividade e o mais importante, porque é uma ótima ferramenta para aplicações Web eficientes.

Então pegue uma xícara de café, fique atento e vem com a gente!

O que é a linguagem Ruby?

Ruby é uma linguagem de programação interpretada, de alto nível e orientada a objetos, criada em 1995 por Yukihiro “Matz” Matsumoto, no Japão.

Ela é usada principalmente no lado do servidor, ou seja, no back-end das aplicações web, onde acontece o processamento das informações, a comunicação com o serviço de bancos de dados e a geração das páginas que serão exibidas no navegador do usuário.

Aqui, muitos vão dizer: “Ok, mais uma linguagem de programação, mas no que ele é diferente de todas as outras?”, ou talvez, “Por que eu devo escolher o Ruby?”, não é mesmo?

Calma! Contenha sua possível ansiedade, porque aos poucos você compreenderá essas e outras questões.

Mas mais do que uma linguagem técnica, Ruby nasceu com uma missão ousada: tornar a programação uma atividade prazerosa para aqueles que o escolherem.

Enquanto muitas linguagens priorizam desempenho ou controle absoluto sobre o hardware, Ruby escolheu um caminho diferente, o da “simplicidade elegante”.

A sua sintaxe – um ponto importante em programação – é limpa, intuitiva e os apaixonados por ela, ousam dizer que é quase poética. Isso significa que, mesmo quem nunca programou antes, pode começar a entender o que está acontecendo com apenas alguns minutos de estudo.

Quer ver?

Então dê uma olhada no exemplo abaixo.

5.times do
puts "Olá mundo!"
end

Mesmo sem saber nada de programação, você consegue imaginar o que esse código faz?

Ele imprime a frase “Olá mundo!” cinco vezes. Fácil, né?

Matz, como é chamado pela comunidade, o criador do Ruby, focou em desenvolver uma linguagem que ao mesmo tempo fosse bastante funcional e fácil de utilizar e para isso, inspirou-se em linguagens como Perl, Smalltalk, Eiffel e Ada, mas sempre com foco em tornar o código o mais legível possível, bem como bastante intuitivo.

A filosofia de Ruby pode ser resumida em alguns princípios:

  • Desenvolvedor em primeiro lugar – o código deve ser fácil de escrever e de compreender;

  • Menos, é mais – busca evitar qualquer complexidade desnecessária;

  • Conveniência sem sacrifício – fornecer padrões inteligentes que funcionem na maior variedade das situações.

Outra característica marcante do Ruby é o fato dele ser orientado a objetos.

Nesse ponto, muita gente dirá: “Certo, mas todas as linguagens modernas também são!”.

Sim, você tem razão, mas a diferença é que tudo em Ruby é um objeto. Na prática, significa que você pode aplicar métodos e manipular dados de forma simples, consistente e poderosa.

Quer outro exemplo? Até mesmo os números e as strings são objetos, o que permite uma abordagem mais fluida e natural ao resolver problemas que são comuns em muitas aplicações.

Assim, uma instrução que inverte uma string, pode ser tão simples como:

"Ruby".reverse # => "ybuR"

Essa objetividade – com perdão pelo trocadilho – faz do Ruby uma linguagem ideal para quem está começando, pois reduz a quantidade de exceções, de sintaxes complexas e um monte de regras que algumas outras linguagens adotam.

Por que Ruby é ideal para quem está começando?

Para você que está querendo ingressar no mundo da programação e quer criar sites ou aplicações para a Internet, é natural se sentir desnorteado, afinal, são tantas linguagens, frameworks e ferramentas que prometem maravilhas, que ficamos com a impressão que é tudo só propaganda, não é mesmo?

Mas e se nós te disséssemos que o Ruby foi pensado justamente para tornar esse caminho mais simples, mais intuitivo e até mais divertido?

Para não ficar só no discurso, veja as principais vantagens do Ruby:

  • Aprendizado suave e intuitivo

    • Ruby tem uma curva de aprendizado mais suave, mais amigável. Isso significa que você não precisa dominar conceitos complexos logo de cara, para começar a criar soluções funcionais. Ou seja, facilmente você verá os resultados;

    • A sintaxe clara e direta permite que você se concentre no que realmente importa, que é resolver problemas e construir soluções eficientes. É disso que a boa programação consiste;

    • Em vez de ficar preso aos preciosismos técnicos e estruturas complexas de muitas linguagens, você implanta soluções simples e vê imediatamente os resultados, o que é essencial para manter a motivação de quem está começando;

    • Outro benefício, é o menor ruído no código, pois a linguagem evita estruturas excessivamente verbosas e por consequência, há menos distrações visuais, ajudando a focar no que realmente importa.

