O que é MySQL e por que usar?
Quem tem algum nível de envolvimento com tecnologia, especificamente informática, já está acostumado. Mas para os leigos ou aqueles que estão apenas ingressando nesse mundo, a vastidão das siglas e nomes dados às muitas tecnologias, pode parecer um verdadeiro labirinto de perguntas, muitas delas sem respostas precisas ou esclarecedoras.
Por essa razão, este artigo pretende responder de forma tão explícita quanto possível, as primeiras dúvidas que normalmente vêm à cabeça daqueles que estão querendo saber o que é o MySQL e o porque usá-lo.
O MySQL e os bancos de dados
É normal que as pessoas que não têm familiaridade com o assunto, mas em algum momento já tiveram qualquer contato com o tema, digam que MySQL é um banco de dados. Não estão erradas, mas também não estão totalmente certas nessa afirmação. É aí que começa a confusão.
Os bancos de dados em conceito como os conhecemos e utilizamos hoje, datam de 1970, quando Edgar F. Codd, enquanto cientista de computação trabalhava na IBM. Bancos de dados já existiam, mas o que Edgar propôs foi o modelo relacional de bancos de dados, bem como o modelo para gerenciar esses dados. Foi então que sua adoção ganhou impulso.
De modo resumido, um banco de dados relacional, significa que os dados são armazenados na forma de tabelas, as quais se relacionam mutuamente e daí o seu nome. Além disso, devem existir regras para como os dados são representados em cada tabela, como são organizados, acessados e uma série de outras regras, em um total de 13 regras, de acordo com o modelo originalmente estabelecido.
A partir dessa conceituação inicial, um banco de dados relacional era capaz de facilitar o acesso e manipulação dos dados, conferindo flexibilidade ao usuário que acessa tais dados, por meio de diferentes abordagens. Resumindo, o acesso e o uso de um dado específico tornou-se mais fácil e rápido.
Por essa razão, os bancos de dados relacionais começaram a ser amplamente usados em detrimento das outras estruturas existentes para armazenamento de informação.
Mas a informação – ou os dados contidos no banco – por si só não representam nada, se não houver um sistema capaz de gerenciá-la e que são os SGBDs (Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados) ou DBMS em inglês (Data Base Management System).
Basicamente o que um SGBD faz, é ter acesso aos dados e ser capaz de lê-los, modificá-los, incluir novos dados, organizá-los segundo necessidades específicas, através de uma linguagem de programação. Entre as muitas que surgiram, uma adequou-se muito bem à proposta e coincidentemente ou não, também surgiu nos laboratórios da IBM – o SQL ou Structured Query Language, ou ainda em português, Linguagem de Consulta Estruturada.
Particularmente nos anos 80, com o crescimento da informática, tudo isso ganhou enorme importância. O mundo e os negócios produziam informação como nunca antes e era preciso dispor de ferramentas para armazenar e gerenciar os dados gerados. Nesse cenário, os bancos de dados relacionais, com gerenciamento usando a linguagem SQL, desenvolveu-se rapidamente.
A partir de meados dos anos 90, na Suécia um grupo de programadores e cientistas da computação, desenvolveram uma alternativa Open Source de SGBD, que utilizava uma versão mais enxuta da mesma linguagem SQL para gerenciamento do banco de dados e que por algumas características, passou a ser amplamente utilizado – o MySQL.
Assim, já deve estar claro que quando se ouve o termo “banco de dados MySQL”, mais do que apenas um “tipo” de banco de dados, estamos falando de um banco de dados relacional, que tem atrelado a ele um sistema de gerenciamento desses dados e que utiliza uma linguagem estruturada oriunda da linguagem SQL.
O desenvolvimento do MySQL
Inicialmente a empresa formada pelos criadores do MySQL, lançaram uma versão substancialmente diferente do que temos hoje, inclusive em termos de desempenho, que os fez rapidamente mudar para um modelo mais próximo do atual, incluindo o fato de ser Open Source (sob licença GNU GPL) e gratuito, contrapondo-se ao padrão anterior, que era proprietário.
Estava garantida a fórmula de sucesso!
Uma boa e eficiente arquitetura de bancos de dados, um SGBD consistente e facilmente gerenciável, graças a uma versão gratuita e personalizável (por ser Open Source) de linguagem, fizeram com que muitos desenvolvedores aderissem rapidamente ao padrão criado.
Ao longo dos anos, várias versões incorporando novas características e ampliando os benefícios do MySQL, contribuíram para seu crescimento e nível de adoção, somadas ao fato de que boa parte dos sistemas operacionais mais usados, também são capazes de trabalhar com o MySQL, como FreeBSD, Linux, macOS, OS/2 e Windows, entre outros.
