O que é Maio Amarelo, importância e qual o papel das empresas?

Conduzindo um veículo qualquer, ou na condição de passageiro em um, ou até mesmo como pedestre, todos nós estamos em algum momento em meio ao trânsito e por essa razão, todos, sem exceção, precisamos dedicar atenção e participarmos das campanhas de Maio Amarelo.

O que é o Maio Amarelo, porque é importante e o que pode ser feito para que as ações produzam resultados, é o que veremos nesse conteúdo.

O que é o Maio Amarelo?

Maio Amarelo é o mês do Calendário Anual de Cores, no qual são realizadas as campanhas de conscientização sobre a importância de buscarmos a redução nos índices de acidentes de trânsito.

O mês passou a ser dedicado ao mesmo propósito em vários países, desde que em 11 de maio de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o período de 2011 a 2020, como sendo a “Década de Ação para Segurança no Trânsito”. Em 2021, desta vez por meio da Organização Mundial da Saúde (OMS) – que é parte da ONU – deu início em Genebra, na Suíça, à Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2021-2030.

No Brasil a iniciativa nasceu em 2014, criada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, uma instituição social sem fins lucrativos (ONG), a qual promove ações visando a redução dos elevados índices de ocorrências no trânsito brasileiro, como por exemplo, alertando as pessoas sobre os perigos do trânsito e de que formas é possível diminuir o número de acidentes.

A escolha da cor amarela, deveu-se aos mesmos motivos do seu uso na sinalização de trânsito. O amarelo é a cor indicativa de atenção / alerta, seja no semáforo, seja nas placas de trânsito, não só no Brasil, mas no mundo todo.

Segundo dados do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), a meta é, no período de dez anos, reduzir no mínimo à metade (50%) o índice nacional de mortos no trânsito por grupo de veículos (10 mil veículos) e o índice nacional de mortos no trânsito por grupo de habitantes (100 mil habitantes).

Ainda de acordo com o Pnatrans, em 2020, 32.716 pessoas morreram em acidentes de trânsito no país, sendo que no período entre 2015 e 2019, o índice de acidentes havia apresentado queda de 21%, mas em 2020 voltou a crescer.

Diversos estudos e pesquisas, feitos nos mais diversos países, apontam que os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade; o segundo, na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 44 anos.

Por que é importante a participação das empresas no Maio Amarelo?

Como iniciamos a discussão do tema, todos, sem exceção, somos atores no trânsito, seja atrás de um volante, seja como passageiros em qualquer veículo, seja como pedestres.

Portanto, podemos em diferentes ocasiões, ativa ou passivamente, estarmos sujeitos a um acidente. E acidentes de trânsito, além das mortes provocadas, frequentemente também produzem sequelas diversas nas vítimas que sobrevivem.

Tanto que a discussão sobre o tema, envolve em todos os países, o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil.

Desenvolver ações de qualquer natureza objetivando um trânsito mais seguro, é no mínimo uma das formas das empresas exercerem sua responsabilidade social, visto que várias das organizações que participam como mantenedoras do Observatório Nacional de Segurança Viária, são empresas que têm pautas ESG.

Mas também porque parcela significativa dos condutores de veículos, são motoristas profissionais. Ou seja, são colaboradores da empresa ou de uma terceirizada prestando serviço. Logo, direta ou indiretamente, a forma como as empresas tratam a gestão desse contingente de motoristas, influencia os índices de acidentes.

Por fim, mas não menos importante, mesmo quando um acidente de trânsito não produz vítimas fatais ou sequelas, podem trazer prejuízos e outras consequências para as empresas que tiveram um colaborador envolvido e/ou um veículo de sua frota.

Perde-se até quando um profissional qualquer fica mais tempo parado, por conta do acidente de um terceiro.

Assim, a diminuição dos acidentes de trânsito, é assunto de relevante interesse para as empresas.

Como as empresas podem promover o Maio Amarelo?

Fazer o que a maioria faz e que inclui a “parte publicitária”, com lembretes, botons, cartazes, por exemplo, é pouco, mas já é alguma coisa.

Mas é possível ir bem além e em muitos dos casos, ainda que o retorno possa ser difícil de medir, ele pode ocorrer de diversas formas.

1. Conscientização

A conscientização é o primeiro passo. Nenhuma outra ação consegue atingir seus melhores índices, se os envolvidos não têm plena consciência dos impactos e consequências, bem como dos papéis que cada um desempenha.

Falar do assunto, exige lembrar pela terceira vez, que até mesmo como pedestres, contribuímos para reduzir – ou aumentar – os indicadores. Um pedestre que não respeita as leis de trânsito, está incrementando os números desfavoráveis das estatísticas.

Embora importante, não é obrigatoriamente necessário que sejam ministradas palestras por especialistas no assunto. Há diferentes formas de promover a conscientização, como vídeos, infográficos, cartilhas, etc.

Porém de nada adianta uma empresa que tem motoristas profissionais, promover programas de conscientização para que não dirijam sob efeito de álcool e drogas, respeitem a sinalização, não usem o celular ao volante e o que mais for necessário e na contramão lhes impõe cronogramas de trabalho que os induzam a exceder a velocidade das vias públicas e rodovias e a cumprir longas jornadas com sono.

2. Capacitação

Muitas empresas têm em seu quadro de colaboradores, profissionais da boleia. A capacitação e reciclagem deles, é essencial para que exerçam a atividade baseada em princípios de segurança e respeito às leis de trânsito.

