O que é o PostgreSQL, vantagens e por que usar?

Não dá para imaginar um site moderno ou um aplicativo Web, que não tenha associado um banco de dados, não é mesmo?

Em meio às diferentes opções, uma vem ganhando cada vez mais espaço devido a sua robustez, flexibilidade e pelos recursos avançados e alinhados com as atuais práticas de desenvolvimento. Estamos falando do PostgreSQL!

Se você ainda não conhece muito a respeito e quer saber porque ele pode ser a base dos seus dados no mundo digital, junte-se à gente no bate-papo de hoje.

O que é o PostgreSQL?

O PostgreSQL – ou apenas “Postgres”, para os “íntimos” – é um sistema gerenciador de banco de dados objeto-relacional (SGBD OR), criado para armazenar, organizar e recuperar dados de forma eficiente.

Bem, essa é uma daquelas típicas definições que você encontra por aí, mas que não ajudam muito a entender o que isso significa na prática, certo?

Pense na quantidade e variedade de coisas que você precisa guardar e usar no seu dia a dia. São dados bancários, nomes, endereços, telefones, links, enfim, uma montanha de informações das mais diferentes que você tem que administrar, seja anotando em algum lugar, seja consultando, seja alterando ou jogando fora.

É exatamente esse o papel de um banco de dados, organizar essa bagunça toda por meio de um sistema que torna o trabalho mais fácil, mais rápido, mas acima de tudo, mais confiável.

Em termos da Web, não é muito diferente, ou seja, se você tem uma loja virtual, um sistema de agendamento de consultas de pacientes ou um aplicativo de controle financeiro, há também um monte de informações (produtos, clientes, horários, valores) que o seu site ou aplicativo tem que utilizar.

O PostgreSQL foi criado justamente para fazer isso de modo eficiente e seguro, tendo nascido como POSTGRES, um projeto acadêmico de 1986, na Universidade de Berkeley, na Califórnia, liderado pelo professor Michael Stonebraker.

A ideia era criar um banco de dados que fosse mais flexível que os modelos relacionais da época, incorporando conceitos de orientação a objetos e permitindo extensões criadas pelos próprios usuários.

Em 1995, o projeto foi renomeado para PostgreSQL, combinando o nome original com o suporte ao padrão SQL, já que se trata de um padrão bastante aceito e utilizado.

Desde então, ele tem sido mantido por uma comunidade global de desenvolvedores comprometidos com a filosofia do projeto.

A filosofia por trás do PostgreSQL

De acordo com os princípios da comunidade que mantém o PostgreSQL, ele não é apenas mais uma ferramenta ou alternativa de banco de dados, mas um projeto com alma que sempre prioriza os seguintes aspectos:

  • Liberdade e transparência – o código é aberto (open source) e, portanto, qualquer um pode estudar, modificar e contribuir para a evolução e aprimoramento do PostgreSQL;

  • Padrões e interoperabilidade – a cada nova versão, ele deve seguir os padrões SQL com rigor, facilitando a migração e integração com outras tecnologias;

  • Estabilidade e confiabilidade – antes do lançamento, cada versão é exaustivamente testada, com foco na segurança e na consistência do seu uso;

  • Extensibilidade – os usuários podem criar funções, operadores e até tipos de dados personalizados.

É graças a esses princípios, que o PostgreSQL tem se mantido ao longo dos anos e vem atraindo desenvolvedores que querem mais controle, utilizadores que priorizam a segurança e profissionais que valorizam soluções confiáveis e duradouras.

Por que usar o PostgreSQL?

Com tantas opções de bancos de dados, escolher aquela que será responsável pelo gerenciamento eficiente de todas as informações que seu site ou aplicação utiliza, é uma decisão tanto de caráter técnico quanto estratégico, como ficará claro a seguir.

Falar das suas qualidades e que ele oferece uma combinação poderosa de recursos que o tornam ideal para aplicações modernas, todos falam. Por isso, resolvemos apresentar as suas vantagens em termos comparativos com algumas das opções mais populares de bancos de dados atualmente, como o MariaDB e o próprio MySQL, que ainda é o “queridinho” de muitos.

PostgreSQL comparado ao MySQL

  • Conformidade com padrões SQL – o Postgres segue rigorosamente os padrões ANSI SQL, enquanto o MySQL possui extensões e comportamentos próprios que podem divergir do padrão, especialmente em operações complexas;

  • Suporte a tipos de dados avançados – o Postgres permite trabalhar com JSON, XML, arrays, dados geoespaciais (PostGIS), entre outros, enquanto que o MySQL passou a oferecer suporte a JSON a partir da versão 5.7, mas com funcionalidades mais limitadas e sem suporte a arrays ou extensões como PostGIS;

  • Controle de concorrência – o Postgres é frequentemente apontado como tendo uma implementação de MVCC mais eficiente e escalável em diferentes, com melhor desempenho geral de leitura e gravação. O MySQL também possui MVCC, mas sua eficiência depende do mecanismo de armazenamento (InnoDB), podendo apresentar limitações em cenários de alta concorrência;

  • Extensibilidade – o PostgreSQL é altamente extensível, permitindo que usuários criem funções com diversas linguagens (PL/pgSQL, Python, etc.), operadores e tipos de dados. O MySQL tem suporte limitado a extensões e não permite criação de tipos de dados personalizados.

