Conheça Mastodon e Koo: alternativas ou ameaças ao Twitter?
Desde que anunciou seu interesse na compra do Twitter e a consumação do negócio, Elon Musk conseguiu produzir muito ruído e polêmicas, as quais provocaram um certo abalo na normalidade da popular rede do passarinho.
Intencionalmente ou não, Mastodon e Koo ganharam destaque na mídia e, sobretudo, entre os usuários do híbrido de rede social e microblog.
Se você é um dos muitos que quer ver respondidas as dúvidas mais frequentes sobre esses dois “novos” nomes do segmento, esse post é para você.
O que é o Mastodon?
Presumivelmente você deve imaginar que tal como o Twitter, é prioritariamente uma rede social. De fato é, no entanto, como veremos em breve, o Mastodon tem características bem particulares, não só em relação ao Twitter, mas também em relação as demais.
O mascote e também o nome, remetem ao mamífero pré-histórico mastodonte.
Uma vez que tenha sido lançado em 2016, não se pode dizer que o serviço seja exatamente novo, mas até meados de novembro de 2022, estava longe de ser conhecido do grande grupo de usuários das redes sociais. Foi então que começou a aparecer sob os holofotes e recebendo muitos usuários diariamente.
Os responsáveis pelo Mastodon, afirmaram que tinham mais de 2,5 milhões de usuários mensais ativos em 22 de novembro, sendo que em apenas um dia, o aumento foi de quase 180.000!
Com sede na Alemanha, o seu criador e principal desenvolvedor Eugen Rochko, criou uma rede que em termos práticos tem algumas semelhanças e importantes diferenças se comparado com sua principal referência – o Twitter.
Quais as características do Mastodon?
Tecnicamente falando, é uma rede descentralizada, de código aberto (open source), que faz uso de Ruby on Rails do lado do servidor e do lado do cliente ou da aplicação, é escrito na linguagem de programação React.js (javascript).
Por contraditório que possa parecer, algumas das peculiaridades da plataforma, constituem ao mesmo tempo suas principais vantagens e desvantagens em relação a outras redes sociais.
Isso porque o fato de ser descentralizado, significa que em vez dos servidores – mais de 7,6K em 24/11 – que entregam o serviço estarem em uma nuvem (cloud computing), controlada e administrada por uma única entidade, faz uso de servidores operados de maneira independente, embora estejam interligados.
Tal aspecto de ordem técnica, também tem implicações administrativas e relacionadas com a política da rede.
Qualquer pessoa pode iniciar e hospedar seu próprio servidor Mastodon e criar sua própria comunidade, a qual está única e estritamente vinculada ao servidor, mas que por sua vez, pode se conectar a outros servidores Mastodon.
Segundo seu criador, isso é intencional e visa que ninguém esteja no controle de toda a rede.
Cada servidor – também chamados de instâncias – tem suas próprias regras e moderadores, os quais podem atuar como administradores plenos desse servidor, por exemplo, decidindo quem pode entrar.
Portanto, diferentemente do Twitter e de outras redes sociais, as políticas variam para cada grupo de interesse em que um usuário resolve participar, de tal modo que não há chance de uma decisão que bloqueie a conta para uso completo do serviço, mas eventualmente só naquela instância em particular.
Pode sim, por violação a alguma política de algum servidor / instância, ocorrer o bloqueio ou o banimento, mas que não afeta outros servidores que eventualmente o usuário esteja inscrito. Inclusive, dada essa autonomia que cada administrador de servidor tem, podem não haver regras ou políticas nenhumas!
Em outras palavras, a depender das suas escolhas, o usuário pode estar sob uma total “bagunça” ou sob extremo rigor.
Decorre também dessa infraestrutura, que por questões de geolocalização e demanda, que o desempenho de acordo com o servidor ao qual se está conectado, varie.
Por fim, essa administração das instâncias que é feita predominantemente por voluntários, significa que por enquanto não há monetização e tampouco publicidade.
Como funciona o Mastodon?
Cada servidor é como um grupo ou comunidade, visto que ele restringe-se a um assunto de interesse, como para Rock ‘n’ Roll, gastronomia, cinema ou outro assunto mais específico ou mesmo região geográfica e, portanto, para participar do que desejar, é preciso criar uma conta no respectivo servidor.
Independente disso, os usuários dos diferentes servidores podem interagir uns com os outros, mesmo que eles estejam ligados a outras instâncias / servidores ou em torno de interesses específicos, já que há comunicação entre servidores usando para isso protocolos específicos, como por exemplo, Ostatus e ActivityPub.
O Mastodon em alguns aspectos, assemelha-se ao uso e experiência já conhecidos no Twitter, como hashtags, comentários, favoritos e “retweet”, apesar de que aqui, o tweet é chamado de toot.
Sendo assim, para cada assunto que se deseja acompanhar, é necessário criar a conta no respectivo servidor.
Para ingressar e começar a usar, é preciso baixar o app, disponível para Android e iOS.
No site do serviço, há uma relação de alguns dos muitos servidores, separados por região geográfica ou assunto de interesse e uma vez tendo se inscrito em um, é possível pesquisar sobre os demais a partir dele ou de qualquer outro.
Lembrando que a autonomia da administração de cada servidor, possibilita que alguns possam exigir que se receba um convite para ingressar e outros o acesso seja livre, as políticas de privacidade variam e pode nem haver política alguma. Portanto, ao escolher de qual participar, é preciso estar atento a tudo isso.
