Windows ou Linux? Qual é melhor? Qual usar?
Desde que algumas distros Linux começaram a receber atenção da mídia especializada, surgiu entre os usuários finais a pergunta – e variações dela – que até hoje cisma em ser centro das discussões de entusiastas dos dois lados: Windows ou Linux? Qual sistema operacional é melhor? Qual deve ser a escolha dos usuários?
Basta uma rápida pesquisa no Google sobre o assunto, para ver o quanto há de conteúdos sobre o tema, com todo tipo de abordagem e também todo tipo de conclusão.
Há os mais tendenciosos e há os mais isentos.
Diferente do que faz a maioria, mais do que uma resposta a essas ou outras perguntas, nosso propósito é lançar um pouco de luz sobre o assunto, para que você mesmo possa encontrar a resposta que satisfaz suas necessidades e, portanto, você faça a sua escolha de um modo mais consciente e seguro, em vez de simplesmente acatar o parecer de alguém, por mais bem intencionado que possa parecer.
A história dos sistemas operacionais
A década de 80 foi a responsável pelo lançamento das primeiras sementes, cujos frutos colhemos até hoje.
Isso porque em 1984, o mundo conheceu o primeiro Macintosh, que entre outras coisas, era o primeiro computador pessoal com um sistema operacional dotado de interface gráfica, usualmente referenciada como GUI (Grafic User Interface ou interface gráfica do usuário, em português).
Na verdade ele não foi o primeiro e esse título coube ao Xerox Alto, mas que era um computador muito maior e mais caro do que os primeiros Macintoshs. Apenas quem pudesse desembolsar mais de US$ 32000,00, podia ter um modelo da Xerox, o que em padrões da década de 70 – quando foi lançado – era uma pequena fortuna.
Aliás, por esse preço, mesmo hoje em dia, não poderia ser classificado exatamente como barato, nem tampouco ter a pretensão de tornar o computador, um produto de uso comum.
Os Macintoshs, bem menores e mais baratos que a grande maioria dos computadores da época, ainda que não fossem exatamente acessíveis financeiramente falando, foram responsáveis pelo termo PC (Personal Computer).
Os primeiros Macs – como já eram chamados – também não foram os responsáveis por encabeçar a expansão dos computadores domésticos e iniciativas com bem menos apelo de Marketing, como TRS-80, ZX Spectrum e Commodore 64, vieram primeiro e chegaram a ter um apreciável conjunto de usuários no cenário da época.
O que todos esses exemplos tiveram em comum, foi a proposta de levar a computação – algo que até então era restrito do ambiente corporativo e acadêmico – ao usuário doméstico.
Particularmente no caso do Macintosh, as linhas de comando e as telas monocromáticas, davam lugar a uma interface gráfica e por consequência tornavam o trabalho mais simples e agradável visualmente.
A GUI, passou a ser a obsessão de outros sistemas operacionais para as mais diferentes plataformas e entre elas, o MS-DOS, Unix e OS/2.
A versão da IBM – em particular, o OS/2 Warp e que surgiu de uma joint-venture entre Microsoft e IBM – foi um sistema muito bom e estável, tanto que foi amplamente usada como sistema operacional de muitos caixas eletrônicos, durante muito tempo, mesmo após a IBM descontinuá-lo.
Mas coube ao Windows e ao Linux, a disputa pelo posto de sistema operacional do usuário final.
No caso do Windows, ele surgiu em sua primeira versão, apenas como uma interface gráfica para o DOS. Já o Linux, embora tenha compatibilidade com o Unix, ele não é uma simples derivação dele com um ambiente gráfico por cima.
Parte da “rivalidade” entre os dois sistemas operacionais, vem justamente do fato de que o Linux nasceu do zero com a proposta de ser um sistema com interface gráfica e compatível com o Unix. Já o Windows, nasceu como uma interface para o MS-DOS, o que seus opositores trataram de chamar de “colcha de retalhos”.
Outro ponto que sempre distanciou os defensores de um e de outro, foi o fato do sistema da Microsoft adotar o modelo de software proprietário e o Linux, usar o código aberto ou open source.
E se já não bastassem motivos para afastar um do outro, o licenciamento pago – e às vezes oneroso – do Windows, contrapunha-se ao fato da maior parte das distribuições Linux nasceram gratuitas.
A importância das distribuições Linux
O caráter colaborativo, que foi um dos principais pontos do Linux desde o seu nascimento, foi também responsável pelo que hoje ficou conhecido como distribuições Linux, ou simplesmente distros, como tratam os adeptos do sistema operacional do pinguim.
Basicamente uma distribuição, é um sistema operacional desenvolvido a partir do Kernel Linux e que assume particularidades em termos de características, como por exemplo, um ambiente gráfico específico, aplicações e serviços, que permitem configurar, usar e tirar diferentes benefícios do sistema operacional.
As distribuições conferiram ao Linux uma ampla gama de “sabores”, dos mais duros e menos sociáveis, aos mais leves e mais amigáveis. Com isso, parte dos argumentos que sempre impediram um usuário convicto do Windows, de que o sistema de Linus Torvalds é apenas para gente com avançado conhecimento técnico, caiu por terra.
