Bard chega oficialmente ao Brasil! Bora testar?

No início de fevereiro de 2023, nós anunciamos que o “Bard estava chegando, como resposta do Google ao ChatGPT”.

Desde então, foram mais 5 meses durante os quais, apenas os usuários localizados nos EUA e Reino Unido, pudessem experimentar a alternativa do buscador líder da Web.

A expectativa – para aqueles que a tinham – acabou e os usuários brasileiros podem finalmente ver do que o Bard é capaz.

Sendo assim, em nosso bate-papo de hoje, nos “mastigamos” tudo o que está disponível e como usar o tão aguardado grande modelo de linguagem da empresa de Mountain View.

O que é o Bard?

O Bard é um sistema que se baseia em não apenas uma, mas um conjunto de tecnologias, que envolvem deep learning, LaMDA (Language Model for Dialogue Applications) e que significa Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo, desenvolvida no Google e outras que internamente são chamadas de PaLM, Imagen e MusicLM.

Se preferir e resumidamente, é o “robô” do Google que utiliza inteligência artificial para escrever mensagens usando linguagem que pretende ser igual – ou tão parecido quanto possível – a que usamos em nossa comunicação e que ficou disponível para acesso aos usuários brasileiros nesse 13 de julho de 2023.

Bem, a não ser que você estivesse isolado do mundo ou totalmente desconectado da Internet, é pouquíssimo provável que você não soubesse nada sobre o Bard e muito menos sobre o seu concorrente mais famoso, o ChatGPT.

Sendo assim, vamos ao que você deve se interessar…

Como usar o Bard?

Usar o Bard é muito simples, bastando abrir seu navegador preferido e digitar no campo da URL, o endereço https://bard.google.com/.

De cara você encontra uma página simples e objetiva, como costumam ser a maioria dos serviços do Google, com o nome Bard discretamente posicionado no canto superior esquerdo e ao lado um quadro azul com a palavra “EXPERIMENT”, indicando que está em fase experimental.

Em posição central e em destaque, aparece uma frase que vai mudando e indicando algumas das coisas que o Bard pode fazer.

Se você não estiver logado com uma conta (e-mail) do Google, terá que fazer login para prosseguir e testá-lo. Se estiver, basta clicar no botão “Quero testar o Bard”.

Como em todo serviço na Web, o primeiro passo consiste em concordar com os termos de uso do serviço e com a política de privacidade.

Se você é como a grande maioria, não lerá nada e apenas marcará a opção pela qual concorda e prosseguirá.

Após concordar com todos os termos, clicando no botão “concordo”, vem novamente o aviso de que ele é EXPERIMENTAL e, portanto, nem sempre acerta e em caso de dúvida, use o botão "Pesquisar no Google" para verificar as respostas do Bard.

Ele também permite marcar a opção pela qual recebem-se notificações sobre melhorias / aprimoramentos na ferramenta, os quais ocorrem por meio da sua conta (e-mail) do Google.

Ele começa se apresentando: “Oi, eu sou o Bard. Posso colaborar com você usando minha criatividade e disposição para ajudar”.

De início a ferramenta dá alguns exemplos de possíveis perguntas que podem ser feitas. E novamente nesse ponto, aparece um alerta quanto ao processo de revisão por parte de colaboradores que trabalham na plataforma no processo de aprendizagem além de reiterar que “tenho algumas limitações e confesso que nem sempre acerto tudo, mas com seu feedback eu vou melhorar”.

No final, um campo para digitar ou usar voz, clicando no ícone do microfone, para enviar o comando / pergunta.

Testando o Bard

Logo de cara começamos com uma pergunta que deve se repetir por parte de muita gente e que testa também a possível rivalidade com seu concorrente mais popular: “Qual ferramenta de IA é melhor? O ChatGPT ou o Bard?”.

A resposta não surpreendeu e iniciou com uma abordagem “politicamente correta”, ao dizer que: “O ChatGPT e o Bard são ambos grandes modelos de linguagem (LLMs) que podem gerar texto, traduzir idiomas, escrever diferentes tipos de conteúdo criativo e responder às suas perguntas de forma informativa”.

Mas logo se encarrega de afirmar que são diferentes e quais são essas diferenças:

  • O Bard é um modelo de linguagem factual, ou seja, que se baseia em fatos e, portanto, concentra-se mais na precisão e na relevância do que o ChatGPT;

  • É capaz de acessar e processar informações do mundo real por meio da Pesquisa Google, o que o torna mais abrangente e atualizado em suas respostas.

É importante lembrar que em sua versão inicial, a ferramenta da OpenAI / Microsoft baseava seu aprendizado em conteúdo público da Internet, até setembro de 2021. Não se sabe oficialmente qual é esse período no caso do GPT4, que é o que se baseia o “novo Bing”, mas pela resposta supõe-se que o Bard consiga entregar respostas mais atualizadas e fundamentadas em pesquisas mais atuais e em tempo real, extraídas da Internet.

