Agosto Dourado: tudo sobre o mês do aleitamento materno
Tal como vem acontecendo em todos os meses do ano no que vem se consolidando como Calendário Anual de Cores, o Agosto Dourado engloba um conjunto de ações de vital importância na sociedade.
Sendo assim, nesse conteúdo você encontrará respostas e informações sobre as questões mais comumente relacionadas ao tema, de forma a contribuir para que o Agosto Dourado se consolide cada vez mais e os resultados das ações sejam tão eficientes quanto possível.
O que é o Agosto Dourado?
Agosto Dourado é o mês que compreende um vasto conjunto de ações de conscientização e incentivo ao aleitamento materno. Foi designada a cor dourada pela comparação ao padrão do ouro que a qualidade do leite materno tem.
A escolha do mês de agosto para o conjunto de ações visando conscientizar sobre a vital importância da amamentação, bem como incentivar e criar condições propícias, deu-se por conta da primeira Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), em 1992, uma iniciativa fruto da Declaração de Innocenti de 1990, com participação de organizações governamentais, ONGs, da Organização Mundial da Saúde e da UNICEF.
Conhecida globalmente pela sigla WBW (World Breastfeeding Week), a Semana Mundial do Aleitamento Materno é celebrada todos os dias de 1 a 7 de agosto. Em 2018, uma resolução da Assembleia Mundial da Saúde endossou o WBW como uma importante estratégia de promoção do aleitamento materno.
No Brasil, o Ministério da Saúde coordena ações de apoio à SMAM desde 1999. Porém em 2017, agosto tornou-se oficialmente o mês dedicado à amamentação, por meio da sanção da Lei nº 13.435, de 12 de Abril de 2017.
Desde sua criação, a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) já conseguiu adesão de vários países, sendo que atualmente ela é celebrada em mais de 170 nações, como iniciativa da Unicef e dos seus parceiros, da Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA, sigla para World Alliance for Breastfeeding Action) e da Organização Mundial da Saúde (OMS)
A importância de Agosto Dourado
A consolidação da prática da amamentação está cercada de diversos aspectos culturais, econômicos, sociais e até mercadológicos.
A mudança da cultura sobre aleitamento materno no Brasil, precisa ser também fruto de políticas de apoio a amamentação, incluindo crescentes restrições à ação da indústria alimentícia, bem como de outros produtos relacionados, cujas ações de Marketing contribuíram para que diferentes gerações acreditassem que há alternativas iguais, ou até melhores do que o leite materno.
Isso envolve disseminação ampla de informação e esclarecimento, a chamada conscientização sobre a importância da amamentação, bem como os benefícios para a mãe e a criança.
Além disso, é preciso haver todo um conjunto de condições favoráveis para que o aleitamento materno seja possível, afinal muitas mães deixam de amamentar em função da sua vida profissional e a necessidade de interromper a licença maternidade e retornar ao trabalho.
Esse tipo de preocupação fica evidente ao compreendermos a simbologia associada ao laço dourado das campanhas.
Um lado do laço, corresponde à mãe. O outro lado do laço, é o bebê. O nó do laço, é a sociedade como um todo, o pai, a família, os empregadores. Sem o nó, o laço não é constituído e, portanto, a amamentação não ocorre. A simetria do laço, representa o quão vitais são tanto a mãe, quanto a criança para o sucesso do aleitamento. Por fim, o ouro, é padrão da qualidade da amamentação materna para o bebê, em seus primeiros meses de vida.
Benefícios do Aleitamento Materno
Os estudos a respeito do aleitamento materno e dos primeiros anos de vida dos bebês, em especial os primeiros mil dias, que correspondem do período da gestação aos dois anos da criança, são considerados determinantes em vários aspectos do seu desenvolvimento.
Quando a amamentação materna ocorre adequadamente, há inúmeros benefícios para a prevenção de doenças. O aleitamento materno é considerado como “a ação isolada mais eficaz para o combate à mortalidade infantil”, segundo a OMS e a Unicef.