Paralelamente a isso, algumas distros desenvolvidas por empresas, passaram a oferecer suporte e uma interação mais simples, desde a instalação, como foi o caso de um pioneiro nesse conceito e um dos seus mais célebres representantes – o Red Hat Linux.
Desde então, muitas distribuições nasceram com o objetivo de serem capazes de servir como alternativa ao Windows, sistema que se consolidou quase que soberano e sem concorrentes. Pelo menos foi assim por um bom tempo.
Com isso em mente, é certo que há alguma distribuição Linux capaz de diminuir a distância que existia no começo e tornar o processo de escolher entre um sistema operacional e outro, sem que o tempo de aprendizado e uma razoável lista de obstáculos, impeça a mudança.
Eis algumas distribuições amigáveis e que derrubam o mito de que o Linux é complicado ou destinado apenas para usuários avançados:
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Ubuntu – o Ubuntu é certamente a distribuição Linux mais popular e desde 2004, quando apareceu pela primeira vez, vem se caracterizando como uma das melhores alternativas ao Windows, seja porque sempre se apoiou na premissa de ser tão simples de configurar e usar como o Windows, seja porque conta com vários dos benefícios da maior parte das distros;
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Deepin Linux – essa tem sido uma alternativa bastante comentada e considerada por muitos, contando com uma das mais belas interfaces entre as distros de uso mais fácil. O Deepin ainda alia a possibilidade de se parecer mais com o Windows, ou com o MacOs;
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Linux Mint – quem quer experimentar um mundo além do Windows, uma opção é o Linux Mint. É das distros que conta com uma das maiores comunidades, o que significa que encontrar informações e esclarecer dúvidas, é fácil;
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Zorin OS – não tão nova como o Deepin, o Zorin OS tem se destacado ao longo dos anos junto aos usuários que buscam alternativas em relação ao mais tradicional. Frequentemente bem avaliada e comparável ao Mint em vários aspectos;
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Pop!_OS – criada pela fabricante de hardware norte-americana System76, a Pop!_OS, é uma distro baseada em outra distro (Ubuntu), mas que dá ênfase em aspectos que tem sido criticados nas últimas versões do Ubuntu, como o ambiente de trabalho, que nela é chamado de Cosmic, bem como um conjunto de ferramentas e recursos tem recebido constatantes melhorias e novidades, demonstrando uma preocupação maior por parte do desenvolvedor em aperfeiçoar continuamente o sistema;
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Manjaro – o pouco tempo no mercado – distro mais “jovem” – não foi empecilho para que a Manjaro atingisse o status de uma das mais populares da atualidade. Entre os pontos que explicam o seu sucesso, destaque para o visual simples, quase minimalista e por usar como base de desenvolvimento outra distro anterior que era muito bem conceituada pelos utilizadores, que foi a Arch Linux;
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Elementary – o Elementary nasceu com a pretensão de ser o substituto open source para o Windows e MacOS, porém com desempenho superior e com uma política de privacidade robusta, o que é um fator de excelência nos dias de hoje. Ele herda as mesmas qualidades das distros baseadas no Debian, como estabilidade, mas vai além em aspectos de segurança. Alia ainda uma estética moderna, leve e sujeita a pouca manutenção.
Qual o melhor? Windows ou Linux?
Nossa proposta não é convencer ninguém a experimentar alguma distribuição Linux ou mesmo que alguém abandone o Windows ou opte por um terceiro sistema operacional. Tampouco percorrer o caminho inverso.
Ter uma perspectiva mais ampla em termos de sistemas operacionais, o que significa não se limitar ao conceito restritivo de que há necessariamente algo melhor. Vivemos uma época de franca evolução de tudo, incluindo os sistemas e assim assumir restritivamente que algo é melhor e ponto, impede que colhamos os eventuais benefícios daquilo que deliberadamente é considerado pior por alguém.
Windows ou Linux, melhor ou pior, deve ser uma decisão relativa e não absoluta. Como também deve ser reavaliada com o passar do tempo.
O Windows é sim um sistema que tem muitas qualidades e não é atoa que por tanto tempo vem sendo o mais usado no mundo para portáteis e desktops, em suas diferentes versões.
Também não enxergamos, como muitos fazem, que a questão seja tão simples como definir qual é melhor.
Sistemas operacionais, assim como qualquer outra coisa, devem ser úteis, atender a um conjunto bem definido de necessidades e agradar quem faça uso deles.
Visto dessa forma, Windows ou Linux, têm características e benefícios que são mais apropriados a diferentes tipos de usuários e propostas. Cada qual tem suas vantagens e desvantagens.
E mesmo o que pode ser um vantagem para um usuário, pode não ser para outro ou não ter um peso significativo na decisão final.
Quando optar pelo Windows?
O Windows ao longo de cerca de 4 décadas, evoluiu muito e é seguro afirmarmos que hoje é um sistema operacional bem maduro e que é capaz de tratar e melhorar suas principais deficiências.