PostgreSQL comparado ao MariaDB

  • Licenciamento e comunidade – o MariaDB surgiu como um fork (desenvolvimento derivado) do MySQL com foco em manter o código aberto. Embora tenha evoluído bastante e seja uma opção interessante em diversos cenários, o PostgreSQL ainda é amplamente reconhecido como mais maduro e estável em aplicações críticas, especialmente em ambientes corporativos;

  • Recursos avançados – comparado ao MariaDB, o PostgreSQL lidera em suporte a operações complexas, tipos de dados avançados (como arrays, JSONB, XML, geoespaciais via PostGIS) e extensibilidade, permitindo criação de funções, operadores e tipos personalizados com maior liberdade;

  • MVCC nativo – o PostgreSQL implementa MVCC de forma nativa e consistente, enquanto o MariaDB depende do mecanismo InnoDB, herdado do MySQL e, portanto, pela mesma razão anteriormente comentada, leva vantagem se comparado ao MariaDB;

  • Consultas complexas – o PostgreSQL oferece recursos como visões materializadas e indexação parcial (materialized views e partial indexes), que não estão disponíveis no MariaDB e são úteis para otimizar consultas complexas.

PostgreSQL comparado ao MongoDB

  • Modelo de dados – MongoDB é NoSQL, ou seja, um banco de dados orientado a documentos, ideal para dados flexíveis e sem esquema fixo. Já o PostgreSQL oferece suporte nativo a JSON e JSONB (com indexação eficiente), permitindo armazenar e consultar dados semiestruturados dentro de um modelo relacional, o melhor dos dois mundos;

  • Transações – o Postgres tem suporte completo a transações ACID desde sempre. O MongoDB passou a oferecer transações ACID multi-documento a partir da versão 4.0 (2018), mas com limitações de desempenho e complexidade em ambientes distribuídos.

PostgreSQL comparado ao SQLite

  • Escalabilidade – o SQLite é um banco de dados embutido (uma biblioteca que executa o banco de dados diretamente dentro de um aplicativo), excelente para aplicativos móveis, de desktop ou embarcados, mas não possui arquitetura cliente-servidor e nem gerenciamento de concorrência robusto. O PostgreSQL, por outro lado, é um sistema cliente-servidor completo, com suporte a múltiplas conexões simultâneas, controle de concorrência via MVCC e recursos de escalabilidade horizontal e vertical;

  • Recursos corporativos – o Postgres oferece replicação, controle de acesso refinado, backups e ferramentas de monitoramento, que são recursos importantes, mas ausentes nativamente no SQLite, pois ele é voltado para simplicidade e uso local.

Quando o PostgreSQL é a melhor escolha?

Da forma como apresentamos até aqui, pode parecer que o PostgreSQL é imbatível, mas não é bem assim que funciona.

É importante deixar claro que o comparativo anterior destaca as qualidades desse tipo de banco de dados em cenários específicos. Por exemplo, se sua aplicação é leve, roda localmente e não precisa lidar com múltiplos usuários simultâneos, o SQLite pode atendê-lo perfeitamente bem.

Objetivamente e em termos gerais, o Postgres pode ser uma escolha adequada, quando:

  • Projetos que exigem segurança e integridade dos dados;

  • Aplicações com grande volume de dados e/ou múltiplos acessos simultâneos;

  • Sistemas que precisam de flexibilidade para trabalhar com dados complexos;

  • Ambientes que valorizam conformidade com padrões e código aberto.

Características gerais do PostgreSQL

Além das comparações com outros bancos de dados, o PostgreSQL se destaca por características próprias que o tornam uma escolha sólida em diversos contextos.

Espaço em disco

O uso do espaço em disco, especialmente em determinadas aplicações Web, é um fator crucial e nesse sentido, o PostgreSQL é bastante eficiente, especialmente quando bem configurado:

  • Compressão automática de dados repetitivos, por meio de TOAST (The Oversized-Attribute Storage Technique), que armazena grandes objetos fora da tabela principal;

  • Gerenciamento de índices e tabelas com opções que ajudam a manter o banco enxuto e com bom desempenho;

  • Armazenamento modular, permitindo que você escolha o que manter em disco e o que pode ser descartado ou arquivado.