Mas não é só a criança que se beneficia. As evidências científicas são incontestáveis com relação aos benefícios do binômio mãe-bebê, como por exemplo, na prevenção de doenças infecciosas, e de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e diabetes, além de prevenir cânceres de mama e ovários para as mães.
Benefícios para a mãe:
-
Reduz também a mortalidade materna, reduzindo hemorragias (ao produzir ocitocina) e promovendo a contração do útero no pós-parto;
-
Contribui para a perda de peso;
-
Ajuda a evitar a osteoporose;
-
Favorece a proteção contra doenças cardiovasculares;
-
Diminui a incidência de câncer de mama, ovário e endométrio.
Benefícios para o bebê:
-
Contribui para criar um vínculo / conexão maior com a mãe;
-
Diminui a ocorrência de cólicas, pois a digestão do leite materno é melhor;
-
Menores riscos do desenvolvimento de doenças alérgicas;
-
Também são menores as chances da ocorrência da doença de Crohn e linfoma;
-
Estimula o desenvolvimento e fortalecimento da arcada dentária;
-
Menor ocorrência de diarreia e melhor funcionamento dos intestinos;
-
Contribui na prevenção de problemas fonoaudiológicos, respiratórios, auditivos e psicomotores devido à sucção.
Dúvidas frequentes sobre o aleitamento materno
Conforme dissemos anteriormente, uma série de aspectos influenciaram negativamente a prática da amamentação materna.
Apesar do crescimento dos indicadores de aleitamento materno no Brasil, dados do relatório preliminar do Enani (Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil), apontam que menos da metade (45,7%) das crianças menores de seis meses de idade, recebe a amamentação exclusiva.
Sendo assim, parte da reversão desse quadro, passa por trazer informação completa e correta a respeito, bem como a derrubada de alguns mitos.
O aleitamento materno é suficiente?
O leite materno tem tudo de que o bebê precisa e é o melhor alimento que ele pode ter até o sexto mês de vida. Quando recebe só leite materno, não é preciso que ele consuma chá, sucos ou água e muito menos os leites industrializados e teoricamente destinados a tal finalidade.
É de fácil digestão e promove um melhor crescimento e desenvolvimento, além de proteger contra doenças.
O leite materno já contém a água de que o bebê necessita e mesmo em ambientes quentes e secos, o leite materno supre as necessidades de líquido de um bebê.
Existe leite materno fraco?
Não existe “leite fraco”. Todo leite materno contém diversos tipos de anticorpos específicos para cada criança, de acordo com as necessidades de cada bebê, bem como contém todas as substâncias essenciais para a nutrição adequada.
Esse tipo de pensamento que às vezes se tem, costuma ocorrer quando o bebê chora mesmo após a amamentação e só volta a se acalmar quando mama novamente, fazendo que se creia está com fome porque não se sente alimentado.
Há algumas razões para que isso ocorra.
O choro é a única e primeira forma de comunicação do recém-nascido. A mãe precisa se manter a calma e entender que as primeiras amamentações são um aprendizado para ambos.
Mas pode ser também porque o bebê se cansa, para, dorme e, como não mamou tudo o que podia, pede novamente por meio do choro. Esse é um processo que pode levar alguns dias, até se regular naturalmente.
Também é preciso compreender que a prática da amamentação, requer alguns cuidados para que ocorra da melhor forma possível para ambos, como veremos adiante.
As mães devem amamentar os seus bebês até qual idade?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a UNICEF, assim como no Brasil, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP), recomendam que o aleitamento materno exclusivo, ou seja, apenas com o leite materno, seja realizado até os 6 meses de vida do bebê.
E conforme respondido na primeira dúvida, nenhum complemento alimentar e nem mesmo água, é necessário durante os primeiros 6 meses.
Após isso, o aleitamento materno complementado, pode ocorrer até 2 anos de vida do bebê ou mais, dependendo da vontade e disponibilidade da mãe e da criança.
O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, é um manual com orientações do aleitamento materno e a introdução alimentar, a partir dos 6 meses. O material é gratuito, com linguagem acessível e ilustrações que facilitam a compreensão das famílias.
A alimentação da mãe influencia na produção do leite?
