O novo Bing vai tomar o lugar do Google nas buscas?
Para muita gente – cerca de 9 em cada 10 pessoas, segundo o Statista – buscar qualquer coisa na Web, é sinônimo de buscar no Google, ao ponto de se ter se criado um neologismo “informal” com o nome da ferramenta: “dá uma gugada (ou googada?)…”.
Mas entre os que estão no outro extremo dessa aparente desigual batalha dos buscadores, um promete não aceitar passivamente sua condição, o Bing!
Anunciado há poucos dias, rapidamente a ferramenta de busca da Microsoft já aparece como o “novo Bing” para alguns usuários que usam o navegador Edge.
Saiba o que esperar, as perspectivas e o que já descobrimos a respeito…
O que é o novo Bing?
O “novo Bing”, é a ferramenta de busca de sites, que além dos recursos já conhecidos, tem integrado o recurso de respostas diretas, mais objetivas e/ou mais detalhadas, a partir de perguntas em linguagem natural, que é a que usamos na conversação quotidiana e que para isso, faz uso da inteligência artificial do polêmico e curioso, mas também impressionante ChatGPT, da empresa OpenAI.
A velocidade com que os anúncios vêm sendo feitos e as escassez de detalhes oficiais, produz mais perguntas do que respostas, por mais paradoxal que pareça, afinal a principal novidade do “novo Bing”, como a própria Microsoft vem chamando, é dar boas respostas a questões comuns.
Um dia após o anúncio do uso da tecnologia de IA do Google – chamada de Bard – na sua ferramenta de buscas, na terça (07/02), Satya Nadella, diretor da Microsoft, disse que “A IA (inteligência artificial) mudará fundamentalmente todos os tipos de software, começando com o maior de todos, a pesquisa” e que “a corrida começa hoje”, em clara referência ao Google, o qual domina o segmento há aproximadamente duas décadas.
O que muda com o “novo Bing”?
Pelo menos por enquanto e a partir de algumas poucas imagens e vídeos disponíveis, a página de resultados que já vinha sendo alterada e exibindo bem mais do que uma lista de links, exibirá em uma coluna à direita, o resultado produzido pelo ChatGPT.
Desde o anúncio de que o antes chamado de Microsoft Bing usaria o modelo de IA desenvolvido pela OpenAI e que vinha recebendo maciços investimentos da empresa criada por Bill Gates, até a efetiva aparição, transcorreram poucos meses.
Pouco tempo, porque mudanças do tipo e que prometem impactar de modo significativo um segmento, costumam exigir um período razoável de implantação, com testes, ajustes e melhorias, algum suspense e preparação.
A ideia, como comentamos no artigo sobre o ChatGPT, além de obviamente tomar a liderança do rival, é que para muitas questões o usuário não tenha mais que navegar entre os inúmeros links fornecidos nas tradicionais páginas de resultados dos sites de busca (SERP), seja lá qual site de busca você utilize.
Ele ainda terá essa opção dos diversos links, se preferir o modo “antigo”, até mesmo para confrontar com a resposta produzida pela inteligência artificial. Porém, com a consolidação e, sobretudo, a medida que se estabelecer a confiabilidade do recurso, o internauta pode ter respondida questões corriqueiras, de forma mais rápida, prática e completa.
Para aqueles que defendem o modelo, há outros benefícios, como o ganho de produtividade, a ampliação do conhecimento e produção de novos, e a destinação do tempo e dos esforços para questões que a IA ainda não é solução, pelo menos nesse momento.
Do ponto de vista prático e como pelo menos por enquanto, não existem detalhes técnicos oficiais, não dá para saber se os resultados que decorrem do “velho” algoritmo, também sofrem influência da nova tecnologia e como consequência, como afeta questões como SEO para o Microsoft Bing.
Na primeira página, ao menos visualmente o resultado é no mínimo interessante e diferente do que a maioria está acostumada ao usar o Google.
Sam Altman, CEO da OpenAI, disse que o Bing faz uso da versão mais recente e, portanto, supõe-se que seja o GPT-4, o qual foi treinado com um número ainda superior de parâmetros (cerca de 1 trilhão!) comparado ao ChatGPT que pode ser testado e que baseia-se no GPT-3.
Partindo desse pressuposto, o novo Bing deve ser capaz de respostas ainda melhores.
Como usar / acessar o novo Bing?
Se você é como a maioria, mais do que apenas ler sobre, é provável que queira testar e esteja se perguntando, como fazer, certo?
De fato, como o CEO da Microsoft anunciou, a coisa está parecendo uma corrida, pois apenas dois dias se passaram após seu anúncio e alguns usuários já conseguem acessar o “novo Bing”.
Ele aparece na página inicial do navegador Edge para os usuários que usam as versões em inglês do sistema operacional da empresa. Era esperado que fosse assim e segundo Nadella, gradativamente ao longo das próximas semanas, mais usuários devem a ter acesso.
No entanto, também em função da ausência de detalhes no anúncio, parece que o recurso está sobrecarregado, já que mesmo para aqueles que o novo Bing aparece “disponível”, de fato ainda não está.
