Quantidade vs qualidade na produção de conteúdo do site
A quantidade de novos conteúdos na Web que surgem todos os dias, sobre todos os assuntos, bem como outros fatores que veremos logo mais, tem alimentado a falsa crença que quantidade é um aspecto essencial quando o assunto é conteúdo.
Até pode ser em alguns contextos, no entanto, como pretendemos demonstrar, deve sempre prevalecer a qualidade desses conteúdos, se ambos os aspectos não puderem ser cumpridos.
Vamos falar mais a respeito?
O que alimenta a quantidade de conteúdos?
Conforme mencionamos, parte do dilema da quantidade vs qualidade do conteúdo vem sendo reforçado pelo absurdo volume de novos conteúdos que surgem a cada segundo.
É bastante provável que você acompanhe seus principais concorrentes e o que eles vêm fazendo, seja para não ficar para trás, seja para tentar estar a frente deles. E ao observar seus movimentos, é esperado que a maioria simplesmente faça igual ou parecido e nem pare para refletir sobre o que está sendo feito.
Isso se torna uma armadilha para todos os envolvidos. Um legítimo ciclo vicioso, em que um age e o outro reage. E vice-versa.
Funciona assim no YouTube, funciona do mesmo jeito nos blogs, também nas redes sociais, onde quer que vocês disputem a atenção dos internautas. Correm a esmo, apenas tentando produzir toneladas de conteúdos.
E se não fosse motivo suficiente, ainda há outros:
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Visitantes – os visitantes também ajudam a alimentar esse ciclo, seja pedindo por outros assuntos inéditos, seja trazendo dúvidas sobre os já existentes, seja pedindo por periodicidades menores de publicações, nos comentários do blog, do YouTube, ou nas redes sociais. E para não correr o risco de ver os seus concorrentes atendendo-os em vez de você, você aumenta o ritmo;
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Autoridade – você sempre leu e/ou escutou que autoridade de domínio é essencial e que um dos fatores para construí-la, é ter muitos conteúdos sobre os assuntos associados. Sim, é verdade, como também é verdade que há outros fatores como qualidade e tempo. Ou seja, não adianta você se apressar e soltar um caminhão de novos conteúdos todos os dias, esperando que amanhã você seja o número 1, por conta disso;
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Conteúdo é rei – essa é outra verdade conhecida e praticamente inquestionável e que geralmente está associada ao Inbound Marketing, mas que pressupõe algo que não está explícito, mas é crucial – “bom conteúdo, conteúdo de qualidade, é rei”;
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Frequência – muitos se preocupam com a frequência com que publicam novos conteúdos, o que de fato tem valor, mas esse aspecto deve ser determinado pela resposta da pergunta: “com que frequência eu sou capaz de produzir conteúdo de qualidade?”;
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Apenas um na multidão – levantamentos recentes apontam que em 2024, mais de 4,5 bilhões (sim, com “B” de bola!) de novos conteúdos são publicados diariamente. E isso força os produtores a pisarem no acelerador para não ficarem para trás, mas ao mesmo tempo faz com que seus conteúdos sejam apenas mais um em meio a uma multidão;
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As inteligências artificiais – as inteligências artificiais generativas – ou seriam “copiativas”? – têm ajudado a tornar essa armadilha mais atraente, na medida que se tornou mais fácil vencer os limites de tempo e produzir grandes volumes utilizando-as. Por outro lado, têm consequências diversas, como o Google Core Update de Março / 2024;
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Novos sites – quem entrou há pouco na Web, é mais suscetível a ser pego nessa armadilha, seja porque ainda não adquiriu experiência, seja porque tem pressa de alcançar – ou ao menos tentar – os concorrentes, seja porque ainda tem pouco conteúdo e, portanto, as possibilidades do que produzir, são muitas.
O dilema quantidade vs qualidade
Não importa quais e quantos dos fatores anteriores, ou de outros que nem listamos, influenciam a busca frenética por criar grandes volumes de conteúdos, a grande verdade para a maioria, que a não ser que se disponha de uma infraestrutura robusta para suportar esse volume, algo que pouquíssimos têm, quantidade e qualidade costumam caminhar em direções opostas.