Não, a produção, nem tampouco a “qualidade” do leite está relacionada a quão boa é a alimentação da mãe.
A produção de leite está relacionada com o ato de mamar. Quanto mais o bebê mama, mais haverá estímulo para produção de leite.
Um fator que sim contribui na produção do leite materno, é que a mãe tenha um ambiente tranquilo e sem estresse, dormir bem e aproveitar para descansar enquanto o bebê também dorme.
A boa hidratação da mãe, também favorece a produção, sobretudo para que ela não se desidrate.
Os estudos a respeito, revelam ainda que a qualidade da alimentação da mãe tem pouca influência no leite produzido. No entanto, a qualidade da sua alimentação está relacionada a sua própria saúde, sendo importante que a mãe tenha uma alimentação variada, equilibrada, coma quando tiver fome e evite dietas restritivas (regimes).
Como evitar desconforto ou até dores no momento da amamentação?
Nas primeiras mamadas, é normal que a mulher sinta incômodo e dor leve ou moderada, em função da forte sucção que o bebê realiza no seio. Tal como na situação do “leite fraco”, é uma condição que deve mudar em alguns dias.
Porém podem ocorrer lesões na mama por pega e/ou posição incorreta durante a amamentação, causando lesões nos mamilos.
É preciso também averiguar se os mamilos não estão machucados e as possíveis razões, como uso impróprio de bombas de extração de leite, ou não interrupção correta da sucção da criança quando retirá-la do peito, ou uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas, ou ainda, exposição prolongada a forros úmidos, por exemplo.
Que cuidados adotar na hora de amamentar?
Embora natural e até instintivo, o ato de amamentar deve ser cercado de algumas atenções e cuidados:
-
Sempre que possível, procurar um ambiente tranquilo;
-
Acomodarem-se bem, o que significa uma posição confortável para a mãe e o bebê;
-
Concentrar-se na amamentação e no bebê;
-
Apoiar o bebê em um travesseiro ou almofada, de modo que ele fique confortável e com o corpo em uma posição relaxada;
-
Manter o bebê com a cabeça voltada para o seio materno;
-
Manter o corpo e a cabeça do bebê alinhados;
-
Colocar o dedo no canto da boca do bebê, para interromper ou reiniciar a amamentação;
-
A amamentação deve ser feita sempre que o bebê manifestar vontade.
Por que o leite muda com o passar dos dias?
Há diferentes fases da amamentação, nas quais o leite materno, seu aspecto e quantidade mudam. Isso porque o trabalho de parto estimula a liberação de um coquetel de hormônios que preparam o corpo da mãe para a produção do leite.
Nesse período as mamas ficam maiores e bem cheias e algumas vezes quentes:
-
Colostro – é o primeiro leite, ele é rico em anticorpos e é fundamental para o sistema imunológico do bebê, produzido em pequena quantidade, mas altamente nutritivo;
-
Leite de transição – da apojadura (descida do leite) e até 15 dias após o parto. Há um aumento da produção e maior teor de gordura;
-
Leite maduro – apresenta diferentes características ao longo da mamada e possui vitaminas, minerais e proteínas essenciais
Qual o problema das chupetas e mamadeiras?
O ato de sugar a mamadeira é diferente da forma como o bebê suga o peito, independentemente do tipo de bico do objeto, causando confusão no bebê.
Sugar a mamadeira é mais fácil, exigindo menor esforço. Assim, quando o bebê suga o peito da mesma forma que faz na mamadeira, o leite não sairá tão facilmente, aumentando as chances dele recusar o peito.
O uso de mamadeiras também prejudica a habilidade da criança de regular o apetite, podendo ocasionar ganho de peso excessivo.
Além disso, o seu uso faz com que o movimento e a posição da língua prejudiquem o desenvolvimento da deglutição, mastigação e fala. Outro problema, é que a mamadeira pode ser uma fonte de contaminação de vírus e bactérias, aumentando a chance de a criança pegar uma infecção.
A criança que usa chupeta também tende a mamar menos tempo no peito. Qualquer tipo de chupeta pode causar deformações na boca e mau alinhamento dos dentes e provocar problemas na fala, na mastigação e na respiração.