  • Ferramentas que facilitam o trabalho

    • Um dos grandes trunfos no desenvolvimento web, é o seu principal framework, o Ruby on Rails, ou apenas “Rails” para os íntimos. Ele foi criado com um conceito semelhante ao da linguagem, que é facilitar a vida do desenvolvedor, na medida que muitas coisas já vêm prontas, e você não precisa configurar tudo manualmente;

    • Por meio do seu mais conhecido e usado framework, com poucos comandos, você já tem uma aplicação funcional rodando. E isso é muito valioso para quem está aprendendo.

  • Mensagens de erro amigáveis

    • Ruby costuma oferecer mensagens de erro bem explicativas, que ajudam o desenvolvedor a entender o quê e onde algo deu errado. Isso é um diferencial em relação a linguagens que apresentam erros genéricos ou pouco informativos.

  • Convenções

    • Como Ruby e Rails seguem convenções bem definidas, há menos espaço para erros causados por configurações mal-feitas ou estruturas confusas. Isso reduz o tempo gasto tentando entender “por que não está funcionando”.

  • Ferramentas de depuração

    • Ruby vem com ferramentas que permitem inspecionar variáveis, executar trechos de código e navegar pela pilha de chamadas com facilidade, tornando o trabalho de depuração e resolução de bugs, mais eficiente.

  • Crescimento natural e progressivo

    • Ao escolher o Ruby, você não precisa ter receio em ficar limitado. Ao contrário. À medida que você evolui como desenvolvedor, a linguagem continua te acompanhando, devido ao seu poder e variedade de utilizações;

    • Você pode começar com projetos simples, como blogs ou portfólios, e depois avançar para sistemas mais robustos, APIs, e até aplicações corporativas. O Ruby permite que você cresça sem precisar recorrer a outra linguagem, porque ele não dá “conta do recado”.

  • Comunidade ativa

    • Outra vantagem que faz toda a diferença, é a comunidade Ruby, que é ativa e acolhedora;

    • Ela é conhecida por ser uma das mais receptivas e colaborativas do mundo da programação. Existem fóruns, grupos de estudo, eventos como a RubyConf, e uma grande variedade de tutoriais e materiais gratuitos que são bastante úteis aos que ainda não têm experiência;

    • Se você tiver dúvidas – e provavelmente terá – sempre haverá alguém disposto a ajudar.

O framework Ruby on Rails

Se Ruby já é uma linguagem que facilita a vida de quem está começando, o Ruby on Rails ajudou a ampliar ainda mais esse conceito, especialmente aqueles que querem e/ou precisam criar aplicações web com rapidez, organização e eficiência.

Rails, como é carinhosamente chamado pela comunidade, foi criado por David Heinemeier Hansson em 2004. Desde então, tornou-se uma das ferramentas mais influentes no desenvolvimento web moderno e não é exagero dizer que ele mudou a forma como aplicações para a Internet são criadas e mantidas.

Ele é um framework full-stack, oferecendo tudo o que você precisa para construir uma aplicação web completa do banco de dados ao front-end, seguindo uma abordagem monolítica tradicional. Isso simplifica o processo, eliminando a necessidade de juntar várias ferramentas para cada etapa do projeto.

Além disso, ele segue dois princípios fundamentais:

  • Convenção acima de configuração – o programador não precisa configurar cada detalhe do projeto, pois o Rails já vem com padrões inteligentes que funcionam na maioria dos casos;

  • Não repita a si mesmo (DRY – Don’t Repeat Yourself) – o código é organizado para evitar ao máximo as redundâncias e facilitar a manutenção. O resultado é um código mais conciso, “debugável” e funcional.

Esses princípios tornam o desenvolvimento mais rápido, mais limpo e menos propenso a erros.

O framework também dispõe de uma estrutura organizada e escalável. Como outros bons frameworks, ele segue o padrão MVC (Model-View-Controller), que separa a lógica da aplicação em três camadas:

  • Model – representa os dados e regras de negócio;

  • View – cuida da apresentação visual;

  • Controller – faz a ponte entre os dados e a interface.

Essa organização facilita o entendimento do projeto, mesmo para quem está começando, e permite que você escale sua aplicação com mais facilidade e segurança.

Mas se ainda assim você não está convencido das qualidades do Rails, saiba que gigantes como GitHub, Shopify, Airbnb, Basecamp e Hulu se apoiaram na sua solidez e robustez, comprovando sua capacidade de sustentar aplicações de grande porte e alto tráfego.

Ruby vs outras linguagens

Se você está pesquisando linguagens para começar a desenvolver aplicações web, é bem provável que tenha esbarrado em nomes como PHP, Perl e Python. Todas elas têm seu valor, mas é importante entender como o Ruby, especialmente com o framework Ruby on Rails, diferencia-se dessas opções.

Vamos falar um pouco a respeito?

