Tudo sobre ambientes gráficos Linux: KDE, Gnome, XFCE,…

Você já considerou alguma vez abandonar o monopólio do Windows e migrar para o Linux, por conta de tantas vantagens que são proclamadas pelos amantes do sistema operacional do pinguim, mas quando vai mais a fundo no processo de escolha de qual distribuição usar, fica com mais dúvidas do que respostas?

Entre tudo o que as avaliações de cada Linux disponível, sempre falam em ambiente gráfico e/ou desktop environment e não te explicam o que é? Quais as diferenças e por que escolher um e não o outro? O que essa escolha significa em termos práticos?

Pois chegou a hora de acabar com pelo menos algumas das dúvidas mais comuns!

O que é desktop environment?

Essa é talvez a primeira e mais comum dúvida toda vez que falam nele. Desktop environment é o ambiente que reúne tudo o que o sistema operacional tem instalado por padrão para se trabalhar.

O que temos acima é a típica definição, que apesar de simples, não esclarece muita coisa – ou nada – para os leigos e que são a grande maioria das pessoas, apesar de vivermos em um mundo de intensa transformação digital.

A realidade é que muitas pessoas usam um computador para coisas básicas e o fazem de modo automático, repetindo procedimentos diariamente para os quais foram orientadas ou treinadas. Fazem sem ter compreensão plena do que está acontecendo no sistema operacional para produzir cada resultado, até porque na maior parte das vezes, não é necessário que saibam.

Só precisam do produto final de suas ações e é o que basta.

Para compreender o que é um desktop environment de um sistema operacional – incluindo o próprio Windows ou o MacOs – vamos nos apoiar na metáfora que dá origem ao termo.

Environment é ambiente. Desk, entre outras possíveis traduções, é a mesa de trabalho. Top é o topo.

Dependendo da pessoa e do quanto ele aderiu à transformação digital, sua mesa de trabalho pode ter apenas um notebook e nada mais.

Mas no passado, em cima ou no topo (Top) de uma típica mesa de trabalho, haveria um “risque e rabisque”, um bloco de notas, um porta canetas, relógio, post-its, calculadora, agenda de trabalho, um porta-retratos, alguns e-mails impressos, um relatório em que se estivesse trabalhando, um livro que se estivesse lendo, um dicionário e sabe lá mais o que.

Nas gavetas, outros documentos que sejam necessários eventualmente, objetos da rotina de escritório e que não são usados todos os dias, manuais, outros livros e quem sabe até um walkman.

Esse era o “desktop environment” analógico, físico e do passado. O que todos os sistemas operacionais fizeram, foi recriar isso dentro do computador.

O que você usa a todo momento, todos os dias, fica no que a maioria chama de área de trabalho. É o topo da sua mesa. Nela estão os programas ou aplicativos, os documentos e os recursos que a todo momento você precisa ter acesso.

O bloco de notas, é o correspondente digital do bloquinho de papel. O papel de parede, pode ser o porta-retratos. Se você usa muito a calculadora, ela também pode estar lá, mas na sua versão virtual. O calendário no qual você inclui seus compromissos, são o correspondente da agenda de papel. Um programinha substitui os post-its de papel para colar e ajudar a lembrar de pequenas tarefas. E o aquivo de texto, contém uma lista de assuntos para serem tratados na reunião de logo mais.

Nas gavetas – e cujo correspondente no Windows ou no Linux são o menu iniciar – estão as coisas que são usadas com menor frequência.

E até as pastas são uma metáfora do que havia na mesa de trabalho física do passado. Nela você guardava papeis (documentos) que precisam estar juntos, para quando forem necessários, serem mais facilmente localizados. E as etiquetas coladas nelas, com nomes que descreviam o seu conteúdo, são os nomes que damos ao criar cada pasta.

As pastas de uso mais frequente poderiam estar sobre a mesa (na área de trabalho) e aquelas pouco acessadas, dentro de gavetas (no seu gerenciador de arquivos).

Qual a diferença entre desktop environment e ambiente ou interface gráfica (GUI)?