O Bard parece mais responsivo e gera respostas mais rapidamente do que o ChatGPT, possivelmente já usando em parte o ecossistema e tecnologias da ferramenta líder em buscas a seu favor.

Percebe-se também, que diferentemente do que acontece com o ChatGPT, o Bard não lista ao final da resposta, as fontes nas quais ele se baseou para entregar a resposta e que no caso da ferramenta da OpenAI, podem ser acessadas pelo usuário para saber mais.

Logo abaixo da resposta, há os botões de like e deslike, o de compartilhamento e um botão para “pesquisar no Google”, o que produz a exibição de links para pesquisas similares e que se clicadas, abrem em nova aba / guia do navegador, a busca para essas perguntas alternativas.

A maioria dessas três alternativas, estão em inglês.

Vale destacar que à medida que se faz outras pesquisas, o histórico recente de perguntas feitas é mantido, sendo necessário rolar a tela para visualizar as pesquisas anteriores. Quando se sai da página e retorna-se a ela, em uma área à esquerda constam algumas das perguntas.

A seguir fizemos algumas pesquisas relacionadas com conteúdos que temos em nosso blog e de outros blogs que conhecemos bem e que são semelhantes, para comparar com as respostas dadas pela IA do Google.

Identificamos que várias das respostas são dadas em formato similar ao que o algoritmo do Google prioriza nos conteúdos das SERPs para as mesmas respostas e que em muitas geralmente há a preocupação de fornecer uma resposta objetiva, muitas vezes em prejuízo da profundidade e/ou da relevância.

Como exemplo, quando perguntamos sobre os erros mais comuns no atendimento do varejo, um dos itens, foi: “Não ser profissional: Os funcionários devem se vestir de forma profissional e se comportar de forma respeitosa. Isso ajudará a criar uma boa impressão para os clientes”.

De fato constitui um erro não agir dessa maneira, mas quem busca esse tipo de resposta, quer algo menos primário e raso. Para situações análogas, consultar os resultados da busca orgânica, ainda é o melhor negócio.

Resolvemos complicar e pedimos para o Bard explicar “como ir de bicicleta de Barueri até a Rota Márcia Prado”.

O Bard informou um roteiro, com algumas ruas / avenidas e distâncias aproximadas, mas incorretas, além de dicas básicas de pedal. Refizemos a pergunta, dando mais detalhes para testar se agora o Bard seria capaz de identificar onde é a Rota Márcia Prado, um percurso conhecido por ciclistas paulistanos.

Novamente cometeu erros, ainda piores que os iniciais, como ao informar um nome de rua que nem mesmo existe.

Resolvemos então testar seus dotes culinários, já que entre as sugestões de pesquisa, consta uma receita usando brócolos (brócolis em português de Portugal), ovo e frango. Para tanto, perguntamos como fazer o clássico, famoso e simples “Fettuccine Alfredo”.

Percebemos que essa também não é a praia do Bard! Erros no procedimento e nos ingredientes.

Direcionamos então a pergunta para uma resposta que pudesse ser dada na forma de lista numerada. Ao avaliarmos a resposta, a qual foi ainda mais direta e simples, observamos um erro que mostra que o Bard “pensa” em inglês e depois traduz a resposta – “Não seguir-up após a venda”.

Ou seja, ele tentou traduzir “follow-up”, mas falhou e ficou “seguir-up”.

Seguimos então com outras perguntas, dessa vez relativa à segurança e conteúdos grátis na Internet.

Após sucessivos refinamentos, em uma das respostas, entre outras coisas o Bard informou que conteúdo grátis poderia ser perigoso, porque continha malwares, phishing, conteúdo enganoso e prejudicial, dando a falsa impressão que essa era uma característica de todo conteúdo gratuito.

O Bard é bom para pesquisas?

Fizemos um total de 30 diferentes perguntas, cobrindo diferentes temas e em vários casos, refinamos algumas das perguntas, como no caso da rota de bicicleta e o que se viu é que tal como o ChatGPT, embora possam ser surpreendentes algumas respostas e, sobretudo, como elas foram originadas, é preciso cautela, principalmente porque conforme informamos, ainda se trata de uma versão EXPERIMENTAL.

Com isso em mente, observamos alguns aspectos:

  • Para questões muito simples e nas quais um eventual dado incorreto não traga consequências importantes, essa versão experimental pode servir;

  • Mesmo sendo mais rápido do que o ChatGPT, para dúvidas básicas e simples, como por exemplo, “Quando se comemora a independência do Brasil?”, é muito mais rápido e prático usar a busca padrão no buscador;

  • A quantidade de erros identificados em respostas conhecidas, foi maior do que observamos no ChatGPT, lembrando que informação factual – termo usado pelo próprio Bard – é baseada em fatos. Quais fatos estão sendo usados no treinamento / aprendizado (machine learning)?;