Como se vê na respectiva página, quem clica para “experimentar”, entra em uma fila de espera.
Para fazê-lo, é preciso ingressar com uma conta Microsoft e que se for a mesma usada no Windows, deve garantir o acesso direto.
Feito isso, na mesma área agora aparecerá uma mensagem informando que “Você está na lista de espera” e logo abaixo um botão no qual consta: “Acesse o novo Bing mais rapidamente”.
Como ninguém gosta de esperar, o clique no botão leva a outra página, na qual é preciso cumprir dois procedimentos:
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Definir Predefinições da Microsoft no seu PC;
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Leia o código QR para instalar a Aplicação Microsoft Bing.
O primeiro passo, nada mais é do que fazer o download de um patch que atualiza o Edge para sua versão mais recente, define-o como o browser padrão, bem como também define o Bing como buscador padrão.
Em outras palavras, todo link que você clicar e que remete a um site, será aberto por definição no Edge, bem como toda vez que usar o campo de URL para uma busca, ela será feita usando o Bing e não o Google.
Já o segundo, consiste em instalar o app do Bing no seu smartphone, de modo que aparecerá um campo de pesquisa, similar ao que usualmente existe nos aparelhos Android, porém para pesquisas usando o Bing, em vez do Google.
Ainda assim, não é possível ter acesso imediato e supostamente você apenas esperará menos.
Quem esperou sua vez, verá a resposta sendo escrita no terço de tela à direita dos resultados padrão, ressaltando que por enquanto, só estará disponível para usuários de desktop e notebook.
Qual o futuro das buscas no Bing?
Responder perguntas como se propõem os novos “sites de busca”, é bem mais do que ter à disposição um monte de links para pesquisar. Pelo paradigma que ainda está em vigência na mente da maioria de nós, a responsabilidade por dar uma resposta precisa, está nos sites que aparecem nas SERPs.
Pelo novo paradigma que se pretende estabelecer, um site de busca deixa de ser apenas para buscas em sites, mesmo que soe contraditório. O novo Bing, vai dispensar cliques e a necessidade de ter várias abas / guias para encontrarmos determinadas respostas.
A proposta é que a depender do que se queira saber, a solução para o “problema” do usuário, esteja completa, clara e atenda sua necessidade e expectativas.
Se será mesmo assim, apesar dos indícios apontarem que sim, só o tempo confirmará.
Quem vence a disputa Google X Bing?
Ou quem vencerá a corrida iniciada há poucos dias?
Por mais que tentemos nos basear em parâmetros pouco ou nada subjetivos, ainda é prematuro e não dá para ser mais do que um exercício de adivinhação.
Há um antigo princípio considerado em muitas áreas, de que quem dá os primeiros passos, tem uma vantagem competitiva importante. Parece que tanto o pessoal da Microsoft, quanto do Google, acreditam nisso, pois ambas empresas têm se apressado em comunicar e lançar seus projetos e até aparentemente, têm queimado etapas.
Conta a favor da empresa de Redmond, o fato da sua parceria ter chamado os holofotes para si e com resultados que impressionaram até os críticos, os céticos e os mais conservadores. A verdade é que o ChatGPT foi – e ainda é – o centro das atenções das notícias no segmento de tecnologia.
Outro trunfo da Microsoft, é a base de usuários Windows, o sistema operacional para desktop / notebook mais usado no mundo.
O “truque” usado e cujas etapas descrevemos anteriormente, para aqueles curiosos em experimentar a novidade, praticamente obriga o usuário a adotar o seu navegador e que também vem perdendo a disputa com o Chrome. Já se viu prática semelhante no passado, quando o Internet Explorer era o browser líder do segmento.
Já do lado do Google, a hegemônica liderança de cerca de duas décadas, consolidaram a marca na mente dos usuários como sinônimo de busca e que tem reforço pela também tranquila liderança do Chrome e do seu sistema operacional para smartphones, o Android.
Tanto um, quanto o outro, tem configurados por padrão, o próprio buscador e por isso, não dá para recriminar a Microsoft ao fazer o mesmo no Windows.
Na sucessão de movimentos que se observam de cada lado, dois dias após o primeiro anúncio do Bard, um vídeo para apresentação do lançamento por parte do Google, revelou uma imprecisão em uma resposta do seu sistema de IA, fazendo com que as ações da Alphabet – empresa controladora do grupo – despencassem 8% e fizessem seu valor de mercado diminuir em mais de US$ 100 bilhões.
É uma clara demonstração da importância do que está em jogo e como o mercado observa atento o que cada um está fazendo.
Afinal, essa é uma área em que as coisas podem mudar rapidamente e exemplos que confirmam isso, não faltam. A própria Microsoft foi vítima desse tipo de fenômeno, tendo frequentado o outro lado e certamente quer reverter a situação a seu favor.
Quem ganha? O usuário final e que é aquele responsável pelas cifras bilionárias que ambas querem abocanhar!
Conclusão
O “novo Bing” incorporou a tecnologia que promete revolucionar o mundo e dá início a uma corrida que promete ser acirrada e incerta.