Embora o PostgreSQL possa ocupar mais espaço que o SQLite, por exemplo, ele é altamente ajustável e escalável para ambientes de hospedagem compartilhada ou VPS.

Segurança

O PostgreSQL é reconhecido por sua segurança, com o uso de recursos que fazem dele uma escolha confiável para aplicações que lidam com dados sensíveis:

  • Controle de acesso rígido com permissões por usuário, grupo e até por coluna;

  • Autenticação flexível, incluindo métodos como senha criptografada, certificados SSL, LDAP, GSSAPI e autenticação externa;

  • Criptografia em trânsito e em repouso, com suporte a SSL/TLS e integração com ferramentas de criptografia de disco;

  • Atualizações regulares de segurança, mantidas pela comunidade.

Linguagens e frameworks compatíveis

O PostgreSQL possui excelente integração com as principais linguagens de programação e frameworks para Web:

  • PHP – via PDO_PGSQL ou pg_connect();

  • Python – com psycopg2, SQLAlchemy e Django ORM;

  • Node.js – com pg, sequelize, knex;

  • Java – via JDBC e frameworks como Hibernate e Spring;

  • Ruby – com ActiveRecord no Rails;

  • Perl – com DBI e DBD::Pg.

O PostgreSQL na prática

Nesse ponto do nosso bate-papo é provável que alguns estejam interessados em experimentar na prática e usufruir dos mencionados benefícios do Postgres como base de dados.

Porém a depender do uso, as coisas podem se complicar, especialmente em se tratando de um site baseado no WordPress, que por padrão pode usar tanto o MySQL, como o MariaDB, que conforme já mencionamos foi desenvolvido a partir do primeiro, ou um fork, se preferir.

Então não é possível usar o WorPress com o Postgres?

Sim, é, no entanto é necessário recorrer a um plugin (o PG4WP – PostgreSQL for WordPress), mantido por desenvolvedores independentes, o qual reescre as consultas SQL do WordPress para funcionar com PostgreSQL, além de serem necessárias configurações específicas, o que torna a tarefa mais trabalhosa.

Não bastasse isso, o administrador se verá “refém” das atualizações do plugin e a estabilidade e o desempenho finais podem não serem ideais.

Para usuários avançados ou projetos específicos que exigem PostgreSQL, essa integração pode valer a pena. Mas para a maioria dos sites WordPress, especialmente os que dependem de plugins populares e atualizações frequentes, manter o uso padrão com MySQL ou MariaDB tende a ser mais seguro e eficiente.

Isso significa que nem sempre será possível ou indicado recorrer a esse tipo de solução.

Como criar e usar um banco de dados PostgreSQL

Se você chegou até aqui e talvez esteja considerando usar o PostgreSQL como base para seu projeto Web, a boa notícia é que se você é cliente HostMídia, todos os nossos planos de hospedagem dão suporte a esse tipo de banco de dados, sendo que o processo é simples e feito diretamente no painel de controle.

Passo a passo para criar um banco de dados PostgreSQL:

  1. Acesse o cPanel da sua conta de hospedagem;

  2. Na seção “Bancos de Dados”, clique em “Banco de dados PostgreSQL”;

  3. Na página que é exibida, preencha o campo lgo abaixo de “Criar novo banco de dados”, com um nome para o novo banco e clique em “Criar banco de dados;

  4. Aparecerá a mensagem “Adicionado ao banco de dados ‘seu-usuario-cpanel_nome-que-voce-informou’”. Clique em “Voltar”;

  5. Em seguida, role a página até visualizar “Usuários do PostgreSQL – Adicionar novo usuário” e informe o nome do usuário e uma senha segura, confirmando-a logo abaixo. Clique em “Criar usuário”;

  6. Na página seguinte aparecerá a mensagem: “Você criou com êxito um usuário do PostgreSQL chamado ‘seu-usuario-cpanel_nome-usuario-banco’.”. Clique em “Voltar

  7. Role a página até “Adicionar usuário ao banco de dados” e clique em “Enviar”. Note que se você tiver mais de um banco criado e mais de um usuário, é necessário selecionar o nome do banco e do usuário que deseja associar;

  8. Pronto! Seu banco está criado e pronto para uso.

Gerenciamento do PostgreSQL

Há algumas opções fáceis e práticas para gerenciar seu banco Postgres:

  • phpPgAdmin – essa ferramenta está disponível no cPanel e consiste de uma interface gráfica para gerenciar seu banco de dados, sendo possível criar tabelas, executar consultas, importar/exportar dados;

  • Conexões externas – você pode conectar sua aplicação diretamente ao banco usando bibliotecas como:

    • psycopg2 (Python)

    • pg-promise (Node.js)

    • pg (PHP)

Conclusão

O PostgreSQL é uma alternativa moderna e poderosa para quem busca mais controle, segurança e escalabilidade em seus projetos Web.

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