O que é VPN, como funciona e benefícios?

Você já parou para pensar no que acontece com suas informações toda vez que acessa a rede mundial de computadores?

Se não, deveria, já que cada clique que você dá, cada acesso que faz, cada ação, podem revelar muito sobre você e talvez você nem faça ideia das consequências e possibilidades.

E se essa sofisticada infraestrutura, quase invisível e desconhecida pela maioria, por trás de tudo estiver registrando cada passo que você dá, talvez seja hora de repensar como se conectar a ela.

Uma solução capaz de alterar essa relação com o mundo digital, sem exigir conhecimentos técnicos e nem configurações complicadas, é a rede privada virtual, ou simplesmente VPN.

Quer saber mais a respeito? Nesse post você vai entender o que é essa tecnologia, como ela funciona e por que ela pode fazer diferença nos seus passeios digitais.

O que é VPN?

Você não precisa saber em detalhes como funciona a Internet para entender qual o papel da VPN.

Apenas imagine que a Internet é como um grande complexo viário, onde todos os carros – no caso da Web, os dados – trafegam de modo livre e visíveis para quem quiser e puder observá-los. Agora pense em uma espécie de túnel privado, onde os veículos – e os seus dados – transitam ocultos de observadores, ou seja, protegidos dos olhares de pessoas curiosas.

Essa analogia com o túnel, em informática é o que chamamos de VPN, que é a sigla para uma rede privada virtual (Virtual Private Network, em inglês).

Em termos simples, uma VPN é uma tecnologia que cria uma conexão protegida entre o seu dispositivo (ex: computador ou smartphone) e o destino que você quer acessar na Internet.

Essa conexão funciona como uma rota exclusiva, oculta e que “embaralha” as informações que você envia e recebe, impedindo que sejam vistas ou identificadas por qualquer observador externo.

A ideia de uma rede privada virtual começou a tomar forma no início dos anos 1990, quando o uso da Internet ainda era restrito a órgãos públicos, universidades e algumas grandes empresas, porém, ainda que fosse pouco popular, já era evidente que o seu tráfego podia ser facilmente interceptado e lido por agentes externos.

Foi a necessidade de proteger esses eventuais acessos não autorizados, que levou à criação dos primeiros protocolos de criptografia de IP.

Na verdade, o seu surgimento foi possível graças a diferentes contribuições:

  • 1992 – a Marinha dos Estados Unidos desenvolveu o SIPP (Simple Internet Protocol Plus), um sistema de criptografia para comunicações IP, lembrando que a Internet nasceu com propósitos militares;

  • 1993 – uma equipe da Universidade de Columbia, em parceria com os AT&T Bell Labs, criou o protocolo experimental SWIPE (Software IP Encryption Protocol), voltado à segurança do tráfego de rede (confidencialidade, integridade e autenticação);

  • 1994 – o pesquisador Wei Xu, da empresa de segurança Trusted Information System, desenvolveu a rede IPSec. O IPSec basicamente tinha como função, encriptar cada pacote no tráfego de dados. Nas VPNs modernas, esse protocolo é frequentemente combinado com o IKEv2 (Internet Key Exchange version 2);

  • 1996 – a Microsoft lançou o PPTP (Point-to-Point Tunneling Protocol), o primeiro protocolo VPN amplamente utilizado comercialmente. Com o tempo, tornou-se obsoleto devido a vulnerabilidades e padrões de criptografia fracos.

Embora as VPNs modernas tenham evoluído bastante desde então, esses avanços foram fundamentais para consolidar o conceito.

Apesar da nomenclatura pouco esclarecedora e parecer tecnicamente complexa, o uso de uma VPN pode ser bem simples. Com poucos cliques, você ativa essa proteção e passa a navegar por um caminho reservado e, acima de tudo, longe dos olhares indesejados.

Por que usar uma VPN?

Ao navegar pela rede mundial de computadores, poucos sabem, mas todos estamos constantemente deixando pegadas / rastros digitais. Sim, os sites que você visita, os downloads que você faz, os serviços que acessa, tudo isso pode ser monitorado por terceiros, como provedores de acesso à Internet, por redes públicas ou até por sistemas automatizados.