Legibilidade e clareza

Na seção sobre as suas vantagens, já mencionamos que o Ruby é reconhecido por sua sintaxe limpa e intuitiva, sendo legível e agradável, mesmo para quem está começando.

O Perl, por exemplo, que é também uma linguagem poderosa, mas tem uma sintaxe que muitos consideram confusa e difícil de manter e que se torna especialmente complexa conforme os projetos se tornam maiores.

Já o PHP, que foi criado especificamente para desenvolvimento web, ao longo de anos anteriores (antes da versão atual) acumulou uma reputação de código desorganizado, especialmente em projetos que crescem sem uma estrutura clara. Hoje existem frameworks PHP, como o Laravel por exemplo, que ajudam a organizar melhor, mas a linguagem em si ainda carrega essa herança.

Por sua vez, o Python possivelmente é o mais próximo do Ruby em termos de legibilidade. Também tem uma sintaxe clara e é fácil de aprender. No entanto, seus frameworks web (como Django e Flask) não foram criados com o mesmo foco em produtividade e convenção que o Rails oferece.

Desenvolvimento web na prática

  • PHP – é amplamente usado em sites e sistemas, especialmente por meio do WordPress. Mas exige mais configuração e atenção à segurança, além de não seguir o padrão MVC de forma nativa, exigindo para tanto um framework;

  • Perl – teve seu auge nos anos 90 e início dos 2000, mas hoje é pouco usada em novos projetos web;

  • Python – é versátil e tem frameworks como Django, que são robustos, mas exigem mais decisões e configurações do que o Rails.

Ruby com Rails, por outro lado, oferece uma experiência completa e integrada. Você instala o framework, roda alguns comandos e já tem uma aplicação funcional com estrutura MVC, banco de dados, rotas e interface básica.

As gems – reutilização e produtividade

Outro ponto que merece destaque é o sistema de bibliotecas reutilizáveis do Ruby, conhecido como gems.

As gems são pacotes de código que resolvem problemas específicos, como por exemplo, a autenticação de usuários, integração com APIs, a geração de PDFs, o envio de e-mails, entre milhares de outras funcionalidades.

Isso por si só, soa como música para qualquer programador, não é? Mas se não fosse bastante bom, pode ser ainda melhor, porque instalar e usar uma gem, é um processo extremamente simples, bastando um comando no terminal do seu servidor.

Esse sistema é gerenciado pelo RubyGems, um repositório central de bibliotecas. O processo de instalação de uma gem é extremamente simples, geralmente feito com um comando no terminal, tanto em seu ambiente de desenvolvimento quanto no servidor de aplicação, o que facilita a vida de quem está começando.

Esse sistema é gerenciado pelo RubyGems, que funciona como um repositório central de bibliotecas e muitos painéis de hospedagem, como o cPanel, já oferecem suporte à instalação do RubyGems, facilitando ainda mais a vida de quem está começando.

Essa estrutura permite que o desenvolvedor:

  • Evite trabalho repetitivo – já há uma ampla gama de soluções prontas para quase tudo;

  • Ganho de tempo – o desenvolvedor pode focar na lógica do projeto, em vez de detalhes técnicos repetitivos;

  • Código limpo e modular – ajuda a manter o código limpo e modular, pois cada gem tem uma função clara e pode ser atualizada independentemente.

Em outras linguagens, como PHP ou Perl, o uso de bibliotecas externas pode exigir mais configuração, ou depender de padrões menos práticos e integrados.

Ainda vale a pena investir no Ruby?

Depois de tudo o que vimos até aqui, talvez você esteja se perguntando: "Mas Ruby ainda é usado? Vale a pena aprender essa linguagem em 2025?".

A resposta direta, é: sim, vale muito a pena, especialmente se o seu foco é desenvolvimento web.

Apesar de vermos uma série de tecnologias surgindo o tempo todo, Ruby continua evoluindo para se adequar à realidade atual. A linguagem recebe atualizações regulares, com melhorias de desempenho, segurança e recursos modernos.

O Rails também segue firme, graças a uma comunidade ativa que mantém o framework atualizado e compatível com as demandas atuais do mercado.

Além dos grandes nomes que citamos e que continuam mantendo suas plataformas sobre o Ruby, muitas startups e projetos independentes escolhem Ruby justamente pela rapidez de desenvolvimento e facilidade de manutenção.

E se todas as boas razões que já apresentamos não fossem suficientes, e você decida migrar para outra linguagem no futuro, aprender Ruby lhe dá uma base sólida em boas práticas de programação, orientação a objetos, estrutura MVC e desenvolvimento web completo.

Ou seja, o conhecimento adquirido com Ruby é transferível e útil em qualquer plataforma moderna.

Conclusão

Ruby pode não estar no “hype” das linguagens, mas ainda é uma escolha robusta e eficiente para quem quer criar aplicações web com qualidade e agilidade.

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