Microsoft Copilot no Windows e a batalha com o Google

Desde que a Microsoft disponibilizou o Windows 11 via atualização, é bastante provável que a mais recente novidade do seu sistema de updates, seja a mais importante, isso porque ela dá acesso ao Microsoft Copilot, para os usuários.

Mas afinal o que é o tão comentado Copilot? O que muda com ele e quais os benefícios ele proporciona? Como ter acesso ao Copilot? E o que isso tem a ver com a disputa Microsoft vs Google?

Se você ficou curioso, esse conteúdo é para você!

O que é o Windows Copilot?

Ainda que você não saiba nada ou muito pouco de inglês, é o que a maioria já deve ter imaginado, o “copiloto do Windows” e que promete, tal como ocorre na função homônima, ajudar a “pilotar” conjuntamente o sistema operacional Windows com base em inteligência artificial.

De modo mais abrangente, também é chamado por alguns de Microsoft Copilot, já que não está restrito aos usuários do Windows.

Sim, embora ainda esteja em modo beta – ou preview – nos serviços em que já pode ser acessado, o Copilot está gradativamente sendo incorporado ao Microsoft 365, a suíte de produtividade / escritório disponível para acesso / uso na nuvem, bem como no Teams ou no Microsoft Azure, por exemplo.

Ou seja, ainda que você tenha outro sistema operacional, mas faça uso de serviços cloud da Microsoft, terá cada vez mais recursos do Copilot e de IA.

A ideia primária, é que o Copilot faça o papel de um assistente virtual inteligente, tal como era com a Cortana, mas que foi removida do Windows para dar lugar ao novo assistente, porém de modo mais poderoso, flexível e integrado ao sistema operacional e ao universo de outros serviços, incluindo os que são baseados na nuvem e no Bing Chat.

Como acessar o Copilot?

Para quem já teve acesso ao Copilot, ele deve estar disponível por meio de um ícone na barra de tarefas do Windows.

O processo é automático, o que significa dizer que os usuários elegíveis, poderão ter acesso mediante um grande pacote de atualizações – conhecido como Patch Tuesday – sob a versão 22h2 e que começou a ser distribuído em outubro de 2023.

Vale destacar que inicialmente tiveram acesso apenas as versões em inglês e para a região configurada como EUA (Estados Unidos) e posteriormente para outros idiomas e regiões. Por ocasião desse post, nem todo mundo ainda recebeu a atualização que contempla o Copilot.

Portanto, se você já tem acesso, o respectivo ícone deve ter aparecido em meio aos demais que constam da barra de tarefas.

Para alguns, talvez seja necessário acessar as “configurações” do sistema, a seguir a opção de “personalização” e marcar para o Copilot ser exibido.

Independentemente do caso, o Copilot já deve estar disponível por meio do navegador Edge, no qual o acesso também é conseguido clicando respectivo ícone que deve constar ao lado da barra de endereços e junto a outros ícones, como das extensões, por exemplo.

Como usar o Windows Copilot?

Se você já visualiza o ícone na sua barra de tarefas, basta clicar nele e um painel lateral será exibido.

De forma semelhante ao que já ocorre no Bing Chat, a interface permite escolher o estilo de conversação com a inteligência artificial: “mais criativo”, “mais balanceado” ou “mais preciso”.

A opção intermediária vem marcada por padrão.

A seguir, a ferramenta exibe possibilidades de comandos / interações que podem ser digitadas no campo logo mais abaixo. Se o usuário preferir, em vez de digitar, basta clicar no ícone de microfone e então, dar o comando por voz.

Copilot no Microsoft EdgeJá há uma variedade de possibilidades, das mais simples, como abrir um programa e que fará com que o assistente exiba uma mensagem de confirmação antes de executar a ação, ou algo mais complexo, como elaborar uma resposta a um e-mail aberto na tela ou quem sabe, produzir o resumo de um artigo contido na janela ativa.

De modo semelhante ao que ocorre no chat do Bing, o Copilot vai escrevendo a possível resposta ao e-mail ou fazendo o resumo, sendo possível parar a execução.

Caso o comando tenha sido por voz, além da resposta escrita, o assistente usa voz para “ler” a resposta para você.

Em ambos os casos, ao final o prompt fica disponível para um novo comando.

O que muda com o Windows Copilot?

Como deve estar aparente, a inclusão do Copilot ao sistema operacional para desktops mais usado no mundo, deve ser um marco no uso de IA, com intuito de facilitar o trabalho diário e melhorar a produtividade.

A integração ao Microsoft Office 365 e com as ferramentas para desenvolvedores em nuvem, são um reflexo dessa mentalidade e vem sendo enaltecidos os benefícios que a melhoria proporciona ao utilizador.

Segundo a própria Microsoft, a intenção é que a capacidade da IA seja cada vez mais ampliada e assim ela possa automatizar uma ampla variedade de tarefas, reservando o tempo e o trabalho do usuário àquilo no que ele é realmente essencial.

Para além do Copilot, é possível observar a IA fazendo parte de aplicativos como o Paint e o Clickchamp.

No primeiro, além de novos recursos, com dispor de várias camadas, é possível selecionar e remover o fundo de uma imagem com apenas um clique, a partir do que é conhecido como Cocreator. No segundo, a partir de uma análise do vídeo pela IA, é possível ter sugestões de edição.