É natural que uma vez que você já tenha assimilado o conceito de desktop environment, agora queira saber qual a diferença para ambiente gráfico (GUI ou Graphic User Interface) ou se são a mesma coisa, certo?

Não, não são. Embora a forma como muitos conteúdos usam os termos, levem-nos a pensar que são.

O ambiente ou interface gráfica ou ainda GUI, como alguns gostam de chamar, é como você enxerga essa mesa de trabalho visual. Não compreendeu ainda?

Pense nas diferentes versões que você já usou ou apenas visualizou do Windows e que é o que a maioria de nós tem familiaridade. Seja no Windows XP, no Windows 7 ou 8, no Windows 10 e agora no 11, praticamente tudo o que se usa ainda está lá. Mas a aparência e o que era preciso para ter acesso, mudou. Porque mudou o ambiente gráfico.

Um ambiente gráfico de cada distribuição Linux – ou do Windows, ou MacOs – é representado pelo conjunto de cores usadas, formas das janelas, dos menus, ícones, pelas fontes empregadas e como isso está organizado na sua tela. Há uma aplicação dentro do desktop environment responsável apenas por isso.

Buscando a analogia com a mesa de trabalho física, é como olhar para diferentes mesas. Algumas maiores, algumas menores. Diferentes cores e materiais. Uma com um relógio grande e chamativo. Outra sem nenhum. As gavetas e seus conteúdos e como eles estavam organizados, também variava de acordo com as rotinas de cada usuário.

Tecnicamente falando, ambiente gráfico é parte de um ambiente da mesa de trabalho (desktop environment). Mais precisamente ele é um serviço que é carregado junto com o sistema operacional e que possibilita ao usuário enxergar e usar tudo o que há no ambiente de desktop. Do contrário, ele teria que usar o modo texto e as linhas de comando para fazer tudo.

Portanto, esse conjunto nativo de recursos do sistema operacional e que é o correspondente digital da sua mesa de trabalho, é o ambiente de desktop (desktop environment). A organização visual disso tudo, usando cores, formatos, distribuição na tela, ícones, menus e fontes, é a interface ou ambiente gráfico.

Por que existem diferentes Desktop Environments e Ambientes Gráficos Linux?

Basicamente pelas mesmas razões pelas quais há diferentes distribuições Linux, ou seja, porque o open source permite!

Essencialmente os sistemas open source ou de código-fonte aberto, como o nome sugere, têm a programação aberta, de tal forma que qualquer pessoa tem acesso a ela e desde que tenha os conhecimentos necessários, pode alterá-la e produzir um sistema diferente, também open source.

Assim nascem as diferentes distros – como também são referidas as distribuições Linux – e tudo que compõe o sistema operacional.

Os desenvolvedores de cada distro podem optar por um desktop environment e um ambiente gráfico já existente, personalizar de acordo com o que acham necessário e/ou interessante, ou mesmo criar um novo.

Quando um novo é produzido a partir de algum outro projeto, é denominado fork. É como a forquilha, que é o trecho de um galho de árvore que se ramifica em dois outros. Ou seja, é uma ramificação de outro projeto. O Cinnamon Desktop por exemplo, é um fork do Gnome, um dos mais populares desktop environments e usado em várias distros Linux.

Diferentemente do Windows e outros sistemas com código proprietário – que só o criador conhece – comunidades de desenvolvedores ou empresas – como a Canonical, desenvolvedora do Ubuntu – têm a liberdade de criar desktops e interfaces com diferentes objetivos:

  • Ser leve, ou em outras palavras, exigir pouco processamento gráfico e memória RAM e assim ser uma alternativa a hardware mais modesto ou mais antigo;

  • Oferecer recursos mais automatizados e amigáveis com o usuário, geralmente destinado a usuários leigos e aqueles que estão migrando do Windows;

  • Especificamente com foco em usuários Windows e por essa razão visualmente, o uso dos principais recursos e o funcionamento são semelhantes ao sistema da Microsoft;

  • Há os que têm foco em desenvolvedores, programadores e profissionais de TI;

  • Ou ainda os que procuram conciliar um pouco de tudo isso, com a finalidade de ser flexível e funcional para uma grande gama de usuários.