E quando falamos em qualidade, é preciso enxergar o que isso significa.
No contexto que usamos até aqui, a maioria pressupõe que ao falarmos em qualidade, estamos querendo dizer que é conteúdo bom, útil, claro, completo e ao mesmo tempo objetivo e tudo o mais que conseguir lembrar.
Mas qualidade não é apenas isso. Há quem diga que “produto X, tem péssima qualidade” e que pode significar que o produto não cumpre o que ele se propõe a fazer, que ele não é durável, que não funciona como se espera, ou qualquer outro problema.
Com conteúdos para a Web, não é diferente.
A busca desenfreada pela produção de volumes elevados, inevitavelmente esbarra e inviabiliza os princípios que devem nortear sua produção.
Suponhamos que você esteja recorrendo a uma IA generativa na tarefa de criação. Alguns – ou muitos – dos problemas a seguir podem ocorrer em função disso:
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Impessoalidade – a IA não conhece a persona a quem se destina o conteúdo e, portanto, o resultado tende a ser impessoal, frio, pasteurizado;
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Inexperiência – só a vivência e a experiência, que no caso das IAs é puramente teórica, são capazes de imprimir o expertise necessário aos assuntos abordados;
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Persona – o que somente você conhece da persona a qual se destina o conteúdo, é essencial para localizar e contextualizar o conteúdo, adequando-o às necessidades, desejos e expectativas do leitor / visitante;
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Emoção – inteligências artificiais não têm sentimentos e, portanto, não sabem falar ao coração, à emoção, ou ao que toca as pessoas. Tampouco sabem explorar as sensações, os sentidos (a visão, o olfato, o paladar e o tato), as metáforas e tudo que tem o poder de despertar o que só o humano consegue entender, como descrever o sabor de um prato, ou as emoções que um show produziu na sua audiência;
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Realidade – o uso prático das coisas, dos conceitos, que sob a influência da experiência adquirida, faz uso de exemplos e analogias para demonstrar sua aplicabilidade;
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Estilo – mais ainda do que sempre foi importante, a adoção e lapidação de um estilo de escrita, ajuda a conferir um caráter único / original ao conteúdo. Estilo é um elemento importante e que ajuda a construir e reforçar a imagem que uma marca pretende ter na mente dos seus clientes;
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Originalidade – é preciso lembrar que o processo de aprendizado (deep learning) baseou-se em outros conteúdos e contrariamente ao que o nome faz supor, no atual estágio as IAs não são generativas, mas “copiativas”. Sendo assim, improvável produzir conteúdo 100% original;
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Comunicação – as IAs e os próprios sites de busca estão apostando em modelos de linguagem, os chamados LLMs (Large Language Models, ou grande modelos de linguagem), mas são capazes apenas de compreender, mas não de aplicar esse modo de comunicação natural das pessoas, nos conteúdos que produzem.
E em nome da alta produtividade, os responsáveis pelo conteúdo são tentados ao famoso “copia e cola”, muitas vezes com pouquíssima ou nenhuma intervenção humana.
Como resultado, o que já mencionamos anteriormente, ou seja, seu conteúdo se torna apenas mais um rosto na multidão.
Não por outra razão, que o Reddit vem tendo um aumento significativo de exposição dos seus conteúdos nos resultados das pesquisas para determinados assuntos.
Isso se deve em parte ao modo como vários conteúdos são feitos. São de usuários muitas vezes com as mesmas necessidades e desejos e que compartilham seu conhecimento adquirido na vida real, com linguajar informal e acessível.
Por que a qualidade do conteúdo é importante?
A essa altura do nosso bate-papo, já deveria haver fundamentação e ser razoavelmente intuitivo responder a pergunta acima.