Isso porque uma conexão típica da Internet, fornecida pelo seu provedor de acesso, é por padrão uma conexão sem criptografia ou quaisquer mecanismos de proteção aos conteúdos trafegados e assim, sempre que você envia um e-mail, acessa um site ou sobe um arquivo para a nuvem, essas informações podem ser interceptadas e lidas por terceiros.

Ao usar uma VPN, é como se você colocasse uma cortina entre você e esses “intermediários” do mundo digital. Ela não apenas oculta seus dados, mas também protege sua identidade e amplia sua liberdade online.

Eis os principais motivos para usar uma VPN:

  • Privacidade – ao ocultar seu endereço IP real, a VPN impede que sites e serviços saibam exatamente quem você é ou de onde está partindo o acesso. Essa é uma medida que reduz a chance de rastreamento e protege sua privacidade online;

  • Segurança – os dados que você envia e recebe são criptografados, ou seja, embaralhados de forma que fiquem ilegíveis para qualquer pessoa, ainda que eles sejam interceptados. Isso é especialmente útil em redes públicas, como cafés, aeroportos ou hotéis, embora não seja recomendável o uso de Wi-Fi público;

  • Acesso irrestrito – alguns conteúdos online são bloqueados para acesso por região geográfica. Com uma VPN, você pode se conectar a servidores em outros países e acessar esses conteúdos como se estivesse lá;

  • Anonimato – ao usar uma VPN, o que os sites enxergam é o endereço do servidor VPN e não o seu. Isso torna sua navegação mais discreta e menos exposta.

Sendo assim, as VPNs são utilizadas para adicionar uma camada extra de proteção aos dados, por meio da interconexão entre redes locais (LANs) fazendo uso de um “túnel seguro”, o qual esconde o que trafega dentro dele.

Como funciona uma VPN?

Quando você realiza qualquer tipo de acesso à Internet, o dispositivo que você está usando, conecta-se “diretamente” ao site ou serviço desejado. Na verdade, essa comunicação tem origem na sua própria rede local (LAN), que pode ser a rede de computadores da sua empresa ou mesmo uma pequena rede doméstica composta do seu notebook, modem ou roteador do seu provedor de acesso.

Acontece que essa comunicação, a partir do provedor de acesso (ISP ou Internet Service Provider) é feita por meio de redes públicas, nas quais os dados trafegam abertamente, podendo ser interceptados ou monitorados por terceiros.

Analogamente, é como quando você sai com o seu automóvel de casa e utiliza as vias públicas para chegar a algum lugar. Durante todo o trajeto, seu veículo pode ser seguido e observado.

Porém, ao usar uma VPN, esse processo muda completamente. Em vez de se conectar diretamente ao destino, seu dispositivo estabelece uma conexão com um servidor VPN e esse servidor atua como um “intermediário seguro”, criando um “túnel” criptografado entre você e o seu destino.

Pela analogia, é como se você entrasse em uma rede subterrânea de túneis, sendo impossível determinar em qual das saídas o seu carro aparecerá. Da mesma forma, se eventualmente alguém observar seu carro surgindo de alguma das saídas, não é possível saber de onde ele veio.

A partir desse conceito, fica fácil compreender por qual razão a "técnica" usada é conhecida como "tunneling", uma vez que os dados se comportam como se utilizassem uma rede subterrânea – e escondida – de túneis. O que está dentro do túnel e o seu comportamento, são invisíveis a quem estiver do lado de fora.

Soma-se a isso, outros artifícios:

  • Os sites e outros serviços com os quais você se comunica, não poderão mais ver o endereço IP real do seu computador como uma fonte de solicitações de acesso. Em vez disso, verão o endereço da rede privada virtual usada;

  • Ainda que eventualmente seja possível interceptar algum dado no caminho, ele estará criptografado e, portanto, não poderá ser "lido";

  • O seu provedor de serviços de Internet verá apenas uma conexão, que é da rede privada virtual estabelecida entre você e o serviço que você está usando e que estará completamente criptografada;

  • O provedor sabe que há atividade, mas não consegue ver o conteúdo ou destino dos dados.

Na prática a coisa acontece da seguinte forma:

  1. Você faz contato com um servidor VPN por meio de uma conexão criptografada;

  2. Você envia todas as solicitações de endereços da Internet que deseja visitar, por intermédio do seu navegador, por exemplo;

  3. O servidor por sua vez conecta aos sites e estes não "vêem" o seu verdadeiro endereço IP, mas sim do servidor VPN;

  4. O serviço acessado entrega ao servidor de VPN a informação que foi requerida, da mesma forma que faria se o acesso fosse direto;

  5. Em seguida, o servidor fornece os dados ao navegador, novamente por meio de uma conexão também criptografada. Portanto, este acesso por parte do seu computador, é invisível para os observadores de fora.

