Por que e como remover informações pessoais da Internet?
Se por um lado há quem adore e seja capaz de até pagar pela exposição que a Internet seja capaz de proporcionar, esse não é um comportamento ou desejo de todo mundo.
Existem pessoas – e não são poucas – que querem seguir o caminho contrário e se possível, remover suas informações pessoais de toda a Internet.
Para quem não pensa assim, pode parecer estranho querer ser um “desconhecido” no mundo virtual, mas há um bom conjunto de razões para isso. Qualquer que for o seu caso, saiba que é possível e é disso que vamos tratar hoje.
Qual o problema das informações pessoais na Internet?
Se por um lado, tem gente que diz coisas como “minha vida é um livro aberto” ou “não tenho nada a esconder de ninguém”, por outro, há muitas pessoas que perceberam que mesmo os menores níveis de exposição, não representam apenas um problema, mas vários e algumas vezes com consequências diretas e indiretas, mais ou menos severas.
Algumas dessas só perceberam a importância da questão, quando era tarde demais para tomar uma providência ou mudar de atitude.
Essa consciência do quão grave pode ser a situação, só tem aumentado e que é comprovável em uma pesquisa da NordVPN, na qual 17% dos brasileiros afirmam que apagariam toda a presença online se pudessem, 76% têm medo de que suas informações financeiras sejam acessadas por hackers e 46% sentem receio de que suas informações em mídias sociais sejam vistas por terceiros.
1. Privacidade
A garantia da existe bem antes da rede mundial de computadores. É em seu nome, que se decide com quem compartilhar uma informação, quem participa de uma reunião, a quem revelar um segredo ou mantê-lo só para você, ou até mesmo de permitir ou não que um estranho saiba o seu nome.
Enfim, é um direito fundamental, tanto que consta do artigo 5º da Constituição Federal.
É por esse conceito universal, que a privacidade na Internet tem sido tema de preocupação em nível global e fez surgir legislações como a GDPR da União Europeia e a LGPD no Brasil.
2. Segurança física
São muitos os casos de crimes que ficaram famosos, bem como de outros que só entraram para as estatísticas, nos quais os criminosos puderam sequestrar uma pessoa ou cometer um assalto ou ainda outros tipos de crimes, só porque tiveram acesso a informações na Internet, as quais revelavam costumes e hábitos das vítimas.
Na maioria das vezes, essas informações podem ser obtidas diretamente nas redes sociais, quando “motivadas” pelo comportamento indiscriminado da exposição, essas mesmas vítimas alimentam as plataformas com fotos, vídeos e informação textual de tudo o que fazem, sem contar os metadados que essas mídias contém.
Mas não é só nessas circunstâncias. Mesmo os mais discretos e reservados, muitas vezes têm dados e informações suas expostas, sem que nem saibam.
3. Segurança financeira
As consequências de ordem financeira também são comuns. Seja no exemplo real acima do sequestro, seja nas fraudes virtuais que fazem uso de dados de cada um de nós que circulam na rede.
Pode ser por conta de um vazamento de dados, mas pode ser também porque o seu e-mail foi incluído em uma base de dados usada em phishing e no qual você acabou caindo.
4. Segurança dos dados
A própria segurança das informações que você tem nos dispositivos que utiliza (notebook, smartphone, etc), ou dos sites que você eventualmente administra, em alguma medida pode ser afetada, afinal você pode ser alvo de um ataque, de uma invasão, de ransomware ou de outros tipos de ameaças digitais.
Nunca se esqueça que quanto menos visível você estiver, menos suscetível também estará.
5. Carreira / vida profissional
Sua carreira e sua vida profissional em alguma medida também podem ser impactadas.
Não é de hoje que empresas e profissionais de Recursos Humanos recorrem à Web para obter informações que muitas vezes as pessoas não revelam em um processo seletivo, por exemplo.
Uma brincadeira ou uma postagem em uma rede social, pode influenciar decisivamente, principalmente de modo negativo.
6. Passado
Nem todo mundo pode dizer que se orgulha de tudo o que fez no passado.
As pessoas mudam seus comportamentos, mudam de ideias e até incorporam novos valores.