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Acervo de softwares – o acervo de softwares para Windows entre os sistemas de desktop, é o mais amplo que existe, sendo que alguns só existem para ele. Se o usuário necessita de algum programa que ainda não tem versão para Linux, forçosamente a escolha já está feita;
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Usuários – embora a curva de aprendizado e adaptação a muitas distros Linux seja bem suave, alguns podem ter dificuldades nos primeiros dias, o que pode gerar algum impacto a depender do número de usuários;
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Formatos proprietários – o mundo ainda vive baseado no sistema da empresa de Redmond e isso é outro ponto a favor, pois invariavelmente é necessário trocar arquivos em formatos proprietários, que apesar de já haver alternativas para o Linux, ainda predominam no sistema da Microsoft;
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Desenvolvimento – assim como o fator anterior, há plataformas e linguagens que são proprietárias e, portanto, que só rodam no Windows, como é o caso do ASP e ASP.NET, entre outras e nesse caso, não há como optar por qualquer outro SO;
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Interface – o sistema da Microsoft se tornou especialista em oferecer quase tudo que é possível fazer via interface gráfica e se é importante ter esse controle sem ter que recorrer a linhas de comando, o Windows ainda se sai melhor que a maioria das distros;
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Hardware – esse é outro ponto que diminuiu muito a diferença em relação ao passado, mas o Windows ainda leva vantagem quando o assunto é conectar novos hardwares e/ou dispositivos, como placas de vídeo dedicadas ou periféricos;
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Jogos – se nem só de trabalho vive o usuário e os jogos de computador são um fator essencial, é inegável que muitos jogos, incluindo alguns dos mais populares, não têm versões para o sistema do pinguim, obrigando a escolha pelo Windows.
Além dos pontos a favor acima, há um excelente volume e disponibilidade de informações, tutoriais e esclarecimento de dúvidas quanto aos problemas mais comuns.
Quando optar pelo Linux?
O Linux por sua vez, após 30 anos, já não precisa mais provar que é capaz de ser uma opção de qualidade. Além das inúmeras instalações por meio de várias distribuições que permitem atender aos mais variados perfis de usuários, há um conjunto de características inquestionáveis:
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Gratuidade – muitas distros Linux são gratuitas, o que pode ser decisivo em termos financeiros, especialmente quando se tem muitas máquinas / usuários;
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Privacidade – a garantia da privacidade dos usuários é um aspecto presente na esmagadora maioria dos muitos “sabores” de Linux e que está cada vez mais comprometida, especialmente com a incorporação do Copilot ao Windows, ainda que a Microsoft garanta que não usará de forma não ética a inteligência artificial associada ao recurso;
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Segurança – outro fator essencial e que é de razoável consenso, é o fato do Linux ser mais seguro que o Windows em vários aspectos;
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Suporte – o fato do universo Linux ser baseado em código aberto ou open source, traz muitas vantagens, como as correções de bugs e atualizações serem mais rápidas que na Microsoft;
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Hardware – um ponto importante são os requisitos exigentes em termos de hardware para instalação do Windows 11, o que inclusive faz com que o Ubuntu seja um ótima alternativa para quem tem Windows 10, mas não tem hardware compatível com as exigências da Microsoft. Além disso, há distros concebidas especialmente para hardware mais modesto ou antigo;
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Licenciamento – há muitos softwares para Linux gratuitos, como suítes office, clientes de e-mail, entre outros, o que diminui o custo de licenciamento comparativamente ao sistema líder.
O Linux quebra paradigmas e uma posição hegemônica, algo que nunca é bom para o consumidor, que se vê refém de poucas ou quase nenhuma opção, quando se tem uma liderança tão destacada como a do Windows.
Se por um lado o Linux carrega para muitos o estereótipo de sistema de nerd ou daqueles que têm conhecimento técnico avançado, mesmo não sendo totalmente verdadeiro, reúne uma comunidade participativa e que justamente por suas habilidades, propõe soluções mais rapidamente. Não há dependência da empresa por trás de um software proprietário.
Quando até mesmo a Microsoft reconhece os méritos e a importância do Linux, a tal ponto dela ter criado sua própria distro Linux para o ambiente cloud da Azure ou pela incorporação do Linux dentro do Windows, via máquina virtual, usando o recurso WSL (Subsistema Windows para Linux).
E ainda, o que foi no passado uma justificativa de muitos para não aderir ao Linux, que são programas específicos e exclusivos, hoje no máximo atinge raros sistemas concebidos exclusivamente para Windows. Há programas alternativos que preenchem a lacuna antes existente e há muito tempo, muitas empresas já lançam versões para os dois sistemas operacionais.
Assim, optar por um ou outro, é apenas uma escolha do que pode atendê-lo tão bem quanto você necessita e deseja.
No final, nenhum vencedor pode ser declarado no duelo entre Linux e Microsoft. Tanto um quanto o outro, podem ser usados como dois meios diferentes para os mesmos fins.
Conclusão
Decidir entre a melhor opção de sistema operacional entre Windows ou Linux, depende de analisar uma série de características e necessidades de cada usuário.