Vantagens do uso de uma VPN

O uso de uma VPN pode parecer restrito a uns poucos usuários avançados à primeira vista, mas seus benefícios são bastante concretos e aplicáveis ao dia a dia.

Seja para proteger dados pessoais, seja para acessar conteúdos restritos, seja ainda para navegar com mais liberdade, a VPN oferece vantagens que vão além da segurança:

  • Proteção de dados sensíveis – ao criptografar a sua conexão, a VPN impede que informações como senhas, dados bancários e mensagens sejam interceptadas por terceiros;

  • Privacidade na navegação – o seu endereço IP real fica oculto, dificultando o rastreamento por diferentes sites, anunciantes e até pelo seu próprio ISP;

  • Acesso a conteúdos bloqueados – serviços e sites restritos por área ou localização geográfica, conseguem ser acessados ao usar um servidor VPN localizado geograficamente onde há disponibilidade, como é o caso de alguns conteúdos do YouTube, que estão disponíveis apenas em alguns países;

  • Segurança em redes públicas – ao se conectar em redes Wi-Fi abertas (como em cafés ou aeroportos), a VPN cria uma camada de proteção que evita que seus dados fiquem expostos;

  • Liberdade de acesso à informação – em localidades nas quais há censura ou restrições de acesso a determinados conteúdos, a VPN permite contornar tais bloqueios e acessar os respectivos conteúdos livremente.

Quais tipos de VPN existem?

Embora o conceito de VPN seja único – criar uma conexão segura e privada entre você e a Internet – existem diferentes maneiras de implementar essa tecnologia, dependendo do objetivo e do ambiente em que será usada..

Os principais tipos são:

  • VPN de acesso remoto – é o tipo mais comum para uso doméstico. Permite que uma pessoa se conecte a uma rede privada (como a da empresa ou de um servidor VPN comercial) a partir de qualquer lugar, usando um aplicativo ou software específico. Ideal para proteger a navegação em redes públicas ou acessar conteúdos restritos;

  • VPN de site a site (ou roteador a roteador) – esse tipo é o predominante em empresas, conectando as redes locais (LANs) de diferentes locais geográficos. Por exemplo, a matriz e a filial de uma empresa podem compartilhar dados de forma segura, como se fizessem parte de uma mesma rede;

  • VPN baseada em cliente – nesse modelo, é necessário instalar um software no dispositivo do usuário, o qual se encarrega de gerenciar a conexão com o servidor VPN, criptografar os dados e criar o túnel seguro. É uma abordagem comum em serviços comerciais de VPN;

  • VPN baseada em navegador – algumas extensões / AddOns de navegador oferecem funcionalidades de VPN. Como é de se imaginar, protegem apenas o tráfego gerado dentro do próprio navegador, mas não o restante do sistema. São práticas, mas limitadas, sendo úteis apenas para acessos restritos ao browser;

  • VPN corporativa gerenciada – as empresas podem contratar serviços especializados que oferecem infraestrutura completa de VPN, com controle de acesso, monitoramento e integração com sistemas internos. É uma solução adequada quando é personalizável de acordo com a realidade do negócio.

Como escolher uma VPN?

Se você se identificou com o perfil de usuário, ao pesquisar, verá que há muitas opções disponíveis no mercado e, portanto, escolher uma pode parecer uma tarefa complicada. Mas com alguns critérios simples, é possível tomar uma decisão segura e alinhada às suas necessidades.