Desde boas práticas e direção defensiva, passando por noções básicas de mecânica, a fim de que saibam reconhecer quando o veículo precisa de manutenção ou tem um indicativo de um problema iminente, pois são situações nas quais as chances de acidentes aumentam.

Paralelamente a esses treinamentos, a conscientização acima mencionada, é imprescindível, já que o saber fazer é acompanhado da motivação para fazer.

3. Respeito às leis de trânsito

O respeito às leis de trânsito é uma das premissas mais básicas, mas lamentavelmente, é fácil e frequente vermos as pessoas violando a legislação.

E não são apenas os motoristas. Pedestres e ciclistas também têm condições previstas no Conselho Nacional de Trânsito (Contran), mas não as cumprem, seja por desconhecimento, seja por acreditarem que não é necessário, como atravessar vias públicas fora da faixa de pedestres, o que pode ser particularmente arriscado a depender da via.

Já no caso dos condutores de veículos, basta observar o comportamento de muitos nos semáforos, quando vários aceleram no amarelo, sendo que o correto é frear / reduzir. Alguns têm a mesma atitude, até quando o sinal já mudou para o vermelho.

Por um ou dois minutos que se “perde” parado no farol, alguns colocam em risco a própria vida e a de terceiros.

E essa é uma das muitas situações que além do respeito às leis, há novamente a conscientização.

4. Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)

Também há outros fatores que direta e indiretamente têm influência, como a qualidade de vida no trabalho (QVT).

A maioria é levada a pensar que esse é um aspecto relacionado apenas com aqueles que fazem da condução de veículos, a sua atividade profissional. Mas não são apenas eles que são influenciados. Após um dia de trabalho, o que qualquer pessoa viveu dentro do ambiente de trabalho, em algum grau afetará seu nível de stress, de ansiedade e de paciência ao voltar para casa.

Naturalmente que no caso daqueles que o trabalho atrás do volante é o seu ganha pão, mas que pode ser também uma moto ou bicicleta, o que vivem no seu quotidiano profissional, é ainda mais determinante nas chances de produzir um acidente.

É preciso repensar certas “cobranças” em cima desses profissionais. Um motorista de ônibus não pode colocar sua necessidade de cumprir horários, acima da vida das pessoas que ele transporta, nem dos demais motoristas, pedestres e ciclistas.

O mesmo se aplica aos couriers e entregadores em cima de motocicletas e bicicletas, tão comuns hoje em dia e que muitas vezes em nome da produtividade que determina sua remuneração, excedem os limites, desrespeitam a legislação e ameaçam a própria vida e de terceiros.

É o tipo de condição que já até foi além da QVT, mas que trataremos mais adiante.

5. Home Office

O home office ou teletrabalho, também pode ser uma forma de contribuição.

Para além das muitas vantagens para empregador e empregado, as pessoas que atuam em trabalho remoto / home office, representam um contingente fora do trânsito, tanto na condição de condutores, quanto de pedestres ou passageiros em veículos superlotados do transporte coletivo.

Mesmos os que o fazem em regime parcial, ou seja, alguns dias apenas, já representam alguma contribuição para o propósito.

6. Tecnologia

A legislação obriga apenas alguns veículos e para determinados fins, de serem equipados com tacógrafos e que é um dispositivo que registra as velocidades praticadas ao longo de um tempo / percurso.

O tacógrafo, como outras tecnologias baseadas em telemetria e que colhem e transmitem várias informações de um veículo e suas condições de uso, servem como importantes ferramentas para avaliar motoristas profissionais e assim ter condições de ministrar treinamentos corretivos, reciclagens, conscientizações e até nos casos extremos, aplicar advertências.

7. Parcerias

Há muito tempo as empresas ao constituírem parcerias, cobram dos parceiros determinados requisitos, como por exemplo, padrões de fabricação de componentes e que estejam em conformidade com suas exigências mínimas. Começou com as empresas que tinham certificação ISO e desde então, ampliou-se para bem além.

Esse tipo de requisito também pode e deve encampar as questões ligadas ao transporte de mercadorias, por exemplo. Assim, dar preferência àquelas que conseguem certificar que são também diligentes nesse ponto, quanto são em outros aspectos da prestação de serviços, é uma forma de contribuir para um trânsito mais seguro.

Essa preocupação faz ainda mais sentido, quando a parceria é baseada na terceirização, já que no caso o terceiro passa a representar a empresa em algo que originalmente seria sua responsabilidade.

8. Manutenção

A última ação da empresa em prol da diminuição dos acidentes de trânsito, está na manutenção dos veículos da sua frota ou na preocupação de como ela é feita, quando a frota é terceirizada, situação bastante comum.

Sabe-se por inúmeros estudos, que uma parcela importante dos acidentes acontece por falta de manutenção ou negligências na sua realização.

Além de vermos muitos veículos destinados ao transporte comercial, já com vários anos em atividade, uma boa parte deles está rodando em condições questionáveis e sem nenhum cronograma de revisões.

A manutenção muitas vezes só acontece, quando um componente chega ao fim de sua vida útil. O problema é quando o sistema veicular em questão, é parte fundamental da segurança, como freios e pneus, por exemplo.

Conclusão

Maio Amarelo é mês de alerta e conscientização para um problema de ordem mundial e que também no Brasil, produz muitas vítimas – os acidentes de trânsito.

 

 

 

 

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