Em paralelo, o fim da década de 90 e o crescimento da Internet, foram a alavanca que faltava para que o MySQL ganhasse definitivamente o mundo.
A sua fácil integração com a linguagem de programação PHP – que assim como o MySQL é gratuita e Open Source – passou a ser a receita preferida de muitos desenvolvedores, em uma época em que a Internet ainda não conhecia os CMSs e demais facilidades disponíveis nos dias de hoje.
Tanto sucesso, fez com que em 2008 a Sun Microsystems – criadora do Java e do Solaris – adquirisse a empresa criadora do MySQL e naturalmente os direitos sobre ele, pela espantosa cifra de 1 bilhão de dólares, algo inimaginável na ocasião para uma tecnologia Open Source.
Mais 2 anos se passaram e a gigante Oracle incorporou a Sun e com ela também o MySQL.
Uma curiosidade que vale mencionar em meio aos muitos capítulos da história do MySQL, que no dia do anúncio da aquisição da Sun por parte da Oracle, um dos seus criadores (Michael Widenius), lançou o MariaDB, que nada mais é do que um fork do MySQL e que atualmente tem uma aceitação muito boa e cujo nível de adoção vem crescendo.
Um fork, nada mais é do que um desenvolvimento paralelo e independente a partir do fonte de outro projeto.
Atualmente muitas empresas e mesmo órgãos governamentais ao redor de todo o mundo, mantém seus dados em plataformas baseadas no MySQL.
Sites como Facebook, Wikipedia, Twitter e YouTube, utilizam-no. Alguns dos mais populares CMSs, como WordPress, Drupal e Joomla, também.
10 razões porque usar o MySQL
Naturalmente e como tudo na vida, cada qual tem seus motivos para optar por diferentes produtos, serviços, marcas, empresas.
Quando o assunto envolve tecnologias e serviços para Internet, não é diferente. Justamente por isso, vamos nos ater a razões bastante objetivas e que não dependem apenas de opiniões e gostos pessoais:
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O MySQL se tornou o mais popular banco de dados Open Source do mundo. Isso traz muitas consequências diretas e indiretas, como por exemplo, muita disponibilidade de informações produzidas pela própria comunidade em torno de sites e fóruns, o que é fundamental na solução de problemas e mesmo na implementação de soluções, particularmente por parte dos menos experientes;
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Aplicações integradas utilizadas por web designers e desenvolvedores na Internet, como o XAMP (substituído pelo MariaDB em versões recentes) e LAMP, o que facilita a adaptação e mesmo o aprendizado para os iniciantes, já que é fácil e rápida a instalação e o uso em uma estação de trabalho;
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O MySQL funciona e pode ser instalado em uma ampla gama de sistemas operacionais, como Linux, FreeBSD, macOS, Novell Netware, Microsoft Windows, NetBSD, i5/OS, OpenSolaris, OS/2 Warp, QNX, Oracle Solaris, Symbian, SunOS, entre outros;
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A variedade de linguagens de programação que podem ser utilizadas com o MySQL, também é muito ampla e inclui PHP, Python, Perl, Ruby, .NET, ASP, C, C++, Java, Delphi, entre outras;
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Há uma ampla documentação que cobre muitos aspectos de desenvolvimento, disponível no próprio site do MySQL;
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Embora já existam tecnologias de banco de dados que produzem resultados consistentes, para muitos casos o desempenho do MySQL é muito bom, mesmo em sistemas com elevados números de consultas, o que é comprovável em grandes sites que manipulam volumes imensos de dados, como é o caso do Facebook;
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A disponibilidade, apoiada em estabilidade e confiabilidade no armazenamento e manipulação dos dados, assegurando que as aplicações baseadas em dados gerenciados pelo MySQL estarão sempre funcionais;
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Bons mecanismos de segurança, visando assegurar que somente usuários autorizados têm acesso para o servidor de banco de dados, bem como garantir diferentes níveis de privilégios e criptografia dos dados, quando necessário;
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Open Source e gratuito. Mais do que a redução de custos, que dependendo da solução de banco de dados pode ser importante, a certeza de que uma grande comunidade está envolvida na busca de soluções e melhorias. Quando necessário, há a possibilidade de se optar por edições mais específicas e com suporte da Oracle, como o Oracle MySQL, com suporte 24X7;
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Portabilidade ampla, seja pela variedade de sistemas que operam com o MySQL, seja porque no ambiente de Internet, a maioria esmagadora de provedores de hospedagem fornece o serviço de bancos de dados baseados em MySQL e mesmo seu fork, o MariaDB tem compatibilidade.
Conclusão
O MySQL é o mais usado e popular Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados baseado na linguagem SQL da atualidade, amparado em um conjunto consistente e objetivo de razões para adotá-lo como plataforma de dados para aplicações web e de outras naturezas.