Aspectos a considerar ao escolher uma VPN:

  • Política de privacidade – tal como outros serviços Web, é essencial verificar se o serviço possui uma política de privacidade clara de não registro (no-logs). Isso significa que ele não armazena informações sobre sua atividade online, afinal se você busca privacidade e segurança, nem mesmo a VPN deve reter seus dados;

  • Localização da empresa – prestadores desse serviço sediados em países com leis rígidas de vigilância podem ser obrigados a compartilhar dados com autoridades. Prefira VPNs com sede em países que respeitam a privacidade digital;

  • Desempenho / velocidade – uma boa VPN deve oferecer servidores rápidos e estáveis, sem comprometer a qualidade da navegação, já que esse processo pode reduzir significativamente a velocidade de acesso;

  • Quantidade de servidores – quanto mais servidores e diferentes localidades (diferentes países) houver, maior a flexibilidade para acessar conteúdos bloqueados geograficamente. Também é importante para não haver sobrecarga;

  • Compatibilidade – certifique-se de que a VPN funciona nos sistemas operacionais que você usa (Windows, macOS, Android, iOS), entre outros softwares / apps com acesso Web;

  • Facilidade de uso – especialmente no caso de um tipo que requer instalar software, é importante que a interface seja intuitiva e as configurações sejam simples, especialmente para quem não tem conhecimento técnico;

  • Suporte técnico – dispor de suporte técnico amplo e em regime 24/7, pode ser essencial em caso de dúvidas ou problemas de conexão, especialmente quando se faz uso em tempo integral;

  • Planos e valores – compare os planos disponíveis, limites e recursos e veja se o custo-benefício compensa. VPNs gratuitas podem parecer atraentes, mas geralmente têm desempenho (velocidade) ruim, podem armazenar logs e termos de uso inadequados.

Cuidados com a VPN

Nesse ponto, muita gente pode estar achando que as VPNs constituem uma arma poderosa contra uma variedade de ameaças.

De fato, incluir uma VPN representa uma camada adicional de proteção, mas ela sozinha não resolve todos os problemas relacionados à segurança cibernética.

É importante entender as suas limitações e, assim, evitar uma falsa sensação de proteção, algo que pode ser fatal.

O que as VPNs não fazem:

  • Privacidade total – como não impede o rastreamento por cookies, os sites ainda podem usá-los armazenando-os no seu dispositivo, para identificar padrões de navegação, lembrar preferências e até estimar a sua localização geográfica. Por isso, é recomendável limpar o cache do navegador regularmente ou usar o modo de navegação anônima / privada;

  • Proteção contra malwares – a VPN não impede que você baixe arquivos maliciosos / malwares ou acesse sites com conteúdos nocivos. Para isso, é essencial manter um antivírus atualizado e adotar boas práticas de navegação;

  • Engenharia social – muitas fraudes e ameaças online são baseadas em engenharia social, e isso uma VPN não consegue impedir. Manter-se informado e atento aos golpes mais comuns é essencial para não engrossar as estatísticas de vítimas de phishing;

  • Anonimato absoluto – é preciso saber que mesmo ocultando o seu endereço IP, o que dificulta o rastreamento, outros fatores, como login em contas pessoais, uso de redes sociais ou o preenchimento de formulários, podem revelar a sua verdadeira identidade;

  • Eficiência das VPNs gratuitas – algumas VPNs gratuitas armazenam logs (registros), vendem dados de navegação ou oferecem criptografia fraca. É importante ler os termos de uso, as avaliações dos usuários e de veículos especializados, antes de escolher um serviço.

Desvantagens do uso de uma VPN

Se você achou que os cuidados necessários eram o outro lado da moeda, saiba que ainda há mais. Embora os benefícios sejam inegáveis, também existem pontos negativos que podem impactar a experiência do usuário e, em alguns casos, até tornar o uso da VPN um problema.

As principais desvantagens de se usar uma VPN, são:

  • Redução de velocidade – mesmo os melhores serviços pagos podem afetar o desempenho. A criptografia e o redirecionamento do tráfego por diferentes servidores, podem causar lentidão no acesso a determinados serviços. Em casos extremos, especialmente em aplicações em tempo real, a VPN pode tornar impraticável o acesso ao serviço;

  • Incompatibilidade – alguns serviços, algumas plataformas de streaming, serviços bancários e sites de comércio eletrônico, podem bloquear acessos via VPN por questões de segurança ou de licenciamento;

  • Complexidade técnica – determinados tipos de serviços exigem configurações técnicas ou instalação de software, o que pode ser um obstáculo para usuários leigos;

  • Custo – as melhores e mais confiáveis VPNs, geralmente são pagas. Embora existam opções gratuitas, elas costumam ter limitações importantes de velocidade, segurança e privacidade.

Conclusão

Entender o que é VPN, como funciona, suas vantagens, limitações e como escolher uma, ajuda proteger sua privacidade e segurança no mundo digital.

 
 

 

 

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