Microsoft Edge baseado no Chromium chega em janeiro

Microsoft e software livre são palavras que para você parecem incompatíveis? É quase o mesmo que tentar misturar água e óleo? Mas não estranhe, pois parece que cada vez mais esta está sendo uma realidade adotada até mesmo pela gigante que já foi muitas vezes acusada de formar monopólios e usar do seu poder econômico para auferir vantagens no segmento de software.

A investida da empresa de Redmond no campo de software livre, não é inédita e já tinha ocorrido quando há anos lançou sua própria distribuição Linux para os serviços em nuvem Microsoft Azure. Agora, outro produto popular avança na mesma direção, o Microsoft Edge.

O novo Microsoft Edge

Em agosto de 2019, a Microsoft começou a disponibilizar em versão Beta o novo Edge, o navegador que já vem como padrão em todo sistema operacional Windows.

A grande diferença em relação ao Edge que até então todos que usam o Windows, têm, é a engine Chromium e que é a mesma que serve de base do desenvolvimento do Google Chrome, o mais usado e popular navegador da atualidade. Todavia, engana-se quem imagina que será um Chrome by Microsoft, o que não é do feitio da empresa. Houve implementação de alguns recursos ao seu próprio estilo.

Não se trata de uma total novidade, já que há algum tempo antes das primeiras versões beta – que qualquer usuário poderia baixar – já estavam disponíveis uma versão Dev (para desenvolvedores), atualizada semanalmente e a Canary, que é uma versão diária, também com foco em desenvolvedores e nos mais curiosos, com os progressos feitos no dia anterior pela equipe de desenvolvimento da Microsoft.

Algumas dessas versões baseadas nas versões Dev e Canary, eram sutis e não aparentes, geralmente afetando a forma como as coisas aconteciam em background, ou seja, como um código era transformado no visual entregue, por exemplo.

A motivação em adotar o Chromium como base de desenvolvimento, segundo a própria Microsoft, é de tornar a tarefa de navegação algo melhor, na medida em que existe uma compatibilidade ampliada para os usuários finais, que não devem mais ter eventuais problemas no acesso a alguns sites ao usarem o Edge, bem como para os desenvolvedores, que não terão mais que criar soluções diferentes para cada navegador.

Vale ressaltar, que desde que houve o lançamento do Internet Explorer e sua incorporação ao Windows, ocorreram muitas disputas em várias esferas, com consequências para empresas concorrentes, como no famoso embate jurídico com a Netscape, como também para usuários que em algum momento precisaram optar pelo Internet Explorer ou outro navegador para usufruírem de tudo que um site proporcionava, além da comunidade de desenvolvedores, desdobrando-se para criar sites capazes de serem exibidos igualmente em diferentes navegadores.

No site Microsoft Edge Insider, entre outras informações, você já encontra as três versões (Beta, Dev e Canary) para baixar, disponíveis para Windows 10, outros Windows (8, 8.1 e 7), Windows Server (2008 R2 a 2012 R2, 2016 e superior) e MacOS.

Com o Edge baseado no Chromium, os usuários vão poder utilizar extensões e plugins do Chrome e assim espera-se atrair mais usuários para o navegador e quem sabe voltar aos tempos em que o IE reinava soberano, afinal para que baixar e instalar um outro navegador, se o sistema operacional nativo do seu PC ou notebook, já tem um? Tudo não passa de especulação e somente o tempo dirá se o retorno será o esperado.

A versão definitiva e não mais uma versão beta, deverá ser lançada e disponibilizada via Windows Update, a partir de 15 de janeiro de 2020, para todos os PCs com Windows 10, a partir da versão 1709 ou posterior.

Você consegue saber a versão do Windows que está rodando, acessando através do menu "Iniciar", o item "Configurações", depois clicando nas opções à esquerda, o item "Sobre" e finalmente rolando até as "Especificações do Windows".

O que há de novo no MS Edge?

Segundo a Microsoft, o Edge tem entre outros aspectos, foco na proteção e privacidade do usuário. Por configuração padrão, é ativada a prevenção de rastreamento, sendo que pode-se escolher entre três níveis de proteção – básico, balanceado e estrito. Também é possível desativar por completo o recurso.

Ainda segundo a empresa, se utilizado juntamente com o Defender SmartScreen – outro recurso do Windows 10 – é possível ter um nível de proteção do equipamento contra as principais formas de phishing, algumas classes de malwares e até mesmo evitar Cryptojacking ou mineração maliciosa de criptomoeda, que usa do computador do visitante a um site ou serviço, para minerar criptomoeda, pela instalação de um malware específico.

Pensando no mercado corporativo, especialmente nas empresas que têm sistemas online e que fazem uso do Internet Explorer como navegador para executar tais sistemas, o novo Edge terá o modo Internet Explorer e assim emular a mesma mecânica de renderização do antigo navegador.

Para situações extremas, em que é absolutamente necessário o navegador no padrão até então disponível e que dependam da engine de renderização EdgeHTML, a Microsoft disponibilizará o Blocker Toolkit. Dessa forma, as empresas que desejam bloquear a instalação automática do MS Edge baseado no Chromium, nos computadores nos quais a atualização automática está ativada, podem fazê-lo e assim não receberão o novo navegador via Windows Update.

O recurso Coleções ("Collections", na versão em inglês do Edge), vai permitir que a usuário categorize conteúdo dentro do navegador segundo critérios que ele especificar. A ferramenta terá integração com softwares da suíte Office, como Word e Excel, de forma que se pode ter diferentes links e informações que julgar úteis ou importantes e enviá-las para um documento do Word, por exemplo, ou efetuar um levantamento de preços, e armazená-los e organizá-los no Excel.

A questão desempenho, é também algo que parece ter recebido atenção dos desenvolvedores. Atualmente muitos sites são capazes de consumir altas doses de processamento e memória. Isso não há como mudar, no entanto, o novo Edge parece ser em sua versão beta, o navegador que menos exige nestes quesitos, se comparado ao Firefox e o próprio Chrome.

Por fim, outro ponto que merece destaque, é sua integração com o assistente Cortana, o que poderá ser um facilitador em muitas situações de uso, já que se poderá substituir ações manuais, por comandos de voz.

Conclusão

Após décadas de uma história recheada de polêmicas e disputas, a Microsoft inicia 2020 com uma nova abordagem de navegador, nascido dentro do conceito de software livre e baseado naquele que foi responsável por tirar a sua liderança, prometendo uma participação mais democrática e orientada ao usuário final e desenvolvedores.

Comentários ({{totalComentarios}})