Também aumenta a chance de candidíase, o popular “sapinho”.
Como as empresas podem promover o Agosto Dourado?
Tal como nos outros meses do Calendário Anual de Cores, as empresas podem e devem desenvolver ações de promoção do Agosto Dourado.
E não é só o tipo de campanha destinada àquelas que têm muitas mulheres no seu quadro de colaboradores.
É natural que quando se pensa nesse tipo de questão, o que vem à mente em um primeiro momento, é a parte da comunicação visual, com elaboração e distribuição de material como bottons, banners, cartazes e quem sabe até uma página no site institucional da empresa ou quem sabe algum conteúdo na Intranet.
Mas as empresas realmente humanas e que atuam com responsabilidade social, podem ir bem além:
Conscientização
Como em todas as campanhas de cores, disseminar a consciência em torno do tema, é fundamento para seu sucesso. Isso é feito por meio da informação.
Devemos lembrar da simbologia do laço dourado, na qual o nó (pais, famílias, amigos, empresas, etc) devem dar o apoio e criar as condições para que as mães possam fazer a amamentação adequada.
Nesse contexto, ao disseminar a informação, ela contribui para que todos no entorno da mãe e do bebê, cumpram melhor os seus papeis e deem o apoio necessário, fortalecendo o nó.
Empresa cidadã
Todos sabem que existe legislação que determina a licença maternidade de 120 dias (4 meses). Embora importante, esse período é insuficiente para que a mãe cumpra ao menos os primeiros 6 meses de aleitamento materno recomendados.
Já a lei que criou o Programa Empresa Cidadã, passou a permitir a extensão estender esse período por mais dois meses (60 dias), em troca de incentivos fiscais.
No entanto, graças a Lei nº 14.457/2022, trabalhadoras que tiverem filhos a partir de então, poderão tirar até 8 meses de licença-maternidade. A nova lei, flexibilizou a prorrogação de 60 dias do Programa Empresa Cidadã, de forma que as empresas participante do programa, podem transformar os 60 dias em 120, os quais somados aos 120 previstos na CLT, constituem 8 meses de licença.
Vale ressaltar que nesse caso, a funcionária ficará 4 meses – os 120 dias de licença previstos na CLT – em casa e depois passará mais 4 meses indo apenas meio período para a empresa, permitindo que a mulher possa conduzir a introdução alimentar do bebê, que começa a partir dos seis meses.
Bancos de leite
O Brasil conta com 227 bancos de leite humano (BLH) e 240 postos de coleta distribuídos em todos os estados e no Distrito Federal. Os bancos prestam orientação gratuita e apoio às mulheres que amamentam, além de receberem doações fundamentais para recém-nascidos internados.
Todos os anos, diversos bancos de leite realizam a campanha Agosto Dourado, com o objetivo de aumentar a arrecadação de leite humano.
Nesse sentido, a empresa realizar a divulgação das unidades mais próximas, constitui uma ação de reforço dessas organizações, contribuindo para seu trabalho e ainda estimula o espírito solidário dos colaboradores.
O telefone da Rede Brasileira de Bancos de Leite, é o 136 e o link do site, é: https://rblh.fiocruz.br/pagina-inicial-rede-blh
Apoio geral
Além de um momento especial em toda e qualquer família, particularmente para a mãe, a chegada do bebê é ainda mais.
Empresas que entendem o significado e que valorizam o seu capital humano e, sobretudo, visam proporcionar um ambiente de inclusão, podem fornecer apoio geral e necessário às famílias e às mulheres que nesses momentos, por meio de ações do seu departamento de Recursos Humanos.
Isso compreende desde os benefícios, como os tradicionais planos de assistência médica, essenciais no acompanhamento da mãe e da criança nos primeiros meses, mas que pode também favorecer a realização de ações solidárias dos demais colaboradores, como por exemplo, os “chás de bebê”.
Portanto, pequenas ações para a empresa, mas que podem significar muito para a família.
Conclusão
Agosto Dourado é um mês revestido de simbolismo e importância para as famílias e a sociedade, no qual as empresas podem cumprir um papel essencial.