O que é NFC, como funciona e para que serve?

Ao fazer uma pesquisa de compra do seu próximo aparelho celular, se você resolver olhar a ficha técnica de cada aparelho, encontrará uma verdadeira sopa de letrinhas, como: Bluetooth 5.3, USB Type-C 3.2, 5G, VoLTE, HSPA+, Amoled, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac/6e e Wi-Fi Direct e quem sabe NFC.

Algumas dessas siglas a maioria já ouviu e quem sabe até saiba do que se trata, ou não, mas ao menos tem uma vaga ideia do que seja. Já a última delas, embora não seja exatamente uma novidade, tem equipado cada vez mais aparelhos e tem muitos usos e vantagens – o NFC.

Se como a maioria das pessoas, NFC é algo totalmente novo e que você nem imagina do que se trata, para que serve e se é bom ou não, agora você terá a chance de mudar isso…

O que é NFC?

NFC é a sigla de Near Field Communication (Comunicação de Campo Próximo) e que designa o conjunto de tecnologias que permite efetuar transmissão de dados sem fio, entre dois dispositivos por aproximação.

E não, não é uma alternativa ao Bluetooth ou ao Wi-Fi, embora essas também têm finalidade semelhante.

Apesar de vermos a sigla com mais frequência apenas nos últimos anos, não é uma tecnologia exatamente nova. O nascimento do NFC ocorreu em 2004, quando Nokia, Philips e Sony a desenvolveram em conjunto e mais tarde, em 2006, criaram o conjunto de normas do padrão.

Ok, mas para muitos, nada disso ainda é suficiente para explicar o que o NFC faz, certo?

Se você já usou seu cartão de crédito ou de débito para efetuar pagamento por aproximação, você já usou o NFC. Ou quando passou na catraca de uma estação de metrô, trem ou no ônibus e aproximou o cartão de vale-transporte do validador, também usou o NFC. Quando fez a recarga de créditos, também foi graças à mesma tecnologia. O controle de acesso da sua empresa exige que você encoste o crachá em um sensor na catraca? Pois saiba que essa forma de acesso só foi possível, por conta do NFC!

Ou seja, já há alguns anos que a tecnologia associada está presente em diferentes situações do nosso quotidiano, mas em nenhum dos exemplos acima, foi preciso saber o seu nome para dela usufruir. A grande maioria talvez nunca tenha tido curiosidade a respeito.

Mas quando pensamos no que foi necessário fazer nos 3 exemplos acima, para ver o NFC entrar em ação, é que fica aparente a primeira e principal diferença em relação ao Bluetooth e ao Wi-Fi – a proximidade.

O protocolo de “comunicação de campo próximo” e que dá nome à tecnologia usada, em geral estabelece que a troca de dados deve ocorrer até no máximo 10 centímetros de distância entre os dispositivos.

Em termos práticos, essa distância costuma ser menor e exigir que haja o contato, entre outras razões, por segurança e para que não ocorra a transmissão de maneira acidental ou não intencional.

Mas e no celular? E em alguns modelos de SmartWatch? E nas SmartTVs? Sim, há aparelhos de TV com NFC!

Nos dois primeiros casos (SmartPhones e SmartWatches), tem sido usado principalmente como instrumento de pagamento, de modo similar aos cartões, bastando que o dispositivo dotado de NFC seja aproximado da maquininha, em vez de usar o cartão.

Mas há outros usos além desse, mas que da mesma forma como ocorre com as SmartTVs, mais adiante você entenderá.

Como funciona o NFC?

O primeiro ponto para compreender como funciona o NFC, é que assim como acontece com o Bluetooth e o Wi-Fi, ele depende de hardware. Em outras palavras e em termos mais leigos, há uma parte específica do aparelho destinada a realizar essa troca de dados.

Logo, há aparelhos celulares que têm e há os que não tem NFC.

Além disso, o sistema operacional, seja ele Android ou iOS, em conjunto com drivers e aplicações, faz uso dessa “porção especializada” do hardware.

Quando você aproxima seu cartão de crédito da maquininha ou o cartão de transporte público da catraca, ocorre a comunicação entre os dois dispositivos por meio de radiofrequência com ondas de curto alcance, que são emitidas pela maquininha e pela catraca.

Os cartões são chamados de dispositivos NFC passivos, uma vez que não contam com uma fonte de alimentação elétrica própria, mas têm um chip ou microcircuito eletrônico que, quando aproximado de um dispositivo com NFC ativo, pode ter seus dados lidos ou escritos / gravados.

Já a maquininha e a catraca, são dispositivos NFC ativos, pois em ambos o hardware gera o campo eletromagnético que fornece por indução, a energia para fazer funcionar o chip ou circuito eletrônico, presentes nos cartões.

O SmartPhone e o SmartWatch, podem desempenhar ambos os papéis, ou seja, a depender do caso podem ser ativos ou passivos. Quando usados como alternativa aos cartões de crédito / débito, são NFCs passivos.

A taxa de transferência de dados via NFC, segundo o consórcio que estabeleceu o padrão, pode chegar a 1,7 Mb/s. Porém, na prática a maioria das transações é limitada ao máximo de 424 Kb/s, sendo que esse é o valor em condições ideais.

Embora 424 Kb/s pareça uma taxa de transferência muito baixa, para a grande maioria dos usos envolvidos, é mais do que suficiente, afinal nas situações que usamos como exemplo, o montante de dados trocados, fica bem abaixo do limite para um segundo de transmissão.

