Real Digital, agora é Drex. Saiba mais a respeito!

Se até pouco tempo atrás moedas digitais era assunto restrito ao universo nerd, de profissionais na área de TI ou até de pesquisadores nas universidades, recentemente as coisas mudaram. O tema extrapolou esses grupos e os bancos centrais no mundo afora têm trabalhado incessantemente para viabilizar suas próprias moedas digitais e o Brasil não é exceção.

No nosso caso, mais um passo foi dado no sentido de termos nossa versão digital do Real – o Drex!

É natural e compreensível que as pessoas tenham muitas dúvidas a respeito e essa é a proposta do post de hoje, ou seja, responder as principais perguntas e esclarecer o que já se sabe a respeito do Drex.

O que é o Drex?

O Drex é um conjunto de tecnologias aplicada a moeda que estamos acostumados a usar no dia a dia – o Real – produzindo o seu equivalente no ambiente digital e que até então, conhecíamos apenas como “Real Digital”, mas que com o anúncio oficial do Banco Central do Brasil (BCB), em 7 de agosto de 2023, passa a ser chamado de Drex.

A sigla é resultado da união de diferentes palavras. O “D” e o “R”, referem-se respectivamente a Digital e Real. Já o “E”, corresponde a Eletrônico, tal como em “e-commerce” ou “e-mail” e por fim, o “X” passa a ideia de modernidade e de conexão, mas que também costuma ser associado a eXchange (câmbio), semelhante ao seu uso no outro serviço criado pelo BCB, o Pix.

Além das operações que já estamos acostumados rotineiramente nos bancos em que somos correntistas, com o Drex será possível outras que antes de sua criação, envolviam requisitos que nem todo mundo preenche ou exige burocracia e até conhecimento específico e necessário, como por exemplo, uma remessa de valor para o exterior ou pagamentos internacionais.

Mas também incluir tecnologias que trazem outros tipos de benefícios, como a segurança do ambiente de blockchain, mas sem terem que se preocupar com as eventuais desvantagens, como um ambiente não regulado e sem o tipo de confiança, como o que está associado com as moedas fiduciárias (diz-se do que ou de quem se encontra dependente da confiança) e que é consequência de sua emissão por um banco central.

Em outras palavras, diferentemente de outras moedas digitais com as quais estamos “acostumados”, a exemplo das criptomoedas, como o bitcoin e que pressupõe descentralização, ausência de regulação e elevada volatilidade / instabilidade, o real digital é regido pelo mesmo conjunto de variáveis da moeda física que qualquer pessoa utiliza, ou se preferir, está vinculado à política monetária e econômica do país.

Visto ainda de outra forma, o Drex segue as mesmas suscetibilidades do real quanto a câmbio e inflação, por exemplo e, portanto, também deve “funcionar” como moeda oficial do país, o que é garantido por lei.

Entendendo o Drex com 9 perguntas e respostas

A medida que temos informações sobre o Drex, é comum encontrarmos nas respostas associadas, uma série de terminologias que podem suscitar outras dúvidas. Por isso, a ideia é respondermos não apenas sobre, mas outros aspectos relacionados.

1. Por que o Drex foi criado?

A intenção e a necessidade da criação de uma moeda digital brasileira, é tema de discussão há anos, mas o grupo de trabalho para estudar e implementar a sua emissão, foi instituído em agosto de 2020 no BCB.

Ainda em 2022, Fábio Araújo do Banco Central, comentou que: “Vai chegar um momento em que teremos o desenvolvimento da tokenização de ativos financeiros. E para você comprar um token digitalizado, obrigatoriamente você vai ter que ter uma moeda que também seja digital”.

Ou seja, a moeda digital é uma resposta ao rápido avanço da transformação digital na década, na medida em que as pessoas acessam um marketplace e compram qualquer coisa, podendo pagar com cartão de crédito, cartão de débito ou Pix, mas você não tem condição de pagar com dinheiro em espécie, como se faz nas compras presenciais.

Mas mais do que isso, uma vez que o Drex é o correspondente digital do Real e, portanto, com várias características derivadas das tecnologias do ambiente, servirá como meio mais adequado às muitas variáveis desse ambiente. Não tem sentido o meio digital evoluir em vários aspectos e em outros ainda ficar vinculado à métodos antigos.