  • Perguntas que podem comprometer a própria IA, como no caso em que perguntamos sobre a possível ameça da IA aos humanos, percebe-se que parte da resposta foi feita pelos responsáveis pelo seu desenvolvimento. Mesmo variando ou refinando a pergunta, vários trechos das respostas eram repetidos;

  • O modelo do ChatGPT, no qual ao fim das respostas aparecem sites de referência para o assunto, permitem que o usuário vá diretamente para fontes nas quais ele pode ter um conteúdo mais amplo e profundo. No Bard, é preciso um clique para serem exibidas possibilidades de pesquisa, as quais levam o usuário para uma SERP;

  • As respostas buscam tanta objetividade que muitas vezes se tornam muito superficiais, mostrando que diferente do ChatGPT para vários temas, ainda é fundamental recorrer às buscas tradicionais e navegar pelas páginas apresentadas;

  • Embora nessa etapa tenha sido disponibilizada para o Brasil e mais 40 idiomas, segundo o Google, nota-se que tem como base o português falado em Portugal, o que não chega a comprometer, mas causa dúvidas em alguns casos;

  • O histórico do Bard não está registrando todas as perguntas feitas;

  • Mesmo com problemas e “defeitos”, que devem ser corrigidos em aprimoramentos e novas versões e apesar de ser bem mais lento em algumas respostas, o ChatGPT fornece respostas sensivelmente melhores.

Em outras palavras, até que o Google promova melhorias, correções, ajustes e ampliação, o Bard é mais uma curiosidade do que um modelo de linguagem baseada em IA poderá fazer futuramente, do que uma ferramenta de real utilidade prática.

A ferramenta da OpenAI, quando foi disponibilizada, teoricamente deveria estar em estágio equivalente ao que o Bard está agora, mas se mostrou melhor em alguns aspectos.

Mesmo que o ChatGPT esteja alguns passos à frente, parece-nos que ainda há um longo caminho até que efetivamente seja uma ameaça aos produtores de conteúdo. Pelo menos os bons e experientes.

Até que esse dia chegue, e deve chegar, os resultados das SERPs e até mesmo outras ferramentas do próprio Google, como o Maps, se você quer ir a algum lugar, ou seu canal favorito de gastronomia no YouTube, para fazer um dos pratos mais conhecidos de Roma, são mais indicados.

Quais os termos de uso e política de privacidade do Bard?

Se por acaso você não for como a maioria dos usuários e quiser entender o que envolve os termos de uso e privacidade no uso do Bard, resumidamente descobrirá que:

  • Suas “conversas” no Bard são usadas pela equipe do serviço (revisores humanos) que as leem e se baseiam nessas interações com o propósito de aprimorar / fazer ajustes na plataforma;

  • É possível desvincular sua atividade (https://myactivity.google.com/product/bard/controls) na conta Google, dos comandos que você usa para “conversar”, o que significa que ficará armazenado seu histórico de comandos, respostas e feedback;

  • No entanto, ao desativar o registro da sua atividade, tudo o que for feito ainda estará registrado, porém não haverá associação com seu perfil / conta Google;

  • Segundo os termos, as informações são usadas como base para a tecnologia de aprendizado de máquina (machine learning), além de outros produtos do Google, como o Google Cloud;

  • São registrados também – logado ou não – o endereço IP e a geolocalização;

  • Apesar de estar estabelecido que há medidas para proteger a privacidade, no processo de supervisão por parte dos revisores humanos, há a observação para que não sejam fornecidas informações que possam identificar você ou outras pessoas nas conversas no Bard;

  • O Bard usa sua localização e conversas anteriores para dar a melhor resposta possível;

  • Bard é uma tecnologia experimental e pode, às vezes, fornecer informações imprecisas ou inadequadas que não representam as opiniões do Google;

  • Não use as respostas do Bard como orientação médica, jurídica, financeira ou de outra natureza;

  • Não inclua informações confidenciais ou sensíveis nas conversas no Bard;

  • Não é permitido usar os serviços para desenvolver modelos de aprendizado de máquina ou tecnologias relacionadas;

  • Você precisa ter 18 anos ou mais para usar os serviços;

  • É vetado seu uso para quaisquer atividades perigosas, ilegais ou finalidades maliciosas;

  • É proibido utilizar o Bard com finalidades de abuso, danos, interferência ou interrupção dos serviços (ex: spam, golpes, phishing ou malware);

  • Não é permitido para criar conteúdo que promova ou incentive o ódio ou ainda conteúdo com desinformação / fake news, deturpação ou informações enganosas;

  • Por fim, as respostas não podem envolver conteúdo sexualmente explícito, incluindo aqueles criados com a finalidade de pornografia ou satisfação sexual.

Ou seja, os termos de uso do serviço do Bard, são baseadas nas políticas gerais do Google, as quais são aplicáveis a uma série de outros serviços da empresa e aos próprios termos / politicas do Bard.

Conclusão

O Bard finalmente chegou ao Brasil e com isso pudemos testar se realmente foi boa a resposta do Google ao ChatGPT na área de inteligência artificial.

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