É por isso que a validação da operação é quase imediata ao aproximarmos os dispositivos.

Quando o ato de aproximar cartão e validador ocorre, basicamente as informações contidas no cartão servem para confirmar que “você, é você mesmo” perante o sistema do lojista, ou do sistema de transporte público, ou do controle de acesso da empresa e que nos dois primeiros casos você tem saldo para concluir a operação e no terceiro, que você consta como funcionário no banco de dados do RH.

Quais os usos do NFC?

Naturalmente que ao explicarmos o que é o NFC, você já pôde saber quais são seus usos mais comuns atualmente e ter imaginado o que isso significou em termos de benefícios, tanto para as operações comerciais no varejo, como também no transporte público. É no mínimo agilidade e comodidade.

Essa é daquelas tecnologias cujas possibilidades estão limitadas unicamente pela criatividade.

Já há usos menos difundidos, mas que se mostram igualmente úteis em vários graus.

O chip / circuito eletrônico presente nos cartões, pode aparecer sob diferentes outras formas e em vez de conter alguns dos seus dados pessoais e bancários, pode ter um script com ações que devem ocorrer no celular, por exemplo. Com a aproximação, essas ações são automaticamente executadas, dispensando que se tenha que fazer manualmente.

Alguns desses exemplos, são:

  • Ações de Marketing e promocionais – é possível inserir chips em materiais diversos que atuando com o smartphone, abrem apps (ex: localização de loja no Google Maps), dão acesso a sites com cupons de desconto, ou talvez realizar a compra de um produto em primeira mão. Como uma infinidade de ações podem ser programáveis, a capacidade inventiva é o limite do que pode ser feito;

  • Gestão da informação – todo circuito de NFC passivo pode armazenar informações e pode assumir a forma de uma pequena etiqueta adesivada a praticamente qualquer objeto ou embalagem. Por essa propriedade, pode disponibilizar praticamente qualquer informação que se deseje / queira a respeito do objeto / produto;

  • IoT – já há uma série de aplicações integrando a Internet das Coisas (IoT) via NFC. Uma residência com vários dispositivos IoT e um assistente virtual inteligente, como a Alexa, por exemplo, pode ser totalmente comandada pelo celular por aproximação. Assim, entre as várias possibilidades, pode-se apagar todas as luzes apenas aproximando o smartphone de uma etiqueta (tag NFC) ao lado da porta com o respectivo comando;

  • Tags NFC – conhecidas como Tags (etiquetas) NFC, são microchips pequenos e finos, que podem ser inseridos em vários objetos ou assumir vários formatos (chaveiros, moedas, cartões, bottons, etiqueta adesiva, etc) e armazenar uma variedade de dados (entre 48 bytes até 32 Kb) para identificação ou configuração de um dispositivo NFC ativo, como o celular;

  • Troca de dados – o NFC pode ser usado para agilizar o pareamento de dispositivos bluetooth, evitando que se tenha que inserir o PIN em ambos ou estabelecer uma rede Wi-Fi Direct (rede ponto a ponto, sem roteador ou conexão com a Internet) para a troca de dados. Também pode ser útil para trocarem cartões comerciais virtuais (vCards), links, senhas de Wi-Fi e mensagens curtas;

  • SmartTV – as SmartTVs com NFC, permitem que se faça o pareamento de um SmartPhone e se espelhe a tela do segundo no primeiro ou quem sabe, enviar vídeos ou fotos tiradas no celular para a TV. As possibilidades dependem dos recursos da SmartTV;

  • Camada de segurança – pode-se usar uma tag NFC como condição adicional ou segundo fator de autenticação para desbloqueio do celular e dessa forma adicionando uma camada de segurança;

  • Alternativa ao QR Code – embora tenha características diferentes, há pontos em comum com o QR Code e podem haver situações que o NFC seja usado como alternativa ao QR, principalmente quando se precisa de segurança.

E por falar em segurança…

O NFC é seguro?

A segurança no mundo digital é um aspecto essencial e, portanto, não seria diferente no caso do NFC.

Ao nos aprofundarmos – só um pouquinho – no que acontece quando você usa seu smartphone com NFC para efetuar uma compra no varejo, fica mais evidente o quão seguro pode ser:

  • Primeiro que o NFC só estará ativo mediante autenticação no aparelho, via biometria (digital ou reconhecimento facial) ou sua senha de acesso. Com o aparelho bloqueado, ele não funciona;

  • A transferência de dados envolve criptografia. Logo, somente os dispositivos envolvidos têm a chave para “interpretar” as informações trocadas;

  • A aproximação ocorre por operação “tokenizada”, o que significa dizer que o protocolo de comunicação é temporário, expirando após alguns segundos e só é válido para aquela operação. Ainda que um eventual hacker quebre a criptografia, o que é altamente improvável, e obtenha os dados, eles serão inválidos em uma eventual segunda operação;

  • Geralmente as transações financeiras por aproximação acima de um determinado valor, o qual varia de acordo com a instituição, exigem a confirmação mediante a digitação de senha e que costuma ser a mesma do cartão.s

Além disso, dois dispositivos NFC passivos, mesmo que colocados em contato, não trocam dados pois obrigatoriamente precisam do campo eletromagnético de um ativo, para serem “ativados”. Já no caso de dois ativos, como os dois smartphones, também não pois ambos devem ser desbloqueados.

Conclusão

Na sopa de letrinas do mundo digital, o NFC é uma tecnologia que tem cumprido papel importante nas mais diferentes situações do nosso dia a dia.

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