A grande verdade é que há opções para todos os gostos e transitar entre diferentes desktop environments e ambientes gráficos diferentes daqueles que vêm por padrão na distribuição escolhida, exigindo na maioria das vezes, seguir algum dos muitos tutoriais que existem por aí, para instalá-los.

No caso do próprio Ubuntu é possível contar com duas linhas de comando e dois cliques de mouse.

Quais as mais populares interfaces ou ambientes gráficos Linux?

Você aprendeu que desktop environment e ambiente gráfico não são a mesma coisa. Mas dependendo da sua perspicácia, não foi preciso dizer que cada desktop tem seu próprio ambiente gráfico, como é de se supor, embora não seja uma regra.

Sim, é possível ter um um desktop environment e um ambiente gráfico de outro desktop. Maravilhas que o Linux possibilita, mas que são tema de outro batepapo.

Assim, daqui em diante admita que sempre que mencionarmos que o desktop X for assim, ou assado, estamos nos referindo ao seu ambiente gráfico, salvo menção específica em contrário. Combinado?

Merece também destacar que a lista que temos a seguir não tem qualquer critério para ordenamento. Não é ordenada por popularidade ou nível de adoção, por beleza ou ser melhor e que nesse caso, é absolutamente subjetivo.

Note que popularidade ou nível de adoção não implica necessariamente em ser melhor, mesmo por parte de quem adota, isso porque o uso de um desktop pode estar associado com a popularidade da distro na qual ele está presente e por sua vez, uma distribuição é avaliada não apenas pelo desktop, mas por um conjunto amplo de fatores.

Por fim, mas não menos importante, não listaremos todas as opções disponíveis, mas as mais comuns. Existem alternativas como o Deepin, baseada no Debian Stable e é uma iniciativa chinesa de desktop environment e interface e que ficou famosa pela beleza e que se assemelha um pouco de Chrome OS, mas que não tem vergonha em copiar as soluções visuais mais interessantes de vários sistemas.

Se as informações que fornecemos ainda não forem suficientes para ajudá-lo a escolher, há uma dezena ou mais de conteúdos a respeito e de ótimos produtores especializados no assunto.

1. Gnome Shell

Não há como começar a lista com um dos nomes mais populares quando se pensa em desktop Linux, sem falar do Gnome Shell. Isso porque desde a versão 17.10 do Ubuntu – uma das mais populares distribuições Linux – ele é usado como desktop environment e GUI.

Ele consta também do Fedora, Pop!_OS, Zorin OS. Muitas distribuições não tão conhecidas / usadas também incorporam ou ainda tem o Gnome Shell como alternativa, o que é um atestado de confiabilidade.

Pesa também a seu favor, o fato de ser a maior comunidade open source envolvida em um desktop environment, o que significa que o trabalho de melhorias, novos recursos, correções e ajustes, tende a ser mais consistente e dinâmico.

Não custa lembrar, já que a proposta desse conteúdo é saciar a fome dos leigos, que tudo em um sistema open source acontece por força e envolvimento da comunidade, diferente do código proprietário (ex: Windows) que fica a cargo das ações da empresa criadora.

Ao ser muito usado, é natural que muitos projetos sejam orientadas para esse ambiente e sua integração com ele, como os diferentes aplicativos que são instalados.

Entre as vantagens citadas por muitos, ele é uma das interfaces mais completas e leves. Portanto oferece muitas ferramentas comparativamente a outras interfaces, sem com isso consumir memória e processamento.

O conjunto de ícones é simples, sem ser pobre. Visualmente o aspecto das coisas é adequado e agradável.

A simplicidade também se faz notar no uso quotidiano. Embora ele tenha um fluxo ou caminho ou ainda conjunto de passos para se fazer as coisas e que é diferente do Windows e do MacOs, causando algum estranhamento naqueles usuários que vêm de um dos dois, uma vez assimilada essa nova forma de se trabalhar, percebe-se que é direta e objetiva, focando na produtividade.