Porém, caso você ainda não esteja convencido, há ainda mais motivos para priorizar a qualidade acima de tudo…
1. Confiança
Conquistar a confiança dos clientes é algo que muitos almejam, mas pouquíssimos alcançam. E conteúdo é o novo produto que a Internet produziu e que há literalmente bilhões de pessoas ávidas para consumir.
Mas como conquistar essa confiança, tanto dos visitantes, como até dos próprios algoritmos responsáveis por ranquear seu site, se os pressupostos para classificar seu conteúdo como sendo de boa qualidade, não são cumpridos?
Mais ainda, se você “terceiriza” a uma IA, o que deveria ser sua responsabilidade?
2. Você é expert no assunto?
Ou se preferir, você é especialista no que se propõe a fazer?
Sim, porque vivemos em tempos nos quais saber apenas um pouco a respeito de tudo, pode até ser interessante em uma conversa informal, mas contribui pouquíssimo em termos profissionais e, sobretudo, na sua área de atuação.
Não dá para falar em qualidade do conteúdo, se as apresentações que você faz dele, são rasas, são superficiais, ou incompletas.
Vale cada vez mais aqueles que sabem tudo ou o máximo que é possível sobre algo. Esse é um fator essencial para se tornar autoridade a respeito.
Se você quer ir mais a fundo nesse conceito, sugerimos a leitura do post “A vez dos ignorantes em um mundo dominado pelo conhecimento”.
3. Diferenciação
Se você pensa em qualidade e tudo o que é necessário fazer para consegui-la, é extremamente provável que você consiga se destacar dos seus concorrentes, ou a perseguida e valiosa diferenciação.
Diferenciação é importante em Vendas, como é também em termos de conteúdo, porque se não for assim, tanto faz um como o outro produto e no final, vence quem “der um agrado” ao cliente e que no caso de Vendas, significa menor preço. No caso de conteúdo, o que estiver mais fácil de consumir.
É também a diferenciação que vai fazer com que aquele visitante que desembarcou pela primeira vez, pense: “Poxa, é bom isso, hein! Deixa eu colocar nos meus favoritos, porque mais tarde eu quero explorar mais!”. Quando você consegue isso, você deixa de ser só mais um rosto na multidão.
4. Personalização
A personalização anteriormente mencionada, não é apenas importante porque ao aplicá-la você direciona melhor o conteúdo a quem interessa, mas porque também empresta um caráter mais humano a esse conteúdo.
Além disso, sugere inconscientemente que há pessoas de carne e osso e reais como os visitantes, por trás do conteúdo. E pessoas são mais propensas a dar crédito a outras pessoas e não às coisas ou entidades abstratas como empresas.
Por fim, mas não menos importante, a personalização está relacionada com a especialização. Você é o médico que atende como cardiologista, dermatologista, gastroenterologista, otorrinolaringologista e o que mais lhe ocorrer, mas que não é o melhor em nada disso e, portanto, não é capaz de atender excepcionalmente quem precisa do melhor?
A palavra-chave sobre isso, é foco!
5. Fidelização
O quinto benefício, é outro aspecto exaustivamente comentado, mas que raramente é tratado com a profundidade que merece.
É preciso compreender que pessoas primeiramente são fiéis a elas mesmas, ou seja, seus interesses, suas vontades, suas expectativas e seus valores. Uma vez atendido esse princípio, elas podem também ser fiéis a outras pessoas.
Mas para que a segunda situação ocorra, todos os princípios de bons conteúdos precisam ser satisfeitos, bem como os quatro benefícios anteriores também – confiança, expertise, diferenciação e personalização.
Assim, quando por meio do conteúdo do seu site você cumpre tudo o que abordamos até aqui, esse ser racional, mas também emotivo, carente de algumas coisas e apaixonado por outras, retorna não porque você entrega diariamente uma experiência insossa, mas apenas em dias especiais, serve um delicioso prato, preparado com paixão e cuidado e que ele mal pode esperar para degustar até a última garfada!
Conclusão
Diante do comum dilema entre quantidade vs qualidade do conteúdo, o segundo precisa prevalecer sempre, sem o que seu site será apenas mais um.