Outra manifestação dessa política de integrar inteligência artificial em diferentes ambientes, é a já mencionada opção de acesso por intermédio do navegador Edge ao Bing chat “turbinado” pelo ChatGPT. Para aqueles que já o utilizam e haviam percebido a mudança, usar o Copilot não deve representar nenhuma grande novidade, já que tanto aparência, quanto o funcionamento, são praticamente idênticos.

A grande diferença entre um e o outro, é que no Windows 11, há uma gama de ações sobre o sistema operacional, mas que não são possíveis via browser.

Copilot no Windows 10

Apesar de ainda não ser oficial, alguns dos responsáveis pelo Windows estão considerando a possibilidade de estender o Copilot aos usuários do Windows 10, o que representaria uma mudança de estratégia, já que o sistema deve ser descontinuado em outubro de 2025.

A relevância da decisão se deve ao fato de que a versão 10 do sistema, ainda é utilizada por cerca de 1 bilhão de usuários, enquanto o Windows 11 está ativo em “apenas” 400 milhões de dispositivos.

Por ocasião do anúncio do fim do suporte ao Windows 10, diversas iniciativas vem contestando a decisão, uma vez que se confirmada, muitos equipamentos seriam simplesmente descartados, já que boa parte daqueles que não atualizaram para a versão mais recente, é porque o hardware não atende aos requisitos mínimos exigidos pelo Windows 11.

Assim, a eventual mudança na estratégia da empresa de Redmond, poderia vir acompanhada da extensão do suporte e das atualizações ao Windows 10.

A importância do Copilot na “guerra” com o Google

O que pouquíssima gente tem comentado, é a importância do Windows Copilot na disputa que a Microsoft vem travando com o Google, senão para ocupar seu lugar, ao menos na tentativa de diminuir a sua folgada liderança entre os motores de busca, a qual já dura bastante tempo.

Até o momento, apesar das melhores avaliações e dos sucessivos progressos obtidos, o “novo” Bing não tomou o lugar do Google nas buscas. Nem mesmo chegou a ser uma ameaça real, apesar de alguns avanços nos números.

Porém, a ofensiva agora pode representar uma ameaça mais séria, tanto em termos do embate entre seus respectivos sites de busca, como também no aspecto dos navegadores web, isso porquê:

  • Mesmo com o estrondoso sucesso e sendo tema central de inúmeros artigos a respeito, nem todo mundo que soube, acessou e usou nem o ChatGPT, nem o Bing com ele incorporado. E muitos que o fizeram, foi por mera curiosidade e como teste, mas continuaram a usar as buscas do Google;

  • Com o Copilot, as buscas não exigem mais abrir o navegador e acessar a ferramenta de pesquisa ou realizá-la diretamente no campo de URL e que normalmente tem o Google configurado como buscador padrão. A pesquisa pode ser feita tanto usando o ícone do Copilot a partir da barra de tarefas, como também pelo ícone de lupa, que desempenha função similar. Nesses casos, a ferramenta responsável por entregar o resultado, é o Bing;

  • Quando o resultado do comando dado ao Copilot for um resultado da Web, em vez de uma ação no sistema operacional, é aberto o Bing para exibição dos resultados, mesmo se o Chrome ou outras alternativas de navegadores web estiverem definidos como padrão;

  • A versão do GPT que atualmente roda no ambiente, é mais recente (GTP 4) que aquela da ocasião do lançamento (GPT 3.5), o que significa que é melhor em vários aspectos e isso pode influenciar que apenas testou na época do lançamento;

  • As páginas de resultados do Bing têm evoluído bastante em termos de apresentação dos resultados, com uma boa variedade de formatos de conteúdos, mostrando-se mais dinâmica e atrativa que a minimalista e conhecida do Google. Isso pode atrair quem ainda não o havia experimentado;

  • Por motivo semelhante, quem não tem o hábito de usar o Edge, terá mais uma chance de constatar que já não é de hoje que ele é um melhor browser que o Chrome, em aspectos como desempenho, consumo de memória RAM, privacidade e funcionalidades nativas e que dispensam a instalação de extensões / AddOns;

  • Na tentativa de também tentar seduzir alguns utilizadores do Android, vem sendo cada vez mais aprimorada e incentivada a integração do Windows com o smartphone, lembrando também que a versão do Edge para Android, também tem recebido muitos elogios;

  • A se confirmar a disponibilização do Copilot para o Windows 10, haverá uma base de quase 1,5 bilhão de usuários, isso sem contar os de outros sistemas operacionais, mas que usam serviços Microsoft baseados na nuvem e que na eventualidade de muitas pesquisas, serão atendidos pela IA da empresa.

Em outras palavras, a MS está usando um artifício que já funcionou tanto em termos do Internet Explorer, como no caso da suíte de escritório Office, para a partir da enorme base de utilizadores, tentar tornar habitual o uso de recurso que faz parte do Windows.

É verdade que a Cortana não emplacou, como também é verdade, que a antiga assistente não fazia uso das tecnologias que hoje amparam o Copilot.

Vai dar certo dessa vez? Só o tempo vai dizer…

Conclusão

O Copilot chega ao Windows como mais um passo na integração de inteligência artificial aos serviços da Microsoft e de quebra, acirra a disputa com o Google.

Comentários ({{totalComentarios}})