Inclusive, se você preocupa-se – e deveria – com sua privacidade na Internet, saiba que o Mastodon tem uma política de privacidade, mas ela é restrita ao site do serviço.
Finalmente, ao ingressar na rede, tal como no Twitter, você pode seguir outros usuários e conversar com eles, independente de qual servidor estejam e pesquisar por hashtags, compartilhar suas próprias postagens ou de terceiros, desde que dentro do limite de 500 caracteres.
O que é o Koo?
Também como o Twitter e o Mastodon, o Koo é um híbrido de microblog e rede social.
Mais nova, já que foi fundada em 2020 pelos indianos Aprameya Radhakrishna e Mayank Bidawatka, que criaram a startup responsável pelo app e que cerca de um ano mais tarde receberia investimentos de grandes empresas, cujo montante estima-se tenha sido da ordem de 100 milhões de dólares.
O Koo lembra em muitas coisas o Twitter, tanto que até mesmo seu símbolo / mascote também é um passarinho, só que amarelo.
Sua primeira onda de sucesso, veio dentro da própria Índia e resultou de desentendimentos entre o governo local e a empresa do passarinho azul, fazendo com que políticos, autoridades, celebridades, artistas e influenciadores indianos fizessem um movimento de adesão ao Koo e que alavancou outros usuários.
Desde então, em parte motivado pelas polêmicas envolvendo falas e ações de Musk, usuários no mundo todo aos poucos vêm experimentando o que oferece o microblog do passarinho amarelo.
Já são 30 milhões de downloads do app, disponível para Android e iOS.
Só nos últimos 12 meses, a taxa de crescimento é de cerca de 1000% na base de usuários e que segundo Aprameya Radhakrishna, estima-se que ultrapasse 100 milhões até o final de 2022. Longe ainda dos quase 240 milhões do concorrente mais famoso, mas sem dúvida um número surpreendente se confirmado.
O Koo no Brasil
No Brasil o Koo fez sucesso, não só pelas similaridades e por constituir uma alternativa interessante ao app número 1 do tipo, mas muito em parte pelo lado bem humorado e brincalhão do usuário de Internet tupiniquim.
O nome da rede, que não tem tradução em português e deve-se a onomatopeia do som emitido pela ave e que em termos fonéticos por aqui, soa tal qual o orifício anal em sua forma digamos, menos polida.
Em função disso, brincadeiras e memes usando o nome do app, têm surgido a todo momento e estão infestando a rede.
Tão logo os fundadores entenderam um dos motivos do interesse dos brasileiros e da repercussão causada, eles também entraram na brincadeira e inclusive fizeram uma enquete sobre a possibilidade de mudar o nome por aqui.
Advinha... A grande maioria tem votado por manter o Koo como está!
Aqui as polêmicas envolvendo Musk e sua mais nova aquisição, também estão empurrando os usuários para outras alternativas e que manifestaram-se através de 1 milhão de downloads em apenas 48 horas e fazendo com que os servidores não fossem capazes de suportar o rápido e repentino aumento de demanda, tornando o serviço indisponível nos momentos que se seguiram a invasão brasileira.
Mas rapidamente os responsáveis e a área técnica da empresa reagiram e conseguiram restituir o funcionamento e lançaram uma até então inexistente versão em português do app.
Ironicamente eles usaram o perfil do Koo na rede concorrente, para comemorar e agradecer o interesse brasileiro na rede indiana, bem como prometeram melhorias orientadas a atender nossos desejos e necessidades.
As principais características do Koo
Apesar da maior similaridade com a rede concorrente, o Koo tem suas próprias características:
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Segundo um dos seus criadores, a plataforma prioriza postagens em idioma local e por isso já está presente em mais de 100 países e idiomas diferentes;
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É possível escolher até 10 diferentes fotos de perfil, que então serão exibidas como uma galeria ou apresentação;
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O algoritmo baseado em inteligência artificial, exibe na sua página de perfil, uma lista de sugestões de perfis para seguir e um feed com Koos aleatórios, que são como são chamados os “tweets” na rede do passarinho amarelo;
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Também há algo como os trending topics, mas acessível pelo ícone do fogo e que indica os assuntos mais populares;
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Ficar a par de quem você segue, dos termos de interesse e das notificações, é acessível por uma guia específica;
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O limite de caracteres de cada postagem, é de 500 caracteres e que pode ser complementada com fotos, vídeos ou uma enquete;
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As postagens podem ser agendadas, definindo um dia e horário para publicação.
Como usar o Koo?
Tal como em muitas redes sociais, o primeiro passo é baixar o app de acordo com o sistema operacional do seu smartphone.
Com o app instalado, começa-se selecionando o idioma e fornecendo o número telefônico, pelo qual você receberá um código de verificação.
Os passos seguintes referem-se aos dados de perfil, como nome, imagens e dados biográficos.
É possível informar outras redes sociais das quais você faz parte, incluindo a rede concorrente.
A partir desses procedimentos que são muito semelhantes a maioria dos apps do gênero, guardadas naturalmente as diferenças nas etapas e no visual, sua conta estará pronta para uso e para buscar eventuais contatos (pessoas) e temas de interesse e quem sabe abandonar aquela outra rede tão controvertida ultimamente...
Conclusão
Conhecer mais sobre Mastodon e Koo vai ajudar a escolher qual alternativa de rede social é melhor para substituir ou apenas ameaçar a hegemonia do Twitter.