Mas na Internet, o que você fez há uns anos atrás, pode ainda estar lá registrado e que pode ser uma opinião em um fórum de discussão, ou mesmo um processo na justiça pelo qual respondeu e que mesmo tendo tido uma decisão favorável, algumas vezes não mostra tudo o que aconteceu.
7. Serviços e conteúdos grátis
Os conteúdos “grátis” na Internet, foram um dos fatores que alavancaram o seu desenvolvimento e é assim até hoje.
Muita gente entende e aceita que há um preço a pagar por essa suposta gratuidade, dando em troca dados pessoais para exploração comercial, na forma de publicidade online e outras ações nem sempre transparentes e cujos desdobramentos podem ser os mais diversos.
É o caso de muitas empresas do setor, que prosperaram e que literalmente fizeram fortuna e adquiriram um poder imenso, que é a base da ditadura das big techs.
Estima-se que empresas como o Google tenham em média 1,5 milhão de dados diversos de cada internauta ativo na rede mundial de computadores!
Ou também das milhares de empresas cujo negócio é coletar, organizar e comercializar os dados das pessoas, os chamados data brokers. Eles usam diversos mecanismos, como o web scraping (raspagem de dados), ou simplesmente oferecem e trocam dados uns com os outros, sendo frequente o intercâmbio e a compra e venda de informações entre eles.
Não é incomum também que os data brokers simplesmente obtenham informação junto às empresas nas quais os usuários de Internet simplesmente se cadastraram para fazer uma “inocente compra online” ou de diferentes bancos de dados que não são públicos.
Falta de ética? Com certeza, mas não há muitos escrúpulos quando o lucro fala mais alto!
Inclusive muita gente afirma que alguns dos principais data brokers conseguem muita informação na Dark Web, proveniente de vazamento de dados. Não assusta e nem surpreenda que seja verdade!
8. Inteligência artificial
E se tudo o que vimos já não fosse o bastante, ainda há a inteligência artificial.
O avanço das IAs e o potencial demonstrado ultimamente para afetar os resultados obtidos, só nos dá a certeza de que tanto a eficiência na coleta das informações pessoais deve ser bastante amplificada, como os meios para sua obtenção.
Com inteligência artificial, os dados crus (raw data) e os relacionados, servirão para deduções e predição de muitos aspectos e em uma velocidade muito maior.
Como eu removo minhas informações pessoais?
Uma vez que você tenha compreendido o quão sério pode ser ter suas informações pessoais na rede, ainda que nem todas elas apareçam em uma pesquisa no Google ou no “Novo” Bing, como no caso dos data brokers, sua preocupação deve ser em saber o que é possível fazer para acabar com essa verdadeira farra com seus dados pessoais, certo?
Antes de recorrer a alguns serviços especializados na remoção, é preciso ter em mente que não se pode garantir 100% de eficiência, ou na verdade, qualquer grau. Afinal, estamos tratando de terceiros.
Outro ponto importante, é o papel ativo que o próprio usuário deve ter, primeiro evitando tanto quanto possível dar suas informações, como os rastros que deixamos sem nos dar conta e que abordamos no artigo sobre as “pegadas digitais que deixamos na Internet” (digital footprints).
A terceira consideração a respeito, é que a maioria dos serviços é pago e são empresas estrangeiras, que muitas vezes só tem a versão em idioma inglês em seus sites. Porém é preciso lembrar que os “coletores” dos dados, também estão em sua maioria localizados nos mesmos locais desses prestadores do serviço.
Por fim, mas não menos importante, tal como qualquer outro serviço, antes da hipotética adesão, deve-se observar o que cada um promete, pois na avaliação preliminar que fizemos, há quem garanta a remoção de “apenas” os 100 maiores data brokers e há quem garanta de centenas deles. Além disso, existem variações de planos e de que tipo de dados são contemplados, sendo importante estar atento a esse tipo de detalhe.
Além da lista acima, também é possível remover algumas informações pessoais que o Google tem sobre você e que aparecem nos resultados da pesquisa.
Leia com atenção e siga o que consta na página.
Conclusão
Para quem entende a seriedade e os riscos associados a ter informações pessoais na Internet, existem precauções e ferramentas que ajudam a removê-las.