2. KDE Plasma

Popularidade é uma característica compartilhada da interface do KDE Plasma com o desktop anterior, embora não seja tanta como o Gnome Shell.

Costuma-se dizer que o principal ponto do ambiente gráfico associado ao KDE Plasma, seja a personalização. Ele permite ao usuário deixar quase tudo o que quiser, ao seu modo, com a sua cara.

É importante destacar que os principais desktops possuem extensões que ampliam o que pode ser personalizado, mas no caso do KDE tudo é nativo. Nada precisa ser instalado.

Essa gama de opções pode dar a falsa impressão de que ele é poluído visualmente. Não, não é. Ao contrário o aspecto padrão é bastante clean e minimalista e a primeira impressão logo que se instala, é que alguma coisa está faltando. É justamente essa a ideia – está tudo livre para você ocupar como quiser!

Visualmente ele até lembra em alguns pontos uma instalação padrão do Windows 10, o que faz alguns puristas e detratores do sistema do “tio” Bill, torcerem o nariz. Mas no fundo, percebe-se que é um legítimo Linux.

Outro engano é pensar que a possibilidade de personalização cobre um preço em termos de desempenho, os desenvolvedores têm trabalhado nas últimas versões para que a demanda por recursos seja pequena.

Fazem uso do KDE como desktop padrão, as distros OpenSuse, Manjaro, Kubuntu e KDE Neon, para citar as mais conhecidas.

3. XFCE

O XFCE é um desktop enrironment cujo foco é ser leve e, portanto, rápido e consumindo poucos recursos do sistema (memória e processamento), além de ser de fácil utilização, sem abrir mão de oferecer uma interface gráfica visualmente atraente.

Quando se busca pelas distribuições Linux que usam o XFCE, nota-se que há distros que oferecem alternativas para diferentes desktop environments, como é o caso do Manjaro, Ubuntu, Linux Mint e Zorin Os. No caso específico do Ubuntu, a versão desenvolvida para uso do XFCE, é a Xubuntu.

Já o Linux Mint e o Manjaro, oferecem diferentes opções de download para cada desktop environment em uma mesma página, sendo que no caso do Mint as opções além do XFCE, são o Cinnamon – já citado fork do Gnome – e o Mate, também uma continuação do Gnome 2.

Se você tem uma máquina mais antiga ou mesmo nova, mas usa um processador de entrada e não tem muita memória RAM, mas não abre mão de uma aparência bonita e elegante, os sistemas baseados no XFCE são uma opção.

Fica evidente esse objetivo – ser leve – em distros como o Zorin OS Lite, o qual promete “ressuscitar” aquele seu equipamento velho e sem uso.

Tal como as duas primeiras alternativas, é possível customizar o ambiente e a aparência ficar ao seu gosto.

4. MATE

O MATE Desktop é um fork do Gnome 2, o que é um ponto favorável se pensarmos nas qualidades e confiabilidade associados ao desktop e que oferece sua própria interface gráfica.

Visualmente ele é intuitivo, apesar de ter bem a “cara” do Linux e, portanto, pode ser meio confuso para os que vêm do Windows, até que se acostumem com o “jeito” Linux de fazer as coisas.

Como curiosidade, o nome MATE é acrônimo recursivo, que significa MATE Advanced Traditional Environment.

Ele não vem como principal interface de nenhuma das mais populares distros Linux, mas pode ser instalado na maioria delas, como Debian, Fedora, OpenSuse e Ubuntu.

5. Cinnamon

Como já havíamos mencionado, é um projeto fork, derivado do Gnome.

Ele foi criado pela equipe do Linux Mint para seu próprio desktop environment e de mesmo nome, mas hoje também pode ser encontrado em outras distros como Arch Linux e Gentoo.

É apontada como alternativa para quem vem do Windows, por se assemelhar em vários aspectos, ao mesmo tempo que oferece uma interface que pode ser bem customizada com temas, extensões, widgets e aplicativos.

Também não é exigente em termos de consumo de recursos do sistema.

Conclusão

Os ambientes ou interfaces gráficas associadas aos desktop environments Linux, são importantes porque são o meio pelo qual usuários fazem uso do sistema.

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