Guardadas as devidas proporções, seria como comprar um notebook, mas pagar ainda como se fazia 200 anos atrás ou fazer uma compra internacional e mandar uma ordem de pagamento por telex.

2. O que é tokenização?

Muito tem se falado em tokenização e tokens nos meios digitais, por essa razão, é preciso compreendermos do que se trata.

Genericamente, a palavra token tem assumido diferentes significados conforme o contexto em que é usada, mas nesse cenário em particular e resumidamente, trata-se da representação digital de algo.

Usemos como exemplo, duas situações em que já existem em nosso quotidiano – o CRLV-e e o e-Título.

Tanto o Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV-e), quanto o Título Eleitoral (e-Título) são maneiras de representar digitalmente documentos que antes só existiam em caráter físico e impressos em papel, exclusivamente emitidos pelos respectivos órgãos públicos.

Eles ainda são emitidos pelos mesmos órgãos, mas de modo diferente, sob procedimentos também diferentes e até assumem aparência e modo de uso distintos dos originais.

O mesmo se aplica para muitas carteiras das entidades de classe profissional, como da OAB, por exemplo.

Uma vez que a transformação digital tem mudado praticamente qualquer processo, é natural que sejam criados tokens que cumpram a mesma função do que ele substituem no mundo físico, porém no ambiente digital e muitas vezes com maior versatilidade e mais benefícios.

3. Quais as vantagens do Drex?

Há muitos benefícios que devem ficar mais evidentes por ocasião do lançamento e consequente divulgação das regras de funcionamento do Drex, o qual no momento ainda está em fase de testes e sendo assim, não há como elaborar uma lista definitiva e objetiva.

Porém, pelo que já se sabe, a ideia é que as pessoas possam fazer um empréstimo com mais facilidade, ter uma opção de investimento mais acessível, ou quem sabe um seguro mais fácil.

Por exemplo, hoje se alguém quiser investir no Tesouro Direto ou quem sabe em ações, o processo não é tão fácil, acessível e ao alcance de qualquer pessoa, sendo que normalmente é intermediado por uma corretora ou instituição financeira.

Com a implementação da Drex, isso deve mudar, tornando a aquisição desse serviço – e de muitos outros – financeiro algo mais prático, rápido e transparente.

Outro possível exemplo, é no processo de compra e venda de um veículo. Existe toda uma burocracia e até certo impasse. Quem faz o que primeiro? Procedemos primeiro com a transferência bancária ou a transferência do documento no cartório?

Com a moeda digital e a possibilidade de vincular um smart contract na operação, o registro do documento do carro em nome do comprador, ocorre no exato momento da transferência do Drex da carteira digital do comprador para o vendedor, em uma só operação. Mais rápido, mais prático, mais seguro e confiável.

Outras vantagens incluem um sistema financeiro mais enxuto em termos de taxas, mais inteligente e dinâmico, já que eliminará alguns intermediários que são necessários atualmente.

4. Drex é criptomoeda?

Não, objetivamente não será como nenhuma das criptomoedas que estamos acostumados.

Há poucas coisas em comum com o Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas, para além do fato de todas serem moedas digitais, como o uso do blockchain para conferir segurança às transações. Todavia, até a blockchain será diferente, sendo que no caso será privada e mantida pelo BCB.

Entre as diferenças mais importantes, vale destacar:

  • Estabilidade – diferente das criptomoedas, que são bastante voláteis e que significa dizer que são muito mais suscetíveis a grandes variações, que podem fazer com que suas cotações oscilem enormemente;

  • Paridade – 1 Drex valerá exatamente 1 real;

  • Mineração – não existe mineração. A emissão é feita pelo BCB, exatamente como a emissão de moedas e papel moeda;

  • Uso físico – qualquer criptomoeda precisa ser convertida, por compra ou venda, em moeda (Real, Dólar, Yen, etc) para uso físico. Quando em operação, o valor existente na carteira digital, poderá ser sacado para uso físico, tal como já se faz nas contas correntes;

  • Centralização – um dos conceitos centrais das criptomoedas, é seu caráter descentralizado, ou seja, não há uma entidade central que determine normas e controle. Qualquer problema que venha ocorrer nas criptomoedas, não há a quem reclamar ou recorrer. No caso do Drex, isso será papel do Banco Central.

5. O Drex é seguro?

Entre as premissas nas quais se baseiam o desenvolvimento das moedas digitais, não só no Brasil, mas no mundo todo, a segurança é das principais, razão pela qual uma das tecnologias usadas, é da blockchain.

Quando se tem um sistema no qual todas as transações são registradas e controladas em um banco de dados central, tem-se maior controle por parte do emissor, tirando a autonomia – mesmo que parcial – dos bancos e fintechs, as startups de finanças que oferecem contas digitais.

A ideia é diminuir as chances de falhas sistêmicas, fraudes contábeis e aumentar o controle e regulação dos bancos centrais.

Acima de tudo, é preciso levar em consideração que como CBDC, servirá para transações com as equivalentes moedas digitais de outros países e em sendo assim, a segurança e a regulação precisam ser tão boas quanto forem possíveis.

6. O que é CBDC?

CBDC é sigla oriunda do inglês, relativa a “Central Bank Digital Currencies” e que se traduzida para o português, significa “moedas digitais de banco central”.

Logo, uma CBDC, seja o Drex ou qualquer outra, tem função de moeda fiduciária e tem uso corrente em todas as transações locais e pagamento de impostos.

Vários bancos centrais mundo afora, estão conduzindo iniciativas semelhantes para a criação de suas CBDCs, sendo que atualmente há apenas dois países nos quais já “circulam” as moedas digitais – Bahamas e Jamaica.

Na China, em estágio mais avançado do que no Brasil, mas ainda em testes, já conta com 250 milhões de usuários.

Entre as características comuns das CBDCs, estão a exigência de uma carteira digital (wallet), por meio da qual só o detentor da respectiva senha consegue movimentar as moedas e a possibilidade de quaisquer transações e acesso independente de bancos e intermediários, embora estes possam existir de maneira opcional.

Por essa última característica, pretende-se tirar pessoas da informalidade e que por diversas razões, não têm e nunca tiveram uma conta em banco.

7. Quando o Drex entra em operação?

A fase de testes no Brasil já iniciou por meio de um piloto com bancos, instituições de pagamentos e cooperativas, etapa que deve se estender ao longo de 2023.

O Banco Central não divulga um cronograma detalhado, nem tampouco uma data precisa de lançamento, no entanto vem estimando que os primeiros serviços estejam disponíveis no final de 2024.

É importante destacar que um pouco diferente do Pix, que é um serviço, o Drex é encarado como uma plataforma. Isso porque se pretende que ele englobe uma série de serviços.

Assim, espera-se que quando do seu lançamento, apenas estejam disponíveis os serviços mais básicos, como a transferência de valores entre carteiras digitais, algo análogo ao que já ocorre com o Pix, mas que neste caso, é sobre “dinheiro físico”.

8. O Drex terá custos?

Sim, deverá haver a incidência de taxas sobre determinados serviços da plataforma.

Todavia, na medida em que diminui a quantidade de intermediários e até os elimina por completo em alguns casos, os valores devem ficar abaixo dos custos que os usuários têm atualmente.

9. Serei obrigado a usar o Drex?

Não, o Drex é apenas o correspondente digital do dinheiro físico e, portanto, mais uma opção para algumas situações envolvendo valores monetários.

Espera-se que exista livre opção de 100% do seu montante em dinheiro em moeda física, como é hoje, ou 100% em moeda digital, ou qualquer proporção desejável e/ou necessária entre ambas.

Como dito, o Drex não será exigido para transações digitais nas quais hoje já são possíveis por outros meios. No entanto, como também mencionado, ele vem como forma de tornar mais rápido, fácil e até mais barato.

De forma análoga ao Pix e guardadas as devidas proporções, será apenas uma alternativa.

Conclusão

Drex é o nome do “Real Digital”, que está sendo desenvolvido pelo Banco Central, como resposta às muitas mudanças promovidas pela transformação digital.

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